As primeiras semanas de janeiro é um período em que, tradicionalmente, o passado e o futuro caminham lado a lado com bastante intensidade. Afinal, este é o momento em que o mercado analisa os resultados registrados no anterior e, ao mesmo tempo, traça as suas projeções e expectativas para o ano vigente.
E um assunto em especial tem marcado grande presença na imprensa e nas conversas e reuniões entre os integrantes da cadeia produtiva avícola. Afinal de contas, a crise econômica internacional afetou ou não afetou a avicultura brasileira? A resposta é sim. Transposto este período de turbulência, cautela e incertezas, é possível analisar com mais clareza e com mais subsídios o real impacto de todo este passado pouco longínquo, que causou prejuízo para muitos setores da economia.
Um fato devemos reconhecer. O mercado avícola nacional demonstrou muita competência para lidar com esta questão. Apesar de toda esta crise, produção e exportação ficaram praticamente aos mesmo níveis de 2008. Mas o grande problema foi no âmbito das finanças. As empresas avícolas trabalharam o ano de 2009 no vermelho. O faturamento com as exportações, conforme recém divulgado pela ABEF, caiu 16,33% em relação ao mesmo período do ano anterior, fazendo com que o País perdesse mais de US$ 1 bilhão em receita.
A questão do crédito também foi um outro problema. No ano passado, até obtivemos expansão do limite de crédito, mas o setor não conseguia a liberação dos financiamentos em função de uma cautela desnecessária por parte das instituições bancárias. Para completar, um câmbio desfavorável e preços baixos no mercado interno e externo reduziram de forma considerável o fluxo de caixa do setor.
E enquanto a avicultura sofria com as questões cambiais, outros segmentos se favoreciam desta questão. Assim aconteceu com os supermercados, que compraram ao longo do ano um produto mais barato e não repassaram desconto algum para os consumidores. Em média, a margem de lucro destes estabelecimentos foi de 50% no frango inteiro e de até 100% nos cortes.
Em resumo, esta foi a realidade do setor. Para este ano, as perspectivas são diferentes. Como já retratado neste espaço, o ano eleitoral somado com o reajusto do salário mínimo colocará mais dinheiro na economia e deverá alavancar o consumo e a produção.
Mas além dessa questão, fica também a expectativa de que o Governo possa tomar as ações mais efetivas para incentivar a avicultura. Novamente: facilidade para obtenção de crédito, ajustes no câmbio e desoneração do PIS / COFINS são fortes instrumentos para fazer com que 2010 seja bem diferente.