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NÍVEIS DE RACTOPAMINA PARA SUÍNOS EM TERMINAÇÃO COM DIFERENTES POTENCIAIS GENÉTICOS PARA GANHO DE PESO OU SÍNTESE DE CARNE MAGRA.

Publicado: 20 de abril de 2016
Por: HELENA M. F. SILVA1*, FÁBIO R. ALMEIDA1, GUSTAVO F. RODRIGUES1, NÍKOLAS O. AMARAL1, LETÍCIA G. M. AMARAL2 1Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Sul de Minas Gerais IFSULDEMINAS – Campus Machado – Machado/MG – 2UFLA – Lavras/MG.
Sumário

A crescente demanda de carne suína com menor percentual de gordura é uma realidade no Brasil e no mundo. Com isso, produtores têm aplicado estratégias nutricionais para atender essa exigência. Porém, diante da grande variedade de material genético disponível, os manejos nutricionais podem ter efeitos diferentes nas linhagens comerciais comumente utilizadas. Nesse sentido, foi avaliado o uso de diferentes concentrações de ractopamina (RAC) para animais provenientes de dois cruzamentos comerciais. O experimento foi conduzido com animais em fase de terminação (120 a 150 dias). Foram utilizados 60 animais (30 machos castrados e 30 fêmeas) em um delineamento experimental em blocos casualizados em arranjo fatorial 3 x 2 (três níveis de RAC - e duas genéticas), totalizando seis tratamentos e cinco repetições, com dois animais por parcela experimental. Ao final do período experimental foi avaliado o desempenho dos animais e após o abate foram realizadas análises nas carcaças. Os dados foram submetidos à análise de variância e analisados pelo teste de comparação de médias (Tukey) a 5% de significância pelo pacote estatístico SISVAR. Para as variáveis de desempenho não foram observadas diferenças significativas (P > 0,05) independente da genética avaliada ou do nível de RAC administrado. Para as características de carcaça houve interação (P < 0,05) para rendimento de carne na carcaça e espessura de toucinho, sendo que os suínos oriundos de reprodutores predominantemente DLPH apresentaram melhores índices quando suplementados com 10 ppm de RAC.

 

Palavras chave: carcaça; nutrição; partidor de nutrientes.

 
Introdução
Atualmente, como forma de satisfazer a demanda do mercado consumidor, as empresas de suínos têm dado ênfase à melhoria na qualidade de carcaça. Além disso, existe uma tendência de melhor remuneração de carcaças mais pesadas e com maior percentagem de carne, reforçando assim a importância da qualidade deste produto no sucesso da atividade. Sabe-se que, com o aumento do peso vivo os suínos apresentam maior capacidade de consumo, que resulta em menor eficiência alimentar e acúmulo de gordura corporal. Dessa forma, programas de seleção genética, manejo alimentar e recursos nutricionais têm sido desenvolvidos com o intuito de possibilitar o abate de animais pesados, sem comprometimento do desempenho e qualidade da carcaça. Na nutrição, o efeito da utilização de ractopamina como modificador de carcaça vem sendo bastante estudado, uma vez que atua no aumento da síntese muscular, inibição da lipogênese e aumento da atividade lipolítica (RUTZ & XAVIER, 1998). O potencial dos animais para ganho de carne magra e taxa de ganho de peso também deve ser considerado, uma vez que podem haver variações nas exigências de nutricionais. Assim, fazes necessário avaliar a resposta de suínos em terminação frente ao uso de diferentes níveis de ractopamina em programas de alimentação específicos para as linhagens comerciais e seus cruzamentos, com o intuito de melhorar a eficiência produtiva. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar a utilização de diferentes níveis de ractopamina na dieta de suínos em terminação oriundos do cruzamento entre uma matriz comercial e reprodutores de diferentes perfis genéticos.
 
Material e Métodos
O experimento foi conduzido na Unidade Educativa de Produção de Suínos do IFSULDEMINAS, em Machado, MG. Foram utilizados 60 suínos, de diferentes potenciais para ganho de peso e síntese de carne magra, com peso inicial de ± 75,0 kg alojados em baias de piso parcialmente ripado. O delineamento experimental foi em blocos casualizados em arranjo fatorial 3 x 2 (três níveis de RAC – 0, 5 e 10 ppm - e duas origens genéticas, totalizando seis tratamentos e cinco repetições, com dois animais por parcela experimental (um macho e uma fêmea). Foram avaliadas a progênie oriunda do cruzamento entre uma matriz comercial e dois reprodutores de diferentes potenciais para síntese de carne magra e taxa de ganho de peso. Os machos utilizados foram o PIET (com predominância da genética Pietrain e caracterizado por imprimir em sua progênie maior síntese de carne magra) e o DLPH (proporção semelhante de Hampshire, Duroc, Large White, Pietrain, caracterizado por imprimir em sua progênie maior taxa de ganho de peso). As dietas foram formuladas de forma a atender ou exceder as exigências mínimas sugeridas por Rostagno et al., (2011). As dietas foram fornecidas à vontade durante 28 dias para avaliação do desempenho. Após este período, o suíno macho de cada parcela foi abatido para avaliação das características de carcaça. As variáveis analisadas para o desempenho foram o peso final, consumo de ração médio diário, conversão alimentar e ganho de peso médio diário. Com relação às características de carcaça foram avaliados: rendimento de carcaça, espessura de toucinho e rendimento de carne na carcaça (GUIDONI, 2000).
 
