Introdução
A produção avícola, nas últimas décadas, caracterizou-se por uma enorme expansão. A melhora de resultados no volume de produção e na eficiência de produção por ave pode ser atribuída a um desenvolvimento paralelo de novos conhecimentos em sanidade, ambiência, genética e nutrição.
Dentre os fatores que interferem na produção de frangos de corte a ração é a de maior magnitude, podendo chegar a cerca de 70% do custo total de produção. Nesse contexto, o setor produtivo deve estar atento não só na qualidade da mesma, mas também sob que forma é fornecida.
A peletização e expansão de rações vêm sendo utilizada por empresas avícolas de grande porte, como uma forma de melhorar a eficiência nas fábricas de rações. No entanto, apesar das vantagens desses processamentos, muitas empresas não utilizam esta tecnologia, pelas dúvidas quanto aos benefícios, representados pelo retorno econômico e características da carcaça de frangos de corte, quando alimentados com dietas nas diferentes formas físicas.
Nos últimos anos, inúmeros trabalhos científicos têm sido desenvolvidos para estudar os novos métodos de processamentos térmicos de alimentos e seus efeitos sobre o desenvolvimento das aves. Com relação à carcaça, López e Baião (2002) não verificaram diferenças no rendimento da carcaça quando compararam dietas fareladas e granuladas com diferentes granulometrias.
O objetivo neste experimento foi o de determinar o efeito da forma física da ração sobre as características da carcaça de frangos de corte.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no Departamento de Nutrição Animal e Pastagens do Instituto de Zootecnia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, no município de Seropédica, RJ.
Foram utilizados 240 pintos de corte, machos, da linhagem comercial Cobb, distribuídos em baterias metálicas, em delineamento em blocos ao acaso, com quatro tratamentos e seis repetições de 10 aves cada. As baterias foram providas de bebedouros tipo pressão e comedouros tipo prato sendo trocados por comedouros e bebedouros tipo calha a partir do 11º dia de vida dos frangos e foram aquecidas com lâmpadas incandescentes de 150 watts, sendo substituídas por lâmpadas de 60 watts na segunda semana. As aves receberam ração e água à vontade.
Os tratamentos foram definidos pela forma física da ração: farelada; expandida; peletizada e expandida peletizada, de uma mesma ração comercial.
As dietas experimentais foram formuladas de acordo com as fases: pré-inicial (0 a 08 dias), inicial (08 a 21 dias), crescimento I (21 a 34 dias) e crescimento II (34 a 38 dias). As exigências nutricionais das aves foram atendidas segundo as recomendações de Rostagno et al. (2005). Quando na forma física peletizada, as rações foram também trituradas em rolo triturador com abertura de 1,5 mm (fase pré-inicial) e abertura de 5 mm (fase inicial).
Aos 38 dias de idade, após jejum de 8 horas, foram abatidas duas aves por unidade experimental com peso correspondente à média da repetição, totalizando 12 aves por tratamento.
Foram avaliados pesos e rendimentos: da carcaça, de peito, de sobrecoxa e de coxa. Para o cálculo do rendimento da carcaça foi tomado como base o peso vivo após o jejum e o peso da carcaça resfriada, eviscerada, sem cabeça e sem pés. Os rendimentos dos cortes foram calculados com base no peso da carcaça resfriada.
Os dados foram analisados utilizando-se o módulo ANOVA GERAL do sistema SAEG (Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas) desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa e quando verificado efeito significativo pelo teste F, realizou-se a comparação de médias pelo teste de Student-Newman-Keuls a 5% de probabilidade de erro.
Resultados e Discussão
Os resultados de peso da carcaça, peso de peito, peso de sobrecoxa e peso de coxa de frangos de corte submetidos a diferentes formas físicas de ração encontram-se na Tabela 1.
