Introdução
A suinocultura brasileira tem evoluído constantemente seus índices produtivos. Essas melhorias são resultados dos avanços no melhoramento genético e na nutrição dos rebanhos. Entretanto, os estudos sobre requerimentos nutricionais para suínos estão mais focados na energia, proteína, aminoácidos e macrominerais. Poucos trabalhos científicos foram realizados nos últimos anos para estimar os melhores níveis de vitaminas para suínos em crescimento e terminação. As vitaminas são micronutrientes que participam de inúmeros processos metabólicos do organismo, sendo, portanto, essenciais para ótima saúde e desempenho do animal. Objetivou-se com esse estudo avaliar a qualidade da carcaça e da carne de suínos suplementados no período de crescimento e terminação com níveis comerciais e níveis otimizados de vitamina na ração.
Material e Métodos
Foram testados 2 tratamentos com 16 replicadas e 5 suínos por replicada, totalizando 80 suínos híbridos comerciais, distribuídos em dois tratamentos: T1 = Comercial (níveis vitamínicos comerciais praticados no Brasil) e; T2 = OVN (Guia de Suplementação Vitamínica DSM, 2011). As rações experimentais ofertadas aos animais eram isoenergéticas e isonutrientes, exceto para vitaminas (Tabela 1) e foram formuladas visando atender as exigências nutricionais mínimas estabelecidas pela Tabela Brasileira de Aves e Suínos (Rostagno et al., 2011). As mesmas foram elaboradas a base de milho, farelo de soja e com adição de promotores de crescimento, adsorvente de micotoxinas e fitase. Foi avaliado o peso final, o peso de carcaça quente, o rendimento de carcaça, a espessura de gordura e a profundidade do músculo, de acordo com as metodologias descritas por Bridi & Silva (2009). De cada animal foram coletadas três amostras do músculo longissimus dorsi. As amostras foram submetidas a um (01), sete (7) e quatorze (14) dias de maturação. Ao final de cada período, as amostras foram analisadas para quantificar a oxidação lipídica, por meio do método Indicativo de Substâncias Reativas ao Ácido Tiobarbitúrico (TBARS), segundo Pikul et al. (1989). Os dados foram submetidos ao Teste F utilizando o pacote estatístico SAEG (1997).
Tabela 1 – Níveis vitamínicos utilizados nas rações experimentais de crescimento e terminação de Suínos.
Resultados e Discussão
O peso final, o peso de carcaça quente e a espessura de gordura não foram alterados pelos níveis de vitamina na ração. Entretanto, os suínos que receberam o tratamento OVN apresentaram maior rendimento de carcaça e maior profundidade do músculo longissimus dorsi (Tabela 2). Maior profundidade de músculo representa maior quantidade de carne na carcaça, visto que essas duas medidas possuem alta correlação.
Tabela 2 – Peso vivo final (PF), peso de carcaça quente (PC), rendimento de carcaça (RC), espessura de gordura (ET) e profundidade do músculo (PM) de suínos submetidas às rações com níveis comerciais (Comercial) e níveis otimizados de vitamina na ração (OVN).
*Diferenças significativas a 5% de probabilidade de acordo com Teste F.
No tempo um (1) de maturação não houve efeito dos níveis de vitaminas sobre o índice de oxidação lipídica (0,48 e 0,43 mg malonaldeído/kg de carne para o tratamento Comercial e OVN, respectivamente). Entretanto, nos tempos sete dias de maturação (0,50 e 0,43 mg malonaldeído/kg de carne para o tratamento Comercial e OVN, respectivamente) e 14 dias de maturação (0,51 e 0,43 mg malonaldeído/kg de carne para o tratamento Comercial e OVN, respectivamente) a carne do tratamento OVN apresentou menor taxa de oxidação lipídica (Gráfico 1).
Gráfico 1 - Oxidação lipídica (mg de malonaldeído/kg de amostra) da carne de suínos tratados com dois níveis de vitamina na ração, em diferentes tempos de maturação.
*Diferenças significativas a 5% de probabilidade de acordo com Teste F.
A oxidação da carne é percebida pelos consumidores quando os valores ultrapassam 0,5 mg de malonaldeído/kg de amostra (Dunshea et al., 2005). Esses resultados indicam que a carne dos suínos tratados com os níveis de vitamina OVN, mesmo após 14 dias de maturação, apresentou qualidade sensorial normal, enquanto que, os suínos tratados com os níveis Comerciais de vitamina, com sete dias já tiveram a qualidade sensorial da carne alterada.
Conclusões
Níveis de vitamina acima dos preconizados nas rações comerciais no Brasil promovem a melhoria das carcaças e diminuem a oxidação lipídica da carne.
Referências Bibliográficas
1. BRIDI, A. M.; SILVA, C. A., 2009. Métodos de avaliação da carcaça e da carne suína. Londrina: Midiograf, 97p.
2. DUNSHEA, F.R.; D´SOUZA, D.N.; PETHICK, D.W. et al., 2005. Effects of dietary factors and other modifiers on quality and nutritional value of meat. Meat Science, (71): 8-38.
3. DSM Produtos Nutricionais, 2012. Disponível em <http://www.dsm.com/E9AFBFB8-420E-40AA-8F02-DE5E96C730DB/FinalDownload/DownloadId- 089DB5A62DDB342F465435EF7D8F7C13/E9AFBFB8-420E-40AA-8F02 DE5E96C730DB/content/dam/dsm/anh/en_US/documents/OVN_supplementation_guidelines.pdf> Acesso em 23 jul.2015.
4. NATIONAL RESEARCH COUNCIL., 2012. Nutrient requeriments of swine. 11. (Ed.).
5. Washington: National Academy Press.
6. PIKUL, J.; LESZCYNSKI, D. E. AND KUMMEROW, F. A. 1989. Evaluation of tree modified TBA methods for measuring lipid oxidation in chickens meat. Journal of Agriculture and Food Chemistry, (37):1309-1313.
7. ROSTAGNO, H. S.; ALBINO, L. F. T.; DONZELE, J. L.; et al., 2011. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. Viçosa. pp. 252.
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.