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Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos

Publicado: 11 de maio de 2022
Por: Jansller Luiz, Isabela Ferreira Leal, Paulo Evaristo Rupolo, Luiz Eduardo dos Reis e Vitor Maximo Barbosa
INTRODUÇÃO
O crescimento industrial e significativo da suinocultura está ligado aos avanços tecnológicos, melhorias na genética, conhecimento preciso das necessidades nutricionais, a preocupação do bem-estar animal e um manejo adequado para se obter melhores índices zootécnicos (COLONI, 2013).
A alimentação representa aproximadamente 75-80% dos custos de produção de suínos no Brasil, da qual as fontes proteicas contribuem com aproximadamente 1/4 deste custo. Então, é necessário otimizar este nutriente nas dietas para o sucesso e viabilidade econômica na produção de suínos, uma vez que representa o item mais oneroso na formulação de rações (ARAÚJO & SOBREIRA, 2008).
Os crescentes avanços da nutrição na determinação das necessidades de aminoácidos para suínos e o aumento da disponibilidade dos aminoácidos industriais permitem que os níveis de proteína bruta das dietas sejam reduzidos, mantendo-se o suprimento dos aminoácidos essenciais (VIDAL et al., 2010).
Segundo Orlando (2001), a estratégia de utilizar a redução dos níveis de proteína bruta, com suplementação de aminoácidos sintéticos, pode proporcionar uma relação de aminoácidos mais próxima do perfil da proteína ideal e assim possibilitar maior eficiência alimentar aos animais pela melhor relação entre os aminoácidos.
Para tanto, um único aminoácido limitante pode lindar o aproveitamento dos aminoácidos essenciais. Os aminoácidos limitantes são aqueles que estão presentes na dieta em concentrações inferiores à exigida para o máximo desempenho animal (NEME et al., 2001).
Neste contexto, o objetivo desta revisão é caracterizar os aminoácidos limitantes para suínos, suas funções e resultados de alguns experimentos na literatura.
DESENVOLVIMENTO DO TEMA
Aminoácidos limitantes e suas funções metabólicas
As fórmulas nutricionais utilizadas para confecção de dietas para suínos têm basicamente como ingredientes primários o milho, a soja e seus produtos processados. O milho, alimento energético, possui deficiência expressiva em lisina e triptofano, enquanto outros cerais, como sorgo, cevada e trigo são deficientes em lisina e treonina. Para a soja, o aminoácido limitante é a metionina.
Com isso, em dietas a base de milho e farelo de soja, os aminoácidos limitantes para suínos são lisina, metionina e treonina/triptofano, classificados em ordem de limitação. Geralmente são classificados como aminoácidos essenciais e não essenciais. Os aminoácidos não essenciais são aqueles que não precisam ser supridos através das dietas, enquanto os essenciais são aqueles obtidos pela dieta em quantidades que atendam as necessidades do animal para a manutenção, crescimento e reprodução (BETERCHINI, 2012).
Além desses dois grupos, alguns autores citam um terceiro grupo de aminoácidos, os condicionalmente essenciais, que são aqueles em que a síntese dos aminoácidos pode ser limitada pela disponibilidade de baixas quantidades de nitrogênio metabólico e em certas situações, as taxas de utilização são maiores que a taxa de síntese (NRC, 2012). Além disso, os aminoácidos podem apresentar uma classificação restrita com base na natureza das cadeias laterais (grupo R), Figuras 1, 2, 3, 4 e 5.
FIGURA 1 - Aminoácidos com cadeias laterais nãopolares e alifáticas
Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos - Image 1
FIGURA 2 - Aminoácidos com cadeias laterais aromáticas
Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos - Image 2
FIGURA 3 - Aminoácidos com cadeias laterais polares não-carregadas
Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos - Image 3
FIGURA 4 - Aminoácidos com cadeias laterais carregadas negativamente
Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos - Image 4
FIGURA 5 - Aminoácidos com cadeias laterais carregadas positivamente
Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos - Image 5
Pela união dos aminoácidos que formam a cadeia proteica, as células podem produzir proteínas com propriedades e atividades distintas. A partir destes conjuntos de aminoácidos diferentes que compõem as diferentes proteínas, os organismos podem sintetizar compostos diferentes entre si, cada uma delas exibindo atividades biológicas características (NELSON & COX, 2014). Os aminoácidos são necessários para a síntese de proteínas corporais e formação de outros compostos nitrogenados, como enzimas, hormônios e anticorpos. Desta forma, cabe ressaltar que os aminoácidos têm funções específicas, não sendo apenas importantes por fazer parte da constituição das proteínas, mas também para outras funções metabólicas (MURAKAMI, 2002).