Tabela 1. Médias de peso da carcaça, de peito, de sobrecoxa e de coxa de frangos de corte alimentados com rações de diferentes formas físicas
Observa-se (tabela 1) que as aves que receberam ração farelada apresentaram pior peso da carcaça e dos respectivos cortes (P<0,05) em relação as que receberam rações de outras formas físicas. Para peso de peito os maiores valores foram encontrados para as rações peletizada e expandida peletizada, que não diferiram estatisticamente entre si. Comportamento semelhante foi observado para peso de sobrecoxa. As aves alimentadas com ração expandida peletizada tiveram maior peso de coxa (P<0,05) em relação as que foram alimentadas com ração expandida ou peletizada. Estes dados estão de acordo com os resultados citados por Roll et al. (1999), que também verificaram piores resultados, aos 32 dias, para as aves que receberam ração farelada em relação as que receberam ração triturada ou peletizada, embora não tenham encontrado diferença significativa para peso de peito.
As médias estimadas para rendimento da carcaça, peito, sobrecoxa e coxa em função da forma física da ração são apresentadas na Tabela 2.
Tabela 2. Rendimento da carcaça, peito, sobrecoxa e coxa de frangos de corte alimentados com rações de diferentes formas físicas
As aves que receberam a ração expandida peletizada apresentaram maior rendimento de carcaça (P<0,05) comparadas àquelas que receberam a ração farelada (Tabela 2). Porém, as que receberam ração expandida ou peletizada não apresentaram médias de rendimento de carcaça diferentes das que receberam ração farelada ou expandida peletizada. Resultados semelhantes foram encontrados por Lopes e Baião (2002) e Souza et al. (2008), avaliando o efeito da forma física da ração sobre as características da carcaça de frangos de corte.
Para rendimento de peito e de coxa (Tabela 2), não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos (P>0,05). Estes resultados estão de acordo com os obtidos por Zanotto et al. (2006) ao avaliarem diferentes formas físicas de ração para frangos de corte.
De acordo com os dados observados na Tabela 2, foi verificada diferença (P<0,05) para rendimento da sobrecoxa, sendo os maiores valores obtidos pelos frangos alimentados com ração farelada ou expandida em relação aos frangos alimentados com ração peletizada ou expandida peletizada. Este resultado difere do observado por Zanotto et al. (2006) para esta variável, os quais não verificaram diferenças (P>0,05) entre as aves alimentadas com ração farelada ou peletizada.
Conclusões
O fornecimento de rações na forma física peletizada ou expandida peletizada proporciona maior peso da carcaça e de cortes.
Literatura Citada
LÓPEZ, C.A.A.; BAIÃO, N.C. Efeitos da moagem dos ingredientes e da forma física da ração sobre o desempenho de frangos de corte. Arquivos Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.54, p.189-195, 2002.
ROLL, V.F.B.; AVILA, V.S.; RUTZ, F. Efeito da forma física da ração em frangos de corte durante o verão. Revista Brasileira de Agrociência, v.5, n°1, 54-59, jan.-abril,1999.
ROSTAGNO, H.S. [2005]. Tabelas Brasileiras para aves e suínos. Composição de Alimentos e Exigências Nutricionais. 2ª Edição Viçosa: UFV, Departamento de Zootecnia.
SOUZA, R.M.; BETERCHINI, A.G.; SOUZA, R.V. et al. Efeitos da suplementação enzimática e da forma física da ração sobre o desempenho e as características de carcaça de frangos de corte. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 32, n. 2, p. 584-590, mar./abr., 2008.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA – UFV. SAEG - Sistema para análises estatísticas e genéticas. Versão 9.1. Viçosa, MG: 1997. 150p.
ZANOTTO, D.L.; SCHMIDT, G.S.; GUIDONI, A.L. et al. Tamanho das Partículas do Milho e Forma Física da Ração: Desempenho e Rendimento de Carcaça com Frangos de Corte. Comunicado técnico 435. EMBRAPA-CNPSA, Concórdia-SC, 2006.
***O trabalho foi originalmente publicado durante o ZOOTEC 2009- da Associação Brasileira de Zootecnistas / 18 a 22 de maio, 2009, Águas de Lindóia/SP.