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Microencapsulação Nutrientes

Microencapsulação de nutrientes

Publicado: 13 de março de 2012
Por: Jose Sidney Flemming da Universidade Federal do Paraná -UFPR-, PR.
O emprego de novas tecnologias na utilização de nutrientes purificados tem recebido grande ênfase na última década. Arshady (1993) descreve a utilização de microcápsulas como uma alternativa a melhor utilização de nutrientes ou aditivos. Esta tecnologia hoje é bem conhecida e sua aplicação se dá principalmente no empacotamento de pequenas partículas de nutrientes na forma sólida ou líquida com cápsulas extremamente reduzidas formadas por finas coberturas poliméricas, formando partículas denominadas microcápsulas. Estas podem liberar seu conteúdo sob velocidade e condições específicas de acordo com o efeito desejado,  representando uma solução para  as várias limitações no emprego de ingredientes, suprimindo ou atenuando saboresindesejáveis. É empregada para reduzir a volatilidade e a reatividade de alguns nutrientes, aumentando a sua estabilidade principalmente em presença de luz, oxigênio e pH variáveis. Assim, pode-se afirmar que a microencapsulação é uma evolução em termos de nutrição, pois:
a)      reduz a capacidade de reação do material encapsulado  com o ambiente, diminuindo a velocidade de evaporação ou de perda do material encapsulado para o meio;
b)      facilita a manipulação do encapsulado, promovendo a sua liberação de forma controlada;
c)      mascara o sabor  e odor  desagradáveis;
d)      possibilita a diluição homogênea do material encapsulado na formulação de dietas.
O mercado de aplicação desta tecnologia é principalmente o de nutrientes e aditivos adicionados aos alimentos, e  incluem os tradicionais: aromas, vitaminas, minerais, e também outros mais recentes, como os óleos essenciais, microrganismos probióticos, peptídeos e diversas outras classes de substâncias com atividades específicas no organismo animal.
A microencapsulação possibilita além da liberação controlada de ingredientes e o ajuste fino de dosagens, representando  uma fonte de ingredientes com propriedades únicas (Arimoto et al., 2004). O desenvolvimento de produtos contendo ingredientes ativos é delicado e exige uma grande precisão pois as matrizes alimentícias são normalmente muito mais complexas e têm como característica a ingestão via oral. Ainda, os ingredientes encapsulados por vezes devem resistir às condições físicas e químicas do trato gastrintestinal ou mesmo até possuir propriedades mucoadesivas (Ubbink e Krüger, 2006).
As cápsulas podem ser classificadas por tamanho em 3 categorias:  macro (>5000 µm), micro- (0,2-5000 µm) e nanocápsulas (<0,2 µm).
Em termos de forma e construção as cápsulas podem ser divididas em dois grupos: aquelas nas quais o núcleo (encapsulado) é nitidamente concentrado na região central, circundado por um filme definido e contínuo do material de parede, é classificado como sistema do tipo reservatório, e caracteriza as "verdadeiras" microcápsulas; o segundo grupo  é representado por microcápsulas nas quais o núcleo é uniformemente disperso em uma matriz também chamado de sistema matricial  e resulta nas microesferas.  A principal diferença entre as microcápsulas e as microesferas está no fato de que, nas microesferas, uma pequena fração do material "encapsulado" permanece exposto na superfície, o que não acontece na encapsulação verdadeira (Depypere, et al 2003; Constant, & Sstringheta,,2002).  
Entretanto, o termo "encapsulação" é aceito para as duas formas, tanto a formação de microcápsulas quanto de microsferas.  As microcápsulas podem ter ainda mais de um núcleo, ou várias paredes para um mesmo núcleo. Na Figura 1 são representados alguns dos principais modelos de microcápsulas.
Microencapsulação de nutrientes - Image 1
Figura 1- Tipos e formas de microcápsulas                                                                 