Os aminoácidos em excesso não são armazenados, sendo rapidamente desaminados liberando amônia para excreção e outros compostos nitrogenados para oxidação e produção de energia, pelo destino das rotas metabólicas (WALTON, 1985). O desbalanceamento nutricional leva ao catabolismo acelerado dos compostos proteicos, comprometendo a relação entre aminoácidos. Neste processo de desaminação, os esqueletos carbônicos dos aminoácidos, em geral, convergem e se encaminham para o ciclo do ácido cítrico (NELSON & COX, 2014), Figura 6.
Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos - Image 6
FIGURA 6 - Catabolismo dos aminoácidos nos mamíferos. Os grupos amino e o esqueleto de carbono, remanescente dos aminoácidos, entram em vias metabólicas separadas, mas interconectadas.
Pela ordem de limitação e essencialidade, a lisina é utilizada como aminoácido referência na formulação das dietas, por haver uma baixa síntese endógena, não sofrer transaminação, possuir metabolismo voltado à deposição de proteína corporal, possuir um lento turnover, existir efetiva correspondência entre a digestibilidade ileal verdadeira e a disponibilidade biológica desse aminoácido, apresentar grande precisão em análises laboratoriais e por ter sua exigência conhecida em todas as fases de produção animal (BATTERHAM et al., 1990; PEDROZO, 2002; ARAÚJO & SOBREIRA, 2008; DUARTE, 2009; BRUMANO & GATTÁS, 2009; TAVERNARI, 2010).
Dietas deficientes no aminoácido sulfurado metionina aumentam o processamento ou assimilação das proteínas contribuindo assim para a deposição de tecido adiposo (SOLBERG, 1971). A metionina é o mais importante doador de radicais metil no organismo, sendo requerida para a biossíntese de muitas moléculas importantes envolvidas no crescimento e desenvolvimento, como por exemplo, creatina, carnitina, poliaminas, epinefrina, colina e melatonina (BAKER,1991).
A rota metabólica do aminoácido metionina pode sintetizar vários outros compostos, entre eles o aminoácido cistina, sintetizado por duas moléculas de cisteína, que tem função especialmente na composição da estrutura de muitas proteínas, como a insulina e as imunoglobulinas, interligando cadeias polipeptídicas pela ponte dissulfeto (BAKER, 1991).
De acordo com Lewis (1991), a treonina é um aminoácido limitante em muitos grãos de cereais, além de que sua biodisponibilidade em ingredientes das rações para leitões é relativamente baixa em relação aos demais (KOVAR et al., 1993; ADEOLA et al., 1994). A treonina, além de sua utilização para a síntese de proteína do tecido muscular e do leite está envolvida em outras funções fisiológicas, como a ingestão e a imunidade. As secreções digestivas, entre elas o muco, é composto principalmente de água (95%) e mucinas (5%), que são glicoproteínas de alto peso molecular, especialmente ricas em treonina. Do mesmo modo que as mucinas, os anticorpos são glicoproteínas globulares que contem alto nível de treonina, sendo provavelmente o primeiro aminoácido limitante para a produção de imunoglobulinas G (AJINOMOTO, 2003).
Entre outros aminoácidos limitantes, o triptofano destaca-se porque além de participar da síntese proteica é precursor de serotonina, neurotransmissor que está relacionado ao estímulo da ingestão de alimento (HENRY et al., 1992). O efeito negativo da deficiência de triptofano na ingestão voluntária de alimento e no desempenho de suínos em terminação está relacionado principalmente à concentração de proteína bruta na ração, uma vez que o transporte de triptofano pelas membranas celulares, tanto no intestino como no cérebro, compete com o transporte dos aminoácidos neutros de cadeia longa, como a tirosina e leucina. Assim haverá menor quantidade de triptofano metabolizado em serotonina e consequentemente menor ingestão de alimento (PEREIRA et al., 2008).
