Introdução
A carne suína é a proteína mais consumida no mundo, representando quase a metade da produção e consumo mundial de carnes. O Brasil é o quarto maior produtor e exportador mundial de suínos, com 3,02 % da produção total e 7,36 % das exportações (ABPA, 2015). Contudo, a pressão dos custos de produção é constante e desafiadora. Dessa forma, pesquisas direcionadas a produtos e subprodutos alternativos tornam-se imprescindíveis, principalmente com aqueles ingredientes disponíveis para os animais durante todo o período de entressafra dos convencionais ou durante todo o ano. A cana-de-açúcar tem elevado potencial para ser utilizada como fonte energética na nutrição animal, visto que possui elevada produção de matéria seca por unidade de área, é uma cultura de fácil implantação e manejo, tem ciclo perene, possui alta estabilidade de seu valor nutritivo após a maturação, tem boa palatabilidade e custo de produção relativamente baixo, quando comparado a outras culturas forrageiras. Assim, objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito da utilização da cana-de-açúcar integral em substituição parcial ao milho da ração sobre as características de carcaça e o peso dos órgãos internos de suínos na fase de terminação tardia.
Material e Métodos
Foram utilizados 36 suínos machos castrados, híbridos comerciais (AGPIC 337 x CAMBOROUGH 23), com peso inicial médio de 103,86 ? 6,47 kg. Os animais foram blocados por peso e distribuídos em 18 baias. Os tratamentos foram compostos por três rações formuladas para atender às recomendações de Rostagno et al. (2005). A ração controle (T1) foi formulada à base de milho e farelo de soja e suplementada com minerais, vitaminas e aminoácidos. As outras rações correspondentes aos demais tratamentos experimentais caracterizavam-se pela inclusão de cana-deaçúcar na ração, em substituição parcial ao milho, sendo: T1 - ração controle; T2 - ração controle, com substituição de 30 % do milho pela cana-de-açúcar; T3 - ração-controle, com substituição de 30 % do milho pela cana-de-açúcar e com os nutrientes corrigidos, exceto a energia. Ao final do experimento, ao atingirem a média de 126,89 ? 7,65 kg, e após serem mantidos sob jejum por 24 horas, os animais foram abatidos no abatedouro municipal. A pesagem dos órgãos internos foi feita imediatamente após a evisceração dos animais abatidos. As variáveis de carcaça foram analisadas no IFNMG Campus Salinas. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, sendo utilizados três blocos conforme o peso inicial dos animais, com três tratamentos e seis repetições, sendo cada baia uma unidade experimental constituída por dois animais. Os resultados foram submetidos à análise de variância, utilizando-se o programa computacional SISVAR, segundo Ferreira (2000). Os tratamentos foram comparados pelo Teste Scott-Knott a 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
Os resultados obtidos indicam que não houve diferença (P>0,05) no peso de carcaça quente, peso de carcaça fria, rendimento de carcaça, comprimento de carcaça, profundidade torácica, circunferência de pernil, área de olho de lombo e espessura de toucinho nos tratamentos adotados (Tabela 1). Desse modo, pode-se inferir que a utilização de cana-de-açúcar para suínos em terminação não é capaz de interferir na dinâmica do metabolismo de nutrientes ao ponto de afetar as características de carcaça analisadas. Resultados semelhantes foram obtidos por Oliveira (2008) e Silva et al. (2006), com a inclusão de cana-de-açúcar na alimentação de suínos em terminação, nos quais o peso da carcaça quente e peso da carcaça fria não foram influenciados pelos tratamentos.
Tabela 1. Peso da carcaça quente (PCQ), peso da carcaça fria (PCF), rendimento de carcaça (RC), comprimento de carcaça (CC), profundidade torácica (PT), circunferência de pernil (CP), área de olho de lombo (AOL) e espessura de toucinho (ET) de suínos na fase de terminação tardia alimentados com rações com cana-de-açúcar em substituição parcial ao milho.
Médias seguidas pela mesma letra nas linhas não diferem estatisticamente entre si pelo teste Scott-Knott (P>0,05).
T1 - ração basal; T2 - ração basal, com substituição de 30 % do milho pela cana-de-açúcar; T3 - ração basal, com substituição de 30 % do milho pela cana-de-açúcar e com os nutrientes corrigidos, exceto a energia. CV: Coeficiente de variação.
Não houve influência dos tratamentos (P>0,05) sobre o peso do baço, pâncreas, coração, estômago, fígado, intestino delgado cheio, intestino delgado vazio, pulmão, rins, intestino grosso cheio e intestino grosso vazio entre os tratamentos adotados (Tabela 2). Isto evidencia que a inclusão de cana-de-açúcar à ração dos animais não propiciou uma metabolização de nutrientes que desencadeasse aumento do peso absoluto dos órgãos internos. Resultados semelhantes foram obtidos por Oliveira (2008) e Silva et al. (2006), com a inclusão de cana-de-açúcar na alimentação de suínos em terminação, nos quais não houve interferência dos tratamentos no peso dos órgãos internos.
Tabela 2. Peso do baço (BAÇ), pâncreas (PÂN), coração (COR), estômago (EST), fígado (FÍG), intestino delgado cheio (IDC), intestino delgado vazio (IDV), pulmões (PUL), rins (RIM), intestino grosso cheio (IGC) e intestino grosso vazio (IGV) de suínos na fase de terminação tardia alimentados com rações com cana-de-açúcar em substituição parcial ao milho.
Médias seguidas pela mesma letra nas linhas não diferem estatisticamente entre si pelo teste Scott-Knott (P>0,05).
T1 - ração basal; T2 - ração basal, com substituição de 30 % do milho pela cana-de-açúcar; T3 - ração basal, com substituição de 30 % do milho pela cana-de-açúcar e com os nutrientes corrigidos, exceto a energia. CV: Coeficiente de variação.
Conclusões
De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que a utilização de cana-deaçúcar para suínos em terminação tardia não é capaz de interferir na dinâmica do metabolismo de nutrientes ao ponto de afetar as características de carcaça e o peso dos órgãos internos analisados.
Referências Bibliográficas
1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEÍNA ANIMAL. ABPA. Relatório Anual 2015. São Paulo: ABPA, 2015. 248 p. Disponível em: <http://abpabr. com.br/files/RelatorioAnual_UBABEF_2015_DIGITAL.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2015.
2. FERREIRA, D. F. SISVAR - Sistemas para análise de variância para dados balanceados. Lavras: UFLA, 2000. Software.
3. OLIVEIRA, A. R. S. EAF/Salinas como socializadora de tecnologia: cana-de-açúcar na alimentação de suínos. 2008. 102 p. Dissertação (Mestrado em Educação Agrícola). Instituto de Agronomia. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.
4. ROSTAGNO, H. S. et al. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. ROSTAGNO, H.S. (Ed.). 2 ed. Viçosa: UFV, Departamento de Zootecnia, 2005. 186 p.
5. SILVA, F. V. e. et al. Efeito da utilização de cana-de-açúcar sobre o peso vivo, peso de carcaça e ganho de peso absoluto de cortes de suínos dos 30 aos 100 kg. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 43, 2006, João Pessoa, PB. Anais... João Pessoa, PB, 2006. 4 p.
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.