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Ractopamina Fisiologia Suíno

Efeito da ractopamina na performance e na fisiologia do suíno

Publicado: 29 de novembro de 2011
Por: Agostini, P.S., Prof. Dr. Caio Abércio Silva*, Ana Maria Bridi, Abrami,R.A.M., Pacheco,G.D., Lozano, A.P., Ywazaki,M.S., Danyel Bueno Dalto, Gavioli, D.F., Oliveira,E.R., Bonafé, E.G., Souza, N.E.; e Visentainer, J.V.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar a inclusão de diferentes níveis de ractopamina em rações de suínos em fase de terminação, durante 21 dias pré-abate, sobre as características de desempenho, carcaça, qualidade de carne e sobre parâmetros fisiológicos e sanguíneos indicadores de bem-estar. Foram utilizados 36 suínos comerciais, 18 machos castrados e 18 fêmeas, com peso médio inicial de 87,0±5,02 kg, alimentados ad libitum com rações isonutrientes, com 0, 10 e 20 ppm de ractopamina. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, fatorial 3 x 2, com seis repetições para os parâmetros de desempenho e 12 repetições para os demais parâmetros. Houve efeito linear (p<0,05) positivo para o ganho de peso e para a conversão alimentar e efeito quadrático (ponto de mínima de 9,4 ppm de ractopamina) para o consumo de ração. Para os parâmetros de carcaça houve efeito quadrático para o rendimento de carcaça (com ponto de máxima para 9,5 ppm de ractopamina). O valor de a*(componente vermelho-verde), c*(índice de saturação) e marmoreio apresentaram efeito linear negativo. O diâmetro da fibra muscular do músculo L. dorsi e o ângulo de tonalidade (h*) apresentaram efeito linear positivo para os níveis de ractopamina. Outros parâmetros relacionados à qualidade da carne não foram influenciadas pelos tratamentos, resultando em carnes livres de PSE e DFD. A ractopamina pode ser utilizada nas rações de suínos até 20 ppm com efeitos positivos  no desempenho e na carcaça, sem alterações no comportamento dos animais e comprometimentos na qualidade da carne. 
PALAVRAS CHAVE ADICIONAIS
Beta-adrenérgico. Estresse. Gordura.
SUMMARY
The goal of this work was to evaluate the inclusion of different levels of ractopamine to finishing rations for swine, during 21 days before the slaughter, on the performance, carcass and meat quality parameters and on physiologic and serum characteristics related with behavior. Thirty six pigs (Large White x Landrace), 18 barrows and 18 females, weighting 87.0±5.02 kg, fed ad libitum with isonutrient rations, with 0, 10 and 20 ppm of ractopamine, were used. The experimental design was randomized blocks, factorial 3 x 2 (3 levels of ractopamine and 2 genders), with 6 repetitions for the performance parameters and 12 repetitions for the other characteristics. There were a positive linear effect (p<0.05) to the weigh gain and to the feed conversion rate and a quadratic effect to the feed consumption (been the minimal point to 9.4 ppm of ractopamine). To the carcass parameters there was a quadratic effect to the carcass yield (been the minimal point to 9.5ppm of ractopamine). The parameters a*(red-blue component) and c*values (saturation index) and marbling presented a negative linear effect according to the levels of ractopamine. The fiber  diameter of the L. dorsi muscle and the tonality angle index (h*) showed a positive linear effect to the levels of ractopamine. There were no effects on the other meat quality characteristics, resulting meats without PSE and DFD. The ractopamine can be used until 20 ppm with positive effects on the performance and carcass parameters, without effects on the behavior and on meat quality.
ADDITIONAL KEYWORDS
Beta adrenergic. Stress. Fat.
