Valor produção avícola

Já usei esta imagem antes, mas o dever dos que vão cair é assegurar àqueles que continuarão aluta as melhores armas que puderem para assegurar êxito. A qualquer um que for do tempo emque frango de 2400g levava 46 dias para ficar pronto, peço que dê sua contribuição aos quefarão o frango de 2400g em 36 dias deixando registros de dados históricos.A minha contribuição será a de suscitar discussão sobre o valor monetário da aviculturabrasileira através deste artigo e todas as correções, complementos e saneamento de omissõesque vocês aportarem, serão extremamente bem-vindas por necessárias.

Esses valores ficarão mais compreensíveis se mostrarmos a montanha-russa da cotação damoeda brasileira em relação ao dólar norte-americano, moeda que já foi sinônimo deestabilidade e que servia aos brasileiros como moeda de refúgio e proteção contra a inflação.Eu sou desse tempo. Aliás, sou mais antigo ainda. Sou do tempo em que a CACEX emitia guiasde exportação em oito vias e controlava nossos preços de venda de cada operação ao exterior,já que na opinião dos burocratas de então todo o empresário era um potencial sonegador,corruptor e só exportava para manter dinheiro no exterior.Tenho forte tentação de fazer uma série de comentários sobre corrupção, corruptores ecorrompidos, mas vou resistir bravamente a um de meus principais defeitos - tergiversar aoprincipal em prol de exaltar causas que me são caras - e voltarei ao tema central com umgráfico e sua respectiva tabela onde poderemos apreciar as oscilações do Real entre janeiro de1995 e dezembro de 2007. 

No escopo deste artigo, vamos apresentar valores tanto em Reais (R$) quanto em Dólares norteamericanos(USD). Começamos com uma base oficial disponível no Censo Agropecuário de 1996 doIBGE. Infelizmente, os dados preliminares do Censo de 2006, recentemente divulgados, nãoincluem o valor da produção, mas creio que dispor dos dados históricos é útil para efeitos decomparação. 

A taxa de cambio adotada foi de R$ 0,97575 = US$ 1,00, taxa media interbancária entre 1º deagosto de 1995 e 31 de julho de 1996, período coberto pelo Censo Agropecuário 1995-1996.Segundo esses dados, a pecuária representava 39,4% do valor total da produção agrícolabrasileira. Não é possível determinar de forma fidedigna a real participação do setor avícola, poiso item "produção mista - agropecuária" abrange os produtores integrados, responsáveis pelaquase totalidade da produção brasileira de aves para corte. Não há nas tabelas do CensoAgropecuário 1996 uma categoria específica para essa modalidade produtiva, na qual reside ameu juízo uma das grandes forças da avicultura brasileira.Aparentemente, esta falta não será sanada no Censo de 2006, mas aqui fica a sugestão paraque em futuros Censos Agropecuários se contemple a modalidade de "produção integrada",modelo de sucesso aplicado em avicultura de corte, suinocultura, fumo, fruticultura e outrasproduções agrícolas.Tenteamos estimar o valor da carne de frango, com não desprezível grau de imprecisão.

Para talutilizamos um somatório entre o valor do preço no mercado doméstico de produtos nacionais,exportações e importações no período entre 1995 e 2007. O ano de 2007 é naturalmenteestimado a partir do desempenho do setor nos primeiros onze meses. Restringimo-nos à carnede frango na medida em que não temos conhecimento de fontes que permitam estimar o valordas vendas no mercado doméstico de carnes de peru, marreco, pato, codorna, galinha d'angolae outras aves.As quantidades foram calculadas a partir de dados de produção publicados pela UBA. Destas,deduzimos as quantidades de exportação e somamos as de importação, estas apuradas atravésda ALICEWEB-SECEX - Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior.