A leucina, isoleucina e valina são aminoácidos de cadeia ramificada. Para suínos a valina é o quinto limitante e a isoleucina o sexto. Esses aminoácidos são considerados essenciais para monogástricos e a principal função é a síntese proteica, bem como sua regulação (HTOO & WILTAFSKY, 2011).
Vale ressaltar que as exigências de aminoácidos dos suínos variam por diversos fatores, entre eles raça, densidade energética da dieta, temperatura ambiente, densidade no alojamento e estado sanitário (NRC, 2012).
Resultados de experimentos com a utilização de aminoácidos limitantes
Diversas pesquisas têm sido realizadas para avaliar a limitação dos aminoácidos nas dietas de suínos. Moretto et al. (2000) avaliaram níveis de lisina para suínos machos e fêmeas Landrace, dos 15 aos 30 kg de peso corporal e encontraram valores de exigência de 1,08% para lisina total ou 0,96% de lisina digestível, o que corresponde ao consumo de lisina de 16,01 e 15,17 g/dia, respectivamente, para melhor desempenho dos animais.
Avaliando o efeito de níveis de lisina digestível sobre o desempenho e características de carcaça de fêmeas suínas, com alto potencial genético, Serao et al. (2012) encontraram valor de 1,11% de lisina digestível correspondente a um consumo de 23,62 g/dia de lisina digestível para deposição de carne magra em suínos dos 30 aos 60 kg.
Corassa et al. (2013) conduziram um experimento para avaliar planos nutricionais do primeiro aminoácido limitante para suínos, dos 63 aos 164 dias e obtiveram como resposta uma linear decrescente de 1,05; 0,85; 0,77; 0,71 e 0,71% para lisina digestível, dos 63 aos 74 dias, 63 aos 89 dias, 63 aos 111 dias, 63 aos 135 dias e 63 aos 164 dias, respectivamente valores dos quais atendem a necessidade nutricional da fase inicial a terminação dos suínos. Fortes et al. (2012) determinaram níveis de lisina digestível para suínos machos castrados de duas linhagens selecionadas para alta deposição de carne, nos intervalos de 63 a 103, 104 a 133 e de 134 a 163 dias de idade e concluíram que os melhores níveis de inclusão de lisina foram de 0,80; 0,70 e 0,60%, respectivamente.
O rendimento de carcaça e a quantidade de carne aumentaram de forma quadrática com o aumento dos níveis de lisina digestível em dietas para suínos machos castrados, dos 60 aos 100 dias de idade, correspondendo ao consumo estimado de 17,28 e 17,52 g/dia, respectivamente, com níveis de 0,89 e 0,90% (GATTÁS et al., 2012).
Oliveira et al. (2006) utilizaram 50 suínos machos castrados, de alto potencial genético para deposição de carne magra na carcaça, para determinar a necessidade de lisina digestível (LD), dos 15 aos 30 kg, com cinco níveis de inclusão e obtiveram uma exigência diária de 1,10% de LD, que corresponde a 12,05 g. Ainda nesse estudo, o ganho diário de peso foi influenciado de forma quadrática pelos níveis de lisina digestível e para os outros parâmetros avaliados observaram-se efeito linear.
Suínos machos castrados, dos 60 aos 95 kg, exigem 0,85% de lisina digestível, correspondente a um consumo diário estimado de 24,2 g de lisina digestível. O consumo diário de lisina aumentou de forma linear em razão dos níveis de lisina da ração, mas de forma quadrática para conversão alimentar (CA) e a CA em músculo (OLIVEIRA et al., 2014).
Avaliando o efeito dos níveis de lisina digestível para 80 suínos machos castrados, dos 95 aos 125 kg, Almeida Santos et al. (2011a) determinaram que o nível de 0,803% de lisina digestível proporcionou os melhores resultados de ganho de peso e deposição de carne, enquanto o nível de 0,817% melhorou a CA e o de 0,948% promoveu maior deposição de carne e espessura de toucinho.
