Quais as alternativas que o setor da avicultura encontra para manter o manejo ideal, no que diz respeito à ambiência avícola no controle da temperatura nos aviários? As perdas devido ao stress calórico ainda são freqüentes? Qual a temperatura ideal e quanto pode variar?
Espero seu comentário.
Boa tarde a todos os profissionais que opinaram dividindo conosco seus conhecimentos. Mas hoje 11/12/2013 e 2 anos se passaram após este fórum e para nós avicultores nada mudou.
Como avicultora, integrada e granjeira posso falar bem sobre todos os tópicos na prática. Construí um aviário há 2 anos baseado em um projeto da integradora, adquiri um dos melhores equipamentos e ainda tenho que cumprir as tabelas de temperatura, ventilação e aquecimento impostas pela integradora e que não me garantem resultados (FEP médio da integradora 308pts).
Na primeira semana, gasto com aquecimento e muita dedicação, mas quanto liga aquela ventilação mínima, a cabeceira do pinteiro congela e a ponta (exaustores) fica abafado, os pintinhos começam a correr e encostar. Quando frangos, no cooler, as aves não se levantam por causa do vento, enquanto as da outra ponta dos exaustores ficam ofegantes e sofrendo com stress calórico (chegam a pesar no final 200 gramas a menos que as aves do cooler).
Por que nada mudou? porque tanto investimento e nenhuma garantia? Quem são os verdadeiros errados? Profissionais, integradoras ou nós avicultores que ainda não aprendemos fazer contas?
Por que até hoje não conseguimos ter uma a ambiência necessária para as aves em todos os pontos do aviário?
As integradoras e órgãos representantes nada fazem pelos avicultores integrados que estão morrendo em dívidas no campo.
Um produtor rural, agricultura familiar, avicultor, investi R$500.000,00 em um aviário moderno, cheio de tecnologias, engenharias, equipamentos de ponta, para receber a cada 75 dias, R$ 12, R$13.000,00/lote e ainda assumir todas as despesas da criação? o que é hoje R$0,47 para você?
Sou avicultora ha mais de 10 anos, mas me entristeço com o que está acontecendo neste setor. Meus filhos não querem continuar na atividade, para minha tristeza.
Me desculpem o desabafo, mas foi o pior investimento que fiz na minha vida até hoje, optar por um aviário climatizado. Espero mudar este meu conceito, mas até o momento é a experiência que tenho e que posso dividir com vocês.
Abraços, Um FELIZ NATAL E QUE O ANO NOVO VENHA COM ALGO REALMENTE NOVO PARA TODOS NÓS!
Prezada Cláudia Lana,
Também fico imensamente triste ao ler o seu relato, porque acredito na avicultura e entendo perfeitamente o que se passa com você, mas, gostaria de colocar algumas considerações a você.
Você comentou que é avicultora, portanto, é uma investidora e espera rendimentos do dinheiro investido. Você também é integrada, o que a coloca em uma condição de parceria com uma empresa que assume os insumos mais pesados da criação, cabendo a você a estrutura para cria, sendo fiel depositária da integradora. Por fim, é granjeira, ficando à mercê do conhecimento próprio ou de um técnico para execução do manejo diário das aves e para tanto, explorará os recursos do seu aviário. São 3 situações diferentes e que você deverá distinguir bem para não se atrapalhar e tirar o máximo proveito da atividade.
Na tentativa de responder as suas dúvidas inicias do aviário moderno, do cumprimento de normas da integradora e a não garantia de um resultado no final do lote, gostaria de narrar um fato que aconteceu em um dos cursos de qualificação de mão de obra na produção de ovos férteis em uma unidade de produção da Brasil Foods, em Rio Verde. Esse curso era ministrado com 3 dias de aulas práticas e 3 dias de trabalhos dentro da granja, onde os alunos assumiam o controle das tarefas por 3 dias, ficando os funcionários na supervisão dos alunos. O fato ocorrido foi numa unidade de produção de ovos férteis de um ex-diretor da Perdigão, para você ver que não é só com você que acontecem coisas ruins. Ao chegar no núcleo e distribuir os alunos, percebi uma inadequação na temperatura, que seguia uma dessas tabelas que você citou. Comentei com o líder do grupo e pedi para interferir, não somente para mostrar para os alunos a importância dessa variável ambiência e a necessidade de não vacilar porque você tem horas para efetuar um bom trabalho e se demorar na tomada de decisão, tudo pode ir por água abaixo, em se tratando de ovos férteis então, os galos não estavam montando as galinhas, portanto, ovos não galados estavam indo para o incubatório e não estavam remunerando o dono da granja. Conseguiu ver o tamanho do estrago?
