Aflatoxinas são metabólitos secundários tóxicos produzidos por fungos do gênero Aspergillus, principalmente A. flavus e A. parasiticus, que são contaminantes naturais de cereais, comumente utilizados na preparação de dietas para frangos. A presença e magnitude da contaminação aflatoxínica varia em função de fatores geográficos e estacionais, também pelas condições de cultivo, colheita e armazenamento do produto agrícola (O.M.S., 1983). Segundo Tanaka et al. (2001), o desenvolvimento e a formação das aflatoxinas em alimentos são dependentes de uma série de fatores, principalmente daqueles relacionados à umidade, à temperatura, oxigênio e constituição do substrato. Dados do Laboratório de Análises Micotoxicológicas da Universidade Federal de Santa Maria, que faz um monitoramento micotoxicológico de matérias-primas e alimentos destinados à nutrição humana e animal, demonstram que, no ano de 2006, mais de 40% dos alimentos analisados apresentaram contaminação por aflatoxinas (Lamic, 2007). O presente trabalho tem como objetivo avaliar o desempenho de frangos de corte submetidos à intoxicação com diferentes concentrações de aflatoxinas na dieta.
Material e MétodosAs aflatoxinas utilizadas no experimento foram produzidas pelo cultivo da cepa toxígena de Aspergillus parasiticus (NRRL 2999) em arroz, conforme metodologia desenvolvida por Shotwel et al. (1966).
Foram utilizados 648 frangos de corte de 1 dia de idade, machos, foram alojados em gaiolas por 21 dias, com alimentação (ração isonutritiva e água) ad libitum. As aves foram divididas em 6 tratamentos conforme a dose de aflatoxinas utilizadas na dieta: T1= 0 μg/kg; T2= 50 μg/kg; T3= 250 μg/kg; T4= 500 μg/kg; T5= 1000 μg/kg e T6= 3000 μg/kg.
A observação clínica dos animais foi feita duas vezes ao dia, em todos os dias do experimento.
O peso das aves e o consumo foram mensurados semanalmente (7, 14 e 21 dias).
Os dados obtidos, referentes ao ganho de peso e consumo de ração, foram submetidos à análise de regressão linear simples e à análise estatística descritiva (ANOVA) para cálculo de média e coeficiente de variação e as médias foram comparadas pelo teste de Bonferroni (P≤ 0,05).
Resultados e DiscussãoAs aves que foram alimentadas com ração contendo 1000 mg e 3000 mg/kg de aflatoxinas apresentaram sinais clínicos de aflatoxicose a partir da primeira semana do experimento, como amontoamento das aves nos cantos das instalações, prostração, apatia e palidez de crista, barbela e patas. Sinais clínicos semelhantes foram descritos por Giacomini et al. (2006) em frangos de corte alimentados por 42 dias com 3000 mg de aflatoxinas por kg de ração. Na Tabela 1 constam os dados do consumo médio de ração durante o experimento. Pode-se observar que doses de aflatoxinas a partir de 1000 mg/kg em condições experimentais interferem significativamente sobre o consumo de alimento destas aves.
Aos 21 dias, conforme a Tabela 2, as aflatoxinas demonstraram efeito significativo sobre o peso corporal nas aves que consumiram ração contendo 1000 e 3000 mg de aflatoxinas por kg de ração. O peso corporal, aos 21 dias apresentou-se dose dependente (R=-0,71), sendo que a dose de aflatoxinas administradas às aves foi inversamente proporcional ao ganho de peso corporal.
A incorporação de aflatoxinas ao alimento fornecido às aves não afetou significativamente a conversão alimentar, sendo que este parâmetro não é indicativo da contaminação por aflatoxinas, uma vez que tanto o consumo de ração como o peso corporal das aves são diminuídos na presença das aflatoxinas na dieta.
Conclusão
Segundo os resultados obtidos neste experimento, conclui-se que a presença de aflatoxinas na dieta de frangos de corte, durante os primeiros 21 dias de vida determina perdas significativas no desempenho destas aves. A partir da primeira semana do experimento já se pode observar como sinais clínicos, amontoamento das aves nos cantos das instalações, prostração, apatia e palidez de crista, barbela e patas. Parâmetros como consumo de ração e peso vivo são significativamente reduzidos nas aves que recebem aflatoxinas, sendo que esta redução é dependente da dose de toxina utilizada nas dietas.
Referências Bibliográficas
Giacomini LZ. et al. Desempenho e plumagem de frangos de corte intoxicados por aflatoxinas.
Ciência Rural, 36(1):234-239, jan-fev,2006 LAMIC – Laboratório de Análises Micotoxicológicas – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria – RS, Brasil. Tabelas de resultados, 2007. Acesso em abr. 2005. Online. Disponível na Internet: www.lamic.ufsm.br
Organización Mundial De La Salud (O.M.S.) Critérios de salud ambiental 11: Micotoxinas. O.P.S., Cidade do México, p.131, 1983.
Shotwel OL. et al. Production of aflatoxin on rice. American Society for Microbiology, Michigan, USA, 14(3):428-429, 1966.
Tanaka MAS. et al. Microflora fúngica de sementes de milho em ambientes de armazenamento. Sci Agric, 58(3):501-508, 2001.