Milho ração carcaça frangos

Entre os ingredientes convencionalmente utilizados na fabricação de rações para frangos de corte, o milho se caracteriza por ser a principal fonte energética e corresponde à maior parcela (65%) na composição da ração. Desta forma, estima-se que o milho compõe aproximadamente 40% do custo da ração, evidenciando a importância da sua contribuição com a rentabilidade do setor avícola. Na ocasião da moagem do milho, o aumento no diâmetro geométrico médio (DGM) das partículas de 515 para 905 μm, promove um aumento de 166% no rendimento da moagem e uma redução de 62% no consumo de energia elétrica (Zanotto et al., 1999). A otimização no desempenho de frangos de corte, está diretamente relacionada à eficiência da transformação da dieta em carne, que, por sua vez, depende do adequado balanceamento e disponibilidade dos nutrientes. Neste sentido, há evidências de que o DGM das partículas do milho não influencia a eficiência de utilização dos nutrientes pelos frangos de corte (Zanotto et al., 1994). Por esta razão, é plausível inferir que o DGM do milho não afeta o desempenho das aves, o que está comprovado por meio de estudos considerando diferentes formas física da ração: farelada (Zanotto et al., 1999), peletizada (Deaton et al., 1995) e pelete/ triturado (Zanotto et al., 1996). A única exceção se dá quando o DGM das partículas do milho é excessivamente fino, como 337 μm, o que causa prejuízos ao ganho de peso e conversão alimentar das aves (Ribeiro et al., 2002). Salienta-se que, o sucesso na avicultura é determinado pela rentabilidade da cadeia, a qual é influenciada pelo desempenho zootécnico, sendo importante, também, a valorização da característica da carcaça, com ênfase no rendimento de peito que tem valor agregado. O uso de ração contendo milho moído tão fino quanto 336 μm, prejudica o rendimento de peito dos frangos (Dahlke et al., 2001). Entretanto, existe escassez de informações referentes às relações entre o DGM das partículas do milho e as características de carcaça de frangos de corte. Este estudo foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o efeito do DGM das partículas do milho e da forma física da ração, sobre o desempenho e rendimento de carcaça com frangos de corte.

Foram utilizados 1.350 pintos de corte machos de uma linhagem comercial, criados de 1 a 49 dias de idade, submetidos a cinco tratamentos com seis repetições de 45 aves por boxe. Os tratamentos (T) foram constituídos por cinco rações experimentais, formuladas a base de milho e farelo de soja e suplementadas com minerais e vitaminas, as quais diferiram entre si apenas quanto ao diâmetro geométrico médio (DGM) das partículas do milho ou da forma física da ração, sendo:

T1= milho com DGM de 484 μm, ração triturada até 21 dias e peletizada de 22 a 49 dias;
T2= milho com DGM de 666 μm, ração triturada até 21 dias e peletizada de 22 a 49 dias;
T3= milho com DGM de 886 μm, ração triturada até 21 dias e peletizada de 22 a 49 dias;
T4= milho com DGM de 986 μm, ração triturada até 21 dias e peletizada de 22 a 49 dias;
T5= milho com DGM de 886 μm, ração farelada de 1 a 49 dias.

Os diferentes DGMs foram obtidos por meio da moagem do milho em moinho de martelos, utilizando peneiras com as seguintes aberturas dos furos: 2,0; 3,5; 5,5 e 8,0 mm, para T1, T2, T3 e T4, respectivamente, e para T5 a peneira de 5,5 mm. Dentro das fases inicial (1 a 21 dias), crescimento (22 a 42 dias) e final (43 a 49 dias), as rações experimentais apresentaram a mesma composição em ingredientes e em nutrientes (Tabela 1). Ração e água foram fornecidas a vontade durante todo o período experimental. As variáveis de desempenho avaliadas aos 21, 42 e 49 dias de idade das aves foram: peso corporal (PC), consumo de ração (CR) e conversão alimentar (CA). Para avaliação das características de carcaça, aos 42 e 49 dias de idade, foi amostrada uma ave por boxe, com o peso mais próximo do peso médio das aves do respectivo boxe e foram considerandos as seguintes variáveis: peso da carcaça (PC) e rendimentos de carcaça (RC), peito (RPT), coxa (RCX), sobrecoxa (RSC), asa (RAS), dorso (RDS) e gordura abdominal (RGA). O PC foi expresso com base na ave abatida, eviscerada, sem pés, cabeça e pescoço, ao passo que, o RC foi calculado pela relação entre o PC e o peso vivo da ave, sendo, o rendimento das partes representado pela relação entre o peso da respectiva parte e o PC.