INTRODUÇAO
A ractopamina é classificada como um agonista beta-adrenérgico, da classe das fenetanolaminas, age no metabolismo animal, inibindo a lipogênese, estimulando a lipólise e retendo o nitrogênio, aumentando assim a síntese protéica (Miyada, 1996). A ractopamina atua através da liberação de estímulos a partir de receptores especializados que desencadeiam processos bioquímicos relacionados com o AMP cíclico. Esta ação determina um aumento na deposição do músculo pela hipertrofia do diâmetro das fibras musculares, mais especificamente das fibras brancas e intermediárias (Aalhus et al., 1992), incrementando o desempenho e as características de carcaça. Os resultados promovidos pela ractopamina no ganho de peso, na eficiência alimentar e na deposição de carne magra na carcaça, se identificam com os objetivos da indústria e do consumidor, no entanto, atribuiu-se que esse aditivo, pela ação similar às catecolaminas, pode também determinar alterações no comportamento dos animais, assim como nos parâmetros sanguíneos, refletindo nas características relacionadas com a qualidade da carne (Marchant-Forde, 2003). Segundo Stahly (1990), a magnitude das respostas dos agonistas beta-adrenérgicos está ligada à dose aplicada, ao tipo de droga utilizada e à duração do tratamento, ou seja, suínos alimentados com diferentes inclusões de ractopamina podem apresentar resultados distintos com relação ao desempenho, às características de carcaça e de carne e aos parâmetros sanguíneos. Assim, o objetivo deste trabalho foi identificar os efeitos da inclusão de diferentes níveis de ractopamina nas rações de suínos em fase de terminação, durante 21 dias préabate, sobre o desempenho, a hipertrofia das células musculares, as características de carcaça e qualidade de carne e sobre os parâmetros fisiológicos e sanguíneos relacionados com o bem-estar. 
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 36 suínos mestiços (Landrace x Large White), sendo 18 machos castrados e 18 fêmeas, com idade inicial de 133,5±1,4 dias e peso médio inicial de
87,0±5,021 kg. Os animais foram alojados em baias de alvenaria, com piso compacto com 3 m2, sendo dois animais de mesmo sexo por baia, onde receberam água e ração à vontade durante todo o período experimental. O delineamento experimental foi em blocos casualizados (estabelecidos de acordo com o peso inicial dos animais), num modelo fatorial 3 x 2 (3 níveis de ractopamina e 2 gêneros) com 6 repetições por tratamento (3 baias com machos castrados e 3 baias com fêmeas) para os parâmetros de desempenho e 12 repetições por tratamento (6 machos castrados e 6 fêmeas) para os demais parâmetros. Os animais foram submetidos a 3 tratamentos experimentais: ração sem ractopamina; ração com 10 ppm de ractopamina; ração com 20 ppm de ractopamina. O período experimental foi de 21 dias. As rações fornecidas eram isonutrientes e formuladas para atender as exigências nutricionais mínimas estabelecidas para a fase entre 80 a 110 kg de peso vivo (NRC, 1998). Os ingredientes, a composição percentual e os valores calculados das rações experimentais encontram-se na tabela I. Para avaliação de desempenho, os animais foram pesados semanalmente, sendo computados o consumo diário de ração (CDR), o ganho diário de peso (GDP) e a conversão alimentar (CA). Para avaliação do comportamento, foi realizada a observação direta dos animais através de amostragem por varredura. Os animais foram observados individualmente por um período total de 390 minutos divididos igualmente nas três semanas que duraram o experimento. Os comportamentos observados foram: em pé, deitado, comendo, bebendo água. Amostras de sangue foram coletadas no vigésimo dia do experimento, no período da manhã, entre as 6:00 e 7:00 horas, para
avaliação dos níveis de uréia plasmática, utilizando o analisador automático Airone 200, através do método cinético ultra-violeta e do kit Gold Analisa. Na pesagem dos animais, realizada antes  do embarque para o frigorífico, foram aferidas a freqüência cardíaca, a freqüência respiratória e a temperatura retal. Com relação ao manejo pré-abate, a ração foi retirada 12 horas antes do embarque, permanecendo os animais somente com dieta hídrica. O tempo de transporte até o frigorífico foi de aproximadamente uma hora. O processo de abate consistiu na insensibilização via corrente elétrica, com um equipamento da marca Petrovina® IS 2000 com dois eletrodos, utilizando-se 350 volts e 1,3 ampéres, durante três segundos.  
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1Composição do núcleo único suínos por kg de produto: vit.A= 239 000 UI; vit.B= 12,538 mcg; vit.D3= 66 000 UI; vit.E= 517 mg; vit.K= 3,60 mg; ácido fólico= 32 mg; ácido pantotênico= 254 mg; biotina= 1,1 mg; niacina= 422 mg; piridoxina= 41 mg; riboflavina= 90 mg; tiamina= 33 mg; colina= 4 g; promotor de crescimento= 2595 mg; Ca, 231 g; Co, 5,5 mg; Cu= 5000 mg; Fe= 2760 mg; F= 881 mg; P= 59 g; I= 43 mg; Mn= 1310 mg; Se= 8,46 mg; Na= 50 g; Zn= 3720 mg. 
