Olá, professor. Tenho algumas curiosidades:
Com essa nova possibilidade na nutrição animal, a microencapsulação, os benefícios são para qual fase da vida do animal?
Gera benefícios no produto final?
Por que o interesse da indústria da nutrição animal nesse novo processo?
Obrigada e um abraço.
Olá, Maíra.
A microencapsulação possibilita a liberação controladade ingredientes e o ajuste fino dedosagens, representando uma fonte de nutrientes com propriedades únicas. O desenvolvimento deprodutos contendo ingredientes ativos e delicados como por exemplo vitaminas, óleos e outros exige precisão. Assim, os ingredientes encapsulados podem ser digeridos e liberados em diferentes porções do trato digestório, permitindo a liberação lenta dos nutrientes que podem possuir propriedades mucoadesivas (Ubbink e Krüger, 2006).
A microencapsulação possibilita uma maior exatidão e precisão na dosagem, especificidade de local de absorção e atuação, previne a ação de difereças de pH, ou mesmo ação de sucos e enzimas que por vezes degradam parte do nutriente em local onde a absorção não ocorre, como por exemplo no estomago pelo pH ácido e ação do HCl.
Possibilita o uso de aditivos com diferentes finalidades e objetivos, como por exemplo mascarar um sabor desagradável de um antibiótico para leitões, ação de um acido orgânico nas porções finais do intestino ( evita a sua neutralização pelo suco duodenal - tamponado/alcalino) favorece a fermentação e produção de AGV´s no ceco, evitando patógenos indesejáveis (clostridium por ex) , possibilita a liberação gradual e lenta do aditivos no intestino delgado, como por ex. um óleo essencial protegido por uma camada de triglicerídeos que são solubilizados por lipases e sais biliares presentes no suco pancreático de forma gradual, etc.
Abraços.
Bom dia professor,
Em relação a utilização da microcapsulação para o combate ao timpanismo. Existe a possibilidade de se utilizar esta técnica para este fim? A tentativa de utilização da monensina ou mesmo de probióticos via sal mineral se mostrou muito variável devido ao consumo. Que outra possibilidade de ingestão poderia ser utilizada a partir desta nova tecnologia, na água talvez?
abraçp
Caro Luiz Antonio ,
.
Quanto a sua pergunta "utilização da microcapsulação para o combate ao timpanismo".
Vou separa a sua pergunta em 3 itens, pois na verdade são três quesitos em uma pergunta.
Item a ) Existe a possibilidade de se utilizar esta técnica para este fim?
R. A possibilidade existe , mas demanda em uma série de implicações a serem observadasquanto a tecnologia a ser empregada ( spray dried, coaservação etc) , as quais irão determinar a seleção do método de microencapsulação. No caso de fármacos a microcápsula deverá ter as características físico-químicas, tanto do material encapsulado , quanto do agente encapsulante. Devem ser consideradas variações de tamanho do produto e mecanismo de liberação da substância encapsulada em ralação ao efeito esperado. È um método oneroso e de resultados pouco práticos para animais a campo.
Item b ) A tentativa de utilização da monensina ou mesmo de probióticos via sal mineral se mostrou muito variável devido ao consumo.
R. A utilização de aditivos como fármacos e probióticos exigem precisão, desta forma a sua utilização em sais minerais torna-se difícil, pois está sujeita a variações de consumo próprias do animal ( idade, tamanho e raça entre outros) ; variações em relação ao tipo de pastagem ou volumoso; oferta de água e também a intempéries como umidade do ar , chuvas , etc.. o que torna os efeitos variáveis principalmente no caso da microencapsulação.
Item c) Que outra possibilidade de ingestão poderia ser utilizada a partir desta nova tecnologia, na água talvez?
R. A utilização de microcapsulas na água de bebida apresenta algumas limitações. A principal é a estabilidade das emulsões, uma vez que a maioria dos processos utiliza encapsulantes de baixa solubilidade. Para apresentar uma boa dispersão em água e ser emulsificado, o encapsulante deve conter grupamentos hidrofílicos e hidrofóbicos. Assim quanto maior a capacidade emulsificante do encapsulante, melhor a retenção dos princípios ativos encapsulados. As gomas (goma acácia) em geral são constituídas por galactose, arabinose, ramnose e ácido glicurônico, são consideradas historicamente como material encapsulante por excelência, graças à sua solubilidade, baixa viscosidade, sabor suave e propriedades emulsificantes. Outra substancia é o amido abundante e barato. Contudo , quando em dispersão aquosa, o amido não deve sofrer aquecimento, pois rompem-se os grânulos formando-se uma pasta com viscosidade geralmente alta demais .