Esta mesma fonte foi usada para apurar os valores tanto deexportação quanto de exportação.A coluna de Disponibilidade Interna de Carne de Frango foi calculada somando-se a produçãonacional e as quantidades de importação, menos a quantidade de exportação. A colunaintitulada Disponibilidade de Carne de Frango Doméstica é obtida pelo mesmo processo sem quese somem as quantidades de carne de frango importadas.Os valores usados para estimar o mercado doméstico de carne de origem nacional foramcalculados a partir dos preços médios mensais para frango inteiro resfriado, no grande atacadona cidade de São Paulo, conforme publicado pela Jox Assessoria Agropecuária. 

Evidentemente que o mix de produtos de carne de frango não se resume ao frango inteiroresfriado, e aqui reside uma das imprecisões de meu cálculo. Entretanto, não existemestatísticas que divulguem as quantidades de partes com osso, partes desossadas, miúdos eprodutos industrializados elaborados a partir de carne de frango. Também não há quantidades evalores comercializados de frango vivo, forma que ainda está presente em algumas partes dopaís, ainda que em montantes menos expressivos, e de tendência progressivamente declinante,quando comparamos com a totalidade do mercado brasileira de carne de frango.

Qualquer ajuda para aperfeiçoar estas imprecisões será extremamente bem recebida eapreciada pelos estudiosos da avicultura brasileira e por nossos sucessores, já que reiteramosaqui a firme crença que o Brasil reúne as condições para seguir sendo no futuro umas daspotências mundiais em avicultura.Com essas imprecisões todas, estimamos que o valor comercial do mercado brasileiro de carnede frango tenha alcançado uma média anual de US$ 3,37 bilhões entre 1995-2000; US$ 3,50bilhões entre 2000-2005; US$ 4,11 bilhões entre 2000-2007, graças principalmente aoexcepcional ano de 2007, que levantou a média anual para US$ 5,60 bilhões nos últimos trêsanos. 

Essas médias anuais estimulantes escondem a realidade de um setor que já definimos como"montanha-russa", onde picos de crescimentos sucedem a retrações profundas e vice-versa. Aolongo do tempo o crescimento da avicultura brasileira é constante, como são uma constante asempresas que não sobrevivem e ficam no caminho. Em trabalho recente, definimos que aquestão não residia no "Quo Vadis" (Aonde vais?), pois o futuro da avicultura era promissor emarcado por crescimento a largo prazo. A questão fundamental residia no "Qui Vadit" (Quemvai?), ou seja, quem participará desse futuro promissor, pois a mortalidade de empresasavícolas seguirá sendo inversamente proporcional à mortalidade das aves.Quando transformamos a tabela anterior em um gráfico que nos permite visualizar ocrescimento percentual em relação ao ano precedente é que constatamos essas oscilações quemarcam o mercado de frango.

Um ano como o de 1999 representou uma queda de 16,28% no valor total das transaçõescontra um crescimento de 25,52% da quantidade disponibilizada para o mercado doméstico -definitivamente um ano que não deixou saudades. Por outro lado, 2007 se apresenta como umdos melhores anos da história de nossa avicultura, com o valor se expandindo em 51,1% contrauma progressão de 4,7% da quantidade. 

Ao valor total obtido no mercado doméstico de carne de frango, devemos acrescer o dasexportações para alcançarmos um valor global da carne de frango brasileira. O valor comercialda avicultura brasileira de carne de frango alcançou uma média anual de US$ 4,16 bilhões entre1995-2000; US$ 5,32 bilhões entre 2000-2005; US$ 6,45 bilhões entre 2000-2007, graçasprincipalmente ao excepcional ano de 2007, que levantou a média anual para US$ 9,30 bilhõesnos últimos três anos. 