Para minha surpresa, o líder não permitiu a minha intervenção, não se sentia seguro para permitir a minha ação. Então pedi a ele que ele então efetuasse a mudança da programação do controlador de ambiente. Aí quem não acreditou na resposta fui eu, pois ele disse que não sabia mexer no painel do controlador, que era função do eletricista. Quase tive um troço de pensar que uma função tão importante estava a cargo de um eletricista. Pedi que chama-se a gerência da granja, que veio e também não mexia. Então, resolveram ligar para o dono da granja que autorizou a minha intervenção porque estava habilitado pela integradora a qualificar a mão de obra que serviria para a atividade. Mudei a programação e não foi 30 minutos os galos voltaram a montar as galinhas. Resultado: demissão da gerência.
Com essa narrativa quero convencê-la que tens que ter CONHECIMENTO somado com uma PERSONALIDADE. Não ligue para manejo de tabelas fixas, para técnicos que não vivem o seu cotidiano, não que eles não saibam, apenas não vivem o seu dia a dia e, o mais importante, cerque-se de pessoas que estão comprometidas com o seu sucesso, ou seja, seus funcionários.
Sei que isso está parecendo um monólogo, mais veja essa. Vendo briquetes para substituir lenha de cerrado por lenha ecológica e sempre acompanho os 2 primeiros dias de queima, para variar, sempre à noite e no meio da madrugada. Outro dia, fui iniciar a queima em um galpão, com chuva e que a granjeira havia sido minha aluna. Ela confidenciou-me que o histórico da unidade era de nunca ter alcançado temperatura acima de 28ºC. Por qué? Por causa da regulagem da ventilação mínima, onde o técnico recomendou um tempo de 60 segundos ligado e 7 minutos desligado. Dessa forma, todo aquecimento ia para fora deixando o ar frio em cima dos pintos, ficando uma situação como a descrita por você. Regulei para 8 segundos ligada e 15 desligada e atingi 35ºC, fazendo o aquecedor desligar repetidas vezes, coisa que o dono da granja nunca tinha visto na sua propriedade. Veja como o CONHECIMENTO faz uma grande diferença, pois um pulmão tão pequeno nas primeiras horas não merece um tempo tão longo para renovação de ar e troca de Co2.
Para finalizar, creio que não está havendo um trabalho correto com seu aviário moderno, não conseguindo ofertar para suas aves o melhor clima possível. Creio que são necessários, a partir do meio do seu galpão e no teço final, uma linha com bicos nebulizadores, para correção da umidade relativa e consequente queda da temperatura, assim não seria tão necessária a ativação de todos os exautores, o que leva ao agachamento das aves, como comentou. Como pode perceber, não é muito fácil mesmo conseguir um bom resultado por isso comparo a atividade com a F-1, onde qualquer vacilo me deixa para trás.
Espero ter conseguido deixá-la mais energizada para iniciar o ano que vem com muita garra e com uma ATITUDE muito diferente frente a essa atividade tão hipinotizante.
Sr. Marcelo de Souza Lima, muito obrigada pela atenção, suas palavras e dividir comigo um pouco dos seus conhecimentos e experiências. Toda troca de informações, conselhos, críticas para mim só vem a somar.
Em relação às tabelas impostas pela integradora, o senhor vai entender o meu histórico. No meu primeiro lote vi que já tinha algo de errado com aqueles números, mas como era tudo diferente dos outros galpões, obedeci fielmente entendendo que eles tinham certeza do que estavam fazendo, então me mandaram ligar 1 minuto 2 exaustores de 1,5cv e 6 min desligados (detalhe: aqui é muito frio no inverno, e na época cheguei a ter 6 graus do lado de fora do galpão) imagine o estrago. Outro ponto, no projeto da integradora, o aquecedor foi instalado no meio do meu aviário!!!
