Introdução
A parcela da população que tem buscado produtos que garantam seu bem-estar e principalmente saúde tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, com isso, a utilização de alternativas naturais tem tido destaque, a exemplo, aditivos fitoterápicos. Em virtude disso, pesquisas científicas vêm sendo desenvolvidas com o objetivo de analisar e comprovar os efeitos do uso de plantas na medicina tradicional, desvendando os mecanismos de ação que possam agir na prevenção, tratamento e cura de patologias humanas e animal (NUNES PINHEIRO et al., 2003). Entretanto, o maior desafio na utilização de extratos vegetais, ainda é a identificação e o estabelecimento dos efeitos exercidos pelos compostos ativos presentes nessas plantas sobre o organismo animal (RIZZO, 2008).
Dentro desta perspectiva, este artigo tem por objetivo abordar aspectos gerais dos aditivos fitogênicos como alternativas para impedir doenças comuns e também na manutenção da saúde animal.
Aditivos fitogênicos
O Brasil possui a mais rica biota do planeta, entretanto submete a estudos químicos e farmacológicos menos de 10% do total de plantas existentes no país. Todavia, este cenário vem mudando, pois nos últimos anos as pesquisas com plantas medicinais têm aumentado consideravelmente. Algumas espécies estão sendo utilizadas como ponto de partida para a fabricação de importantes medicamentos, pois podem ser fornecedoras de matérias-primas para a síntese destes, bem como, serem utilizadas como agentes terapêuticos.
Para que possam ser comercializados, os medicamentos com base em plantas devem ter seus efeitos comprovados e, principalmente, ser isentos de toxicidade. Apesar disso, diversos produtos à base de plantas são lançados no mercado brasileiro, sem seguir essas diretrizes (TAGLIATI et al., 2008). Corroborando com essa afirmação, NUNES-PINHEIRO et al. (2003), salientam que o uso das plantas é utilizado em função do seu benefício, sendo que é importante se atentar para o conhecimento quanto a dosagens, porção da planta a ser utilizada e suas propriedades terapêuticas.
Para uma melhor definição, planta medicinal pode ser entendida como o vegetal que possua, em um ou mais órgãos, substâncias ativas que atuem com fins terapêuticos ou que sejam precursores de fármacos semissintéticos (BULLETIN OF THE WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1998).
Já o fitoterápico, de acordo com a definição da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, publicado pela portaria nº 6 de 31 de janeiro de 1995, é "todo medicamento tecnicamente obtido e elaborado, empregando-se exclusivamente matérias-primas vegetais com finalidade profilática, curativa ou para fins de diagnóstico, com benefício para o usuário. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos do seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. É o produto final acabado, embalado e rotulado. Na sua preparação podem ser utilizados adjuvantes farmacêuticos permitidos na legislação vigente, não podem estar incluídas substâncias ativas de outras origens, ainda que de origem vegetal, isoladas ou mesmo em misturas".
Segundo Pearce & Jin (2010) os aditivos fitogênicos vem chamando a atenção dos estudiosos, e são de interesse principalmente dos consumidores, pois são consideradas alternativas naturais a compostos sintéticos.
As espécies como Hypericum perforatum (hipérico), Allium sativum (alho), Origanum majorana (manjerona), Thymus vulgare (orégano), Menta piperita (hortelã), Rosmarinus officinalis (alecrim), Thymus vulgaris (tomilho), Juniperus communis (zimpro), Capsicum annuum (pimenta vermelha) e Allium cepa (cebola) despertaram interesse dos pesquisadores da nutrição animal, pois possuem princípios ativos que podem trazer benefícios aos animais (KAMEL, 2000).
Neste mesmo raciocínio, Lima et al. (2006) mencionam o uso de algumas plantas para animais, tais como: abóbora (Curcubita pepo L.) como vermífugo, antitérmico, cicatrizante e anti-inflamatório; alho (Allium sativum L.) como inseticida com ação sobre carrapatos e mosca-do-chifre nos bovinos; arnica (Solidago chilensis Meyen) com as inflorescências secas são queimadas para tratar o garrotilho em cavalos, também é utilizada como analgésico nas contusões e entorses dos animais; eucalipto (Eucaliptus globulus Labill) em complicações das vias respiratórias e em casos de febre; sabugueiro (Sambucus australis Cham & Schltdl.) com ação diurética, anti-inflamatória, antipirética, anti-séptica, cicatrizante e as cascas são indicadas para reumatismo e pneumonia; vassourinha (Scoparia dulcis L.) em aves é utilizada no tratamento de bouba aviária.
Pode-se destacar também, que a maioria dos estudos envolvendo estes aditivos está sendo testado em substituição aos antibióticos – promotores de crescimento e dos antimicrobianos, como é o caso de extrato de orégano, eucalipto, artemísia, trevo, extrato de pomelo, entre outros (FUKAYAMA et al., 2005; TOLEDO et al., 2007; GABRIEL Jr. et al., 2008). De acordo com Silva et al. (2010), os fitogênicos também podem ser explorados quanto a ação sedativa e ansiolítica, como é o caso da passiflora que foi testada em codornas, onde foi possível observar que em determinadas fases de criação as aves ficaram mais calmas, e não interfere na produção, qualidade dos ovos ou na resposta imune.
Considerações Finais
Considerando que estes aditivos fitogênicos são de interesse da grande maioria dos consumidores por serem considerados produtos alternativos aos compostos sintéticos é de suma importância compreender os mecanismos de ação, onde se exige aprofundamento científico para investigações futuras na busca de elucidar a eficácia clínica destes aditivos. Neste contexto criam-se perspectivas inovadoras e crescentes quanto a seu uso na terapêutica preventiva e cura, contribuindo deste modo para o bem estar animal.
Referências
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BULETIN OF THE WORLD HEALTH ORGANIZATION. Regulatory situation of herbal medicines. A wordwide Review, Geneva, 1998. Disponível em:<http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/whozip57e/whozip57e.pdf> Acesso em: 02 jan. 2011.
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