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Formulação de premix vitamínico e mineral para não- ruminante

Publicado: 7 de dezembro de 2023
Por: 1Emanuel Isaque Cordeiro da Silva. 1 Técnico em Agropecuária pelo IFPE Campus Belo Jardim. Normalista pela EEFCC. Acadêmico em Zootecnia pela UFRPE, Av. Dom Manuel de Medeiros, Bairro Dois Irmãos.
Sumário

Premixes ou pré-misturas são misturas complexas de vitaminas, microminerais, oligoelementos e outros aditivos alimentares que são incorporados em níveis entre 0,2 e 0,5% na ração composta. Geralmente, em cálculos de formulação de rações para espécies de interesse zootécnico, os premixes fazem parte do espaço reserva destinado para a adequação da ração conforme as exigências dietéticas dos animais. Os premixes são legalmente definidos como misturas de aditivos para rações ou mistura de um ou mais destes aditivos com matérias-primas usadas como veículos que não se destinam à alimentação direta dos animais (BRASIL, 2004). Os premixes são essenciais para alcançar a produtividade máxima para os animais de produção. Existem diferentes métodos empregados pelas empresas para a formulação e fabricação de premixes, entretanto, o conteúdo e método explanado será o básico para a elaboração manual e técnica das pré-misturas.

Palavras-chave: vitaminas, microingredientes, pré-misturas

INTRODUÇÃO

Os premixes são essenciais para o bom desempenho produtivo e reprodutivo das espécies não-ruminantes de interesse zootécnico como aves, equinos e suínos. Eles são uma mistura de microingredientes como vitaminas e microminerais que visam auxiliar a ajudar na sanidade e bem-estar dos animais durante o ciclo de vida produtivo. Durante o ciclo de produção, os animais enfrentam muito estresse devido ao intenso cronograma de produção, por exemplo o alto fornecimento de ração para aves e, como consequência, o alto desenvolvimento corpóreo e muscular, dos órgãos reprodutivos etc. Logo, essas vitaminas e microminerais são essenciais uma vez que participam de processos metabólicos, produção e síntese de hormônios, respostas fisiológicas etc.
A nutrição adequada requer rações compostas por macro e microingredientes, às vezes incorporados em quantidades muito pequenas (expressas em UI, ppm ou mg/kg de ração) como as vitaminas e os microminerais, por exemplo. Para garantir que esses microingredientes sejam incorporados aos macroingredientes de maneira homogênea, é necessário um processo de diluição intermediária por meio dos premixes. Esta pré-mistura é incorporada à ração em níveis entre 0,2 a 0,5% da composição total da ração animal; por exemplo, se o animal requer 1 kg de ração por dia entre 2 a 5 g será composta pelo premix. A formulação de premixes vitamínicos e minerais pode ser simples quando se empregam modelos matemáticos para a formulação, entretanto existem programas computacionais que formulam as pré-misturas de forma rápida e eficiente. A fabricação de pré-misturas exige uma tecnologia específica e muitas vezes é realizada por empresas especializadas.

REVISÃO DE LITERATURA

A Importância das vitaminas para animais não ruminantes

As vitaminas podem ser adquiridas individualmente ou através de misturas. As misturas no comércio podem ser unicamente de vitaminas, de vitaminas e minerais e, ainda, virem acompanhadas ou não de medicamentos. As vitaminas lipossolúveis necessitam de um estabilizante ou antioxidante. Os produtos postos à venda são estabilizados.
As vitaminas participam de inúmeras funções no organismo animal. A tabela 1 apresenta as principais funções das vitaminas no organismo dos animais de interesse zootécnico. A tabela 2 apresenta os principais sinais de deficiência das vitaminas segundo a espécie não ruminante.

