RESUMO
Objetivou-se estimar as exigências de sódio para codornas japonesas na fase de postura. Foram utilizadas 240 codornas japonesas distribuídas em um delineamento em blocos casualizados, com cinco tratamentos e seis repetições de oito aves cada. Os tratamentos consistiram em uma ração basal formulada para atender aos requerimentos nutricionais das aves (NRC, 1994), exceto em sódio, suplementada com 0,000; 0,296; 0,593; 0,889 e 1,185% de bicarbonato de sódio em substituição ao inerte para alcançar cinco níveis de sódio (0,08; 0,16; 0,24; 0,32 e 0,40%) na dieta. As variáveis avaliadas foram: consumo de ração (CR), consumo de água (CH2O), produção de ovos (PR), peso (PO), massa (MO), conversão alimentar por massa (CAMO) e por dúzia (CADZ) de ovos. Houve comportamento quadrático para o CR, CH2O, PR e MO, sendo as exigências de sódio para estas características 0,216; 0,281; 0,231 e 0,230, respectivamente. Recomenda-se 0,231% de sódio na dieta, o que corresponde a um consumo diário de 56,6 mg de sódio.
PALAVRAS-CHAVE Balanço eletrolítico, minerais, produção de ovo
INTRODUÇÃO
A alimentação de codornas apresenta características particulares, principalmente por se tratar de uma espécie de alta produtividade, sendo que o ovo representa 10% do peso vivo da ave, requerendo uma mobilização de nutrientes bastante demarcada, que necessita ser compensada através de uma alimentação balanceada (Murakami e Ariki, 1998). Contudo ainda são escassos os dados na literatura quanto às exigências desses animais, principalmente em relação aos minerais como o sódio. O sódio é um elemento de extrema importância para a manutenção da pressão osmótica e do equilíbrio eletrolítico dentro dos valores normais, além de participar da absorção de aminoácidos e glicose. Apesar de sua importância na alimentação das aves, as exigências desse mineral têm sido pouco estudadas, talvez pelo fácil atendimento das necessidades com sal comum ou pelo custo reduzido dessa matéria-prima. Sem saber quais níveis utilizar, os criadores de codornas formulam rações com níveis de 0,25 a 0,30% de sal comum (Murakami et al., 2006) pensando em atingir as reais exigências das aves. Porém, além de problemas nutricionais, o excesso de sódio na dieta provoca aumento do consumo de água, aumentando por sua vez a umidade das excretas, o que pode causar problemas de manejo. Deste modo, esta pesquisa foi proposta objetivando-se estimar as exigências nutricionais de sódio para codornas japonesas durante a fase de postura.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Módulo de Avicultura do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, Campus II, Areia – PB. Foram utilizadas 240 codornas japonesas em postura no período de 65 a 170 dias de idade, distribuídas no delineamento em blocos casualizados, com cinco tratamentos e seis repetições de oito aves cada. Nos 15 dias que antecederam o experimento, a produção de ovos pelas codornas foi anotada e a taxa de postura das aves neste período foi calculada para uniformização das parcelas, sendo a produção inicial de 89,6± 0,6%. Na hora da distribuição das aves foi realizada a pesagem das aves por parcela, para cálculo do peso inicial médio. Os tratamentos consistiram em uma ração basal, formulada para atender os requerimentos nutricionais das aves segundo o NRC (1994), exceto em sódio, suplementada com 0,000; 0,296; 0,593; 0,889 e 1,185% de bicarbonato de sódio em substituição ao inerte para alcançar cinco níveis de sódio (0,08; 0,16; 0,24; 0,32 e 0,40%) na dieta. As codornas foram alojadas em gaiolas galvanizadas com dimensões de 33 x 33 x 14 cm e receberam água e ração à vontade. O programa de luz adotado foi o de luz contínua 24 horas (natural + artificial). As variáveis avaliadas ao final de cada período foram: consumo de ração (CR), consumo de água (CH2O), produção de ovos (PR), peso médio de ovos (PO), massa de ovo (MO), conversão