A sangria foi realizada através do corte dos grandes vasos do pescoço, com os animais na posição vertical, suspensos pelo membro posterior. No ato da sangria, foi realizada a coleta de sangue para as análises de gasometria e níveis de lactato. Foi aferida a pressão parcial de gás carbônico (pCO2), pressão parcial de oxigênio (pO2), concentrações de íons sódio (Na+) e potássio (K+) e pH do sangue, através do aparelho automático RapidLab 348, utilizando o princípio da eletroquímica, além de análises dos níveis de lactato sanguíneo, utilizandose um colorímetro e um analisador VITROS 250, através do método de química seca. Após o abate, escaldagem e evisceração, as carcaças foram divididas ao meio longitudinalmente e resfriadas à temperatura  de 2±1ºC, por 24 horas. As carcaças foram avaliadas individualmente de acordo com as orientações de  Bridi e Silva (2007), onde foram obtidos os dados de comprimento de carcaça (CC), espessura de toucinho (ET), profundidade  do músculo Longissimus dorsi (PM), área de olho de lombo (AOL), peso da carcaça quente (PCQ), peso da carcaça fria (PCF) e rendimento de carcaça (RC). A espessura de toucinho e a profundidade do músculo Longissimus dorsi foram medidas na altura da última costela a 6 cm da linha média do corte. A partir dos valores dessas medidas, estimou-se o rendimento e a quantidade de carne na carcaça (RCC e QCC), de acordo com a metodologia estabelecida por Guidoni (2000). Para o cálculo do índice de bonificação (IB), foi utilizada a fórmula descrita por Fávero et al. (1997): IB= 37,004721 + 0,094412 x PCQ + 1,144822 x RCC - 0,000053067 x PCQ x RCC + 0,000018336 x PCQ 2 + 0,000409 x RCC 2. O pH da carne foi medido no músculo Longissimus dorsi, na altura da última costela, aos 45 minutos após o abate (pH   inicial) e após 24 horas de resfriamento (pH final) a aproximadamente 2±1ºC. Após 24 horas de resfriamento, foi retirada das meias-carcaças esquerdas uma  amostra do músculo Longissimus dorsi. O músculo foi despojado da gordura adjacente e 5 amostras de aproximadamente 2,5 cm de espessura (bifes) foram coletadas para a avaliação da cor, marmoreio, perda de água por gotejamento, perda de água no descongelamento e na cocção, força de cisalhamento, análise sensorial e mensuração do diâmetro das fibras musculares. Com exceção das amostras de cor, marmoreio e da histologia para o diâmetro das fibras, as demais amostras foram acondicionadas individualmente em sacos plásticos, vedadas e armazenadas em freezer a -20ºC até a realização das respectivas análises. Para a análise de cor, as amostras foram analisadas 24 horas após o abate, utilizando o colorímetro portátil Minolta® CR10, com esfera de integração e ângulo de visão de 8º, ou seja, iluminação d/8 e iluminante C. Os componentes L*(luminosidade), a*(componente vermelho-verde) e b*(componente amarelo-azul) foram expressos no sistema de cor CIELAB. Com esses valores, calculouse o ângulo de tonalidade (h*) pela equação  h*= tan-1(b*/a*), e o índice de saturação (c*) a partir da equação c*= (a*2 + b*2)0,5. Estas mesmas amostras foram também avaliadas subjetivamente para marmoreio, utilizando-se padrões fotográficos (National Pork Producers Council, 1991), onde foram atribuídas notas de 1 a 5 (1= traços de marmoreio, e 5= marmoreio abundante). A capacidade de retenção de água da carne foi avaliada utilizando-se três metodologias: perda de água por gotejamento, perda de água no descongelamento  e perda de água na cocção. A partir dos valores de pH inicial, pH final, valor de L* e perda de água por gotejamento, as amostras foram classificadas em normal, PSE (carne pálida, mole e exsudativa), ou DFD (carne firme, dura  e escura) de acordo com as metodologias propostas por Warner et al. (1997) e  Channon et al. (2000). Para avaliar a maciez da carne, utilizouse  as sub-amostras cilíndricas, de 2,5 cm de comprimento e 1 cm de diâmetro, provenientes das amostras utilizadas nas análises de perda de água. A força de cisalhamento foi tomada perpendicularmente à orientação das fibras musculares com a lâmina Warner- Bratzler adaptada no texturômetro Stable Mycro Systems TA-XT2i (Bouton et al., 1971). A análise sensorial foi realizada com o auxílio de 40 provadores, através do teste de ordenação (Dutcosky, 1996). Foram comparadas as amostras da carne em relação ao atributo de sabor, onde os provadores  recebiam uma amostra de cada tratamento e as ordenavam da mais saborosa para a  menos saborosa (Bridi e Silva, 2007). Os resultados foram submetidos à análise não paramétrica do Teste de Friedman. Quanto às medidas de diâmetros das células musculares, amostras do músculo Longissimus dorsi foram dissecadas e armazenadas por 24 horas em solução Bouin  e, posteriormente, conservadas