Explorar
Comunidades em Português
Anuncie na Engormix

Amostragem para análises de micotoxinas

Publicado: 16 de outubro de 2019
Por: Adriano Olnei Mallmann, Médico Veterinário, PhD., Diretor Técnico y Denize Tyska, Zootecnista, MSc., Diretora de Pesquisa & Desenvolvimento - Pegasus Science
1. Conceitos gerais
A determinação exata da concentração de micotoxinas dentro de um lote é bastante difícil de ser realizada em função da distribuição heterogênea das mesmas na massa de grãos. A amostragem é uma etapa muito importante, pois necessita-se de uma amostra representativa que ofereça um resultado de análises confiável. Infelizmente não é possível coletar uma amostra com 100% de confiabilidade. Além disso, existem erros inerentes a todo o processo de quantificação de micotoxinas, que se divide basicamente em três etapas: amostragem, preparo da amostra e análise (Figura 1).
Amostragem para análises de micotoxinas - Image 1
Figura 1 – Erros envolvidos no processo de quantificação de micotoxinas.
A etapa de amostragem é a que contribui com o maior erro. Dessa forma, alguns cuidados devem ser tomados para minimizar os erros nessa fase. A amostragem consiste em retirar várias amostras elementares do lote de grãos, subprodutos ou alimento. A soma das amostras elementares é denominada amostra composta. Se as amostras elementares são grãos inteiros, recomenda-se moer toda a amostra composta com um moedor equipado com peneira de 2 ou 3 mm para aumentar o número de partículas e, por conseguinte, dispersar as micotoxinas de uma forma mais homogênea. Em seguida, a amostra composta é homogeneizada e reduzida para formar a amostra de laboratório para ser analisada (Figura 2).
Amostragem para análises de micotoxinas - Image 2 
Figura 2 – Amostragem para análise de micotoxinas.
Basicamente, a amostragem pode ser estática ou dinâmica:
Amostragem estática: Realizada quando o lote está "parado". Em cargas a granel, pode ser efetuada com caladores graneleiros manuais ou pneumáticos, seguindo as recomendações do regulamento EC 401/2006 (Figura 3).
Amostragem para análises de micotoxinas - Image 3
Figura 3 – Amostragem estática.
Amostragem dinâmica: Realizada quando o lote está sendo transportado de um local para outro. As coletas de amostras são realizadas com um sistema automático ou manual. A amostragem automática é muito prática e eficiente, por isso seu emprego está amplamente difundido nas empresas. O uso de amostradores automáticos e outros sistemas muito mais simples, como a coleta de amostras elementares já trituradas por meio de perfurações efetuadas nas tubulações, especialmente os transportadores de rosca sem fim, facilitam significativamente o procedimento e resultam em amostras altamente representativas. Entretanto, não havendo a possibilidade de coletar grãos moídos, no caso de moagem conjunta com outros ingredientes (farelo de soja, farelo de trigo, etc), pode-se coletar durante o movimento dos grãos inteiros previamente à moagem.
Amostragem para análises de micotoxinas - Image 4 Figura 4 – Amostragem automática em fluxo contínuo aplicada no transporte interno da matéria-prima na fábrica de rações.
  • Se a amostragem é realizada em grãos moídos, somente é necessário reduzir o tamanho da amostra composta para 500 a 1000 g para enviar para análise no NIR (e moer a 1 mm para ler no NIR).
  • Se a amostragem é realizada em grãos inteiros, é necessário moer toda a amostra composta com moedor equipado com peneira de 2 ou 3 mm antes de reduzir o tamanho para 500 a 1000 g para enviar para análise no NIR (e moer a 1 mm para ler no NIR).
Na amostragem dinâmica (Figura 5) durante o transporte da matéria-prima, a quantidade de amostra composta deve ser calculada seguindo a fórmula:
Amostragem para análises de micotoxinas - Image 5
Amostragem para análises de micotoxinas - Image 6
 
2. Como funciona a amostragem na prática
  • Para monitorar a matéria-prima na recepção:
 
Pode-se qualificar fornecedores:
 