(A) microesfera  (B) microcápsula simples (C) microcápsula simples irregular (D) microcápsula de duas paredes (E) microcápsula com vários núcleos (F) agrupamento de microcápsulas (ARSHADY, 1993.)
Processos  de microencapsulação
A seleção do método de microencapsulação a ser empregado  está  diretamente relacionado ao objetivo que se pretende. Assim, a microcápsula deverá ter as características físico-químicas, tanto do material encapsulado, quanto do agente encapsulante. Pode ter variações de tamanho desde alguns poucos nanômetros até vários micrômetros e do mecanismo de liberação da substância encapsulada. O material de revestimento deve ser capaz de formar um filme que tenha ligação como o material do núcleo (encapsulado),  ser químicamente compatíveis e não reativo com este material apresentando as propriedades de revestimento desejadas tais como: força, impermeabilidade, flexibilidade, propriedades ópticas e estabilidade Com agentes encapsulantes são referidos por Jackson e  Lee (1991) principalmente os  lipídios (parafina, mono e di e triglicerídeos, óleos e gorduras) ; as proteínas (glúten, albumina caseína, gelatina ) e os  carboidratos (amidos modificados, dextrinas, acetilcelulose, nitrocelulose); e outros. 
Os métodos utilizados para microencapsulação, definição de forma e tamanho das microcápsulas são amplos e podem ser: físicos, químicos ou ainda físico químicos. A seleção do método a ser utilizado deve ter ligação direta com a finalidade a que se destina a microcápsula ( DZIEZAK 1988).  Assim, fatores como o tipo de produtos utilizado bem como a sua espessura exercem um efeito direto no processo de liberação do encapsulado.  A dissolução das microcápsulas sofre a ação de fatores como a variação de pH do trato digestório, presença de sais biliares, enzimas e gradiente de concentração do meio  (DESAI, e  PARK, 2005). O tamanho das microcápsulas pode variar de alguns poucos nanômetros até vários micrômetros; a forma também é bastante variável em função do método e do agente encapsulante utilizados para prepará-las. Existem várias técnicas que podem ser utilizadas (Ver tabela abaixo), entre elas são de uso comum a Atomização e spray drying, onde as cápsulas produzidas são geralmente do tipo matricial, com o núcleo distribuído na forma de micropartículas na matriz seca do material encapsulante (King , 1995) . Este processo de encapsulação é utilizado mais para  aromas e óleos onde as partículas são lançadas no meio gasoso,  tomam a forma esférica  com a parte oleosa "empacotada" no interior da parte aquosa. Em contato com o ar aquecido, a água se evapora formando a membrana da cápsula.   A principal vantagem da encapsulação por atomização é o pequeno tamanho das partículas que em geral tem menos do que 100 µm, o que torna o produto altamente solúvel  (Wagner, 1995; Gibbs , 1999). Outro processo usual que entretanto tem como limitação o seu custo é a Coacervação, onde o material a ser encapsulado será adicionado à  solução.  O material do núcleo  disperso na solução não deve reagir ou se dissolver em água (solubilidade máxima de 2%). O tamanho da partícula será definido por: parâmetro de dispersão, velocidade de agitação,  tensão superficial e viscosidade. O tamanho da partícula será de 2μm - 1200μm. Apesar de muito eficiente, a coacervação é um processo de maior custo (Desay 2005) . Abaixo na tabela há uma lista dos principais métodos utilizados, encapsulante, núcleo encapsulado e tamanho da partícula. 
A microencapsulação é frequentemente  utilizada na indústria de alimentação animal. A gama de aplicações é extremamente ampla e a maioria dos aditivos, micronutrientes, acidulantes, enzimas, probióticos e outros são hoje microencapsulados.  Abaixo são descritas algumas das aplicações mais comuns da Microencapsulação:
1.       Ácidos orgânicos
