Tenho uma grande curiosidade: o hormônio de crescimento nos frangos é injetável no primeiro dia de vida? Porque compramos lote de cem pintainhos por exemplo e sempre vêm alguns que parecem não ter recebido o hormônio e não desenvolvem. Já criamos por diversas vezes pintinhos caipiras juntos com os de granja comendo a mesma ração e não tem o crescimento acelerado igual. Logo o hormônio não está na ração. Podem informar? Obrigado.
Bom dia Cláudio Vittorazi,
Você já ouviu falar de presente de grego? Aquele que você ganha e não serve para nada.
Com muita propriedade meu colega esclarece um pouco a fisiologia de metabolização de alguns produtos frente às condições adversas do trato digestivo (estômago e intestinos, no caso das aves, papo, moela e intestinos, junto com sacos cecais).
Para que você possa estar seguro do que pode utilizar ou não na sua criação, para saber se a carne que irá consumir é segura ou não, é necessário o conhecimento daquilo que você vai fazer ou passar a bola para quem sabe. No caso desse fardo hormonal em que as aves são acusadas ao longo do tempo, devido a alta tecnologia nutricional, genética e nas suas condições de criação (manejo), que garantem rápido crescimento muscular, o próprio metabolismo dos "hormônios", sei lá qual, impede o seu uso nas aves. Como? Hormônios são proteínas, do ponto de vista fisiológico e metabólico, portanto, o tempo para produção pelo animal, através de glândulas, é muito pequeno, ou seja, não há tempo produtivo.
Outro ponto, para que isso possa ser utilizado, sem ser produzido pelo próprio organismo animal, tem que ser injetado, porque fornecido por outra via não funciona, será inativado (como explicado anteriormente). Aí começa uma novela. Como aplicar isso nas aves? Qual a quantidade? Em que fase da sua curta vida de cerca de 42 dias? Quanto tempo levaria isso para surtir efeito, se fosse possível a sua administração? Que tempo levaria esse procedimento para ser concluído? Imagine que um frango de granja tem cerca de 1080 horas de vida, se você gastar muito tempo para executar qualquer procedimento de massa em aves, você perderá tempo de ganho de peso e rendimento zootécnico da sua criação.
Portanto, não se iluda com o que você viu anunciado, por que isso é placebo (medicamento sem eficácia), fraude seria o nome correto, bem claro, no caso de aves. Não entre no comparativo com aves caipira por que são animais diferentes, com alimentação diferente, criação diferente e resposta produtiva diferente. Compare coisas próximas.
Sugiro que nesse domingão, coma um magnífico franguinho assado no almoço e um fritinho na hora da decisão do campeonato carioca, o que vai garantir um fantástico tranquilo, vai aguentar o tranco do noticiário dominical.
Prezado Cláudio Vittorazi,
Primeiramente gostaria de agradecer por seu comentário, pois uma das outras funções desse Fórum além de informar e debater, é detectar utilizações inadequadas e crimes, uma das funções de qualquer cidadão e ainda mais de profissionais de saúde, condição essa que também me encaixo.
Primeiramente reforço que a Instrução Normativa do Ministério da Agricultura n.º 17 de 18/06/2004, já comentada anteriormente, proíbe o uso de hormônios para essa finalidade (ganho de peso).
Cabe salientar, que assim como na medicina humana, principalmente para animais de companhia ou animais ou reprodutores de elevado valor comercial (não são animais de abate) há alguns hormônios para tratar ou controlar algumas deficiências ou para sincronização de cio por exemplo, que são normalmente tratamentos caros e não se aplicam para ganho de peso.
O anúncio em questão possui tantos ERROS, que posso lhe garantir que trata-se de CRIME, os quais rapidamente á me permite inumerar alguns, como:
-Qualquer anúncio de internet precisa obrigatoriamente incluir a foto e uma descrição completa do produto ofertado, o que não ocorre;
-Qual é o hormônio, sua concentração no produto, tamanho da embalagem, dose (2 % na ração não é dose, pois ninguém sabe qual é a concentração do produto), o fabricante, o número de licença desse produto no Ministério da Agricultura?