Abraços
Flemming
A maioria das indústrias de rações já utilizam produtos microencapsulados. Uma grande parte de aditivos permitidos para rações pelo MAPA tais como acidificantes, enzimas, antibióticos e blends (misturas) de óleos essenciais, entre outros são encapsulados como descritos no artigo. A dissolução das microcapsulas é gradual no trato digestório, entregando o aditivo em diferentes partes do intestino. Por exemplo: algumas misturas de carvacrol, timol e capsaicina (óleos essenciais) são microencapsulados e têm a sua liberação apenas no intestino delgado e grosso modulando a microbiota intestinal das aves, reduzindo a população de clostridios. Estimulam a secreção pancreática biliar e intestinal, potencializam o efeito dos sais biliares e enzimas digestivas promovendo melhora na digestão e absorção da ração fornecida.
No caso de medicamentos/drogas, existem várias técnicas que utiliza a microencapsulação e a oferta de drogas é caracterizada pela emulsificação da droga com posterior remoção de solvente da emulsão. As Micropartículas (microcápsulas) em geral são pouco maiores do que um micrometro de diâmetro contendo o fármaco homogeneamente distribuído. Estas são utilizadas para a entrega da droga de forma restrita e controlada, ocultando o sabor e odor, protegendo-a contra a degradação. Estas técnicas podem ser empregadas para proteção de parte do organismo contra os efeitos indesejáveis e tóxicos das drogas. A escolha e eficiência da técnica a ser empregada depende da hidrofilia ou a hidrofobicidade do fármaco utilizado. Existe uma grande gama de indústrias farmacêuticas que utilizam estes processo no preparo de seus produtos.
Cara Ana Julia,
O método de microencapsulação mais comum é a atomização e spray drying, onde as cápsulas produzidas são do tipo matricial, com o núcleo distribuído na forma de micropartículas na matriz seca do material encapsulante. Este processo de encapsulação é utilizado mais para aromas e óleos onde as partículas são lançadas no meio gasoso, tomam a forma esférica com a parte oleosa "empacotada" no interior da parte aquosa.
De modo geral, a atomização é realizada com equipamentos de secagem por pulverização (spray drying) produzindo-se um pó seco a partir de um líquido ou suspensão que recebe secagem rápida com um gás quente ou ar aquecido. Todos os secadores de pulverização usam algum tipo de atomizador/bico de pulverização para dispersar o líquido em suspensão em um spray com o tamanho de gota controlado . O mais comum destes são os discos rotativos e de um único fluido de alta pressão nos bicos. Dependendo das necessidades de processo, os tamanhos comuns das gotas estão entre um intervalo de diâmetro de 100 a 200 um.
A substância a ser encapsulada é diluída e homogeneizada em um portador (carrier) que em geral é um triglicerídeo. A suspensão forma uma pasta que é introduzida num secador por pulverização ou torre com aquecimento e temperaturas bem acima do ponto de ebulição da água. À medida que a pasta entra na torre é atomizada. Em face da tensão superficial da água e por causa das interações hidrofóbicas / hidrofílicas entre o transportador, a água, e a carga, a massa atomizada forma micelas. O pequeno tamanho das gotas (uma média de 100 micras de diâmetro) resulta em uma área de superfície relativamente grande, que seca rapidamente formando um revestimento endurecido (coating) .
Existem no Brasil várias empresas que trabalham com este processo e fabricam e fornecem equipamentos ou mesmo prestam serviços na área de microencapsulação.
Prof. Jose Sidney Flemming,
Boa tarde,
Onde posso encontrar equipamentos que façam a microencapsulação? O Sr pode nos indicar alguns fornecedores no Brasil?
No aguardo.
att
Olá, Paulo Rogério,
Os equipamentos que conheço são de modo geral importados, e inclusive em empresas que já os utilizam:
em anexo lhe envio endereço de uma empresa que tem no Brasil:
GEA Process Eingineering Inc. Para mais informações, ligue: Call (19)3725-3100
http://www.gea-process.com.br
Outras:
- Buchi Labortechnical AG - (ver se tem representante no Brasil)
- Brace GmbH ( idem)
Abraços,
Flemming