Resultados e Discussão – Na Tabela 1 estão descritos os resultados de desempenho.
Para as variáveis de desempenho, não foram observadas diferenças significativas (P > 0,05), independente da origem genética avaliada ou do nível de ractopamina administrado. Esses resultados divergem da maioria dos trabalhos disponíveis na literatura (AMARAL et al. 2009). Estes resultados podem ser explicados pela variação existente entre machos e fêmeas dentro da parcela experimental. Para as características de carcaça (Tabela 2) houve interação (P < 0,05) para rendimento de carne na carcaça e espessura de toucinho, sendo que os suínos oriundos de reprodutores DLPH apresentaram melhores índices quando suplementados com 10 ppm de ractopamina. Esses resultados demonstram que o potencial do animal para síntese de carne magra ou taxa de ganho de peso pode influenciar na resposta à suplementação de ractopamina. Os resultados obtidos no presente estudo demonstram que a ractopamina melhorou as características de carcaça dos animais caracterizados no mercado por maior taxa de ganho de peso, sem influenciar aqueles já caracterizados por apresentar maior síntese de carne magra.
 
Tabela 1 – Desempenho de suínos de 70 a 100 Kg de diferentes origens genéticas (DLPH e PIET) alimentados com diferentes níveis de ractopamina na dieta (0, 5 e 10 ppm)
NÍVEIS DE RACTOPAMINA PARA SUÍNOS EM TERMINAÇÃO COM DIFERENTES POTENCIAIS GENÉTICOS PARA GANHO DE PESO OU SÍNTESE DE CARNE MAGRA. - Image 1
 
Tabela 2 – Avaliação de carcaça de suínos aos 100 Kg de diferentes linhagens genéticas (DLPH e PIET) alimentados com diferentes níveis de ractopamina na dieta (0, 5 e 10 ppm)
NÍVEIS DE RACTOPAMINA PARA SUÍNOS EM TERMINAÇÃO COM DIFERENTES POTENCIAIS GENÉTICOS PARA GANHO DE PESO OU SÍNTESE DE CARNE MAGRA. - Image 2*Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem entre si pelo teste Tukey (P < 0,05)
 
Conclusão
A suplementação de 10 ppm de ractopamina melhora a síntese de carne magra de suínos em terminação, oriundos de machos reprodutores caracterizados no mercado por imprimir maior taxa de ganho de peso à sua progênie.
 
Agradecimentos
Os autores gostariam de agradecer à FAPEMIG pelo apoio financeiro e à Agriness pela doação do software AGRINESS S2 COMERCIAL utilizado no gerenciamento dos índices da Unidade Educativa de Produção.
 
Referências Bibliográficas
1. AMARAL, N. O. et al. Cloridrato de ractopamina em rações formuladas para suínos castrados ou para fêmeas na fase dos 94 aos 130 kg. Rev. Bras. Zootecnia, v. 38, p. 1494-1501, 2009.
2. CORASSA, A. et al. Desempenho, característica de carcaça e composição óssea de suínos alimentados com diferentes níveis de ractopamina e fitase. Rev. Bras. Zootecnia, v. 39, 2010.
3. GUIDONI, A. L. Melhoria de processos para a tipificação e valorização de carcaças suínas no Brasil. In: Conf. Int. Virtual sobre Qual. de Carne Suína. Embrapa Suínos e Aves, 2000, Concórdia, SC, 2000. 14p.
4. ROSTAGNO, M. H. et al. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 3 ed. Viçosa, MG: UFV, 2011. 252 p.
5. RUTZ, F.; XAVIER, E. G. Agentes repartidores de energia para aves e suínos. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 1998. Anais... Botucatu, 1998. p.201-218.
6. SISVAR - Sistema de análise de variância para dados balanceados. UFLA, Lavras, MG. 1998. 19 p.

***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.
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Autores:
Helena Fonsecca
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