Tecnologia NIR: uma importante ferramenta de gestão

Quando analisamos um determinado ingrediente o objetivo é conhecer os seus constituintes básicos e possíveis contaminantes. O desenvolvimento de novas ferramentas tecnológicas aliadas ao meio científico tem melhorando muito a qualidade das matérias-primas e ampliado a capacidade de uso de informações, antes improváveis de ser interpretadas devido a sua complexidade. As técnicas analíticas têm se tornado mais robustas para que os resultados analíticos sejam os mais exatos e confiáveis possíveis. No campo da nutrição animal essa evolução não é diferente. As análises nutricionais acompanharam o desenvolvimento das diversas cadeias produtivas (aves, suínos, bovinos, pets) atendendo as exigências nutricionais dos animais nas diversas fases de desenvolvimento.

Para auxiliar no campo da nutrição animal, técnicas modernas e rápidas ganharam espaço ao longo das últimas décadas, como é o caso da espectroscopia de infravermelho próximo (NIR). Esse método de análise já é muito difundido e utilizado em diversos segmentos, tais como farmacêutico, químico, petroquímico e agroquímico. Essa ferramenta consiste na absorção de luz infravermelha (1100 a 2500 nm). A absorção de energia é resultante dos compostos orgânicos presentes na amostra e pode ser empregada para obter uma estimativa direta ou indireta da concentração de uma substância. A técnica compreende a integração de uma base de dados obtidos a partir de análises por metodologias tradicionais (via úmida) e as avaliações espectrais.

Em cereais, essa ferramenta tem sido muito utilizada na determinação de parâmetros bromatológicos, como por exemplo, proteína bruta, teor de umidade, extrato etéreo, entre outros. Atualmente, a tecnologia NIR também vêm sendo empregada para análise de micotoxinas, como uma importante ferramenta de monitoramento dos principiais ingredientes utilizados nas Indústrias de rações. As vantagens do uso da tecnologia NIR em relação a outros métodos são a facilidade no preparo e análise da amostra. Outro ponto é que a técnica de infravermelho não gera resíduo de reagentes, portanto não causa poluição, o que vai de encontro com a preocupação crescente com o meio ambiente.

Através do histórico do monitoramento das micotoxinas, aliado a fatores como a susceptibilidade de cada espécie animal, idade, sexo e exposição a fatores sanitários, ambientais e nutricionais, o algoritmo calcula o Risco Micotoxinas (RM). A Figura 1 exemplifica o Risco pregresso e atual para aflatoxina em uma empresa produtora de frangos. O Risco Micotoxinas  indica o momento em que é necessário tomar-se decisões para minimizar o impacto das micotoxinas no sistema produtivo.

Figura 1 – Exemplo do risco micotoxinas para Aflatoxina B 1 em frangos de corte na fase de crescimento e final ao longo do tempo. Além disso, os gráficos estatísticos auxiliam na obtenção de informações para a tomada de decisões. Na Figura 2 visualiza-se a prevalência e média de concentração de micotoxinas das amostras em relação às amostras que compõe os principais bancos envolvidos no processo.

Figura 2 – Média de concentração e positividade de fumonisinas (B 1 +B 2 ) em amostras do cliente em relação ao mercado (geral).

Sendo assim, o NIR é uma ferramenta muito importante para o monitoramento, tanto para fins nutricionais e micotoxicológico, pois tem como benefícios a facilidade no preparo das amostras, não causa poluição ambiental, fácil operacionalidade e, principalmente, a agilidade na obtenção do resultado. A utilização do risco micotoxinas baseado no NIR como um sistema de gestão micotoxicológica é um recurso muito seguro de tomada de decisão que traz benefícios para o produtor e para os animais, possibilitando a tomada de decisão em tempo real.