-Um site sério colocaria no mínimo uma breve descrição do produto e seus efeitos para que os consumidores possam saber o que estão comprando, se você quiser comprar de sites assim, te adianto que há uma grande chance de não receber o produto ou receber "gato por lebre", pois será algum melhorador de desempenho aprovado e permitido pelo MAPA (mas erroneamente declarado como "hormônio"), premix ou complexo mineral com aminoácidos, quem sabe o que receberá?
-Assim como pessoas que trazem hormônios ilegais através da fronteira, essa empresa virtual pode "sumir" em um piscar de olhos ou "numa atualização de sua página de internet", tome cuidado com vendedores de milagres!
-O produto melhora em 100 % o aproveitamento do alimento? Qual é a atuação desse hormônio?
-Imagine que um frango de corte chegue com um peso de abate de cerca de 3,0 Kg após 42 dias, você acredita que seus frangos atingirão 4,2 Kg nesse mesmo período? Me desculpe, mas "Quando a esmola é demais até Santo desconfia", não existe milagre na avicultura atual e quem está na rotina da avicultura sabe que para cada granja (existem produtividades diferentes entre elas sim), um ganho de produtividade de 5 % de um lote para outro é mais comemorado do que quando seu time ganha.
Segundo SINDIAVIPAR, o Brasil exportou quase 4 bilhões de Kg de carne de aves em 2012, com um faturamento de mais de sete bilhões e setencentos milhões de dólares. Alguém aqui acha que esse gigante mercado se arriscaria com esse tipo de "jeitinho"? Infelizmente é um caso irrisório, se for comparado ao mercado sério e que precisa ser prontamente denunciado.
Caro Cláudio Vittorazi, esse Fórum está lhe passando a informação através de vários profissionais da área, cabe a você decidir que caminho tomar. Eu lhe agradeço por nos mostrar uma empresa criminosa e no meu caso vou denunciá-la às entidades de classe às quais pertenço e ao Ministério da Agricultura para as devidas providências .
Daqui há algum tempo volte a esse mesmo link para saber se ele ainda continua no ar, te garanto que se nossas autoridades forem rápidas, não estará não.
Caros Marcelos,
Agradeço a maneira elucidativa, e principalmente educada pela qual responderam minha dúvida. Concordo com que os senhores relataram. E posso dizer que postei esta mensagem sobre este site principalmente porque também achei algo muito suspeito nele, em se considerando a proibição do uso deste produto. Aproveitando a deixa gostaria de saber, agora como consumidor, se os antibióticos promotores de crescimento encontrados nos núcleos para produção das rações podem ser ministrados até o dia do abate ou deve-se ministrar uma ração sem este produto alguns dias antes do abate?
Antecipando-se ao colega Marcelo, posso informar-lhe que o período de retirada varia com o antibiótico usado.
O mesmo pode até nem existir.
Cito como exemplo um dos mais usados atualmente: a virginiamicina. Como ela atua somente sobre o intestino e não é absorvida, não faz-se necessário esse período.
Espero tê-lo ajudado Sr. Claudio.
Os comentários anteriores já são bastante esclarecedores, porém concordo que dúvidas continuem sobre o fantástico desempenho zootécnico dessas aves que multiplicam por 5 seu peso ao nascer em apenas 7 dias, no caso do BROILER, o frango de corte industrial. Portanto acrescento que o melhoramento genético das aves industriais é baseado em conceitos mendelianos desde a década de 1950, sendo feito de forma ética e científica. Quanto à venda de hormônios, asseguro que para aves industriais não procede, pois é proibido legalmente e impossível administrar via parenteral em bilhões de aves diariamente, já que via enteral não tem absorção eficaz e, se assim fosse, não teria retorno financeiro compensatorio.
Olá pessoal,
Polêmico esse assunto não.
Prezado Cláudio, como salientou o colega Honório, vai depender muito do produto utilizado e para qual mercado a empresa vai abastecer. Por qué? Hoje, o MAPA tem regulamentado normas comerciais de acordo com mercados compradores, a saber os maiores, o europeu, asiático e americano e ainda mercado interno.
