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Desperdícios no processo produtivo de rações

Publicado: 4 de junho de 2019
Por: Patricia Marchizeli , nutricionista de aves de corte na Agroceres Multimix.
Produzir nos dias atuais, torna-se uma tarefa árdua devido à competitividade e os grandes desafios que sempre surgem na cadeia avícola.

A avicultura, setor muito tecnificado e detentor de um conhecimento avançado, já produz alimento com alta eficiência produtiva, no entanto, desperdícios podem ocorrer em diversos pontos da cadeia. Desta forma, identificar os índices de desperdícios e atuar sobre eles, pode resultar em maior produtividade e redução de custos.

Neste artigo, vamos falar de alguns itens fundamentais, que causam desperdícios nos processos de produção dentro de uma fábrica de ração. E quais seriam eles? Abaixo alguns pontos que merecem atenção:
  •     Trabalhar com estoque alto de matéria-prima;
  •     Comprar matéria-prima por preço e não por qualidade nutricional;
  •     Falta de revisão e calibração dos sistemas de dosagens e balanças;
  •     Falta de uma programação de produção de rações, pré-estabelecida;
  •     Desorganização quanto a programação de recebimento de matéria-prima X estoque;
  •     Ausência de um cronograma de manutenção preventiva das máquinas e dos equipamentos;
  •     Tempo produtivo desperdiçado;
  •     Não rever os procedimentos operacionais.
Estes pontos, apesar de parecem simples, são os mais reincidentes dentro de uma fábrica de rações.

Sabemos que mais de 90% do custo de produção de uma fábrica de rações é representado pelas matérias-primas. Portanto, faz-se necessário estocar apenas o necessário, de maneira adequada, para que não tenhamos “dinheiro parado” em estoque e nem ocorra perdas dos ingredientes por falta de qualidade.

A matéria-prima, tendo tanta importância assim dentro de uma fábrica de rações, deve ser comprada, primordialmente, por seu valor nutricional e não apenas pelo preço. É de extrema importância o elo entre o nutricionista, suprimentos de matérias-primas e o gestor da fábrica de rações, para que esta compra por qualidade nutricional realmente aconteça.

Diversos estudos econômicos podem ser feitos pelo nutricionista, como, por exemplo, comparar as matrizes nutricionais dos fornecedores das matérias-primas e, com isso, direcionar o setor de suprimentos para uma compra econômica e de qualidade. Ingredientes que possuem maior valor nutricional resultam em menor volume de compra, menor gasto com transportes, armazenagem, redução de gastos com devoluções de matéria-prima por falta de qualidade, etc.

O trabalho em conjunto entre: nutricionista, gestor de fábrica e suprimentos, é importante não somente quanto ao direcionamento da compra das matérias-primas, mas também para programar a entrega dos mesmos. Muitos desperdícios – em dinheiro – são provocados por conta de uma falta de programação entre volume de matérias-primas consumida, estoque disponível, capacidade de armazenamento e o que vem sendo comprado.

Não são raras as vezes em que se paga estadia para os caminhões que estão no pátio, a espera de um silo de armazenagem livre. Sem contar as horas extras para os colabores da fábrica, para que possam fazer o descarregamento fora do expediente. Realizar a gestão desses gastos e promover indicadores para obter uma visão mais clara desses acontecimentos, torna-se necessário para obtenção de soluções de acordo com a realidade de cada empresa. Estudar a possibilidade de investimento em silos de armazenagem é uma boa reflexão a se fazer.

Assim como a programação de compras de insumos é importante, a programação da previsão de produção semanal de rações também é imprescindível. A partir dessa programação, ocorre o planejamento e organização do trabalho dentro da fábrica. Qualquer evento que ocorra fora dessa programação pode gerar desperdício de tempo e dinheiro (caso seja necessário estender o período da jornada de trabalho).

Atenção também deve ser dada aos sistemas de dosagens e balanças utilizadas dentro da fábrica. O nutricionista precisa conhecer todo o processo produtivo antes de enviar as formulações. Informações como: dosagem mínima de cada ingrediente e capacidade mínima e máxima de pesagem de cada balança, é de fundamental importância para que os erros não sejam cometidos e acabem gerando desperdícios. Todas as balanças devem ser calibradas – periodicamente – por órgãos especializados (inclusive a balança rodoviária, que pesa o maior volume de ingredientes) e, além disso, aconselha-se a aquisição de pesos padrões para fazer a aferição diária das balanças. O trabalho de aferir as balanças diariamente custa muito menos do que pesar ingredientes de maneira inadequada, comprometendo o desempenho dos animais e resultando em desperdício dos ingredientes. Fazer o exercício de somar essas pequenas variações, multiplicando pelo seu valor em dinheiro por um determinado período, pode comprovar que o que está sendo desperdiçado possui um valor enorme. Conscientizar as pessoas que estão envolvidas nessa operação, utilizando estes exemplos de desperdícios, geralmente traz resultados benéficos.