em alcool 70%. As amostras foram processadas e fixadas em lâminas histológicas e coradas pela hematoxilina e eosina. Para capturar as imagens utilizou-se uma câmera digital Sansung SDC-415 e um microscópio Motic BA 300. Para determinar o diâmetro das células musculares foi utilizado o programa  Images Plus 2.0 ML. Foram amostrados 6 campos microscópicos aleatórios de cada corte e foi medido o menor diâmetro de 15 células musculares escolhidas aleatoriamente, conforme Dubowitz e Brooke (1973), totalizando 90 observações por lâmina. Os dados foram submetidos à análise de variância com derivação dos polinômios e aqueles relacionados ao sexo, à análise de variância, utilizando-se o programa SAEG (UFV, 1997).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não houve efeito de interação níveis de ractopamina com o gênero em todas as variáveis analisadas. Os resultados referentes ao desempenho zootécnico dos suínos estão apresentados na tabela II. Foi observado efeito quadrático para consumo diário de ração, com o ponto de  mínima para a inclusão de 9,4 ppm de ractopamina. O aumento nos níveis de inclusão de ractopamina nas rações determinou um  efeito linear crescente para o ganho diário de peso e para a conversão alimentar (p<0,05). Os resultados foram semelhantes aos  encontrados por Carr et al. (2005) que, trabalhando com suínos em terminação, com as mesmas inclusões de ractopamina, obtiveram efeitos lineares no ganho diário de peso e na conversão alimentar proporcional ao aumento da inclusão de ractopamina. Com relação ao consumo diário de ração, Budiño et al. (2005) e Carr et al. (2005) não verificaram efeito (p>0,05) entre os tratamentos, porém, Mimbs et al. (2005) observaram um menor consumo diário de ração em suínos tratados com 10 ppm de ractopamina comparados ao grupo controle, proporcionando melhora na conversão alimentar de 6,89%. Em relação ao gênero, os machos apresentaram maior (p≤0,05) consumo diário de ração, enquanto que o ganho diário de peso e a conversão alimentar não foram afetados (p>0,05). Não foram observados efeitos de interação entre os fatores.  Não houve efeito dos tratamentos (p>0,05) sobre o comportamento dos animais, conforme indicado na tabela III. No entanto, Marchant-Ford et al. (2003) observaram que suínos tratados com ractopamina ficaram mais ativos e alertas e apresentaram maiores dificuldades de manejo quando comparados ao controle. Em relação ao gênero, verificou-se que os machos castrados passaram mais tempo deitados enquanto que as fêmeas apresentaram-se mais
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ativas, permanecendo mais tempo em pé (p<0,05). Os dados referentes às características de carcaça estão apresentados na tabela IV. Os resultados indicam somente efeito quadrático para o rendimento de carcaça, com ponto de máxima para a inclusão de 9,5  ppm de ractopamina. Os resultados obtidos são diferentes dos encontrados por Budiño et al. (2005), que obtiveram melhorias também no peso da carcaça e na área de olho de lombo com a utilização de níveis crescentes de ractopamina em comparação ao grupo controle (p<0,05). Os resultados referentes à qualidade da carne e ao diâmetro das fibras musculares do músculo Longissimus dorsi são de- Efeito da ractopamina na performance e na fisiologia do suíno - Image 3
monstrados na tabela V. Houve efeito de regressão, linear crescente (p≤0,05), para a característica diâmetro das fibras musculares em função do nível de ractopamina na ração. Segundo Pozza et al. (2003), os efeitos anabólicos da ractopamina incluem a hipertrofia de fibras  brancas e intermediárias, justificando o aumento no diâmetro das fibras musculares e o conseqüente aumento na massa muscular. Em relação aos gêneros foi verificada diferença (p<0,05) somente para o diâmetro das fibras musculares, onde as fêmeas apresentaram as maiores médias.  Para os valores de pH na carne, não houve efeito (p>0,05) dos tratamentos sobre o pH inicial e final (tabela V). De acordo com Warris et al. (1990), Moller et al. (1992) e Wood et al. (1994), o pH final da carne tende a ser mais elevado em suínos tratados com ractopamina. Isso ocorre porque os agonistas betaadrenérgicos consomem o glicogênio muscular, resultando em menor produção e acúmulo de ácido láctico na carcaça pósabate. Este quadro, entretanto, não foi confirmado no presente trabalho. Em relação ao gênero não foi verificada diferença (p>0,05) para os valores de pH. Para os valores de a*(componente vermelho-verde), c*(índice de saturação) e marmoreio, foram verificados efeitos lineares decrescentes, demonstrando que o aumen- 
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1Q= quadrática. Y= 76,2296 + 0,254661X – 0,0132728X2 (R2= 1,00).