Dessa maneira, a empresa coordena sua produção a nível de campo, utilizando as inovações genéticas citadas pelo colega Walbens, fornecendo a melhor ração formulada conforme a genética e a estação do ano, dentro de um aviário tecnologicamente moderníssimo, com recursos automatizados ao extremo para fornecer o melhor ambiente possível para converter ração em carne, tudo isso, regado a uma água de melhor qualidade possível, geralmente de posso "anestesiano", clorada, fria e segura do ponto de vista microbiológico.
Assim sendo, fica fácil multiplicar esse peso por 5 na primeira semana, como se pode observar nas considerações. O fato é que pegaram o coitado do frango para Cristo, porque existem outras categorias animais que multiplicam o seu peso inicial até os 30 dias, mamando leite carregado de hormônios e ninguém fala nada só por que ela é a mãe da gente? Ora, quanta injustiça.
Polêmicas a parte, a Universidade cumpre seu papel, no processo educativo, informando e formando acadêmicos, futuros profissionais, formadores de opinião e com certeza com papel de propagadores de informações para a sociedade, como prestadores de serviços. No entanto, entendo que na vivência profissional, a informação de que hormônios não são utilizados na produção de frangos já deveria estar na midia há tempos, através de matérias divulgadas pelas associações e entidades ligadas à cadeia avícola.
A informação de que hormônios não são utilizados na produção de frangos industriais já está na mídia há muito tempo, através de matérias divulgadas pelas associações e entidades ligadas à cadeia avícola. Basta perguntar no site de busca mais consultado mundialmente, que surgirão centenas de outros sites afirmando que hormônios não são utilizados na produção de frangos industriais, alguns poucos perguntando e até hoje não vi nenhum afirmando que sim, portanto aproveito para criticar os profissionais de saúde humana, que sem nenhum cuidado, propagam em seus consultórios esse absurdo que prejudica todo um setor produtivo, profissional e responsável. Tendo esses profissionais a obrigação de conhecer cientificamente o assunto, ou não comentar sobre o mesmo. Uma vez uma médica disse que meus filhos em idade de crescimento, não deveriam consumir ovos e frangos de granja porque se utilizava hormônios em suas dietas, porém ela não sabia que eu era Médico Veterinário especialista dessa área, então lhe perguntei aonde ela tinha lido isso, ela disse que não precisava ter lido porque todo mundo sabia disso, a minha indignação foi tamanha por um profissional formador de opinião agir dessa forma irresponsável, que eu lhe disse "todo mundo sabe é conversa de mesa de bar". Temos que por fim de uma vez nessa barbaridade, principalmente vindo de alguns profissionais que supostamente afirmam o que dizem sem terem estudado e obterem embasamento cientifico, assim recomendo aos que tiverem dúvidas de qualquer assunto, consultem a internet e leiam vários sites antes de formar sua opinião antes de sair falando o que não conhece.
Está certo e se vendemos vamos prejudicar essas pessoas e ainda teremos uma multa de AGROQUALIDADE.
Se não é verdade por que se fala tanto nisso, os promotores de crescimento é a mesma coisa que hormônio de crescimento? Engraçado, outro dia perguntei a um vendedor de ração: "Amigo, por qué quando crio com ração industrializada minhas aves crescem rápido e quando uso só milho e sobras do sítio não acontece isto? Resposta - RS AMIGO, É O HORMÔNIO DE CRESCIMENTO!!! - e AGORA Dr.?
As respostas desse tema só podem ser respondidas por profissionais qualificados do setor avícola, sugiro a quem não confia nos profissionais desse elitizado fórum, indague com especialistas Médicos Veterinários, Engenheiro Agrônomos ou Zootecnistas que atuem realmente na área, certamente eles falarão sobre GENÉTICA, NUTRIÇÃO, SANIDADE e MANEJO.
Prezado "Sítio Aves da Mata Osmar",
Vários profissionais especializados na área expuseram vários argumentos e provas de que não ocorre o uso de hormônios em aves com a finalidade, inclusive falamos desse tipo de pessoa que "sabe das coisas" ou "todo mundo sabe disso".
