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Sódio Rações Poedeiras Postura

Níveis de Sódio em Rações de Poedeiras Comerciais no Segundo Ciclo de Postura

Publicado: 27 de outubro de 2011
Por: Eliana Aparecida Rodrigues, Otto Mack Junqueira, Maurício Valério, Marcelo de Oliveira Andreotti, Luciana Cardoso Cancherini, Douglas Emygdio de Faria, Rosemeire da Silva Filardi
RESUMO -
O objetivo deste experimento foi determinar o efeito de diferentes níveis de sódio para poedeiras nos períodos de repouso e segundo ciclo de postura. Foram utilizadas 216 poedeiras da linhagem Hy line W-36, pós-muda forçada, com 60 semanas de idade. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado em arranjo fatorial 3 x 3 (três níveis de sódio no período de repouso x três níveis de sódio no período de postura), totalizando nove tratamentos com três repetições de oito aves cada. Foram avaliadas, em quatro ciclos de 28 dias, as seguintes variáveis: produção e peso dos ovos, consumo de ração, conversão alimentar, massa de ovos, qualidade do albúmen, percentagem de casca, gravidade específica e espessura das cascas. Não foram encontrados efeitos significativos dos níveis de sódio sobre as variáveis estudadas, entretanto, para a espessura de casca, o menor resultado foi obtido com o nível de 0,15% de sódio. Os níveis de sódio de 0,15% no período de repouso e de 0,25% no período de postura foram suficientes para atender às exigências nutricionais de poedeiras no segundo ciclo de postura.
Introdução
A muda forçada atualmente tem sido utilizada como prática comum no Brasil, visto que proporciona economia para o produtor. No entanto, o período pósmuda é conhecido como uma fase em que as aves produzem ovos maiores e com maiores problemas de casca, devido ao rápido aumento do tamanho do ovo e, em conseqüência, a espessura da casca e sua porcentagem em relação ao peso do ovo diminuem. Na literatura, existe grande número de estudos relacionados às exigências nutricionais, à qualidade do ovo e ao desempenho produtivo de poedeiras no primeiro ciclo de produção, no entanto, essas informações são escassas para o segundo ciclo de postura. Para essas galinhas que sofreram a muda forçada, normalmente são utilizadas as exigências nutricionais do final do primeiro ciclo de postura, com redução nos teores de nutrientes, o que não é adequado, pois, para ótimo desempenho das aves que sofreram a muda forçada, torna-se necessária uma revisão quanto às suas exigências nutricionais neste período (Christmas & Harms, 1983).
O sódio é essencial para todos os animais, mas, por encontrar-se facilmente disponível na forma de cloreto de sódio e ter baixo custo, recebe pouca atenção dos nutricionistas. O nível de suplementação de cloreto de sódio não é ajustado de acordo com as variações deste elemento na composição dos ingredientes nas dietas. Não apenas o sódio é essencial para todos os animais, mas também o cloro, sendo que, no campo da nutrição, não é comum o estudo destes elementos separadamente, porque sua suplementação, para atender às exigências nutricionais das aves, é feita com uso de sal comum, constituído de aproximadamente 38% de Na e 60% de Cl.
O sódio é um cátion monovalente encontrado nos líquidos extracelulares, principalmente no soro sangüíneo, realizando importantes funções metabólicas. Desse modo, é necessário supri-lo em níveis e balanço adequados para ótimo desempenho das aves. As funções metabólicas do sódio estão intimamente relacionadas com equilíbrio do volume hídrico, pH e transmissão de impulsos nervosos. McDowell (1992) cita, também como funções do sódio, manutenção de contrações musculares e cardíacas e absorção da água e de algumas vitaminas hidrossolúveis (riboflavina, tiamina e ácido ascórbico). Segundo Scott et al. (1982), os sintomas apresentados pelas aves alimentadas com dietas deficientes em sódio são redução no crescimento, enfraquecimento dos ossos, queratinização da córnea, inatividade gonadal, comprometimento de funções celulares, diminuição na utilização da proteína e energia e redução do volume plasmático. Em poedeiras, a deficiência de sódio resulta em decréscimo ou parada da postura, retardo no crescimento e canibalismo (Kuchinski et al., 1997).
