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Carcaça Suínos Dietas Cevada

Avaliação de carcaça de suínos alimentados com dietas contendo bagaço de cevada na fase de crescimento e abatidos com 100 KG

Publicado: 5 de dezembro de 2011
Por: Antonio Assis Vieira, Jamil Monte Braz, EWERTON DA SILVA MATOS, TARCISIO SIMÕES PEREIRA AGOSTINHO, AMANDA DIAS COSTA, TIAGO NOGUEIRA SANTOS
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo avaliar as características de carcaça de suínos alimentados com dieta contendo bagaço de cevada (BC) na fase de crescimento. Foram utilizados 20 fêmeas, distribuídas em delineamento de blocos ao acaso com cinco tratamentos (0%; 12,5%; 25%; 37,5% e 50% em substituição a ração com base na matéria seca) e quatro blocos.
Após o período de crescimento, em que os animais receberam as dietas contendo o BC, continuaram no experimento, recebendo somente ração de terminação. Ao atingirem 100kg de peso vivo, os animais foram abatidos para avaliação de carcaça. Após resfriamento, as carcaças foram novamente pesadas para obtenção do peso de carcaça resfriada. Os parâmetros avaliados foram: peso de carcaça, comprimento de carcaça, espessura de toucinho, área de olho de lombo e peso e rendimento de cortes nobres.
Para a maioria dos parâmetros avaliados não se observou diferença (P>0,05). Foi observado efeito quadrático (P<0,05) sobre os pesos de carcaça quente, mas não houve diferença significativa (P>0,05) do peso de carcaça resfriada com o aumento do nível de BC na dieta. Foi observado redução linear (P<0,05) nos pesos de paleta e sobre-paleta.
Pode ter havido redução do efeito residual, durante a fase de terminação, dos efeitos da incorporação de BC na dieta de crescimento.
O BC pode ser incluído na dieta de suínos em fase de crescimento em níveis de até 50%, sem comprometer a qualidade de carcaça.
ABSTRACT
This research was carried out to evaluatte carcass characteristcs of swines fed diet containing barley bagasse (BB) in the growing phase. It were used 20 growing gilts allocated in an experimental design in randomized blocks, with five treatments (0; 12,5; 25; 37,5 e 50% of BB inclusion, replacing a corn soybean ration in dry matter bases), and four blocks.
After growing phase, when the animals received the BB diets, they continued in experiment, receiving just the finishing phase diet. When the animals reached 100kg average of body weight, they we're slaughtered for carcass evaluation. After the cooling, the carcass were weighted to obtein cold carcass weight (CCW). There were evalueted carcass weight, carcass length, backfat thickness and eye loin area commercial lean cuts and their yield.
To the most of the characteristcs there were not observed any difference (P>0,05). It was observed quadratic effect (P<0,05) on hot carcass weight, but there was not significative difference (P>0,05) effects in CCW with increasing of the BB level in the diets.
It was observed linear reduction (P<0,05) on palette and over-palette weight. It could happen reduction of residual effects, along the finishing phase, from the effects of BB inclusion in growing diet.
The BB can be included in the growing diet up to 50%, without compromising the carcass quality.
INTRODUÇÃO
Muitos estudos buscam viabilizar utilização de ingredientes alternativos na substituição daqueles tradicionais, como milho e soja, que têm preço elevado.
Subprodutos da cevada são obtidos em larga escala, na indústria de cerveja, sendo o bagaço de cevada, um deles, com bom valor nutricional, segundo GOMES et al (2004).
A oferta desse subproduto despertou o interesse de pesquisadores do IZ/UFRRJ, onde têm sido conduzidas várias pesquisas testando-o para espécies, visando predizer as melhores condições para o aproveitamento deste possível ingrediente. BELLAVER et al (1985), ao testarem níveis crescentes de radícula de malte, um resíduo da indústria de cerveja, na dieta para suínos em crescimento e terminação, observaram diminuição linear (P<0,05) nos rendimentos de carcaça fria e no rendimento de pernil.
VIEIRA et al (2006) avaliaram o desempenho de suínos em crescimento alimentados com dieta contendo níveis crescentes de bagaço de cevada e verificaram a melhor resposta dos animais com níveis de bagaço de cevada que variaram entre 11,00 e 14,91% de substituição com base na matéria seca, para consum o de matéria seca total, ganho de peso e conversão alimentar.
Esta pesquisa teve por objetivo avaliar a qualidade de carcaça de suínos que, durante a fase de crescimento foram alimentados com dieta contendo níveis crescentes de bagaço de cevada.