Sobrinho et al. (2013) trabalharam com 35 suínos machos castrados submetidos ao estresse, em salas bioclimáticas reguladas a uma temperatura de 32ºC, para determinar a exigência de lisina digestível e verificaram que a necessidade nutricional para fase de terminação sob estresse térmico de lisina digestível é de 0,98%.
Avaliando os efeitos de proteína dietética e redução de lisina microencapsulada sobre o desempenho, qualidade de carcaça e excreção de nitrogênio, na fase de crescimento e terminação de suínos, de 35 a 180 kg, Prandini et al. (2013) concluíram que a proteína bruta pode ser reduzida em até 3 pontos percentuais sem afetar os parâmetros de desempenho e com redução da excreção de nitrogênio. A redução de lisina sintética pode ainda ser maior, desde que seja utilizada lisina microencapsulada.
Kiefer et al. (2005) realizaram um experimento para determinar a exigência de metionina+cistina digestíveis para suínos machos castrados, dos 30 aos 60 kg mantidos em ambiente com alta temperatura (31ºC) e encontraram relação para máximo ganho de peso de 0,525% e para menor conversão alimentar e máxima deposição de proteína na carcaça de 0,551% , que correspondem às relações metionina+cistina digestíveis: lisina digestível de 63,5 e 66%, respectivamente.
Vieira Vaz et al. (2005) concluíram que a exigência de aminoácidos sulfurados digestíveis para suínos machos castrados, mantidos em ambiente de alta temperatura, dos 15 aos 30 kg é de 0,558% de metionina+cistina digestível na ração, que corresponde à relação metionina+cistina digestível: lisina digestível de 60%.
Em suínos de 85 a 109 kg, alimentados com quatro dietas sob suplementação com ractopamina, a relação de 0,54 metionina+cistina: lisina atende às exigências para melhor desempenho e melhores características de carcaça, enquanto, para menores níveis de colesterol no lombo e no toucinho, a relação é de 0,66 metionina+cistina: lisina (PENA et al., 2008).
Kim et al. (2006) determinaram a eficácia de DLmetionina hidroxi análoga ácido livre (MHA-FA, 88%) comparada com DL-metionina (DLM, 99%), como fontes de metionina, para 245 suínos mestiços, em um primeiro momento, seguido por um estudo com 30 suínos machos em um ensaio de metabolismo. Ainda, os animais alimentados com os aminoácidos apresentaram uma redução linear de nitrogênio (N) com o aumento da concentração de ambas as fontes. Os dados demonstraram uma bioeficácia do produto MHA-FA para os parâmetros de CA, retenção de N e ganho médio diário.
Litvak et al. (2013) aumentaram a inclusão de metionina (dieta plus) e sua relação com cistina para suínos em crescimento e concluíram que a dieta plus foi aumentada quando os suínos sofreram estímulo do sistema imune e descreveram esse fator devido a necessidade inerente para metionina como um doador de grupo metil e um antioxidante no sistema metionina sulfóxido redutase devido ao aumento de transulfuração de metionina a cistina para síntese de compostos envolvidos na resposta imunitária, tais como glutationa e proteínas de fase.
Almeida Santos et al. (2011b) realizaram um estudo para avaliar o efeito de níveis crescentes de metionina+cistina digestível, sobre os parâmetros de desempenho e composição da carcaça de 74 suínos de alto potencial genético, dos 95 aos 125 kg e obtiveram uma melhor resposta para os parâmetros avaliados com o nível de 0,427% de metionina+cistina, correspondente ao consumo de 14,20 g/dia.
Litvak et al. (2013) aumentaram a inclusão de metionina (dieta plus) e sua relação com cistina para suínos em crescimento e concluíram que a dieta plus foi aumentada quando os suínos sofreram estímulo do sistema imune e descreveram esse fator devido a necessidade inerente para metionina como um doador de grupo metil e um antioxidante no sistema metionina sulfóxido redutase devido ao aumento de transulfuração de metionina a cistina para síntese de compostos envolvidos na resposta imunitária, tais como glutationa e proteínas de fase.
Almeida Santos et al. (2011b) realizaram um estudo para avaliar o efeito de níveis crescentes de metionina+cistina digestível, sobre os parâmetros de desempenho e composição da carcaça de 74 suínos de alto potencial genético, dos 95 aos 125 kg e obtiveram uma melhor resposta para os parâmetros avaliados com o nível de 0,427% de metionina+cistina, correspondente ao consumo de 14,20 g/dia.