A FAO mantém estatísticas sobre o valor da produção em diferentes países na tentativa dedivulgar, ao máximo, informação e assim contribuir a uma melhor equalização dos preços emnível de produtor em diferentes países do mundo. Esses dados podem ser encontrados naFAOSTAT, na seção PriceSTAT. Recorremos a essa fonte para confrontar nossas estimativas devalor com uma base estatística construída por entidade pública. Mui lamentavelmente a seção de preços da FAOSTAT foi sofreu interrupções em 1995 por restrições orçamentárias e naretomada encontramos duas bases de dados que diferem entre si. Para o objetivo destetrabalho tal não é tanto relevante, mas é assinalado para que percebam as dificuldades que seencontram quando inexistem estatísticas oficiais.

A próxima tabela traduz os números levantados na PriceSTAT da FAO. 

Verifiquem que as diferenças são bastante significativas e se torna acentuada em 2005, ano em queas exportações brasileiras alcançaram US$ 3,32 bilhões o que por si só lança indagações sobre apropriedade dos valores da FAO em 2005. 

Por favor, não compreendam este comentário como uma tentativa de validar ou de endossar osnúmeros da ODConsulting como confiáveis. Desde o início deste trabalho temos afirmado que não osão e este visa centralmente suscitar a discussão e obter contribuições que possam aprimorar aexpressão monetária do valor da avicultura brasileira.São interessantíssimos os números da PriceSTAT sobre as demais carnes de aves (pato, marreco,ganso, codorna, galinha d'angola ou capote), já que no Brasil não dispomos (pelo menos que seja do nosso conhecimento) de qualquer base para estimar seus valores. Prezo a UBA que em seusrelatórios anuais a partir de 2004 inclui seções sobre essas produções, estrutiocultura e peru.Peru é a segunda carne de aves mais popular no Brasil e graças às iniciativas de seus trêsprodutores brasileiros migrou das festas natalinas, que concentrava até 70% das vendas (emmuitos anos concentradas em sua grande maioria entre os dias 16 e 23 de dezembro) para umconsumo mais regular.

Naturalmente que esse "regular" é relativo e poderia ser chamado de nãotão horripilantemente concentrado. Os industrializados de carne de peru são um dos grandesresponsáveis por essa desconcentração de consumo, ainda que porcionados e mesmo suaintrodução em outras datas festivas (Dia das Mães, Páscoa, Círio de Nazaré) também tenhamaportado sua contribuição.Apesar desses progressos na demanda interna, peru continua fundamentalmente dependente deexportação, constituída majoritariamente por carne branca desossada, que responde por entre 40a 50% da produção nacional. 

Não há fonte conhecida para que se estabeleça o valor total da carne de peru, ainda que os valoresde suas expressivas exportações estejam disponíveis. Seria correto estimar o valor da produçãototal como oscilando entre US$ 280 a US$ 350 milhões anuais? Contribuições serão muito bemvindas,sobretudo pelo fato de que tendo o autor trabalhado nas empresas produtoras sente-seimpedido de discutir o tema à luz dos dados a que teve acesso nas duas últimas empresas em queoperou. 

Obviamente o trabalho de estabelecer um valor para a avicultura brasileira não estaria completo senão contemplássemos o segmento de ovos, uma das proteínas mais injustiçadas por preconceitos,estultices e pela tradição oral do brasileiro, povo que lê pouco e, como conseqüência, é campo fartopara "ouvir falar" e "ouvir dizer".O escrito do cientista e do letrado, que demonstra que a ingestão de um ovo por dia não aportaqualquer incremento do colesterol, é considerado enfadonho ("chato") e a opinião verbal de quemnão tem qualquer formação em nada é obedecida como dogma indisputável.

Pobre nação a que padece de ignorância, ilimitada na opinião de Einstein, que nutria sérias dúvidassobre se o universo será infinito. A nossa pátria amada sofre da prevalência desse mal, e seguirápor isso padecendo do que padece (como foram ricos os exemplos em 2007, assim como o foramem 2006, 2005, 2004, etc).O injustiçado ovo, a fonte mais barata de proteína saudável, tem uma fonte oficial, o IBGE, que emsua pesquisa da pecuária municipal de 2005 estimou os valores para o setor. Estes alcançariam R$3,89 bilhões ou US$ 1,60 bilhão naquele ano. 