MATERIAL E MÉTODOS0
O experimento foi conduzido no período de três de agosto a 17 de novembro de 2005, no Setor de Suinocultura do IZ/UFRRJ, localizado no Município de Seropédica, RJ.
Foram utilizados 20 fêmeas mestiças, com peso médio inicial de 35kg, alojados em baias individuais onde foram mantidos até o final da fase de terminação. Os animais foram distribuídos em delineamento experimental de blocos ao acaso, com cinco tratamentos e quatro blocos. Os tratamentos foram 0%, 12,5%; 25%, 37,5% e 50% de bagaço de cevada incluído na dieta, em substituição à ração com base na matéria seca.
Foi utilizada ração farelada, composta de milho e farelo de soja, contendo fosfato bicálcico, calcário, óleo vegetal, sal comum iodado, complexo mineral e vitamínico e lisina sintética (L-lisina), formulada de modo a atender às exigências nutricionais de suínos tanto para crescimento, quanto para terminação, de acordo com ROSTAGNO et al (2000). A ração de terminação não foi suplementada com l-lisina.
O bagaço de cevada foi incorporado à ração de crescimento, misturado a ela de modo homogêneo, para evitar rejeição ou desperdício de ração ou bagaço de cevada. Os animais foram alimentados em duas refeições diárias, às 9:00 horas e às 14:00 horas, durante todo a fase de crescimento, recebendo metade da ração diária em cada refeição.
Os animais tiveram livre acesso à água durante todo o período experimental.
Após o período de crescimento, em que os animais receberam as dietas contendo bagaço de cevada em níveis crescentes, continuaram no experimento, a partir de então, passando a receber somente ração de terminação e com fornecimento em uma única refeição. Ao atingirem o peso médio de 100kg de peso vivo foram submetidos a jejum de ração por 24 horas e hídrico por 12 horas antes do abate. Após o abate, os animais foram pesados, depilados e, novamente foram pesadas as carcaças, para obtenção do peso de carcaça quente. As carcaças devidamente identificadas foram acondicionadas em câmara frigorífica a 0ºC por 18 horas. Após o resfriamento, as carcaças foram novamente pesadas para obtenção do peso de carcaça resfriada e, então procedidos os cortes de pernil, paleta e lombo com ossos.
Foram avaliados, peso de carcaça quente e resfriada, comprimento de carcaça, espessura de toucinho, área de olho de lombo, pesos e rendimento de pernil, peso e rendimento de paleta e sobre-paleta, peso e rendimento de lombo e rendimento de cortes nobres. Os valores obtidos foram submetidos à análise de variância e regressão utilizando o programa SAEG – Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas (UFV, 2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores médios dos parâmetros de carcaça dos suínos alimentados com níveis crescentes de bagaço de cevada na dieta são apresentados no QUADRO 1.
Foi observado efeito quadrático (P<0,05) nos pesos de carcaça quente dos animais com o aumento no nível de bagaço na dieta de crescimento, de acordo com a equação Y = 83,546 + 0,3229X -0,0093X2 (R2=0,99). Apesar dos resultados de PCQ, não houve diferença significativa (P>0,05) com relação ao peso de carcaça resfriada (PCR). Estes resultados discordam daqueles obtidos por BELLAVER et al (1985), que, ao testarem níveis crescentes de radícula de malte na dieta de suínos em crescimento e terminação, observaram redução linear (P<0,05) nos rendimentos de carcaça fria e de pernil.
Observou-se redução linear (P<0,05) no peso de paleta e sobre-paleta, com o aumento do nível de bagaço de cevada na dieta, conforme a equação Y= 10,496 - 0,0208X (R2=0,78).
Observou-se que os demais parâmetros de carcaça avaliados não apresentaram diferença significativa (P>0,05) com o aumento dos níveis de bagaço de cevada na dieta durante a fase de crescimento, uma vez que os animais permaneceram, durante todo o período de terminação, recebendo apenas ração à base de milho e farelo de soja. Isto mostra, portanto, que houve redução gradativa, ou seja, diluição do efeito residual, durante a fase de terminação, dos efeitos da incorporação de bagaço de cevada na dieta de crescimento.
Assim, ao se observar os parâmetros de desempenho, ao final da fase de crescimento, pode-se inferir que caso os animais tivessem sido abatidos ao final dessa fase, o que não é usual, a maioria dos parâmetros de carcaça teriam provavelmente se mostrado diferentes.
CONCLUSÕES
O bagaço de cevada pode ser incluído na dieta de suínos em fase de crescimento em níveis de até 50%, sem comprometer a qualidade de carcaça.
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Autores:
Antonio Assis
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ
Jamil Montebraz
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