Berto et al. (2002) determinaram a exigência de treonina para leitões, dos 7-12 kg e dos 12-23 kg e concluíram que para melhor resposta de aproveitamento do alimento pelos leitões, os animais alimentados com os níveis de treonina de 0,94% apresentaram melhor ganho diário de peso ajustado para mesmo consumo de ração e com 0,76% apresentaram melhor ganho diário de peso ajustado para mesmo consumo de ração e melhor conversão alimentar.
Rodrigues et al. (2001) avaliaram níveis de treonina total em rações para leitoas dos 30 aos 60 kg e obtiveram como resultado de que a exigência de treonina total é de 0,70%, correspondente a 0,62% de treonina digestível e uma relação estimada de treonina digestível:lisina digestível verdadeira de 75%. Para leitoas, dos 15 aos 30 kg mantidas em ambiente de alta temperatura, o nível de 0,587% de treonina digestível na ração proporcionou a melhor resposta de conversão alimentar, o que representa uma relação treonina: lisina digestível de 63% (SARAIVA et al., 2006).
Alguns experimentos determinam a necessidade aminoacídica sob condições adversas da zona de conforto, para obter as reais exigências com oscilação da temperatura. Utilizando 52 fêmeas suínas de alto potencial genético em lactação, com níveis de treonina digestível, temperatura no interior das salas de 29,7 ± 2,5ºC, Kiefer et al. (2007) verificaram uma redução linear das mobilizações total e percentual de gordura corporal conforme aumentaram os níveis do aminoácido na dieta. A exigência determinada foi de 0,73 % correlato ao consumo diário de 32,5 g e a relação treonina digestível: lisina digestível de 73%.
O nível de treonina digestível de 0,526% correspondente a uma relação de 65% com a lisina digestível e um consumo de treonina digestível de 18,49 g/dia proporciona os melhores resultados de conversão alimentar, em um experimento realizado com 80 suínos machos castrados, de alto potencial genético, na fase dos 95 aos 125 kg (ALMEIDA SANTOS et al., 2010).
Zhu et al. (2005) investigaram os efeitos de níveis graduais de pectina na dieta de oito suínos da raça Yorkshire, machos castrados, na fase de creche e verificaram que, o aumento de pectina na alimentação reduz a utilização da ingestão de treonina digestível, mas não o consumo de lisina para deposição de proteína corporal.
O nível de 0,128% de triptofano digestível, correspondente a uma relação triptofano: lisina digestíveis de 16% atende às exigências de suínos machos castrados, de alto potencial genético para deposição de carne na carcaça, dos 60 aos 95 kg (HAESE et al., 2006). Para Pereira et al. (2008), o nível de 0,144% de triptofano digestível, correspondente a uma relação com a lisina digestível de 19,2% proporciona melhor resposta de ganho de peso em suínos machos castrados, de alto potencial genético para deposição de carne na carcaça, na fase dos 97 aos 125 kg.
Quando o excesso de triptofano é fornecido via dieta e não é usado para o propósito da síntese proteica, pode ser usado como um suplemento terapêutico, sendo o primeiro precursor da serotonina. Em um estudo sobre o uso de triptofano suplementar para modificar o comportamento de suínos, Li et al. (2006) obtiveram como resultado que períodos curtos de elevados níveis dietéticos de triptofano poderia ser usado para diminuir a agressividade, mas níveis elevados parecem evitar situações estressantes. Em um estudo realizado por Shen et al. (2012), a suplementação dietética de L-triptofano afetou o comportamento dos suínos, embora comportamentos agressivos não foram influenciados, além de que melhorou o desempenho sob estresse social, que foi associado com o aumento da produção hipotalâmica de 5- hidroxitriptamina (5-HT), redução das concentrações de hormônio do estresse e diminuição da peroxidação lipídica sistêmica e hipotalâmica.
Salyer et al. (2013) determinaram a relação triptofano:lisina para suínos em crescimento e terminação, em dietas contendo 30% de grãos secos por destilação com solúveis (DDGS) e indicaram um requerimento de 16,5% e 19,5% triptofano:lisina, 36- 70 kg e 70-130 kg, respectivamente.