Com a potência dos exaustores, as tesouras estalavam com a pressão exercida quando eles ligavam, o aviário todo fechado e uma pequena entrada de ar na cabeceira que entrava um ar extremamente gelado. Um horror, pobrezinhos dos pintinhos, assim não tem aquecedor e lenha que mantenha a temperatura uniforme dentro do galpão.
No segundo lote, foi a mesma coisa. E nós sempre questionando aquilo que víamos de errado, mas eles não aceitam nenhuma opinião nem intervenção. Para o senhor ter uma ideia quanto às tabelas, tenho placas evaporativas no aviário, e pela tabela só ligariam junto com o 6 grupo de exaustores quando atingisse 8 graus acima da desejada. Dá para acreditar, esperar 8 graus para ligá-las? Hoje tenho esta consciência, mas tive que sofrer e quebrar a cabeça para mudar isto com eles, a tabela atual as placas ligam com 4 graus acima da temperatura desejada, olha que avanço! No verão coloco elas para ligar com 3,5 graus, sou teimosa mesmo!
No terceiro lote já mudaram, 1 semana ligar apenas 1 exaustor, aí resolvemos mudar nosso manejo por nossa conta e começamos a olhar somente o comportamento das aves, e esquecer tabelas. Hoje vejo como dedo duro, esses painéis que acumulam o histórico do lote. A integradora vê aquilo toda semana e acompanham fielmente e nos cobram em cima daqueles números li registrados, não a necessidade das aves. Mas mesmo assim fizemos nosso manejo, resultado tivemos um FEP de 381,92 pts, mesmo assim advertida pelo supervisor e a integradora que me mandou cumprir a tabela deles novamente!!! Agora estão querendo um painel que acumule o histórico e ainda mais, que eles façam a programação lá da integradora e acompanhem o lote 24 horas via internet, não sei se isto vai ser um bom negócio para nós granjeiros.
Hoje estou no 10 lote, já melhorei muito meu aviário e meu manejo, coloquei 10 inlets, preciso colocar mais, melhorei vedação, e mantenho tudo funcionando direitinho, mas nada do resultado vir como eu espero.
Quanto ao manejo, tentamos de tudo a cada lote, a tabela é só um parâmetro para nós, mas o bendito do histórico é o que sempre conta para eles. Hoje tenho FEP médio de 359pts, um avanço para quem começou com 322,72 e 293,49. Mas eles não aceitam nossas opiniões e questionamentos, muito menos nosso manejo.
Busco na verdade soluções dentro do meu aviário e no meu manejo, mudanças que estão ao meu alcance solucioná-las, quero ter certeza que estou fazendo tudo certo para depois cobrar da integradora e questionar as outras fases que acontecem no processo, porque eles não assumem nunca que os problemas estão nos pintinhos ou no ovo, mas sempre no aviário e no manejo. Por outro lado enquanto sou a cobaia deles, minhas contas não param de chegar a cada lote, tenho que tirar do outro aviário para poder mantê-lo. FICO INDIGNADA.
As tabelas são problemas sim, mas acho que o maior problema aqui Sr. Marcelo, é a posição do meu aquecedor, por estar no meio do aviário. Acho que ele deveria estar na cabeceira ou bem próximo dela. É um aquecedor excelente, trabalha fora do aviário, ajudando na renovação e qualidade do ar. Mas acabo perdendo por outro lado, na hora da maldita tabela de ventilação mínima.
Aquele aviário para nós é um sonho realizado que virou pesadelo. Desejamos muito que dê certo, pois avicultura para nós é mais do que uma profissão, é amor, cuidado, trabalho e dedicação, é a nossa vida. Quero muito acertar e ter o retorno do meu investimento que o Senhor sabe que não foi pequeno. Mas quando recebo meus resultados me entristeço muito. Tanto trabalho e dedicação para quase nada.