Representa um dos grupos de aditivos mais utilizados principalmente nas dietas de aves e suínos.  Produtos como o  cítrico, fumárico e lático normalmente são revestidos para  se evitar a sua dissociação já nas porções superiores do trato digestório.  A microencapsulação em geral é realizada por processo de spray cooling, utilizando-se gomas, amidos ou gorduras de diferentes pontos de fusão como agentes encapsulantes (Nori,  1996).
2.       Óleos Essenciais e Aromatizantes 
São encapsulados com a finalidade de aumentar significativamente a sua vida útil diminuindo a oxidação e volatilização. A microencapsulação em geral é realizada por processo de atomizaçãoutilizando-se gorduras de diferentes pontos de fusão ou então produtos de maior estabilidade como o amido modificado ou a goma arábica que demonstraram excelente ação como agentes encapsulantes para o óleo essencial de canela, pimenta e orégano, timol e cardamomo ( KRISHNAN et al., 2005). A microencapsulação tem a vantagem de modificar a aparência dos óleos essenciais que comportam-se como um pó, sem contudo alterarem a sua estrutura e/ou propriedades. Evitam a volatilização em rações submetidas a peletização, ou extrusão, a processos em que se utiliza temperatura, pressão e vapor (BHANDARI et al., 2001;VAIDYA et al., 2006;).
3.       Vitaminas, pigmentos naturais  e carotenos
Wegmuller et al. (2006) revisaram a utilização do óleo de palma hidrogenado como encapsulante de vitaminas e mineiras. Constataram que as microcápsulas preservavam  as características das vitaminas lipossolúveis, não se constatando inclusive processos oxidativos quando adicionados a uma mistura de sais minerais  MADZIVA et al., (2005),   encapsularam o ácido fólico, usando como encapsulante uma  mistura de alginato e pectina, e referem um grande potencial protetor contra degradação, conferindo maior estabilidade a este.  A  microencapsulação de licopeno com goma arábica e maltodextrina foi o tratamento que proporcionou melhor estabilidade a este carotenóide fácilmente oxidável. A encapsulação de Omega 3 oriundo de óleo de peixe  tem sido mais estável quando utiliza-se uma mistura de maltodextrina  goma acácia, com matrizes amorfas contendo trealose e uma mistura de celulose e maltodextrina (WU et al., 2005) Entretanto,  Kolanowski et al. (2004) não conseguiram aumento da estabilidade utilizando apenas celulose modificada com material encapsulante.
4.       Enzimas
A microencapsulação de enzimas em geral é efetuada na forma de lipossomas, que  são vesículas microscópicas formadas por uma ou mais camadas concêntricas de lipídios ou  fosfolipídios. Esses lipídios tem a capacidade em encapsular materiais hidrofóbicos, hidrofílicos e anfifílicos que incluam macromoléculas bioativas. Recentemente, o uso de lipossomas têm sido o principal método na encapsulação ou imobilização de enzimas visando a  proteção contra o meio ácido e a presença de pepsina. A encapsulação ou a imobilização de enzimas objetiva também aumentar a sua resistência aos processos comuns na indústria como o tratamento térmico, peletização e extrusão. De modo geral é visada a sua liberação controlada no intestino (GARCIA et al., 1989 ; HSIEH et al., 2002).
5.       Microrganismos
Os microrganismos são imobilizados em microencápsulas para minimizar o efeito bactericida do suco gástrico e outros meios ácidos, para aumentar a estabilidade e manter a viabilidade da cultura durante estocagem do produto ou como a sua principal forma: os  probióticos utilizados na manutenção da eubiose e produção de ácido lático e outros ácidos graxos voláteis propiciando fermentação desejável no trato digestório, promovendo a saúde e bem estar animal com diminuição da  morbidade ambiental ( CHEN et al., 2006; OLIVEIRA et al., 2007).