Tabela 1 - Composição centesimal e em nutrientes das rações experimentais

Os resultados de desempenho são apresentados na Tabela 2. Observa-se que a variação no DGM das partículas do milho, na faixa de 484 a 986 μm, dentro da ração peletizada, não teve efeito sobre o consumo de ração, peso corporal e conversão alimentar das aves, para qualquer idade considerada (21, 42 e 49 dias). Para o contraste entre forma física da ração (Ração peletizada x R. farelada), em geral, observa-se resposta favorável à ração peletizada, exceto para as variáveis de consumo de ração aos 49 dias (CR49) e conversão alimentar aos 42 e 49 dias (CA42 e CA49), para as quais os resultados foram similares entre as formas de ração.

Tabela 2 – Desempenho: consumo de ração (CR), peso corporal (PC) e conversão alimentar (CA) de frangos de corte, em função do DGM do milho e da forma física da ração.

As médias estimadas para característica de carcaça, em função do DGM do milho e da forma física da ração são apresentadas na Tabela 3. Observa-se que à exceção do rendimento de sobrecoxa aos 42 dias (RSC42) e rendimento de asa aos 49 dias (RAS49), o DGM do milho com ração peletizada não influenciou as demais variáveis avaliadas. As aves alimentadas com a ração peletizada contendo o milho com DGM de 666 μm, apresentaram o menor valor de RSC42 e as aves que receberam a ração contendo o milho com DGM de 986 μm, apresentaram o maior valor de RAS49. Comparando-se os resultados entre as rações peletizadas e farelada, observa-se que a forma física da ração não influenciou as características de carcaça. Desta forma, pondera-se que a opção para melhorar o desempenho e as características de carcaça de frangos de corte, não incide na definição de um DGM das partículas do milho específico.

O DGM das partículas do milho na faixa de 484 a 986 μm, com ração peletizada, não afeta o desempenho nem o rendimento de carcaça de frangos de corte. Entretanto, o uso de milho com DGM tendendo a 986 μm, contribui para a redução do custo da ração em decorrência da economia de energia elétrica gasta na moagem do grão. Ração peletizada promove melhor desempenho de frangos de corte, comparada a ração farelada.

Tabela 3 – Características de carcaça: peso da carcaça (PC) e rendimentos de carcaça (RC), peito (RPT), coxa (RCX), sobrecoxa (RSC), asa (RAS), dorso (RDS) e gordura abdominal (RGA), em função do DGM do milho e da forma física da ração.

DAHLKE, F.; RIBEIRO, A.M.L.; KESSLER, A.M.; LIMA, A.R. Tamanho da partícula do milho e forma física da ração e seus efeitos sobre o desempenho e rendimento de carcaça de frangos de corte. Revista Brasileira de Ciência Avícola, v. 4, n. 3, p. 241-248, 2001. 

DEATON, J.W.; LOTT, B.D.; BRANTON, S.L. Corn grind size and broilers reared under two temperature conditions. Journal of Applied Poultry Research, v.4, p. 402-406, 1995.

RIBEIRO, A.M.L.; MAGRO, N.; PENZ, jr. A.M. Granulometria do milho em rações de crescimento de frangos de corte e seu efeito no desempenho e metabolismo. Revista Brasileira de Ciência Avícola, v. 4, n.1, p. 047-053, 2002. 

ANOTTO DL, ALBINO LFT, BRUM P. Efeito do grau de moagem no valor energético do milho para frangos de corte. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRADE ZOOTECNIA, 31.,1994, Maringá, PR. Anais... Maringá: SBZ, 1994, p. 57. 

ZANOTTO, D.L.; GUIDONI, A.L.; BRUM, P.A.R. de. Granulometria do milho da dieta e desempenho de frangos de corte. In: CONFERÊNCIA APINCO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 1996, Curitiba, PR. Anais... Campinas: FACTA, p.19, 1996. 

ZANOTTO, D.L.; GUIDONI, A.L.; BRUM, P.A.R. de. Granulometria do milho em rações fareladas para frangos de corte. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 36., 1999, Porto Alegre, RS. Anais... Porto Alegre: SBZ, 1999. 1 CD-ROM.