A Importância dos microminerais para animais não ruminantes

Os microminerais, assim como os macrominerais, devem estar presentes no organismo animal para a manutenção das atividades fisiológicas do animal, bem como para a sanidade do mesmo. Apesar das quantidades diminutas, são essenciais para a reprodução, metabolismo e demais funções do corpo. Existem inúmeros microminerais essenciais aos animais, sendo o cobre (Cu), ferro (Fe), iodo (I), manganês (Mn), selênio (Se) e zinco (Zn) os mais importantes.
Vale salientar que alguns microminerais são facilmente encontrados nos ingredientes que compõem a ração dos animais, como ração à base de milho, farelo de soja e farelo de trigo pode conter microminerais suficientes para o atendimento das exigências de um suíno na fase de terminação, por exemplo; sendo assim, não há necessidade de suplementação extra ou preocupação com balanceamento. Entretanto, em outros casos, os ingredientes da ração podem não conter as exigências mínimas do animal, sendo necessário, portanto, a adição de um suplemento à dieta.
Os minerais participam de diversas funções no organismo dos animais. A tabela 3 apresenta as funções e as deficiências dos microminerais para as espécies não ruminantes de interesse zootécnico.

FORMULAÇÃO DE PREMIX VITAMÍNICO

Em geral, para a formulação de pré-misturas vitamínicas e minerais, ou ambas, é necessário seguir alguns passos imprescindíveis (figura 1).
Figura 1: Passos para a formulação de um premix mineral e vitamínico.
Figura 1: Passos para a formulação de um premix mineral e vitamínico.
Deseja-se formular um suplemento vitamínico para poedeiras na fase de postura com concentração na ração de 0,5%.
1º Passo: determinação da concentração do premix para 1 kg de suplemento:
100 (porcentagem completa) / 0,5% de concentração = 200 vezes em 1 kg
2º Passo: determinar as exigências vitamínicas da categoria aves poedeiras em postura na literatura:
2º Passo: determinar as exigências vitamínicas da categoria aves poedeiras em postura na literatura:
3º Passo: concentrar a exigência para 1 kg de premix, logo, é necessário multiplicar cada exigência pelo fator 200, encontrado no primeiro passo. Por exemplo: Vit. A = 9000 x 200 = 1.800.000 UI, e assim por diante:
3º Passo: concentrar a exigência para 1 kg de premix, logo, é necessário multiplicar cada exigência pelo fator 200, encontrado no primeiro passo. Por exemplo: Vit. A = 9000 x 200 = 1.800.000 UI, e assim por diante:
4º Passo: devido a sua estabilidade ser afetada por fatores como temperatura, pH, luz etc., é necessário aumentar a exigência para 1 kg de premix em 10%, para isso basta multiplicar cada valor para 1 kg por 1,1. Por exemplo: Vit. A = 1.800.000 x 1,1 = 1.980.000, e assim por diante:
4º Passo: devido a sua estabilidade ser afetada por fatores como temperatura, pH, luz etc., é necessário aumentar a exigência para 1 kg de premix em 10%, para isso basta multiplicar cada valor para 1 kg por 1,1. Por exemplo: Vit. A = 1.800.000 x 1,1 = 1.980.000, e assim por diante:
