Introdução
O triptofano é um aminoácido de grande importância na nutrição de codornas japonesas, especialmente por ser considerado um aminoácido essencial e que contribui muito com a flexibilização dos custos de ração nas formulações.
As recomendações nutricionais utilizadas para as rações de codornas ainda ocupa uma lacuna que deixa o produtor dessa ave impossibilitado de formular rações que realmente possam condizer com suas condições de criação, o que sem dúvida promove grandes perdas em desempenho e até na qualidade dos ovos produzidos.
Assim, esse trabalho teve o objetivo de determinar a exigência de triptofano para codornas japonesas em postura alimentadas com rações contendo níveis crescentes desse aminoácido sob a qualidade dos ovos.
Material e Métodos
O estudo foi realizado no Módulo de Pesquisas com Aves do CCA/UFPB, Areia/PB. A cidade de Areia está inserida na microrregião do Brejo Paraibano (6º 58' 12'' de latitude Sul e 35º 42' 15'' de longitude Oeste), com altitude média de 619 m (GONDIM e FERNANDES, 1980). De acordo com a classificação de Köppen, o clima é tropical semi-úmido do tipo As', isto é, clima quente e úmido que se caracteriza por apresentar estação chuvosa no período outono-inverno, com precipitação pluviométrica média anual girando em torno de 1500 mm, temperatura média anual entre 22-30ºC e umidade relativa do ar elevada (75-87%). Segundo a classificação bioclimática de Gäussen, nesta região predomina o bioclima 3 dth (nordestino sub-seco), com período seco variando de um a três meses no ano (BRASIL, 1972).
Um total de 288 codornas japonesas aos 125 dias de idade foi distribuído em um delineamento inteiramente casualisado, com seis tratamentos, com seis repetições de 8 aves cada. Os tratamentos consistiram em uma ração formulada à base de milho e farelo de soja, suplementada com os aminoácidos industriais L-Lisina, L- Treonina, DL-Metionina, L-Triptofano, L-Arginina, L-Isoleucina e L-Valina de forma a atender as exigências nutricionais para codornas japonesas em postura de acordo com o recomendado pelo NRC (1994), exceto para triptofano.
A ração basal foi suplementada com 0,00, 0,02, 0,04, 0,061 e 0,081% de L-Triptofano em substituição ao L-Glutamato com o objetivo de alcançar os níveis de 0,150, 0,170, 0,190, 0,210 e 0,230% de triptofano na ração, resultando nas relações triptofano: lisina de 15, 17, 19, 21 e 23% (Tabela 1).
O L-Glutamato foi utilizado para tornar as dietas isoprotéicas. O nível dietético do óleo de soja e do inerte foi acrescido em substituição ao L-Glutamato que foi reduzido com o aumento dos níveis de triptofano nas rações experimentais, de forma a tornar as dietas, além de isoprotéicas, isoenergéticas.
As variáveis avaliadas foram a gravidade específica (GE, g/cm3), porcentagens de gema (PGema, %), albúmen (PAlbúmen, %), casca (PCasca, %) e espessura da casca (Esp Casca, mm).
Os dados foram avaliados por meio de regressão polinomial, com auxílio do programa estatístico SAEG (1997).
Resultados e Discussão
Embora a variação crescente dos níveis de triptofano nas rações das codornas japonesas, a qualidade dos ovos não foi influenciada significativamente, como apresentado na Tabela 1.
Tabela 1. Gravidade específica (GE, g/cm3), porcentagem de gema (PGema, %), albúmen (PAlbumen, %), e casca (PCasca, %), além da espessura da casca (Esp Casca, mm) em função do nível de treonina.
De acordo com o NRC (1994), a exigência de triptofano total para codornas japonesas em fase inicial e de reprodução é de 0,22 e 0,19%, com 24 e 20% de PB e 2.900 kcal de EM/kg de ração, respectivamente. Shim & Lee (1993) reportaram que, para ótima produção de ovos e eficiência alimentar, as dietas de codornas em postura devem conter, em aminoácidos totais, 1,0% de lisina, 0,43% de metionina, 0,18% de triptofano e 0,63% de treonina. No entanto, trabalhos realizados por Shim & Vohra (1984) determinaram a exigência de 0,25% de triptofano total. Leeson & Summers (2005) discordaram dos autores anteriores, recomendando 0,22% de triptofano total na dieta de codornas na fase de produção. Em nosso estudo, os melhores níveis de triptofano foram 0,210 e 0,216% deste aminoácido, com uma relação variável e constante a 21% com a lisina, respectivamente.
Conclusões
Os níveis de triptofano total utilizados nas rações das codornas japonesas avaliados nesse estudo não comprometem as variáveis estudadas.
Agradecimentos
Ao CNPq pelo apoio financeiro (141196/2009-2), a Granja Fujikura, a Ajinomoto Animal Nutrition, ao GETA e aos colegas Guilherme de Souza Lima e José Gomes Vidal Júnior.
Literatura citada
BRASIL. Ministério da Agricultura. Equipe de pedologia e fertilidade do solo. Divisão de Agrologia - SUDENE. Levantamento exploratório: reconhecimento de solos do estado da Paraíba. Rio de Janeiro: MA/CONTA/USAID/SUDENE, 1972. 670p. (Boletim Técnico, 15).
GONDIM, A. W. A.; FERNANDES, B. Probabilidade de chuvas para o município de Areia-PB. Agropecuária Técnica, Areia, v. 1, n.1, p. 55-63, 1980.
LEESON, S., AND J. D. SUMMERS. 2005. Commercial poultry production. 3rd ed. University Books, Guelph, Ontario, Canada
NRC. 1994. Nutrient Requirements of Poultry. 9th ed. National Academics Press, Washington, DC.
SHIM, K.F., P. VOHRA A Review of the Nutrition of Japanese Quail. World's Poultry Science, v.40, p.261-271, 1984.
SHIM, K.F.; LEE, T.K. Effect of dietary essential amino acids on egg production of laying Japanese quail. Singapore Journal of Primary Industries, v.21, n.2, p.72-75, 1993.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - UFV. Central de Processamento de Dados – UFV/CPD. SAEG – Sistema para análise estatística e genética. Versão 8.0 Viçosa, MG: UFV. 54p,1997.