O Senhor me disse que mudou a ventilação de 1min desligado a cada 7 minutos (parecida com a minha) para 8seg a cada 15, não entendi se foi minutos ou segundos? Como ficou a qualidade do ar dentro do pinteiro? Em que posição do aviário fica o aquecedor? Qual sua opinião em relação à posição do aquecedor neste aviário?
Sr. Marcelo mais uma vez agradeço pela sua atenção, pelos seus conselhos e troca de experiência. Pode ter certeza que voltarei aqui para contar-lhe dos meus resultados e quais foram as minhas modificações.
Forte abraço e sucesso sempre!
Um FELIZ NATAL E UM PRÓSPERO ANO NOVO!
Boa tarde, Cláudia Lana,
Fico muito feliz em poder de alguma forma colaborar com você, mesmo sabendo que as sugestões não vão agradar aos técnicos. Trabalhei 15 anos em uma integração e quando saí, ganhei um punhado de inimigos, porque não aceito imposição, como eles querem que eu faça, mas para tanto, eles têm que me convencer, a partir daí, faço o que qualquer um quiser, mas tem que ter muito argumento, senão, vale do meu jeito. Aprendi isso com o dono da integração com quem comecei a trabalhar, um grande empresário e muito cabeça dura, até que seja convencido do contrário.
Mas a polêmica toda está numa frase: COMPORTAMENTO DAS AVES.
Para se sentir mais a vontade, procure um advogado e leve a ele o seu contrato de integração e veja o que está te amarrando como fiel depositária da integradora, por que você não é obrigada a seguir normas que não lhe beneficiem, mas tem que ver os termos do contrato assinado. Agora, depois de saber juridicamente o que te ampara, a briga passa a ficar boa. Por qué? Qualquer ação dentro do aviário que não estiver com o seu aval, eles, técnicos, deverão assinar para você um termo onde se comprometem a assumir a responsabilidade, caso ocorra algo que não seja o esperado. Aí eu quero ver profissional segurar as calças que vestem, uma vez que é muito fácil imaginar e mandar naquilo que não é deles e não arcar com o prejuízo.
Sempre ajo assim, com segurança, firmeza e embasado, não entro em briga para perder e nem empatar. Sou discípulo do Campeão Mundial de F-1, lembra-se da comparação que fiz para você? Nelson Piquet disse: "...o segundo lugar é o 1º derrotado...". Então, essa palavra eu não deletei do meu dicionário, na página onde estava escrito "derrota", arranquei a folha. Tá certo, perdi algumas outras palavras mas até hoje não me fizeram falta.
Quando leio "o resultado vir como eu espero", gostaria de maiores detalhes do que espera, porque não imagino o que você espera de um aviário de alta tecnologia.
Para a insistência dos técnicos em seguir normas e manejos que não se ajustam, o que vale é o resultado final. Contra dados concretos, não há argumentos. Você evoluiu em Fator de Produção e isso foi graças a sua DETERMINAÇÃO. Continue assim.
Em relação a posição do seu aquecedor, eu também prefiro o mesmo junto a saída de ar, mas a maioria dos aviários estão ainda colocando no meio do aviário, não sei por que, uma vez que eram montados no fundo do aviário. Mas aqui o que vale é a entalpia da lenha queimada e liberada em Kcal, ou seja, tem que ter cerca de 70ºC saindo no final da linha, dessa forma, conseguirá aquecer pintos na fase inicial.
Em relação à ventilação mínima, a alteração foi em segundos, 8 segundos ligados por 15 minutos desligados, para palha de primeira cria. Para demais lotes, de segunda cria em diante, depende da quantidade de amônia que a cama contiver, se for como aqui, vai ser uma negação, porque eles metem água no coitado do frango, por ele ser parente de pato, a cama fica uma lama, não tem compostagem que dê jeito, aí quando alojam os pintos, qual a saída, essa ventilação mínima louca, com intervalos pequenos e maior frequência.
Vamos proseando e trocando informações.
Sempre que possível envie fotos das dúvidas, pois, visualizando fica mais fácil ter uma ideia, farei o mesmo com as muitas fotos que possuo.