Assim, a microencapsulação representa uma solução para as várias limitações no emprego de ingredientes, suprimindo ou atenuando fatores e saboresindesejáveis. É empregada para reduzir a volatilidade e a reatividade de alguns nutrientes, aumentando a sua estabilidade principalmente em presença de luz, oxigênio e pH variáveis. Pode-se afirmar que é uma evolução em termos de nutrição, constituindo em um avanço na manipulação dos micronutrientes promovendo a sua liberação de forma controlada,  possibilitando a diluição homogênea e dispersão gradual  por diferentes partes do trato digestório dos animais.
Bibliografia
CHEN, K. N.; CHEN, M. J.; LIN, C. W. Optimal combination of the encapsulating materials for probiotic microcapsules and its experimental verification (R1). Journal of Food Engineering, Oxford, v. 76, n. 3, p. 313-320, 2006.
OLIVEIRA, A. C.; MORETTI, T. S.; BOSCHINI, C.; BALIERO, J. C. C.; FREITAS, O.; FAVARO-TRINDADE, C. S. Stability of microencapsulated B. lactis (BI 01) and L. acidophilus (LAC 4) by complex coacervation followed by spray drying. Journal ofMicroencapsulation, London, v. 24, n. 7, p. 685-693, 2007.
DEPYPERE, F.et al. Food powder microencapsulation: principles, problems and opportunities. Appl.Biotechnol. Food Sci. Pol., v.1, n.2, p.75-94, 2003.
DESAI, K. G. H.; PARK, H. J. Recent developments in microencapsulation of food ingredients. Drying Technology, London, v. 23, n. 7, p. 1361-1394, 2005.
CONSTANT, P.B.L.; STRINGHETA, P.C. Microencapsulação de ingredientes alimentícios. Bol.
SBCTA, v.36, n.1, p.12-18, 2002.
ARSHADY, R. Microcapsules for food. J. Microencapsul., v.10, p.413-435, 1993.
VAIDYA, S.; BHOSALE, R.; SINGHAL, R. Microencapsulation of cinnamon oleoresin by spray drying using different wall materials. Drying Technology, London, v. 24, n. 8, p. 983-992, 2006.
KRISHNAN, S.; BHOSALE, R.; SINGHAL, R. Microcapsulation of cardomon oleoresin: evaluations of blends of gum arabic, maltodextrin and modified starch as wall materials. CarbohydratePolymers, Oxford, v. 61, n. 1, p. 95-102, 2005.
KOLANOWSKI, W.; LAUFENBERG, G.; KUNZ, B. Fish oil stabilization by microencapsulation with modified cellulose. International Journal of Food Sciences and Nutrition, Hants, v. 55, n. 4, p. 333-343, 2004.
KING, A.H. Encapsulation of food ingredients. In: RISCH, S.J.; REINECCIUS, G.A. Encapsulation andcontrolled release of food ingredients. Washington, DC: ACS, 1995. p.26-39. (ACS Symposium. Series, 590).
GIBBS, B.F.et al. Encapsulation in the food industry: a review. Int. J. Food Sci. Nutr., v.50, p.213-224, 1999.
GARCIA, I.; AISINA, R. B.; ANCHETA, O.; PASCUAL, C. Action of gastric juice on microencapsulated food. EnzymeMicrobiology and Technology, Woburn, v. 11, n. 4, p. 247-251, 1989.
HSIEH, Y. F.; CHEN, T. L.; WANG, Y. T.; CHANG, J. H.; CHANG, H. M. Properties of liposomes prepared with various lipids. Journalof Food Science, Chicago, v. 67, n. 8, p. 2808-2813, 2002.
WAGNER, L.A.; WARTHESEN, J.J. Stability of spraydried encapsulated carrot carotenes. J. Food Sci., v.60, n.5, p.1048-1053, 1995.
WEGMULLER, R.; ZIMMERMANN, M. B.; BUHR, V. G.; WINDHAB, E. J.; HURREL, R. Development, stability, and sensory testing of microcapsules containing iron, iodine and vitamin A for use in food fortification. Journal of Food Science, Chicago, v. 71, n. 2, p. 181-187, 2006.
BUFFO, R.; REINECCIUS, G. Comparison among assorted drying processes for the encapsulation of flavors. Perfum. Flavor., v.26, p.58-67, 2001.
DZIEZAK, J. D. Microencapsulation and encapsulated ingredients. Food Technology, Chicago, v. 42, n. 4, p. 136-151, 1988..
WU, K.G.; CHAI, X. H.; CHEN, Y. Microencapsulation of fish oil by simple coacervation of hydroxpropyl methylcellulose. ChineseJournal of Chemistry, Weinheim, v. 23, n. 11, p. 1269-1572, 2005. 
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Autores:
Jose Sidney Flemming
Universidade Católica do Paraná
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Jose Sidney Flemming
Universidade Católica do Paraná
12 de abril de 2014