5º Passo: transformar os 10% a mais das vitaminas em mg/kg para grama, para isso basta dividir cada valor de 10% a mais por 1000. Por exemplo: vitamina K3 10% a mais = 475,2 / 1000 = 0,4752 g/kg de premix, e assim por diante:
5º Passo: transformar os 10% a mais das vitaminas em mg/kg para grama, para isso basta dividir cada valor de 10% a mais por 1000. Por exemplo: vitamina K3 10% a mais = 475,2 / 1000 = 0,4752 g/kg de premix, e assim por diante:
6º Passo: determinar, através da literatura, a relação de fontes comerciais utilizadas para a fabricação dos suplementos vitamínicos e suas concentrações:
6º Passo: determinar, através da literatura, a relação de fontes comerciais utilizadas para a fabricação dos suplementos vitamínicos e suas concentrações:
7º Passo: determinar quantidade de cada fonte comercial para suprir a exigência das poedeiras em postura:
Para as vitaminas em UI: Exigência de 10% a mais dividido pela concentração
Para as vitaminas em mg: 100 vezes a exigência em grama dividido pela concentração
a) Vitamina A:
1 g de Rovimix A - - - - - - 500.000 UI
X - - - - - - 1.980.000 UI
X = 3,96 g de Rovimix A
b) Vitamina D3 :
1 g de Rovimix D - - - - - - 500.000 UI
X - - - - - - 528.000 UI
X = 1,06 g de Rovimix D3
c) Vitamina E:
1 g de Rovimix E - - - - - - 500 UI
X - - - - - - 2.640 UI
X = 5,28 g de Rovimix E
d) Vitamina K3 :
100 g de Menadiona B. - - - - - - 52 g de K3
X - - - - - - 0,4752
X = 0,914 g de Menadiona Bissulfito
e) Vitamina B1 :
100 g de Cloreto de Tiamina - - - - - - 91 g de B1
X - - - - - - 0,396
X = 0,44 g de Cloreto de Tiamina
f) Vitamina B2 :
100 g de Riboflavina - - - - - - 97 g de B2
X - - - - - - 1,056
X = 1,09 g de Riboflavina
g) Vitamina B6 :
100 g de Cloridrato de P. - - - - - - 82 g de B6
X - - - - - - 0,462
X = 0,56 g de Cloridrato de Piridoxina
h) Vitamina B12 :
100 g de Cianocobalamina - - - - - - 0,1 g de B12
X - - - - - - 0,00352
X = 3,52 g de Cianocobalamina
i) Ácido Pantotênico:
100 g de Ácido P. - - - - - - 90 g de Ácido Pantotênico
X - - - - - - 2,64
X = 2,93 g de Ácido Pantotênico
j) Niacina:
100 g de Ácido N. - - - - - - 97 g de Niacina
X - - - - - - 6,6
X = 6,8 g de Ácido Nicotínico
k) Ácido Fólico:
100 g de Ácido F. - - - - - - 90 g de Ácido Fólico
X - - - - - - 0,132
X = 0,15 g de Ácido Fólico
l) Biotina:
100 g de BIOS II - - - - - - 2 g de Biotina
X - - - - - - 0,0132
X = 0,66 g de BIOS II
m) Colina:
100 g de Cloreto de C. - - - - - - 52 g de Colina
X - - - - - - 59,4
X = 114,2 g de Cloreto de Colina
8º Passo: montar uma tabela com a quantidade de cada fonte, somar as fontes e encontrar a quantidade de veículo que se deve utilizar:
8º Passo: montar uma tabela com a quantidade de cada fonte, somar as fontes e encontrar a quantidade de veículo que se deve utilizar:
O veículo é milho ou farelo de soja, utilizados para dar volume e quantidade para a mistura de premix, o que facilita a mistura na máquina.