Há muitos anos, a deficiência de sódio já era conhecida por afetar a produção de ovos. Burns et al. (1952) observaram que as poedeiras Leghorn necessitavam de 0,19% de sal (0,076% de Na) em dietas purificadas, sendo que o fator limitante para a produção de ovos, eclodibilidade e manutenção do peso corporal foi o sódio, e não o cloro. Harms (1991), avaliando o efeito da retirada do sal, do sódio e do cloro da dieta de poedeiras com 45 ou 65 semanas de idade, concluiu que o sódio é o principal elemento envolvido na interrupção da postura, quando ausente da dieta.
Quando o cloreto de sódio é retirado da dieta, o sódio mostra-se mais limitante em relação ao cloro, porque seu nível, na maioria dos ingredientes para rações, é mais baixo que o do cloro e, conjuntamente, o sódio e o cloro intervêm no equilíbrio da pressão osmótica, no equilíbrio ácido-básico e na permeabilidade celular (Andriguetto et al., 1986).
Não apenas a deficiência de sódio reflete em prejuízos na produção de poedeiras, mas também seu excesso, uma vez que este macroelemento, assim como o potássio e o cloreto, em doses excessivas, determinam aumento na absorção de água em aves (Hooge, 1999). De acordo com Wideman et al. (1985), aves consumindo rações com altos níveis de sódio apresentam aumento no consumo de água e, conseqüentemente, na umidade das excretas e da excreção urinária de sódio, além de redução nas taxas de filtração glomerular. Esse aumento na umidade das excretas pode representar grande problema, uma vez que essa situação propicia o desenvolvimento de larvas de moscas.
Os níveis de sódio nas rações recomendados para atender às exigências nutricionais de poedeiras comerciais apresentam diferenças entre as diversas fontes de referência. Scott et al. (1982) recomendam 0,12% de sódio nas dietas para poedeiras em produção, enquanto o NRC (1984 e 1994), Rostagno et al. (1985 e 2000) e Leeson & Summers (1991) recomendam, respectivamente, 150, 225 e 180 mg de sódio ave/dia. Entretanto, como o sódio atua para manter o equilíbrio eletrolítico dentro dos valores normais, é fundamental considerar o balanço ácido-básico das dietas (Mongin, 1980).
O NRC (1994) recomenda níveis de 0,15% de sódio e potássio e 0,13% de cloro para as aves de primeiro ciclo de produção que ingerem 100 g de ração por dia com 2.900 kcal de EM/kg, mas não faz referências para as aves no período pós-muda. O balanço de Na, K e Cl age diretamente no equilíbrio ácido-base das aves, podendo influenciar seu desempenho, o metabolismo de cálcio, a utilização do fósforo e, ainda, outras funções fisiológicas.
Devido à influência do sódio na produtividade das aves, é necessário fazer uma reavaliação das exigências nutricionais das aves em produção, principalmente durante o segundo ciclo de postura, para que estas possam expressar todo seu potencial produtivo.
O objetivo deste trabalho foi determinar o efeito de níveis de sódio, fornecido sob a forma de cloreto de sódio na ração, sobre o desempenho e a qualidade dos ovos de poedeiras comerciais no segundo ciclo de produção.
Material e Métodos
Foram utilizadas 216 poedeiras comerciais da linhagem Hy-line W-36, com 60 semanas de idade, distribuídas em delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 3 x 3 (três níveis de sódio no período de repouso x três níveis de sódio no período de postura) com três repetições, totalizando 27 parcelas experimentais, sendo cada parcela constituída por oito aves. Após o jejum, durante o período de repouso (30 dias), foram fornecidos três níveis de sódio (0,15; 0,25 e 0,35%) e, no posterior período de postura (quatro ciclos de 28 dias), três níveis de sódio (0,15; 0,25 e 0,35%). Os níveis de sódio (%) aplicados nos períodos de repouso e postura são apresentados na Tabela 1.
As dietas experimentais foram isoprotéicas (16% de proteína bruta) e isocalóricas (2800 kcal de EM/kg), sendo formuladas segundo as recomendações nutricionais do NRC (1994). A composição percentual das rações, assim como os valores calculados dos respectivos níveis nutricionais, encontra-se na Tabela 2.