Olá, Paulo Rogério,

Os equipamentos que conheço são de modo geral importados, e inclusive em empresas que já os utilizam:
em anexo lhe envio endereço de uma empresa que tem no Brasil:

GEA Process Eingineering Inc. Para mais informações, ligue: Call (19)3725-3100
http://www.gea-process.com.br

Outras:

- Buchi Labortechnical AG - (ver se tem representante no Brasil)

- Brace GmbH ( idem)

Abraços, 

Flemming

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Jose Sidney Flemming
Universidade Católica do Paraná
11 de abril de 2013

Cara Ana Julia, 

O método de microencapsulação mais comum é a atomização e spray drying, onde as cápsulas produzidas são do tipo matricial, com o núcleo distribuído na forma de micropartículas na matriz seca do material encapsulante. Este processo de encapsulação é utilizado mais para aromas e óleos onde as partículas são lançadas no meio gasoso, tomam a forma esférica com a parte oleosa "empacotada" no interior da parte aquosa.
De modo geral, a atomização é realizada com equipamentos de secagem por pulverização (spray drying) produzindo-se um pó seco a partir de um líquido ou suspensão que recebe secagem rápida com um gás quente ou ar aquecido. Todos os secadores de pulverização usam algum tipo de atomizador/bico de pulverização para dispersar o líquido em suspensão em um spray com o tamanho de gota controlado . O mais comum destes são os discos rotativos e de um único fluido de alta pressão nos bicos. Dependendo das necessidades de processo, os tamanhos comuns das gotas estão entre um intervalo de diâmetro de 100 a 200 um.
A substância a ser encapsulada é diluída e homogeneizada em um portador (carrier) que em geral é um triglicerídeo. A suspensão forma uma pasta que é introduzida num secador por pulverização ou torre com aquecimento e temperaturas bem acima do ponto de ebulição da água. À medida que a pasta entra na torre é atomizada. Em face da tensão superficial da água e por causa das interações hidrofóbicas / hidrofílicas entre o transportador, a água, e a carga, a massa atomizada forma micelas. O pequeno tamanho das gotas (uma média de 100 micras de diâmetro) resulta em uma área de superfície relativamente grande, que seca rapidamente formando um revestimento endurecido (coating) .
Existem no Brasil várias empresas que trabalham com este processo e fabricam e fornecem equipamentos ou mesmo prestam serviços na área de microencapsulação.

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Jose Sidney Flemming
Universidade Católica do Paraná
18 de diciembre de 2012

A maioria das indústrias de rações já utilizam produtos microencapsulados. Uma grande parte de aditivos permitidos para rações pelo MAPA tais como acidificantes, enzimas, antibióticos e blends (misturas) de óleos essenciais, entre outros são encapsulados como descritos no artigo. A dissolução das microcapsulas é gradual no trato digestório, entregando o aditivo em diferentes partes do intestino. Por exemplo: algumas misturas de carvacrol, timol e capsaicina (óleos essenciais) são microencapsulados e têm a sua liberação apenas no intestino delgado e grosso modulando a microbiota intestinal das aves, reduzindo a população de clostridios. Estimulam a secreção pancreática biliar e intestinal, potencializam o efeito dos sais biliares e enzimas digestivas promovendo melhora na digestão e absorção da ração fornecida.
No caso de medicamentos/drogas, existem várias técnicas que utiliza a microencapsulação e a oferta de drogas é caracterizada pela emulsificação da droga com posterior remoção de solvente da emulsão. As Micropartículas (microcápsulas) em geral são pouco maiores do que um micrometro de diâmetro contendo o fármaco homogeneamente distribuído. Estas são utilizadas para a entrega da droga de forma restrita e controlada, ocultando o sabor e odor, protegendo-a contra a degradação. Estas técnicas podem ser empregadas para proteção de parte do organismo contra os efeitos indesejáveis e tóxicos das drogas. A escolha e eficiência da técnica a ser empregada depende da hidrofilia ou a hidrofobicidade do fármaco utilizado. Existe uma grande gama de indústrias farmacêuticas que utilizam estes processo no preparo de seus produtos.

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Jose Sidney Flemming
Universidade Católica do Paraná
10 de mayo de 2012

Caro Luiz Antonio ,
.
Quanto a sua pergunta "utilização da microcapsulação para o combate ao timpanismo".

Vou separa a sua pergunta em 3 itens, pois na verdade são três quesitos em uma pergunta.

Item a ) Existe a possibilidade de se utilizar esta técnica para este fim?

R. A possibilidade existe , mas demanda em uma série de implicações a serem observadasquanto a tecnologia a ser empregada ( spray dried, coaservação etc) , as quais irão determinar a seleção do método de microencapsulação. No caso de fármacos a microcápsula deverá ter as características físico-químicas, tanto do material encapsulado , quanto do agente encapsulante. Devem ser consideradas variações de tamanho do produto e mecanismo de liberação da substância encapsulada em ralação ao efeito esperado. È um método oneroso e de resultados pouco práticos para animais a campo.

Item b ) A tentativa de utilização da monensina ou mesmo de probióticos via sal mineral se mostrou muito variável devido ao consumo.

