Introdução
O desenvolvimento da suinocultura se deve a fatores como às variadas tecnologias de manejo, a atenção dada ao controle sanitário e a constantes avanços na nutrição. Para viabilizar a eficiência produtiva o produtor recorre a alternativas de defesa como o uso de vacinas e antibióticos. Desde que foram introduzidos na produção animal, os antimicrobianos foram indispensáveis tanto para o controle da mortalidade e da morbidade, quanto para o aumento da produtividade (GIGUÉRE et al., 2013). Os antibióticos podem ser utilizados para o tratamento de doenças, sendo em altas dosagens e por um período curto na vida do animal, ou como promotor de crescimento, sendo incluído na ração em doses pequenas como forma de prevenção contra agentes que possam prejudicar o desempenho. Eles atuam na redução da utilização de nutrientes pelos microrganismos e na redução de metabolites microbianos que deprimem o crescimento dos animais contribuindo assim para melhora dos índices de desempenho como ganho de peso e conversão alimentar. O objetivo deste estufo foi avaliar os efeitos da utilização ou não de programas terapêuticos de antibióticos na fase de crescimento e terminação sobre as características de carcaça de 72 suínos de alta potencial genético com bom status sanitário.
Material e Métodos
Foram selecionados aos 63 dias de idade 72 suínos machos castrados com maior peso de um lote de 224 animais, assim, considerados como animais com potencial genético superior. O peso inicial médio foi de 26,11 ± 3,553kg. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados sendo o peso inicial utilizado como fator bloco, com dois tratamentos (Controle – Sem choque de antibiótico; ATB – Com choque de antibiótico) e 36 repetições, sendo a parcela experimental representada pela carcaça de cada animal. A dieta experimental foi formulada a base de milho e farelo de soja, seguindo as recomendações descritas nas Tabelas Brasileiras de Aves e Suínos (ROSTAGNO et al., 2011). O experimento teve duração de 76 dias e os animais foram alimentados ad libitum até o final deste período. O choque de antibiótico realizado foi dividido em duas diferentes fases do experimento. O primeiro choque foi realizado ao início da fase de crescimento, com o antibiótico Doxiciclina, em uma dosagem de 10 mg/kg de peso vivo por dia, durante cinco dias. O segundo choque foi ao início da fase de terminação, com o antibiótico Tiamulina, em uma dosagem de 8,8 mg/kg de peso vivo por dia, durante cinco dias. Ao final da fase de terminação (139 dias de idade), foram avaliadas as medidas de espessura de toucinho (ET), profundidade de lombo (PL) e área de olho de lombo (AOL), através de ultrassonografia, por meio do equipamento ALOKA modelo SSD-500 e transdutor linear de 3,5MHz modelo UST 5011. As medidas foram realizadas a 6,5 cm da linha dorsallombar e a 6,5 cm da última costela na direção cranial, no ponto P2. Ao final do experimento, aos 139 dias de idade os animais foram pesados e encaminhados para o abate, em frigorífico certificado pelo Sistema de Inspeção Federal (SIF), localizado no município de Lavras – MG. Foi realizada a pesagem logo após o abate para determinação do peso de carcaça quente (PCQ) e rendimento de carcaça (RC). Também foi avaliado o índice de bonificação (IB), comprimento de carcaça (CC) e a relação peso e comprimento para avaliação da compacidade de carcaça (CompC), de acordo com Bridi e Silva (2009), e determinação do rendimento de carne na carcaça resfriada (RCCR). A Temperatura e o pH foram mensurados no músculo Longissimus dorsi da meia-carcaça esquerda, na altura da 12ª costela, 45 minutos após o abate. Estes parâmetros foram mensurados utilizando-se pHmetro com termômetro Testo 205 (Testo do Brasil, Campinas – SP). Os dados foram submetidos à análise de variância, adotando-se um nível de significância a 5%. Os dados foram analisados utilizando o pacote estatístico SAS (SAS Institute, 2009).
Resultados e Discussão
Os resultados de espessura de toucinho (ET), profundidade de lombo (PL), área de olho de lombo (AOL), peso de carcaça quente (PCQ), pH, temperatura, comprimento de carcaça (CC), rendimento de carcaça (RC), compacidade de carcaça (CompC), rendimento de carne na carcaça resfriada (RCCR) e índice de bonificação (IB), estão apresentados na Tabela 1. Para as variáveis ET, PL e AOL, mensuradas aos 139 dias de idade, foi verificada diferença significativa (P<0,05) apenas para PL, sendo maior em animais do grupo controle. Não houve diferença significativa (P>0,05) para pH, temperatura, CC, RC, RCCR e IB, avaliados após abate aos 139 dias de idade, porém, as variáveis PCQ e CompC, foram maiores em animais que receberam choque de antibiótico (P<0,05). O aumento no peso de carcaça quente desses animais pode ser relacionado a uma possível diminuição no peso de seus órgãos, pois o peso final dos animais dos dois tratamentos foi semelhante ao final do experimento. A síntese proteica ocorre de forma diferente entre os órgãos, sendo o intestino composto por um tecido de alta reciclagem de células. A presença de microrganismos afeta a estrutura, função e turnouver proteico dos tecidos intestinais (WILLIANS et al., 1991). Dessa forma, os animais tratados com antibióticos podem ter tido menor peso de órgãos. Consequentemente ao aumento do peso de carcaça quente, os animais com choque de antibiotic apresentaram melhora significativa (P<0,05) para a variável compacidade de carcaça.
Tabela 1 - Avaliação de carcaça aos 139 dias e após o anate em suínos machos castrados recebendo ou não choque de antibióticos.
Letras maiúsculas na linha diferem pelo teste de F com P <0,05.
Conclusão
Os animais que não recebem choque de antibiótico apresentam maior profundidade de lombo aos 139 dias de idade, enquanto os que recebem apresentam maior peso de carcaça quente e maior compacidade de carcaça.
Agradecimentos
FAPEMIG, CAPES e NESUI.
Referências Bibliográficas
1. BRIDI, A. M.; SILVA, C. A. Métodos de avaliação de carcaça e da carne suína. Londrina: Midiograf, 2009.
2. GIGUÉRE, S.; PRESCOTT, J. F.; BAGGOT, J.; WALKER, R.; DOWLING, P. (2013). Antimicrobial Therapy in Veterinary Medicine (5ª ed.). Iowa, USA: John Wiley & Sons, Inc.
3. GUIDONI, A. L. Melhorias de processos para a tipificação de valorização de carcaças suínas no Brasil. In: CONGERÊNCIA INTERNACIONAL VIRTUAL SOBRE A QUALIDADE DE CARNE SUÍNA, 1., 2000. Anais... Concórdia: Embrapa, 200. P. 221-234.
4. ROSTAGNO et al., Tabelas brasileiras para aves e suínos. (Composição de alimentos e exigencies nutricionais). 3ª. Ed. Viçosa, MG: UFV, Departamento de Zootecnia, 252 p. 2011.
5. SAS INSTITUTE INC. SAS user`s guide: statistics. Cary, 2009. (Version 9.3)
6. WILLIAMS, V. E. P. Pig Veterinary Journal, v.25, p.75, 1991.
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.