Para se obter a segurança de que todo o sistema de pesagem e dosagem estão confiáveis é necessário fazer os cortes de matérias-primas e o inventario diário de microingredientes. Com essas duas ações, é possível medir a eficiência de dosagem e obter controle sobre a variação da matéria-prima e microingredientes. O valor desejado de variação de cada ingrediente deve ser estipulado por cada empresa, geralmente variam de 0,5 a 1% para micros e de 1 a 2% para macroingredientes.

A empresa responsável pela automação da fábrica precisa fornecer um relatório de variações de dosagem por batida, por ingrediente. Com esse relatório é possível fazer os ajustes necessários, tanto nas dosagens na fábrica como em formulação. Variações sempre irão ocorrer, o importante é que todos tenham ciência dessa variação e saibam quais atitudes tomar.

A manutenção preventiva das máquinas e equipamentos torna-se fundamental para o trabalho harmonioso dentro da fábrica. Sabemos que a maioria das fábricas trabalham no seu limite de produção, porém, um tempo para essa manutenção deve ser programado, pois as horas e o custo que se perde com a quebra de algum equipamento ou máquina é muito mais oneroso, podendo tornar-se imensurável se refletir em falta de rações no campo.

Gerenciar o tempo produtivo perdido, ou seja, avaliar as horas paradas e agir na origem do problema para evitar reincidências é a maneira mais adequada de se rever os procedimentos de trabalho utilizados dentro da operação.

Revisões contínuas de todos os procedimentos operacionais padrão (POP´s) são necessárias, pois o retrabalho, além de desmotivar os colaboradores, gera muito desperdício, seja ele de tempo, insumos ou dinheiro. Envolver os colaboradores que estão de fato na operação, para fazer tais revisões, torna-se muito mais eficiente e assertivo, além de motivá-los.

Estes e outros itens aqui não citados, que possam gerar desperdícios, devem ser criteriosamente analisados. As empresas, quando bem administradas, fazem com que seus colaboradores mantenham foco na produção com qualidade, atendem as exigências do mercado e, ao se preocuparem com os desperdícios, passam a ter um diferencial para alavancar a produtividade, consequentemente, tornando-se mais competitivas no mercado.
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Autores:
Patricia Marchizeli
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Vincenzo Mastrogiacomo
23 de julio de 2020
muito bem colocado os pontos de perdas e isso representa custo .
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Antonio Apércio Klein
Agropec Consultoria Ltda
Agropec Consultoria Ltda
10 de julio de 2020
Parabéns Patrícia! Obrigado por compartilhar sua experiência e conhecimentos para reflexão. Como bem falaste, estes pontos, a pesar de serem do conhecimento de muitos, na prática muitos passam desapercebidos. Grato e tudo de bom
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Fabio Nunes
27 de junio de 2020

Patricia, parabéns pelo artigo. Didático, objetivo e sem perda de tempo, ele conseguiu passar a mensagem de forma clara. Parabéns!

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Paulo Sérgio Félix Ribeiro
12 de marzo de 2020
Boa tarde Patricia, muito bom seu artigo.
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Gorgonio Muniz
25 de febrero de 2020
Excelente artigo. Parabéns!!!
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Carla Rodrigues
Pioneiro
6 de junio de 2019
Parabéns pela feliz abordagem!
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Nelson Mario Uatocha
6 de junio de 2019
Bom dia obrigado pelo artigo foi de grande ajuda
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Ivanir Ramos.
5 de junio de 2019
Muito bom seu Artigo Patrícia, mais eu gostaria de chamar sua atenção e aos demais leitores, com relação ao armazenamento desta rações tanto no âmbito da produção,quanto o armazenamento na linha de abastecimento dos animais na granjas, uns dos incidentes naturais que prejudica muito a qualidade é o armazenamento como vc cita, mais um dos vilões que não se dá a devida importância e o calor do sol que destrói foda a tecnologia por estarem em locais não protegido só calor"silos do preparo e Silos das granjas" este stress térmico cais perdas significativa que aumenta os custo, a uma corrida para aumentar a qualidade, mais por falta de proteção causa prejuízos, baseando nisso desenvolvemos soluções que reduzem estas perda pois reduzimos o calor em 45% das estruturas, e impermeabilizando.que também pode ser empregado do galpões,cortinas, tubulação, silos de ração, das granjas reduzindo em muito a conta de energia elétrica e aumentando a durabilidade da proteína das rações. ABS: Ivanir Ramos.
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Luis Fernando Vergamini Luna
Opta Alimentos e Insumos
5 de junio de 2019
Parabéns pelo artigo. Acreditas que os programas de controle da qualidade como BPF podem se transformar em modernos sistemas de metrologia nas fábricas de ração?
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