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abLetras diferentes na linha indicam diferença significativa pelo Teste de F (5%). L= linear; NS= não significativo; CV= coeficiente de variação; 1Y= 3,61866-0,0890361X (R2 = 0,79); 2Y= 9,50340-0,0771148X (R2= 0,87); 3Y= 68,6106+0,447508X (R2= 0,74), 4Y= 1,69403-0,0174751X (R2= 1,00); 5Y= 34,0748+0,121654X; (R2= 0,62).
to dos níveis de inclusão de ractopamina na ração determinou uma carne menos vermelha e com menor saturação e marmoreio. Para o índice h*(ângulo de tonalidade), observouse efeito de regressão linear crescente. Os resultados do valor de a* estão de acordo com os obtidos por Carr et al. (2005), que observaram valor de a* e b*(componente amarelo-azul) no músculo Longissimus dorsi menores (p<0,05) para os animais tratados com 10 ppm de ractopamina em relação ao controle, e valores numericamente inferiores dos animais tratados com 20 ppm de ractopamina em relação aos animais tratados com 10 ppm. Segundo Warris et al. (1990), Moloney e Allen (1992) e Ferreira e Bastos (1994), o menor valor de a* na carne de suínos trata dos com ractopamina é decorrente da menor quantidade de mioglobina oxigenda. Isso pôde ser observado pela redução e aumento significativos nos valores do índice de saturação (c*) e do ângulo de tonalidade (h*), respectivamente, sendo indicativo da cor mais clara (menos vermelha) obtida. Quanto ao marmoreio, os resultados encontrados são diferentes dos obtidos por Carr et al. (2005), que não verificaram diferenças (p>0,05) entre os tratamentos. A redução no valor do marmoreio de acordo com o aumento dos níveis de ractopamina é indicativo de um aumento no diâmetro das fibras musculares associado à redução da lipogênese e ao aumento da lipólise do tecido adiposo, ações específicas determinadas pela droga. Com relação ao gênero foram verificadas diferenças (p≤0,05) para o marmoreio e para a tonalidade (h*), onde as fêmeas apresentaram respectivamente, menores e maiores valores. O menor valor de marmoreio encontrado nas fêmeas pode ter relação com o maior diâmetro das fibras musculares e a conseqüente redução na quantidade de mioglobina oxigenada na carne, desencadeando o aumento no ângulo de tonalidade da cor (h*). Não houve efeito (p>0,05) dos tratamentos  sobre os valores de perda de água por gotejamento, perda de água no descongelamento, perda de água na cocção e força de cisalhamento (tabela V), identificandose com os resultados obtidos por Bridi et al. (2006), que utilizaram o nível de 10 ppm de ractopamina na ração. Segundo Warriss et al. (1990), a capacidade de retenção de água da carne aumenta nos animais tratados com ractopamina. Crome et al. (1996) tratam que este efeito deve-se a menor deposição de gordura e a maior deposição protéica, que determina um incremento na retenção de água. Baseado nos valores de L*(luminosidade da carne), no pH inicial e final e na perda de água por gotejamento, não foram verificadas alterações de PSE e DFD na carne tanto para os níveis de ractopamina quanto para o fator sexo. Para a força de cisalhamento, Warris et al. (1990) e Wood et al. (1994) observaram que suínos que consumiram ractopamina apresentaram carne mais dura, como resultado do aumento do diâmetro das fibras musculares ou, possivelmente, pela redução da atividade da enzima proteolítica calpaína, que, em decorrência do aumento na eficiência de crescimento magro, apresenta-se mais baixa, resultando em menor degradação post mortem da proteína miofibrilar (Lonergan et al., 2001). Segundo Walker et al. (1989) e Moloney e Beermann (1996), a força de cisalhamento é dependente da inclusão de beta-agonista, ou seja, quanto maior for a inclusão, mais dura será a carne. Em relação ao gênero foi verificada  di ferença (p<0,05) para a perda de água na cocção, onde os castrados apresentaram as  maiores perdas. Os dados relativos aos