O senhor pode acreditar nessas "conversas de boteco" (como sabiamente e apropriadamente relatou um colega acima) sem embasamento ou pode pegar amostras dessa "ração" e levar a um laboratório para análise de conteúdo. Pelo menos assim o senhor conseguirá algum dado confiável ao senhor.
Muitas pessoas precisarão ver para crer .... outras acreditarão nos depoimentos de profissionais especializados ..... essa é a parte boa dos Fóruns: cada um tira a informação dele que julgar mais adequada.
Olá pessoal, legal poder postar algo para compartilhar um pouco da nossa vivência do dia-a-dia.
"Sítio Aves da Mata Osmar", imagine você no consultório médico realizando uma consulta de rotina e você, de repente, indaga o médico sobre o estado de sua saúde e recebe como resposta algo que não lhe convence ou não agrada. Você retornaria nesse profissional?
Temos que ter atitude e eliminar esse tipo de profissional do mercado, uma vez que ele sobrevive de vendas, não compre mais dele, da empresa que representa, não deixe que ele venda na sua região, queime ele para a gerência, denuncie no Procon a empresa que ele representa, mande ele evaporar de sua propriedade, da região e se possível do seu estado. É devido o marasmo pessoal que vivemos os grandes estados de calamidade pública. Veja o exemplo da Dengue, por relaxo alheio, minha esposa está contaminada, enquanto recebo elogios pela maneira que cuido da minha casa e do meu quintal, meu vizinho não se preocupa porque não acredita que possa acontecer com ele e que isso é de responsabilidade pública, e por que não aumenta o fumacê?
Portanto, aja, tome uma atitude em prol de si mesmo.
Mas, esclarecendo a sua dúvida, senão não lerás mais comentários meus, justamente por que leu o início do post, a ração dita comercial é uma ração balanceada. O que é uma ração balanceada? É aquela ração onde os seus nutrientes são adicionados em quantias recomendadas para o tipo de animal, fase de produção do animal e com um custo mínimo de mistura, ou seja, pode entrar qualquer tipo de nutriente de acordo com seu custo, desde que contenha a quantidade necessária para atender às exigências do referido animal que vai consumi-lá.
Mas por qué que o milho lá de casa e os restos de minha propriedade não dão o mesmo resultado?
Não preciso nem responder, agora você já sabe. Mas vamos ver se bate a resposta. Milho não é ração, como muita gente acredita, milho é nutriente rico em energia e com um pouco de proteína. Como todo ser vivo precisa de energia + proteína + vitaminas + minerais = produção (de carne, de leite, de lã, de ovos e assim vai). Sua ração ofertada faltou muita coisa, você só deu energia e um pouco de proteína e faltou o resto. Assim não vai ou vai muito devagar, devagarinho quase parando, levando meses para atingir o alvo.
É assim que acontece, não tendo nada relacionado com hormônio de crescimento.
Ah, ainda a tempo, promotores de crescimento são antibióticos e ou leveduras que selecionam flora para que haja a melhor absorção possível do nutriente ofertado na ração e não tem nada de maléfico nisso, pelo contrário é muito benéfico, tanto que é permitido pela legislação vigente.
Muito bom e oportuno Dr. Marcelo seu esclarecimento, é assim que se aprende, lendo de quem sabe. Obrigado pelas explicações e em breve farei novos comentários sobre doenças, pois ainda tenho muitas dúvidas.
Olá...com certeza todos os argumentos técnicos básicos para negar o uso de hormônios foram dados...o que me resta dizer é " Propostas de sites - enganação"...tudo isto é gerado pela falta de informação sobre a produção de frangos...
Prezado Prof. Roberto,
Em poucas palavras definiu muito bem essa polêmica hormonal em frangos de corte.
Essa falta de conhecimento é generalizada e acaba, muitas vezes, prejudicando uma classe de pessoas que poderiam estar se valendo de um produto nutricionalmente rico, sanitariamente seguro, por um preço muito em conta, mas que por uma cultura de cultuar lendas e não conhecimento, deixam de lado o que é bom e barato, pelo que é ruim e não tem preço.
Mas ao ver essa onda de protestos generalizada pelo Brasil à fora, ascende a chama de que pode iniciar uma mudança cultural, afinal, tem que haver um começo.