Apesar do comércio internacional de lácteos representar apenas 7-8% do total de leite produzido no mundo, este volume vem crescendo ao longo dos anos. No entanto, quando se compara o volume de derivados lácteos produzido no mundo com o total comercializado internacionalmente, os resultados são diferentes. Em 2011, quase 80% do leite em pó integral produzido cruzou as fronteiras do país de origem (Figura 1). Para o leite em pó desnatado, esta parcela foi em torno de 50%. Já, a manteiga e o queijo são os produtos que têm menor fluxo internacional.
Figura 1. Participação do comércio internacional na produção mundial de derivados lácteos.
De acordo com dados do Dutch Dairy Board, o volume de lácteos transacionados mundialmente cresceu 10% entre 2010 e 2011 e estima-se que este ano cresça mais 7%. Ou seja, o comércio mundial tem crescido em maior proporção que a produção de leite.
Dos 58,2 milhões de toneladas de leite transacionados mundialmente em 2011, 52,2% foram provenientes da Nova Zelândia e União Europeia, sendo 26,1% para cada região. Os demais exportadores de lácteos em 2011 foram: Estados Unidos (11,9%), Austrália (8,2%), Argentina (4,1%). Bielorússia (3,6%), Uruguai (2,1%) e Ucrânia (1,6%). Com isso, pode-se concluir que há concentração nas exportações de leite e derivados, visto que a razão de concentração dos 4 maiores exportadores é de 72,3%.
Porém, quando se analisa a demanda, ou seja, os importadores de lácteos, não há concentração. Apesar de China e Rússia permanecerem como grandes compradores de lácteos, não há expectativa de muito crescimento das compras desses países. No entanto, isto não representa um problema, visto que há oportunidades de ampliação das importações de lácteos na Ásia (especialmente Índia), África e América do Sul (Brasil e Venezuela). Além disso, é importante ressaltar que as importações de lácteos dos países emergentes, em especial, os BRICs, concentram-se principalmente em produtos desidratados, conforme é evidenciado na Figura 2.
Figura 2. Importações de lácteos dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China).
Entre os investimentos anunciados e finalizados em 2011 e nos meses iniciais de 2012 relacionados com produtos lácteos em pó ou desidratados, tem-se a soma de US$ 3,65 bilhões e o envolvimento de 51 companhias, 28 países e 58 projetos, conforme é apresentado na Figura 3.
Figura 3. Investimentos em novas plantas de secagem de lácteos
Assim, pode-se pressupor que o comércio internacional dos produtos lácteos desidratados (como leite em pó e soro) tende a se intensificar à medida que os países emergentes crescem. Como as estimativas de crescimento dessas economias continuam, espera-se para os próximos anos, aumento de investimentos nas fábricas de secagem de produtos lácteos.
***O Trabalho foi originalmente publicado pela Embrapa Gado de Leite.