parâmetros fisiológicos e sanguíneos são apresentados na tabela VI, não sendo verificados efeitos da inclusão da ractopamina e do gênero sobre as características avaliadas, bem como a interação dos fatores. Somente foi observado efeito linear para o nível de lactato. Com relação à freqüência cardíaca, os resultados encontrados contrariam os obtidos por Marchant-Forde et al. (2003) que, avaliando suínos tratados com 0 e 10 ppm de ractopamina, observaram diferença (p<0,05) no tratamento com 10 ppm do betaagonista, onde este apresentou os maiores  valores. Segundo os autores, o aumento na freqüência cardíaca nos animais tratados  com ractopamina é conseqüência da elevação dos valores de adrenalina e noradrenalina séricos. O maior nível de catecolaminas ocorre devido a uma baixa regulação nos receptores beta-adrenérgicos em suínos alimentados com ractopamina. O quadro pode levar o sistema nervoso simpático a aumentar a produção das catecolaminas para otimizar sua ligação com o menor número de recep 
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tores disponíveis, a fim de manter sua capacidade de regulação do sistema nervoso simpático (Marchant-Forde et al., 2003). Atribui-se que a ractopamina, por ser similar às catecolaminas naturais, pode causar alterações fisiológicas nos animais, determinando aumento na freqüência cardíaca, que por sua vez pode desencadear mudanças na freqüência respiratória, alterando conseqüentemente o pH, as pressões parciais de O2 e CO2 e as concentrações dos íons Na+ e K+ no sangue, levando-os a quadros de estresse e à modificação do comportamento. Quanto aos níveis séricos de lactato o aumento dos níveis de ractopamina nas rações elevou suas concentrações. Segundo Palermo-Neto (2002), os agonistas beta-adrenérgicos são capazes de aumentar os níveis sanguíneos de lactato, sendo um forte indicador da ocorrência de glicogenólise muscular. Quanto à análise sensorial, não foi observada diferença para os níveis de ractopamina, gênero e interação entre os fatores. A pontuação obtida pela apreciação dos provadores foi respectivamente 74, 76 e 90 para os tratamentos com 0, 10 e 20 ppm de ractopamina. Quanto menor a pontuação mais saborosa é a carne. Entretanto, segundo a tabela de Newell e MarcFarlane (Dutcosky, 1996) a diferença crítica entre os  totais de ordenação, ao nível de 5% de significância, deveria ser de 21 pontos para que houvesse diferença entre os tratamentos, e a diferença máxima encontrada foi de 16 pontos entre os tratamentos 0 e 20 ppm de inclusão de ractopamina. Esse resultado está de acordo com Stites et al. (1994), que também não encontraram alterações sensoriais no lombo de suínos tratados com ractopamina em comparação ao controle.
CONCLUSÕES
A utilização da ractopamina para suínos em fase de terminação até o nível de 20 ppm resulta efeitos positivos nas características de desempenho, promove o incremento do diâmetro das fibras musculares e determina ações negativas nos parâmetros de cor e marmoreio da carne. Contudo, estas repercussões não representam comprometimento  da avaliação sensorial relacionado ao sabor da carne e, tampouco, promovem alterações que conduzam ao PSE e ao DFD. A ausência de influências nos parâmetros sanguíneos e fisiológicos, com exceção de um efeito linear positivo no nível de lactato sérico, indica que a ractopamina não compromete o bem estar dos animais. A ractopamina, na condição utilizada, é segura para os aspectos produtivos, de qualidade da carne e comportamental.
BIBLIOGRAFIA
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Autores:
Prof. Dr. Caio Abércio Silva
Universidade Estadual de Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Danyel Bueno Dalto
Agriculture and Agri-Food Canada
Agriculture and Agri-Food Canada
Ana Maria Bridi
Universidade Estadual de Londrina
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