Barea et al. (2009a) estudaram a relação de exigência valina:lisina e digestibilidade ileal padronizada (DIS), para leitões entre 12 e 25 kg e obtiveram a relação de 70% valina:lisina, um pouco maior do que a relação atual do National Research Council (NRC).
Realizando três experimentos para determinar o quinto aminoácido limitante para suínos, com 36 marrãs separadas individualmente e dietas contendo 16, 12 e 11% de proteína bruta, suplementadas com histidina, isoleucina e valina, Figueroa et al. (2003) sugeriram a valina como o quinto aminoácido limitante para suínos.
Gaines et al. (2006) demonstraram em sua pesquisa com matrizes em lactação, que uma relação valina:lisina superior a 0,86 não melhorou a taxa de crescimento dos leitões, mas uma relação de 0,73 pode comprometer a taxa de ganho de peso da leitegada. Gaines et al. (2011) determinaram a relação valina:lisina digestível ileal padronizada para suínos, de 13 a 32 kg, com três experimentos: 162 leitões desmamados aos 17 dias de idade, 54 machos castrados (21,4 kg) alojados individualmente para um ensaio de crescimento e 147 machos castrados (13,5 kg) foram alimentados com dietas idênticas. Com as estimativas das exigências combinadas, os dados indicam que uma DIS valina: Lisina de 65% parece adequada para manter o desempenho de suínos entre 13-32 kg.
Lohmann et al. (2012) avaliaram níveis de valina digestível para suínos machos castrados, dos 15 aos 30 kg de peso, em um experimento com 20 animais em gaiolas de metabolismo e outro com 40 suínos no desempenho e determinaram que o nível de 0,748% de valina foi o mais adequado, ao se considerar o parâmetro nitrogênio (N) retido:N absorvido apresentando efeito quadrático para a excreção total de N.
A exigência de valina DIS é entre 0,56 a 0,58%, já a relação valina: lisina DIS compreende um intervalo de 0,67 a 0,70; e o requerimento de isoleucina DIS adequado é de 0,43% (0,52 de relação isoleucina: lisina DIS) para suínos de 20 a 45 kg (WAGUESPACK et al., 2012).
Barea et al. (2009b) avaliaram a resposta de leitões com a suplementação de isoleucina, com peso de 23 kg, sob diferentes condições nutricionais e relataram uma relação isoleucina:lisina DIS não maior do que 50% nos animais que receberam cereal e dieta à base de farelo de soja com um moderado conteúdo de aminoácidos de cadeia ramificada.
Em um experimento com fêmeas suínas mestiças de alto potencial genético, dos 15 aos 30 kg, níveis de 0,45 a 0,73% de isoleucina digestível não influenciaram as características de carcaça e peso de órgãos dos animais. Houve efeito quadrático dos níveis de isoleucina digestível sobre a eficiência de utilização de isoleucina para ganho de peso, com aumento até o nível 0,506%; cuja relação isoleucina: lisina digestível foi de 0,51 (CASTILHA et al., 2012).
Kerr et al. (2004) verificaram a necessidade e relação de isoleucina para suínos, com 7 a 11 kg de peso corporal, com dois experimentos: o primeiro os animais foram alimentados com uma dieta contendo 1,25% de lisina digestível (15% a mais em relação ao outro), e suplementados com isoleucina cristalina (0,06% de incremento), 0,03% a menos de incremento, respectivamente. Nesse estudo, os autores estimaram 9,9 mg de isoleucina digestível por grama de ganho de peso, pelos resultados no consumo médio diário (CMD) e ganho diário de peso (GDP) e concluíram que as recomendações podem ser menores comparadas ao NRC atual, quando se leva em conta o consumo e ganho.
A exigência de isoleucina digestível verdadeira para suínos em crescimento, com peso de 25 a 40 kg é de 0,50% da dieta, ou 1,46 g/Mcal de energia metabolizável (PARR et al., 2003). Para Dean et al. (2005), a exigência de isoleucina digestível ileal verdadeira, para suínos machos castrados de 80 a 120 kg para maximizar o desempenho, com uma dieta de milho e células sanguíneas não é inferior a 0,34% da dieta, mas pode ser reduzida até 0,24%, em uma dieta de farelo de soja e milho.