FORMULAÇÃO DE PREMIX MINERAL

A formulação de premix micromineral segue os parâmetros de cálculos do vitamínico, no entanto apresenta diferenças quanto aos passos.
Deseja-se formular um suplemento vitamínico para éguas com 450 kg de PV, consumo de ração de 10 kg/dia e no primeiro semestre de gestação. A concentração do premix na ração é de 0,4%.
1º Passo: determinação das exigências microminerais dos animais e das fontes comerciais de microminerais disponíveis no mercado com a concentração:
1º Passo: determinação das exigências microminerais dos animais e das fontes comerciais de microminerais disponíveis no mercado com a concentração:
2º Passo: determinação da concentração do premix para 1 kg de suplemento:
100 (porcentagem completa) / 0,4% de concentração = 250 vezes em 1 kg
3º Passo: calcular a exigência em mg/kg de premix. Basta multiplicar cada micromineral pelo fator 250, encontrado no passo 2:
3º Passo: calcular a exigência em mg/kg de premix. Basta multiplicar cada micromineral pelo fator 250, encontrado no passo 2:
4º Passo: transformar a exigência em mg/kg de premix para g/kg de premix dividindo mg/kg de premix por 1000:
4º Passo: transformar a exigência em mg/kg de premix para g/kg de premix dividindo mg/kg de premix por 1000:
5º Passo: determinar a quantidade de cada fonte comercial para suprir a exigência de microminerais da égua gestante:
100 vezes a exigência dividido pela concentração da fonte
a) Cobre:
100 g de Sulfato de Cu - - - - - - 25 g de Cu
X - - - - - - 2,25
X = 9 g de Sulfato de Cobre
b) Ferro:
100 g de Sulfato de Fe - - - - - - 20 g de Fe
X - - - - - - 9
X = 45 g de Sulfato de Fe
c) Manganês:
100 g de Carbamato de Mn - - - - - - 46,7 g de Mn
X - - - - - - 9
X = 19,27 g de Carbonato de Manganês
d) Selênio:
100 g de Selenito de Na - - - - - - 45 g de Se
X - - - - - - 0,0225
X = 0,05 g de Selenito de Sódio
e) Zinco:
100 g de Sulfato de Zn - - - - - - 22,2 g de Zn
X - - - - - - 9
X = 40,54 g de Sulfato de Zinco
f) Iodo:
100 g de Iodato de Ca - - - - - - 62,8 g de I
X - - - - - - 0,07875
X = 0,13 g de Iodato de Cálcio
6º Passo: montar uma tabela com a quantidade de cada fonte, somar e encontrar a quantidade de veículo que se deve utilizar:
6º Passo: montar uma tabela com a quantidade de cada fonte, somar e encontrar a quantidade de veículo que se deve utilizar:
O veículo é milho ou farelo de soja, utilizados para dar volume e quantidade para a mistura de premix, o que facilita a mistura na máquina.
A formulação de premix também pode contemplar as vitaminas e os minerais, sendo estes misturados na máquina juntos. Quando se calcular o premix para vitaminas e microminerais juntos, lembre-se que os valores das fontes não devem exceder 1000 g ou 1 kg, devendo, portanto, haver espaço para o veículo.
Tabela 1: Principais funções vitamínicas
Tabela 1: Principais funções vitamínicas
Tabela 2: Sinais de deficiência vitamínica nas espécies não ruminantes
Tabela 2: Sinais de deficiência vitamínica nas espécies não ruminantes
Tabela 3: Principais funções e deficiências de microminerais nos animais não ruminantes
Tabela 3: Principais funções e deficiências de microminerais nos animais não ruminantes

ARAÚJO, L. F. et al. Vitaminas na nutrição animal. In. ARAÚJO, L. F.; ZANETTI, M. A. (Eds.). Nutrição animal. 1 ed. Barueri: Manole, 2019.

BRASIL. Instrução Normativa nº 13, de 30 de novembro de 2004. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 01 dez. 2004.

BERTECHINI, A. G. Nutrição de monogástricos. 2 ed. Lavras: Editora UFLA, 2012.

CINTRA, A. G. Alimentação equina. 1 ed. Rio de Janeiro: Roca, 2016.

DA SILVA, E. I. C. Formulação de premix vitamínico e mineral. 3tres3. Disponível em: https://www.3tres3.com.br/formulação-premix-vitaminico-mineral-emanuel. Acesso em: 14 de maio de 2023.

CHEEKE, P. R. Rabbit feeding and nutrition. 1 ed. Londres: Academic Press, 1987.

McDOWELL, L. R. Vitamins in animal and human nutrition. 2 ed. Ames: Iowa State University Press, 2000.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of horses. 6 ed. rev. Washington. D. C.: National Academy Press, 2007.

ROSTAGNO, H. S. et al. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 4 ed. Viçosa: UFV, 2017.

SUTTLE, N. F. Mineral nutrition of livestock. 5 ed. Boston: CAB International, 2022.

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Os premixes são essenciais para o bom desempenho produtivo e reprodutivo das espécies não-ruminantes de interesse zootécnico como aves, equinos e suínos.
Existem inúmeros microminerais essenciais aos animais, sendo o cobre (Cu), ferro (Fe), iodo (I), manganês (Mn), selênio (Se) e zinco (Zn) os mais importantes.
Os microminerais, assim como os macrominerais, devem estar presentes no organismo animal para a manutenção das atividades fisiológicas do animal, bem como para a sanidade do mesmo. Apesar das quantidades diminutas, são essenciais para a reprodução, metabolismo e demais funções do corpo.
Autores:
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
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