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concentrações toleráveis micotoxinas

Revisão das concentrações máximas toleráveis para algumas micotoxinas

Publicado: 14 de julho de 2009
Por: Alberto Gimeno (Consultor técnico de SPECIAL NUTRIENTS)
As concentrações máximas toleráveis expostas a seguir são orientativas e foram recolhidas duma combinação de: artigos publicados referentes ao tema em questão e ensaios com animais; experiências (40 anos) e observações próprias de campo nos animais e no respeitante a esta materia; a legislação e recomendações publicadas pela União Europeia.

Tabela 1. Concentrações máximas (ppb, microgramas/Kg) toleráveis para algumas micotoxinas no alimento completo (para um teor de humidade de 12%) e em diferentes espécies animais.
 
Animal
AFB1*
OTA*
ZEN*
DON*
T-2*
DAS*
MAS*
TAS*
STO*
FB1*
Aves jovens (frangos, frangas, patos, perus)
 
10
 
50
 
30000
 
15000
 
150
 
150
 
200
 
1500
 
500
 
5000
Aves adultas (frangos, patos, perus) **
 
20
 
100
 
40000
 
15000
 
150
 
150
 
200
 
2000
 
500
 
8000
Galinhas poedeiras e  reprodutoras
 
20
 
100
 
30000
 
200
 
150
 
150
 
10000
 
ND
 
ND
 
4000
Porcos jovens (<34 Kg de peso vivo) ****
 
20
 
50
 
100
 
200
 
150
 
150
 
ND*
 
ND
 
ND
 
1500
Porcos adultos (34 a 57 Kg de peso vivo) ****
 
50
 
50
 
200
 
250
 
200
 
200
 
ND
 
ND
 
ND
 
1500
Porcos adultos (>57 Kg de peso vivo) ****
 
100
 
50
 
200
 
250
 
200
 
200
 
ND
 
ND
 
ND
 
1500
Porcas ****
25
50
50
250
200
200
ND
ND
ND
2000
Varrascos ****
25
 
50
 
50
 
250
 
200
 
200
 
ND
ND
 
ND
 
1500
 
Vitelos, Cordeiros, Cabritos
10
ND
250
1000
ND
ND
ND
ND
ND
15000
Bovinos, Ovinos e Caprinos  adultos não leiteiros
 
25
 
ND
 
250
 
1000
 
100
 
ND
 
ND
 
ND
 
ND
 
35000
Bovinos, Ovinos e Caprinos leiteiros***
 
5 - 25
 
ND
 
250
 
250
 
100
 
ND
 
ND
 
ND
 
ND
 
35000
Cavalos adultos não reprodutores
 
50
 
ND
 
100
 
400
 
50
 
50
 
ND
 
ND
 
ND
 
2000
Laparos
10
2500
100
10000
100
ND
ND
ND
ND
1000
Coelhos adultos
10
5000
100
10000
100
ND
ND
ND
ND
1500
Coelhas
10
5000
100
10000
100
ND
ND
ND
ND
1500
* AFB1 = Aflatoxina B1; OTA = Ocratoxina A; ZEN = Zearalenona; DON = Deoxinivalenol ou Vomitoxina; T-2 = Toxina T2; DAS = Diacetoxiscirpenol; MAS = Monoacetoxiscirpenol; TAS = Triacetoxiscirpenol; STO = Escirpentriol; FB1 = Fumonisina B1; ND = Não Disponivel

** Existem artigos publicados onde se indica que dietas contaminadas com 2500 e 5000 ppb de AFB1 foram dadas a frangos de 23 dias de idade durante 32 dias. Neste ensaios, não se observaram outros problemas, além de um fígado ligeiramente friável e uma redução da concentração de cálcio no soro, as lesões histológicas foram uma vacuolização dos hepatócitos e uma infiltração gorda. Com a idade, os frangos são extraordinariamente mais resistentes à acção tóxica das aflatoxinas (Fernandez et al, 1994; Lança et al, 1980).

*** No que respeita à toxicidade da aflatoxina B1, poder-se-ia também estabelecer para os bovinos, ovinos e caprinos leiteiros uma concentração máxima tolerável de 25 microgramas/Kg. No entanto e como consequência de que a aflatoxina B1 se transforma dentro do animal em aflatoxina M1 e esta última vai ao leite, a concentração máxima tolerável para aflatoxina B1 nesses animais deve ser mais rigorosa, concretamente 5 microgramas/Kg, para que a  concentração de aflatoxina M1, no leite, não represente um risco para os humanos que consomem este alimento (Gimeno, 2005).

