Explorar

Comunidades em Português

Anuncie na Engormix

Campylobacter em carne de frango resfriada

Publicado: 25 de setembro de 2013
Por: Jenifer Pozza, Graduanda em Ciências Biológicas pela Fundação Universidade do Contestado, Campus Concórdia, SC, Bolsista PIBIC/CNPq; D. Voss-Rech, Analista da Embrapa Suínos e Aves, e C. S. L. Vaz, Pesquisador da Embrapa Suínos e Aves.
Introdução
As infecções alimentares representam na atualidade um sério problema de saúde pública devido à frequência elevada, mortalidade e pelo grande número de microrganismos que podem estar envolvidos em um simples evento epidêmico. Dentre os diversos patógenos veiculados por alimentos e água, as bactérias constituem um grande grupo de microrganismos causadores de doenças. Muitos deles são transmitidos aos seres humanos pela má conservação dos alimentos, manipulação inadequada e consumo de alimentos crus ou mal cozidos, além da ingestão de leite cru ou água não tratada. Também são considerados fatores de risco a contaminação cruzada de alimentos prontos para o consumo, bem como o contato direto com animais infectados (2). Campylobacter (C.) está entre as principais bactérias que causam gastroenterite de origem alimentar em humanos, sendo a carne de frango contaminada o principal meio de infecção humana (3). O objetivo deste trabalho foi analisar a contaminação por Campylobacter em carne de frango resfriada disponível no varejo.
 
Materiais e Métodos
Foram realizadas cinco coletas, em três supermercados localizados em Concórdia (SC), nos meses de janeiro e fevereiro de 2012, totalizando 29 amostras dos seguintes cortes: meio da asa (4), sobrecoxa (6), coxa (6), coxinha da asa (4) e coxa com sobrecoxa (9). As amostras foram transportadas ao laboratório em caixas isotérmicas com gelo reciclável e processadas imediatamente pelos métodos de plaqueamento direto (PD) e enriquecimento em caldo (EC). Para o PD os cortes foram amostrados com um suabe estéril, semeados em ágar mCCDA e Agar Preston (AP), e incubados a 41,5°C por 24-48h. Para o EC as amostras foram analisadas utilizando fragmentos de pele e rinsagem em caldo peptonado 1% (CP). Os fragmentos de 10g da pele foram enriquecidos em 90 mL de Caldo Bolton (CB) a 37°C por 4h, e transferidos para 41,5°C, até 24-48h. O restante dos cortes foram rinsados por 2 minutos em 225 mL de CP, dos quais 10 mL foram coletados e enriquecidos em 90 mL de CB a 37°C por 4h, e transferidos para 41,5°C até 24-48h. Após o enriquecimento, as amostras foram plaqueadas em mCCDA e AP e incubadas a 41,5°C por 24-48h. Colônias com morfologia característica de Campylobacter foram confirmadas pela coloração de Gram, catalase, oxidase e hidrólise do hipurato de sódio e acetato de indoxil (4).
 
Resultados e Discussões
Como resultado, foi isolado Campylobacter de 21 amostras (72%), das quais 19 amostras foram positivas pelo EC. Destas, 5 amostras foram positivas a partir do enriquecimento dos fragmentos de pele, 7 a partir do enriquecimento do caldo de rinsagem e 7 a partir de ambos. O método de enriquecimento em caldo foi mais eficiente que o plaqueamento direto para o isolamento de Campylobacter em carne de frango. O ágar mCCDA foi mais eficiente no PD e o AP foi o mais eficiente no EC. As espécies de Campylobacter identificadas foram C. jejuni e C. coli, as quais estão entre as mais prevalentes em aves e as principais envolvidas nas infecções humanas (3). A contaminação de carcaças com C. jejuni está associada com a recuperação do agente das mãos dos operadores, de superfícies de trabalho e de equipamentos de cozinhas industriais e domésticas (5). Convém ressaltar que Campylobacter é destruído pela ação de desinfetantes ou pelo tratamento térmico dos alimentos antes do consumo (3). Por isso, boas práticas de higiene e preparo dos alimentos pelos consumidores são efetivas para evitar a infecção alimentar causada pela eventual presença de Campylobacter na carne de frango resfriada. Finalmente, a legislação em vigor no Brasil não estabelece limites microbiológicos para Campylobacter na carne de frango in natura (1).
 
Conclusões
O trabalho mostrou a presença de Campylobacter em 72% da carne resfriada de frango amostrada, mas que, segundo a legislação brasileira, não compromete a qualidade microbiológica desse produto nem o torna impróprio para o consumo.
 
Referências
1. BRASIL (2001). Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n° 12, de 2 de janeiro de 2001. Aprova o regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos. 2001.
2. FORTUNA, J.L.; FRANCO, R. Epidemiologic studies of the Salmonella, as casual of infections food. Higiene Alimentar, v. 19, n. 128, p. 33-44, 2005.
3. HUMPHREY, T.; O'BRIEN, S.; MADSEN, M. Campylobacter as a zoonotic pathogens: A food production perspective. International Journal of Food Microbiology, v. 117, p. 237-257, 2007.
4. INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION (2006). Microbiology of food and animal feeding stuffs – Horizontal method for detection and enumeration of thermotolerant Campylobacter spp. – Part 1: detection method. ISO 10272-1:2006. 16 p.
5. SHANE, M.S. Infecção por Campylobacter em aves domésticas. IV Simpósio Brasil Sul de Avicultura, 2003. Chapecó, SC.
 
***O trabalho foi originalmente publicado por NC – 6ª Jornada de Iniciação Científica Embrapa /SIPEX – II Seminário de Pesquisa e Extensão da UnC - 25 de outubro de 2012 – Concórdia/SC.
Tópicos relacionados:
Autores:
Jenifer dos Santos Pozza
UnC
UnC
Recomendar
Comentário
Compartilhar
Profile picture
Quer comentar sobre outro tema? Crie uma nova publicação para dialogar com especialistas da comunidade.
Usuários destacados em Avicultura
Daniel José Antoniol Miranda
Daniel José Antoniol Miranda
Trouw Nutrition
Lic. en Ciencias Animales, Doctor en Filosofía - PhD, Ciencia Animal (Ciencia Avícola) / Gestión de micotoxinas en las Américas
Estados Unidos
Eduardo Souza
Eduardo Souza
Aviagen
Vice-Presidente de Investigación y Desarrollo en Norte América
Estados Unidos
Vitor Hugo Brandalize
Vitor Hugo Brandalize
Cobb-Vantress
Cobb-Vantress
Director de Servicio Técnico en América Latina y Canadá
Estados Unidos
Junte-se à Engormix e faça parte da maior rede social agrícola do mundo.