O nível de 0,60% de isoleucina digestível é recomendado para maximizar o desempenho e a taxa de deposição de proteína na carcaça de suínos machos castrados, dos 15 aos 30 kg de peso corporal alimentados com rações com 14,13% de proteína bruta. A exigência de isoleucina digestível é de 5,86 g/dia (LAZZERI, 2011).
Segundo Partridge (1985), os aminoácidos industriais adicionados à dieta são absorvidos mais rapidamente em relação àqueles presentes nos alimentos, o que pode gerar desequilíbrio nos locais de síntese de proteína e das relações entre aminoácidos. Assim, o adequado balanceamento aminoacídico na dieta quando se trabalha com baixa proteína bruta e quantidade significativa de aminoácidos sintéticos na ração é importante para o melhor aproveitamento do nitrogênio exógeno pelos animais.
Estudos comprovam que dietas com menor teor de PB reduzem as excreções de nitrogênio (LE BELLEGO & NOBLET, 2002), as concentrações de amônia (BIKKER et al., 2006), a fermentação proteica e a incidência de diarreia (HEO et al., 2008). Quando a redução de proteína bruta é superior a quatro pontos percentuais em dietas para leitões, suplementadas com aminoácidos sintéticos e limitantes como a lisina, metionina, treonina e triptofano, o desempenho dos animais pode ser limitado por alguns aminoácidos, como valina e isoleucina (FIGUEROA et al., 2002; NYACHOTI et al., 2006).
De acordo com Kerr & Easter (1995), em dietas para leitões a exigência de PB pode ser reduzido em até 4% desde que corrigidos os teores dos principais aminoácidos limitantes (lisina, metionina e treonina). A redução da proteína bruta de 24% para 19% em dieta para leitões desmamados aos 21 dias de idade não influenciou o desempenho, o pH do estômago e as variáveis morfológicas do trato gastrointestinal, desde que suplementada com metionina, treonina, triptofano, valina e isoleucina industriais (GIROTTO JÚNIOR et al., 2013).
Suínos provenientes de diferentes grupos genéticos não possuem a mesma capacidade de conversão alimentar de proteína e podem exigir diferentes quantidades de nutrientes para atingir seu máximo potencial genético. Suínos com alta taxa de ganho proteico exigem maior consumo de aminoácidos, principalmente lisina, para exteriorizar todo o seu potencial (BATISTA et al., 2011).
Diferenças na capacidade de síntese de tecido magro foram observadas em linhagens com diferente potencial para deposição de carne na carcaça (PUPA et al., 2001). Com isso, suínos com genótipos superiores exigem uma quantidade de proteína e aminoácidos na ração maior para atingir alta taxa de deposição de proteína, consequentemente, quanto maior a capacidade de depositar carne magra, maior a exigência diária de lisina para maximizar seu desempenho e a taxa de deposição proteica (ROSSONI et al., 2009).
Segundo Kiefer et al. (2005), as variações nas relações de aminoácidos, entre eles, metionina+cistina:lisina observadas em diferentes estudos podem estar associados a fatores como o genótipo dos animais, o ambiente, sexo, o tipo de alimento que compõe as dietas experimentais, a digestibilidade real dos aminoácidos e o nível de lisina das dietas experimentais.
Levando em consideração, que o estado sanitário, sexo, genética, idade do animal e níveis nutricionais são fatores que afetam a necessidade de aminoácidos em suínos, existe uma grande variação entre os valores de aminoácidos digestíveis encontrados na literatura (POZZA et al., 2000).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um único aminoácido impede o máximo aproveitamento de outro, implicando na síntese proteica/aminoacídica e nas relações entre os aminoácidos. Quando esse é um limitante, a sua falta na dieta determina o excesso ou carência de outro, que no caso será oxidado, ou então, imbalanços aminoácidicos. Cabe ressaltar, que o desbalanceamento ou deficiência de aminoácidos limitantes gera um maior catabolismo de moléculas e diminui o processo de anabolismo.
Esse artigo foi originalmente publicado em Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032-7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006 

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