Introdução
O Brasil, assim como outros países, possui grande variação climática e conseqüentes oscilações de temperatura. As ondas de calor, decorrentes do aquecimento global, ocorrem a qualquer instante afetando diretamente a produção animal, principalmente o setor avícola, no qual as aves são mais sensíveis às condições de estresse térmico.
Existem diferentes tipos de agentes capazes de levar os animais a um estado caracterizado de estresse. Estes agentes podem ser mecânicos (traumatismos, contenção, cirúrgicos), físicos (calor, frio, som), químicos (utilização de drogas para tratamentos de doenças e estimulação do crescimento e da produção) e psicológicos (mudança de ambiente e de manejo).
Fatores como a idade, sexo, nutrição e principalmente o estresse, podem afetar a composição e a qualidade da carcaça dos animais. O conceito de qualidade de carne é bastante complexo e varia de acordo com as características de cada consumidor, além de possuir variáveis que vão desde a composição nutricional, sanidade, características físicas, apresentação, embalagem e facilidade para sua utilização.
Por isso, o comportamento das aves em condições de estresse térmico assume um papel importante por simular as condições reais de campo em diferentes regiões do país. Assim, o presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito da exposição das aves ao estresse térmico sobre a qualidade da carne de frangos de corte aos 21 dias de idade.
Materiais & Métodos
O experimento foi conduzido nas câmaras climáticas experimentais do Setor de Avicultura do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - FCAV - UNESP, Câmpus de Jaboticabal - SP. Uma parte dos animais (100 aves) foram criadas em câmara climática termoneutra durante os 21 dias, constituindo o grupo controle deste trabalho. O restante dos animais (400 aves), passaram pelo estresse, foram alojados em outra cámara, na qual, durante as fases de estresse, a temperatura da câmara foi regulada para 32ºC.
Os animais foram submetidos a estresse térmico por diferentes períodos (0, 24, 48 e 72 horas), de acordo com os seguintes tratamentos: T1 - aves criadas à temperatura termoneutra até 21 dias e não submetidas a estresse; T2 - aves criadas à temperatura termoneutra até 21 dias e submetidas a estresse calórico de 24 horas; T3 - aves criadas à temperatura termoneutra até 21 dias e submetidas a estresse calórico por 48 horas; T4 - aves criadas à temperatura termoneutra até 21 dias e submetidas a estresse calórico por 72 horas.
Após o período de criação, as aves foram transportadas ao frigorífico de acordo com as normas de bem estar e posterior ao período de descanso, as mesmas seguiram o fluxograma de abate recomendado. Assim, após o abate, as carcaças foram encaminhandas ao laboratório de Tecnologia de Produtos de Origem Animal (TPOA) da FCAV/UNESP, Campus Jaboticabal.
Em seguida, retirou-se o músculo Pectoralis major para realização das análises de pH, cor e valor de R. O pH foi realizado com inserção do eletrodo direto no músculo, utilizando o peagâmetro portátil Digimed (modelo DM 21), a cor foi determinada através do aparelho Minolta Chrome Meter CR-300, utilizando-se o sistema CIELAB (L, a* e b*) e o valor de R determinado de acordo com a metodologia descrita por Honikel & Fischer (1977). Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado e as médias e as variáveis comparadas através programa AgroStat.
Resultados & Discussão
Os resultados dos valores obtidos para pH e valor de R da carne de frangos submetidos ao estresse térmico encontram-se na Tabela 1 e para a cor encontra-se na Tabela 2.
Tabela 1. Médias obtidas para pH e valor de R da carne de frangos submetidos ao estresse térmico
Na mesma coluna, médias seguidas de letras minúsculas iguais não diferem entre si (5%); na mesma linha, médias seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem entre si; ** (P<0,01); NS = Não significativo.
Pela Tabela 1, observa-se que o grupo das aves submetidos ao estresse térmico, apresentou menor valor para característica pH as 24 horas de tratamento térmico, sendo muito significativo quando comparado ao grupo controle. Valores semelhantes ao encontrado por Souza et al. (2010) na estação do ano (verão) com frangos de corte, onde encontra-se temperatura elevadas assim como o presente estudo em estresse térmico. A característica valor de R, não foi significativa para o estresse quando comparada com o grupo de aves controle.
Tabela 2. Médias obtidas para cor da carne de frangos submetidos ao estresse térmico.
Na mesma coluna, médias seguidas de letras minúsculas iguais não diferem entre si (5%); na mesma linha, médias seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem entre si; ** (P<0,01); NS = Não significativo.
Ao analisar a Tabela 2, percebe-se que não houve diferença entre o grupo controle e o grupo das aves que foram submetidas ao estresse térmico. Porém, nota-se menores valores de intensidade de amarelo (b) para as carnes das aves que receberam estresse de 24 e 48 horas, quando comparadas ao grupo de aves controle. Equivale a Fischer et. al. (2010), que também encontra carne menos amarelada (
Conclusões
Nas condições em que o experimento foi realizado, é possível concluir que o estresse térmico não influencia a qualidade da carne de frango de corte aos 21 dias de idade.
Bibliografia
Fischer PC, Brossi C, Golineli BB, Contreras-Castillo C. 2010. Qualidade de peito de frango submetido a estresse térmico agudo. Disponível em: www.usp.br/siicusp/Resumos/14Siicusp
/2996.pdf. Acesso em 24/01/2011.
Honikel OK & Fischer CA. 1977. A rapid method for the detection of PSE and DFD porcine muscles. Journal of Food Science 42(6):1633-1637.
Souza VLF, Buranelo GS, Gasparino E, Cardozo RM, Barbosa MJB. 2010. Efeito da automatização nas diferentes estações do ano sobre os parâmetros de desempenho, rendimento e qualidade da carne de frangos de corte. Acta Scientiarum. Animal Sciences Maringá 32(2):175-181.