R. A utilização de aditivos como fármacos e probióticos exigem precisão, desta forma a sua utilização em sais minerais torna-se difícil, pois está sujeita a variações de consumo próprias do animal ( idade, tamanho e raça entre outros) ; variações em relação ao tipo de pastagem ou volumoso; oferta de água e também a intempéries como umidade do ar , chuvas , etc.. o que torna os efeitos variáveis principalmente no caso da microencapsulação.

Item c) Que outra possibilidade de ingestão poderia ser utilizada a partir desta nova tecnologia, na água talvez?

R. A utilização de microcapsulas na água de bebida apresenta algumas limitações. A principal é a estabilidade das emulsões, uma vez que a maioria dos processos utiliza encapsulantes de baixa solubilidade. Para apresentar uma boa dispersão em água e ser emulsificado, o encapsulante deve conter grupamentos hidrofílicos e hidrofóbicos. Assim quanto maior a capacidade emulsificante do encapsulante, melhor a retenção dos princípios ativos encapsulados. As gomas (goma acácia) em geral são constituídas por galactose, arabinose, ramnose e ácido glicurônico, são consideradas historicamente como material encapsulante por excelência, graças à sua solubilidade, baixa viscosidade, sabor suave e propriedades emulsificantes. Outra substancia é o amido abundante e barato. Contudo , quando em dispersão aquosa, o amido não deve sofrer aquecimento, pois rompem-se os grânulos formando-se uma pasta com viscosidade geralmente alta demais .


Abraços

Flemming

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Jose Sidney Flemming
Universidade Católica do Paraná
26 de marzo de 2012

Olá, Maíra.

A microencapsulação possibilita a liberação controladade ingredientes e o ajuste fino dedosagens, representando uma fonte de nutrientes com propriedades únicas. O desenvolvimento deprodutos contendo ingredientes ativos e delicados como por exemplo vitaminas, óleos e outros exige precisão. Assim, os ingredientes encapsulados podem ser digeridos e liberados em diferentes porções do trato digestório, permitindo a liberação lenta dos nutrientes que podem possuir propriedades mucoadesivas (Ubbink e Krüger, 2006).

A microencapsulação possibilita uma maior exatidão e precisão na dosagem, especificidade de local de absorção e atuação, previne a ação de difereças de pH, ou mesmo ação de sucos e enzimas que por vezes degradam parte do nutriente em local onde a absorção não ocorre, como por exemplo no estomago pelo pH ácido e ação do HCl.

Possibilita o uso de aditivos com diferentes finalidades e objetivos, como por exemplo mascarar um sabor desagradável de um antibiótico para leitões, ação de um acido orgânico nas porções finais do intestino ( evita a sua neutralização pelo suco duodenal - tamponado/alcalino) favorece a fermentação e produção de AGV´s no ceco, evitando patógenos indesejáveis (clostridium por ex) , possibilita a liberação gradual e lenta do aditivos no intestino delgado, como por ex. um óleo essencial protegido por uma camada de triglicerídeos que são solubilizados por lipases e sais biliares presentes no suco pancreático de forma gradual, etc.

Abraços.

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Leonardo Ribeiro Campos
28 de junio de 2020
A perda ou ganho de nutrientes na microencapsulação ou nanoencapsulação?
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Bella Azevedo
26 de julio de 2014
Prof. Jose Sidney Flemming, Boa noite, Estou interessada em microencapsulação de óleos essenciais, mas tenho enfrentado dificuldades para encontrar empresas que realizem o processo. O senhor conhece alguma? Desde já agradeço.
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Paulo Rogerio P Moraes
Phytus Feed
9 de abril de 2014

Prof. Jose Sidney Flemming,

Boa tarde,

Onde posso encontrar equipamentos que façam a microencapsulação? O Sr pode nos indicar alguns fornecedores no Brasil?

No aguardo.

att

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Ana Júlia Athayde
10 de abril de 2013
Professor, gostaria de saber se o método utilizado na microencapsulação de óleos essenciais é muito complexa ou é de fácil reprodução?
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Reinaldo Boschi
13 de diciembre de 2012
Boa noite professor. Gostaria de saber se seria possivel usar essas microcapsulas em aves ,pois de vez em quando preciso oferecer medicamentos para elas? Se nessas microcapsulas seriam a quantidade certa para uma ave adulta por ex.?
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