Riscos e benefícios associados ao consumo de carne bovina

As previsões para o futuro apontam para o aumento global no consumo de carnes, inclusive carne bovina, em decorrência do crescimento vegetativo da população, concentrado, principalmente, em regiões mais pobres, associado ao aumento no poder de compra dos consumidores dos países emergentes, que têm apresentado as maiores taxas de crescimento econômico. No entanto, a sociedade moderna tem exigido da cadeia da carne o atendimento aos seus anseios no que se refere à inocuidade do produto, além de outras questões como sustentabilidade ambiental, bem-estar animal e rastreabilidade, dentre outros.

A carne vermelha é considerada, há bastante tempo, uma importante fonte de proteína e outros nutrientes essenciais na dieta humana, sendo rica em ferro, zinco e vitamina B12. Entretanto, tem crescido nos últimos anos certa apreensão quanto ao consumo de carne vermelha, uma vez que haveria, supostamente, aumento no risco de ocorrência de doenças cardiovasculares e de câncer, especialmente de cólon, fazendo surgir uma percepção negativa do papel da carne vermelha na saúde da população. Embora muitos estudos tenham relatado a associação entre consumo de carne vermelha e risco de doenças cardiovasculares e câncer de cólon, várias limitações e inconsistências metodológicas podem ser identificadas nesses estudos, o que afeta a validade dos seus resultados. De uma forma geral, não há evidências fortes o suficiente que dêem suporte para conclusões recentes, incluindo a da “World Cancer Research Fund”, ou seja, Fundo Mundial para Pesquisas sobre Câncer, de que consumo de carne causa câncer. Por outro lado, uma quantidade substancial de evidências comprovam o papel importantíssimo que a carne bovina magra desempenha na nutrição e saúde humana. Estudos mais recentes têm apontado a carne como um importante mediador do perfil lipídico nos seres humanos, visto que é uma fonte dietética importante de ácidos graxos poli-insaturados do tipo ômega 3, e do ácido linoléico conjugado (CLA; C 18:2 cis 9 trans 11) que apresentam propriedades anti-inflamatórias, anticarcinogênica, imuno-estimulatórias, entre outras. Adicionalmente a carne bovina é rica em ácido oléico (C 18:1), um ácido graxo monoinsa-turado que ajuda a manter os níveis do LDL, o chamado mau colesterol, baixo. Desta forma, a inclusão de carne bovina em uma dieta balancea-da, sem ex-cessos e exageros, é de importân-cia vital, visto que os nutrientes por ela fornecidos desempe-nham funções extremamente importantes para o organismo.