As poedeiras foram submetidas a um método de muda forçada, no qual ficaram em jejum e sem o fornecimento de luz artificial até alcançarem perda do peso corporal de, aproximadamente, 25%, o que ocorreu após 13 dias. As aves foram alojadas em galpão convencional de postura com gaiolas de arame galvanizado com uma ave por compartimento. Após o término da muda forçada, voltou-se com a iluminação artificial, com acréscimo de 30 minutos por semana até atingir 17 horas de luz/dia, tornando-se constante até o final do experimento.
Ao final do 30o dia pós-jejum, foram avaliadas as características de desempenho e, ao final de cada ciclo de 28 dias, além das características de desempenho, foram avaliadas também as características de qualidade de albúmen e qualidade externa dos ovos. Para avaliar espessura da casca, peso dos ovos e unidade Haugh, foram utilizados quatro ovos por parcela, colhidos nos últimos dois dias do ciclo, com exceção da gravidade específica, em que todos os ovos íntegros produzidos nos dois últimos dias de cada ciclo foram avaliados. Esses ovos foram mergulhados em soluções de NaCl, com densidade entre 1,070 e 1,106 g/cm3 e gradiente de 0,006 entre elas, sendo essas soluções preparadas conforme recomendações de Moreng & Avens (1990). A massa dos ovos foi obtida com a multiplicação da produção de ovos (%) pelo peso médio dos mesmos (g).
Os resultados obtidos no experimento foram submetidos à análise estatística, utilizando-se o programa “ESTAT”, desenvolvido pelo Departamento de Ciências Exatas da FCAV - UNESP Jaboticabal. Em caso de significância estatística, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
Os valores médios para produção e peso dos ovos, consumo diário de ração, conversão alimentar, massa dos ovos e unidades Haugh, com os respectivos coeficientes de variação, encontram-se na Tabela 3. O efeito não significativo dos níveis de sódio sobre o peso do ovo era previsto, uma vez que apenas a manipulação de proteína (Keshavarz & Nakajima, 1995), metionina (Keshavarz, 1995), lisina (Zimmerman, 1997) e ácido linoléico (Scragg et al., 1987) é responsável por essa alteração.
Em relação às características produtivas, não foi verificado efeito significativo (P>0,0,5) entre os diferentes níveis de sódio. O consumo de ração permaneceu constante com o aumento dos níveis de sódio utilizados; o mesmo efeito foi verificado por Faria et al. (2000), trabalhando com níveis de até 0,24%. No entanto, ao utilizarem 0,43% de sódio, Junqueira et al. (2000) observaram redução significativa no consumo de ração.
Das características de qualidade da casca (Tabela 4), apenas a sua espessura foi influenciada (P<0,05) pelos níveis de sódio fornecidos, tendo-se verificado melhora nessa característica, quando o nível de sódio passou de 0,15 para 0,25%. Os níveis de sódio fornecidos no período de repouso não afetaram (P>0,05) a espessura da casca e nenhuma outra característica relacionada à qualidade da casca. A gravidade específica não sofreu alteração (P>0,05) diante dos diferentes níveis de sódio, sendo que esse mesmo efeito também foi observado por Faria et al. (2000) e Junqueira et al. (2000). Figueiredo et al. (2001), trabalhando com cinco níveis de sódio (0,13; 0,16; 0,19; 0,22 e 0,25%) para poedeiras comerciais no segundo ciclo de postura, não encontraram efeito significativo para consumo de ração, produção e peso dos ovos, conversão alimentar, gravidade específica, percentagem e espessura da casca, concluindo que o nível de 0,13% de sódio na ração foi suficiente para atender à exigência nutricional de sódio de poedeiras no período pós-muda.
Níveis de Sódio em Rações de Poedeiras Comerciais no Segundo Ciclo de Postura - Image 1
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Conclusões
Os resultados deste experimento mostraram que o nível de 0,15% de sódio na ração foi suficiente para atender à exigência nutricional de sódio para poedeiras comerciais no segundo ciclo de postura, para melhores desempenho e qualidade dos ovos, entretanto, para garantir melhor espessura da casca, o nível de 0,25% seria o mais adequado.
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Autores:
Otto Mack Junqueira
UNESP - Universidad Estatal Paulista
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Paulo Fernando Da Costa Braga
5 de diciembre de 2018
Bom dia, desejo saber a quantidade de sal que devo usar para formular 500kg de ração para galinhas porteiras em sistema livre, galpão e campo, tipo colonial.
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