**** Houve um caso em que uma concentração de fumonisina B1 em alimento completo, tão baixa como 100 microgramos/Kg durante 8 semanas, provocou em porcos machos uma significativa desigualdade de crescimento durante as 5 primeiras semanas. O consumo de alimento composto foi um pouco mais alto, que o do grupo controle, durante as 4 primeiras semanas, diminuindo depois para 6-7% em cada semana. Com 1000 ppb houve uma diminuição do ganho de peso vivo de 8%. Os autores indicam que os porcos machos são mais sensíveis à fumonisina B1 que as porcas (Rotter et al, 1996).



Comentários.

 É muito difícil estabelecer as concentrações máximas toleráveis para micotoxinas. Há vários factores que influenciam a toxicidade (agravando-a ou diminuindo-a) durante o consumo do alimento contaminado e entre os quais podemos citar: a espécie e raça dos animais; a duração do consumo do alimento contaminado; a idade e o sexo dos animais; as infecções bacterianas, virais ou parasitarias que possam ter os animais e fármacos administrados durante o consumo do alimento em questão; as condições inadequadas de "habitat" (factores de stress) dos animais; a presença de duas ou mais micotoxinas no mesmo alimento (sinergismos ou bem associações entre elas).
Perante tudo isto, pode dizer-se que não há concentrações de micotoxinas que sejam verdadeiramente seguras, no máximo diríamos que há concentrações que podem ser mais seguras.

Pretender estabelecer valores orientativos ou bem regulamentações a este respeito é muito difícil, já que também devemos ter em conta que há uma série de factores, além dos anteriormente mencionados, que intervêm nessa dificuldade tais como: a disponibilidade de dados toxicológicos; a disponibilidade de dados com respeito à incidência da micotoxina no alimento; a homogeneidade da micotoxina na massa alimentar (zonas de microflora); a disponibilidade de métodos analíticos.

Os dados apresentados na tabela, são susceptíveis de serem modificados de acordo com os artigos científicos que se vão publicando sobre a matéria e inclusive com a própria recolha de dados no que se refere a casos de micotoxicoses que possam aparecer nas explorações.

Pode ocorrer que em alguns dos valores anteriormente indicados na tabela se tenha exagerado por defeito ou por excesso, no entanto é uma proposta que se aceita ser  sujeita a críticas que se considerem necessárias.

Normalmente, os estudos sobre a toxicidade das fumonisinas incidem na concentração de FB1, no entanto, há que ter em conta que a presença da FB2 juntamente com a FB1 é muito frequente, e a concentração de contaminação com FB2 representa 15 a 35% da concentração de FB1 (Hascheck et al., 2001).


Bibliografía

Fernández, A.; Verde, M.T.; Gascon, M.; Ramos, J.; Gomez, J.; Luco, D.F.; Chavez, G. (1994). "Variations of clinical biochemical parameters of laying hens and broiler chickens fed aflatoxin containing feed".Avian Pathology, 23: 37-47.

Gimeno, A (2005). "Aflatoxina M1 en la Leche. Riesgos para la Salud Pública, Prevención y Control" en www.engormix.com (Sección: micotoxinas. Area en castellano. Articulos técnicos de Alberto Gimeno. Ver listado completo de artículos técnicos)

Hascheck, W.M.; Gumprecht, L.A.; Smith, G.; Tumbleson, M.E.; Constable, P.D. (2001). "Fumonisin Toxicosis in Swine: An Overview of Porcine Pulmonary Edema and Current Perspectives". In: Environmental Health Perspectives. Vol. 109. Supplement 2, pp. 251-257.

Lanza, G.M.; Washburn, R.W.; Wyatt, R.D. (1980). "Variation with age in response of broilers to aflatoxin".Poultry Science, 59: 282-288.

Rotter, B.A.; Thompson, B.K.; Prelusky, D.B.; Trenholm, H.L.; Stewart, B.; Miller, J.D.; Savard, M.E. (1996). "Response of growing swiene to dietary exposure to pure fumonisin B1 during an eight-week period: growth and clinical parameters". Natural Toxins, 4: 42-50.
* Este artigo foi previamente publicado no Portal Veterinaria Albéitar.
http://albeitar.portalveterinaria.com/noticia/5663/
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Alberto Gimeno
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ALBERTO GIMENO
Alberto Gimeno
29 de marzo de 2012

Estimado Dr. Will,

Muitíssimo obrigado pelo seu comentario.

Cumprimentos.

Gimeno

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Will Oliveira
29 de marzo de 2012

Excelente trabalho!

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