alimentar por massa (CAMO) e por dúzia de ovo (CADZ). Ao final de cada período foram coletadas as sobras das rações de cada parcela para o cálculo do CR. Para o controle do CH2O, foram utilizados bebedouros individuais, construídos com garrafas plásticas, canos de PVC e bicos "nipple" e toda a água fornecida às aves a cada abastecimento foi medida em proveta graduada, assim como as sobras ao final do período e o desperdício de água nos dias de limpeza dos bebedouros. A coleta dos ovos foi realizada duas vezes ao dia (10:00 e 16:00 h). A PR foi calculada dividindo-se a quantidade de ovos totalizados por parcela pelo número de aves. Os ovos dos últimos três dias de cada período experimental foram pesados individualmente para obtenção do PO. O cálculo da MO foi realizado pelo produto da PR e do peso médio dos ovos por parcela. A CAMO foi calculada pela relação entre CR e MO produzida. A CADZ foi calculada pela relação entre CR dividido pela PR e o resultado multiplicado por doze. Os dados foram analisados utilizando-se o Programa Sistema para Análises Estatísticas e Genética (SAEG), desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa (2004). Foi feita análise de regressão utilizando-se efeitos lineares e quadráticos para determinação da exigência de sódio.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados de desempenho das codornas japonesas submetidas a níveis crescentes de sódio nas dietas estão apresentados na Tabela 1. Foi verificado efeito quadrático (P<0,01) dos níveis de sódio sobre o CR, CH2O, PR e MO, porém as variáveis PO, CAMO e CADZ não foram influenciadas significativamente (P>0,05). As exigências de sódio para estas características, estimadas pelas equações de regressão (Tabela 2), foram: 0,216; 0,281; 0,231 e 0,230, respectivamente. O CR aumentou significativamente nas aves alimentadas com a dieta contendo até 0,24% de Na e diminuiu naquelas alimentadas com dieta contendo níveis mais elevados de Na. De forma semelhante, Barreto et al. (2007) verificou aumento no CR das codornas alimentadas com dietas contendo até 0,22% de Na, reduzindo o CR após este valor. Porém, Figueiredo et al. (2004) não observaram diferenças no CR entre os níveis de Na estudados. Esta falta de resposta no CR, no entanto, pode estar associada ao maior nível (0,23%) estudado pelos autores ter sido muito baixo. O CH2O acompanhou a tendência do CR, diferentemente dos resultados relatados por Borges et al. (1999) e Rodrigues et al. (2007), em que o consumo de água aumentou linearmente com os níveis de Na da dieta. O aumento dos níveis de Na na dieta até 0,24% também melhoraram a PR e MO, provavelmente pelos efeitos deste mineral nos processos de absorção de glicose e aminoácidos, aumentando a disponibilidade de energia e nutrientes para a síntese dos componentes do ovo. Porém, com o aumento de Na acima deste valor, também ocorreu diminuição na PR e MO, provavelmente pela restrição do CR, que consequentemente, passou a limitar a oferta de nutrientes. Desta forma, para se obter a melhor produção de ovos pelas codornas japonesas, recomenda-se a utilização de 0,231% de Na na dieta. Utilizando-se a equação do CR, com o CR estimado de 24,5 g/ave/dia, o consumo diário recomendado de sódio é de 56,6g.
CONCLUSÕES
Recomenda-se para codornas japonesas em postura 0,231% de sódio na dieta, correspondente a um consumo diário de 56,6 mg de sódio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA –UFV. SAEG. Sistema de análises estatísticas e genéticas . Versão 9.0. Viçosa MG: Fundação Arthur Bernardes, 2004. (CD-Rom)
Tabela 1. Consumo de ração (CR), consumo de água (CH2O), produção de ovos (PR), peso médio de ovos (PO), massa de ovo (MO), conversão alimentar por massa (CAMO) e por dúzia de ovo (CADZ) de codornas japonesas, de acordo com os níveis de treonina digestível da dieta
Tabela 2. Equações estimadas para parâmetros produtivos de codornas japonesas