Coletar amostras pelo método de amostragem estática (calador graneleiro manual ou sonda pneumática). Coletar 2 amostras compostas de aproximadamente 5 kg cada por caminhão. A concentração de micotoxinas na carga é dada pela média das 2 amostras (Figura 6).
Amostragem para análises de micotoxinas - Image 7
Figura 6 – Amostragem estática em caminhão.
A possibilidade de analisar carga a carga todas as matérias-primas que chegam à fábrica de rações ou indústria de alimentos permite a segregação por silo e/ou destino adequado conforme a classificação quanto ao risco micotoxicológico. Por ser uma metodologia ultrarrápida, também se aplica na carga/descarga de navios, trens e silos. O número de amostras analisadas é substancialmente maior do que em outras metodologias convencionais, o que aumenta a segurança dos resultados e minimiza a dificuldade em determinar corretamente a concentração das micotoxinas que se distribuem de forma heterogênea na massa de grãos (Figura 7).
Amostragem para análises de micotoxinas - Image 8
Figura 7 – Estatística de contaminação de micotoxinas por silo.
? Para monitorar a matéria-prima utilizada para produzir rações:
Monitoramento do Risco Micotoxinas.
O Risco Micotoxinas é indicado de acordo com o histórico de monitoramento de cada micotoxina e com fatores como a susceptibilidade de cada espécie animal, idade e sexo. Indica, em tempo real, o nível de pressão micotoxicológica ao qual os animais foram e estão submetidos. Essa informação é primordial para a tomada de decisões, já que auxilia a determinar o destino adequado do produto final, assim como o uso ou não de um aditivo antimicotoxinas específico para uma ou mais micotoxinas.
Um método muito simples e representativo é a amostragem automática em fluxo contínuo aplicada no momento do transporte interno da matéria-prima na fábrica de rações (Figura 8). Para tanto, deve-se seguir algumas recomendações:
- Coletar pelo menos 2 amostras compostas/dia (uma pela manhã e outra pela tarde, por exemplo);
- Coletar uma amostra composta a cada 250 toneladas de milho utilizado;
- O volume (kg) da soma das amostras compostas de cada dia deve ser igual a Amostragem para análises de micotoxinas - Image 9
Amostragem para análises de micotoxinas - Image 10
*Moagem: não é necessária se a amostragem é feita em grãos moídos.
Figura 8 – Amostragem automática em fluxo contínuo.
Exemplo 1:
Empresa que produz 280 toneladas de ração por dia, com 60% de inclusão de milho.
Consumo de 168 toneladas de milho por dia.
168 t ÷ 250 t = menos de 1, mas para fazer o gerenciamento do risco são necessárias pelo menos 2 amostras compostas por dia.
Coletar no mínimo 2 amostras por dia. Peso das 2 amostras (kg) = Amostragem para análises de micotoxinas - Image 11
Exemplo 2:
Empresa que produz 1200 toneladas de ração por dia, com 60% de inclusão de milho.
Consumo de 720 toneladas de milho por dia.
720 t ÷ 250 t = 3 amostras compostas por dia. Peso das 3 amostras compostas (kg) = Amostragem para análises de micotoxinas - Image 12
Resumo: Coletar 3 amostras compostas de milho por dia com 40 kg cada uma.
Esse procedimento pode ser adotado para todas as matérias-primas que tenham risco de contaminação por micotoxinas e que são utilizadas na fábrica de rações.
O Risco Micotoxinas é calculado na plataforma Olimpo, que é a plataforma online da Pegasus Science. Deve-se selecionar a espécie animal, sexo e fase de produção e informar a porcentagem de inclusão de cada ingrediente na respectiva ração para visualizar os gráficos de risco para cada micotoxina.
Conclusão
A primeira etapa para o gerenciamento de micotoxinas é a amostragem. A distribuição das micotoxinas em um lote de grãos é heterogênea e, por isso, a amostragem para análise em cereais é mais complexa que uma amostragem para análise de proteína, por exemplo. Essa característica dificulta a obtenção de uma amostra representativa, determinando equívocos na interpretação dos resultados e no diagnóstico. A correta amostragem permite verificar a verdadeira presença de micotoxinas nas matérias-primas. A adoção de um programa contínuo de monitoramento das matérias-primas é imprescindível, pois irá detectar qual é o risco baseado em todos os lotes de grãos amostrados, fornecendo subsídios para tomadas de decisões mais seguras em relação às micotoxinas.

EUROPEAN COMMISSION. Commission Regulation EC no 401/2006 of 23 February 2006 laying down the methods of sampling and analysis for the official control of the levels of mycotoxins in foodstuffs. Official Journal of the European Union, Commission of the European Communities, 23 of fev. 2006. L 70/12.

https://eur-lex.europa.eu/legal-content/ES/TXT/PDF/?uri=CELEX:32006R0401&from=en

MALLMANN, A. O. et al. Dois planos de amostragem para análise de fumonisinas em milho. Ciência Rural, v. 43, n. 3, p. 551-558, 2013.

http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782013000300029

MALLMANN, A. O. et al. Comparison of the efficiency between two sampling plans for aflatoxins analysis in maize. Brazilian Journal of Microbiology, v. 45, n. 1, p. 35-42. 2014.

http://dx.doi.org/10.1590/S1517-83822014000100006

WHITAKER, T.B. et al. Sampling procedures to detect mycotoxins in agricultural commodities. New York: Springer, 2011. 58 p.

https://www.springer.com/gb/book/9789048196333

Tópicos relacionados:
Autores:
Adriano Olnei Mallmann
Pegasus Science
Denize Tyska
Pegasus Science
Referentes que recomendaram :
Claudson
Recomendar
Comentário
Compartilhar
Alexandre Luís Sartori Fernandes
1 de junio de 2020
Bom dia, voces fazem a análise de micotoxina em ração pet? Meu cão veio a obito e outros animais tiveram mesmo sintomas. Tenho as amostras embaladas e lacradas. Fico no aguardo. email Alemedvet@bol.com.br ou 11 957000718. obg Alexandre
Recomendar
Responder
Profile picture
Quer comentar sobre outro tema? Crie uma nova publicação para dialogar com especialistas da comunidade.
Junte-se à Engormix e faça parte da maior rede social agrícola do mundo.