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Fabricação de rações e suplementos para animais monogástricos: aditivos

Publicado: 4 de dezembro de 2013
Por: Jamil Montebraz, Zootecnista, M.Sc.
A tecnologia de fabricação de alimentos para animais tem evoluído e mais ainda nos últimos anos, com zootecnistas assumindo as principais linhas de pesquisa em alimentação e nutrição animal, e na evolução das técnicas e processos de fabricação.
Nesse contexto, uma questão que tem atraído cada vez mais atenção é o uso de aditivos nas rações. A legislação brasileira, Lei 6.198/74 e Decreto 76.986/76 regulam a adição de aditivos nas rações para cães e gatos, definindo aditivo como "substância adicionada ao alimento, com finalidade de conservar, intensificar ou modificar suas propriedades, desde que não prejudique o valor nutritivo do alimento".
Utilizados nas rações para cães e gatos, como acidificantes, antifúngicos, antioxidantes, aromatizantes e palatabilizantes, corantes e probióticos, o termo aditivo, afirmam profissionais em nutrição e de marketing das indústrias, tem conotação negativa frente aos consumidores, sendo confundido com substâncias prejudiciais.
Formando uma comissão especial, o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA), Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos para Animais de Estimação (ANFALPET) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), elaboraram proposta para alterar a denominação do termo aditivo para "microingrediente de alimentação", dando nova definição e classificando os micro-ingredientes em grupos, de acordo com sua natureza e função do alimento. Na proposta, são definidas três classes de microingredientes, de açodo com sua ação específica ou característica funcional. A- Pró-nutrientes; B- Coadjuvantes de elaboração e C- Profiláticos.
A utilização de aditivos alimentares em rações para animais de produção teve início, por exemplo, no caso das rações para suínos, na década de 50. Os antibióticos ou agentes microbianos, primeiros aditivos a serem utilizados, tiveram seu uso bem difundido já que proporcionaram ótimos resultados. Os antibióticos atuam combatendo o crescimento de microrganismos maléficos no trato gastrintestinal de animais de produção, já que em condições de produção intensiva os animais são submetidos a condições que propiciam a proliferação de organismos patogênicos.
Com o mercado consumidor cada vez mais exigente com relação ao sistema de produção, ingredientes e quanto ao uso de aditivos, ao comprar carne, a União Européia não aceita mais a utilização de antibióticos na alimentação animal. Sistemas agroecológicos e orgânicos de produção animal, cada vez mais difundidos no Brasil e no mundo, não permitem a utilização de antibióticos na alimentação dos animais.
Pró-nutrientes, como probióticos, prebióticos, ácidos orgânicos e outras substâncias naturais já são estudadas, buscando substituir os antibióticos na alimentação dos animais.
No Rio de Janeiro, linhas de pesquisa têm sido implementadas com alho e pimenta malagueta como estimulantes do crescimento de suínos, estudos testando o desempenho de frangos de corte alimentados com dietas contendo alho, uso comparativo entre antibióticos e probióticos na alimentação de frangos de corte. Para suínos, pró-nutrientes, como probióticos, prebióticos, ácidos orgânicos e óleos essenciais têm sido estudados em dietas para leitões, em dietas de suínos em crescimento e em terminação.
Os resultados têm sido promissores, o que nos dá a certeza de que todos os anseios da população, com relação ao consumo seguro e adequado de produtos de origem animal, produzidos de forma sustentável, vão continuar sendo atendidos.
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Jamil Montebraz
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Paulo Martins
Biocamp
17 de diciembre de 2013

Muito interessante sua revisão. Ressalto apenas que a produção de carnes por vias alternativas (caipiras, orgânicas, biológicas), ao contrário do que a maioria do público leigo pensa, pode deixar maiores ‘pegadas de carbono’. Exemplo: um frango de corte caipira leva 90 dias para atingir um peso de 2,7 kg com uma conversão alimentar (CA) média de 2,15 e um gasto total de ração de 5,8 kg. Por outro lado, um frango industrial leva apenas 42 dias de idade para atingir os mesmos 2,7 kg, com CA média de 1,7 e consumo total de 4,6 kg de ração. Ou seja o frango caipira gastou mais 1,2 kg de ração por cabeça, além de consumir 48 dias a mais de água para sua manutenção neste período. Sob o ponto de vista de ‘pegada de carbono’, ele foi pior para a natureza. Como você afirma em seu texto as novas tecnologias virão ao encontro das necessidades de redução do impacto ambiental. Parabéns pelo texto.

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Jamil Montebraz
17 de diciembre de 2013

Obrigado, Paulo, muito importante sua consideração, esclarecendo e dando mais oportunidade para enriquecermos o assunto. Vale a pena lembrar para o público em geral que vai ser 'a pegada de carbono do sistema produtivo' que vai definir o impacto total no meio ambiente, medido pelo impacto de todo o plantel. O plantel industrial é, de forma geral, muito maior que um plantel da ave caipira ou orgânica. Aves caipiras não vão conseguir o mesmo desempenho produtivo, medido pelas taxas de ganho de peso (GP), conversão alimentar (CA) e consumo de ração (CR), de aves industrias em sistemas industriais intensivos, sendo a maior produtividade do sistema como um todo, que engloba produção vegetal em conjunto, o foco produtivo dos sistemas alternativos (caipira, agroecológico ou orgânico). O frango caipira ou orgânico é criado na grande maioria das vezes para aptidão dupla, ovos e carne, em sistemas alternativos, em que as aves se alimentam não só de ração, mas de sobras de horta, insetos, capim, sendo aconselhável a formação de piquetes com forrageiras, com rodízio de pelo menos dois piquetes, de preferência com leguminosas para aumentar a oferta de proteína inclusive. Nesse contexto, o consumo de ração e de água são diminuídos pela ingestão de muita massa verde e de água não só fornecida pelo produtor mas também pela água depositada pela chuva nas plantas e no solo.

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