Recorri aos serviços da José Carlos Teixeira Consultoria Ltda que elaborou, com base em númerosda APA, uma evolução da produção brasileira de ovos, traduzindo-a em caixas de 30 dúzias,unidade que prevalece no segmento privado. 

Os números da UBA/APA diferem das quantidades declaradas pelo IBGE de forma expressiva(50%), e para facilitar o entendimento ajustamos os números da indústria (caixas de 30 dúzias) àunidade do IBGE. Sem tomar partido, conhecemos a cura com que as associações avícolas buscammanter seus números. Deixamos essa expressiva diferença como incentivo a que algumpesquisador, com formação mais sólida em estatística, busque explicá-la. Este artigo está setornando uma versão condensada da Wikipedia, em que a missão de esclarecer, ampliar, pesquisare escrever cabe ao leitor. 

Na tabela encontrarão as quantidades e valores do segmento de ovos nos anos mais recentes euma estimativa para 2007. 

Todos nós ficaremos devendo um trabalho que detalhe a contento o valor do segmento avícolabrasileiro. Esta contribuição é falha pelas razões aludidas em seu bojo. É também falha por nãocobrir o setor de aves vivas, o valor de importantíssimos elos da cadeia produtiva - o produtorintegrado, valor do trabalho direto na cria, abate e transformação, serviços ligados ao setor,segmento de fornecimento de micro e macro elementos e outros.Naturalmente que os valores até agora apresentados embutem a carga fiscal incidente no Brasilsobre artigos supérfluos, tais como os da lista elaborada pelo Instituto Brasileiro de PlanejamentoTributário.

Carne de frango embute uma carga fiscal de 18,67%, um pouco superior a de supérfluoscomo arroz e feijão, inferior a macarrão só consumido por quem é metido a italiano, frutas everduras que é comida de rico e naturalmente o supra-sumo do luxo consumista agressivo daselites - o pão francês. Sem a carga fiscal como poderíamos manter os essenciais 3 senadores porestado da federação, os vitais 503 deputados federais e toda a plêiade de cinqüenta e tantoministros e os indispensáveis assessores? 

Um exemplo do setor de aves vivas foi-nos facilitado pelo amigo José Carlos Godoy da Apinco, e ovalor de mais de US$ 1,0 bilhão para o valor comercial dos pintos de 1-dia é de aguçar o apetitepara saber quanto movimenta mensal e anualmente o setor de matrizes e avós.17 

Acreditamos que podemos encerrar com um resumo das imperfeições em 2005 e 2006. Parcela dosetor avícola possui um valor de faturamento em nível de mercado entre US$ 9,5 e 10,2 bilhões dedólares. Há severas omissões neste cálculo e a colaboração de todos que disponham de dados maisperfeitos será essencial para saneá-los e para oferecer àqueles que levarão a bandeira, depois quecairmos, um dimensionamento do valor da avicultura brasileira.Se nós não ressaltarmos o valor da avicultura que construímos não serão os gestores de interessesescusos que exsicam este país que o farão. 

Todos pedem previsões para 2008. De certo só mesmo que novos escândalos de malversa da coisapública virão à tona e seus responsáveis ficarão impunes em seus foros privilegiados, enquantoafirmam que todos somos iguais perante a lei.Quanto ao mercado do frango, este deverá conhecer ainda momentos positivos á luz dos elevadospreços da carne bovina, da pressão sobre a demanda de carnes para abastecer mercados asiáticos,sobretudo à luz de episódios sanitários que lá estão ocorrendo e de uma calma na demanda dosdemais mercados internacionais. Não sei se a característica de retomada da demanda que marcou2007 persistirá em 2008. As perspectivas são positivas, mas não esqueçam que grãos seguirão compreços elevados e que o protecionismo continua mostrando uma saúde de atleta olímpico.