Introdução
A matriz suína moderna apresenta necessidades nutricionais mais altas, associadas às maiores demandas relacionadas à produtividade, com destaque aos níveis protéicos, aminoacídicos, energéticos e de macromineriais (ROSTAGNO et al., 2011; NRC, 2012). Estas maiores exigências são extensivas também à progênie (WHITNEY, 2010), decorrente da melhor da performance que desenvolvem. Para as necessidades vitamínicas, as informações são mais limitadas, embora seja previsível uma maior demanda para ambas as categorias (ISABEL et al., 2013). Comumente os trabalhos conduzidos com vitaminas avaliam seus efeitos isoladamente (MINELLI et al., 2013), não considerando sua interação com outras vitaminas ou nutrientes (ISABEL et al., 2013). Suas funções são amplas, auxiliando no metabolismo de outros nutrientes, melhorando a utilização da energia e da proteína e os índices de produtividade (FONTES et al., 2014). O objetivo deste trabalho foi avaliar níveis de suplementação vitamínica para matrizes suínas sobre o desempenho reprodutivo e sobre aperformance e características de carcaça da progênie.
Material e Métodos
O experimento foi dividido em duas fases. As fases de gestação e lactação foram conduzidas em uma granja comercial no município de Carambeí, Paraná. A avaliação da progênie foi realizada na Universidade Estadual de Londrina, no município de Londrina, Paraná. Foram utilizadas 104 porcas durante toda gestação até o desmame aos 21 dias de lactação. Duas dietas foram elaboradas contendo dois níveis de suplementação vitamínica: T1- Dieta LV (requerimentos vitamínicos de acordo com a recomendação de Rostagno, 2011); T2 – Dieta OVN (requerimentos vitamínicos de acordo com a recomendação de DSM Produtos Nutricionais, 2012). Os tratamentos foram distribuídos em um delineamento em blocos completamente casualizados de acordo com o ciclo gestacional; com 49 repetições para o tratamento LV e 54 para o tratamento OVN, sendo cada repetição representada pela porca e sua respectiva leitegada. Foram avaliados nesta etapa o número de leitões nascidos totais, número de leitões nascidos vivos, número de leitões desmamados, o peso de leitão ao nascimento, peso de leitão ao desmame, o intervalo desmame-cio e a espessura de toucinho na cobertura, parto e desmame. Os leitões oriundos da primeira fase do experimento foram utilizados na segunda fase. 120 leitões desmamados com peso médio inicial de 5,33 ± 1,5 kg até o abate, com 164 dias de idade, foram distribuídos em blocos completamente casualizados, fatorial 2 x 2, (2 níveis de vitaminas para porcas e 2 níveis de vitaminas para os leitões), com 10 repetições/tratamento (3 leitões do mesmo sexo/baia corresponderam à repetição). Os leitões provenientes das matrizes tratadas com LV e OVN foram distribuídos em 4 grupos e receberam as rações LV e OVN até o abate. As rações experimentais LV e OVN, tanto para porcas quanto para leitões seguiram as recomendações de Rostagno et al. (2011). Foram avaliados o desempenho zootécnico as características de carcaça, de acordo as metodologias descritas por Bridi & Silva (2009) .Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias ao Teste de Tukey.
Resultados e Discussão
Não houve diferença significativa entre os tratamentos para nenhum dos parâmetros reprodutivos. Para o desempenho da progênie (Tabela 1) não houve interação dos fatores ou efeito destes sobre os parâmetros em todo o período experimental (P>0,05).
Tabela 1 – Ganho diário de peso (GDP), consumo diário de ração (CDR), e conversão alimentar (CA) de leitões no período de 21 a 164 dias de idade provenientes de matrizes e leitões submetidas às rações com Low Vitamins Levels (LV) e Optimal Vitamin Nutrition (OVN).
CV: coeficiente de variação; NS: não significativo;
Os resultados se identificam aos obtidos por Gaudre & Vautier (2006), que trabalharam com níveis elevados de vitaminas para suínos em fase de engorda. Para os parâmetros de carcaça (Tabela 2) não houve efeito de interação, mas observa-se uma maior profundidade do músculo (66,09 vs 63,23 mm) (P<0,05) e área de olho de lombo (59,64 vs 57,05 cm2) (P<0,03) para o fator leitões, a favor do grupo que recebeu OVN. Os resultados mostram-se distintos dos obtidos por Gaudre & Vautier (2006), que não verificaram diferença nas características de carcaça quando avaliaram níveis elevados de vitaminas para suínos na fase de engorda. No entanto, estão em sinergia com as afirmações de Fontes et al. (2013) e Isabel et al (2013) sobre o papel do maior aporte vitamínico sobre o melhor aproveitando dos demais nutrientes com repercussões positivas nos parâmetros zootécnicos.
Tabela 2 – Peso vivo final (PVF), peso de carcaça quente (PCQ), peso de carcaça fria (PCF), rendimento de carcaça (RC), rendimento de carne na carcaça (RCC), quantidade de carne na carcaça (QCC), profundidade de músculo (PM), espessura de gordura (EG) e área de olho de lombo (AOL) de leitões no período de 21 a 164 dias de idade provenientes de matrizes e leitões submetidas às rações Low Vitamins Levels (LV) e Optimal Vitamin Nutrition (OVN).
CV: coeficiente de variação; NS: não significativo; Letras diferentes em uma mesma coluna indicam diferença para o Teste de Tukey (P<0,10).
Para os demais parâmetros de carcaça não houve interação dos fatores ou efeito do fator matriz ou do fator leitões em todo o período avaliado.
Conclusões
O maior aporte vitamínico (OVN) para matrizes suínas não influenciou os resultados reprodutivos, contudo o plano dietético vitamínico OVN melhorou os parâmetros quantitativos de carcaça.
Referências Bibliográficas
1. BRIDI, A. M.; SILVA, C. A., 2009. Métodos de avaliação da carcaça e da carne suína. Londrina: Midiograf, 97p. DSM Produtos Nutricionais, 2012.
2. FONTES, D. O.; ABREU, M. L. T.; FERNANDES, I. S., 2014. Exigência de vitaminas para suínos. In: SAKAMURA, N. K.; SILVA, J. H. V.; COSTA, F. G. P. Nutrição de Não Ruminantes. Jaboticabal, SP: Funep. p. 426 – 442.
3. GAUDRE, D.; VAUTIER, A., 2006. Incidence zootechnique d?un taux de complémentation vitaminique élevé en engraissement. Techniporc, v.29, n.2, p.19-26.
4. ISABEL, B; REY, A.I.; LÓPEZ BOTE, C., 2013. Optimum vitamin nutrition in pigs. In: Optimum vitamin nutrition. Sheffield, UK: 5 M Publishing. P.243-308.
5. MINELLI, G.; MACCHIONI, P.; IELO, M. C. et al., 2013. Effects of Dietary Level of Pantothenic Acid and Sex on Carcass, Meat Quality Traits and Fatty Acid Composition of thigh Subcutaneous Adipose Tissue in Italian Heavy Pigs. Italian Journal of Animal Science, v.36, n.2.
6.NATIONAL RESEARCH COUNCIL., 2012. Nutrient requeriments of swine. 11. (Ed.). Washington: National Academy Press.
7.ROSTAGNO, H. S.; ALBINO, L. F. T.; DONZELE, J. L.; et al., 2011. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. Viçosa. pp. 252.
8. WHITNEY, M. H., 2010. Factors affecting nutrient recommendations for swine. National Swine Nutrition, p.8-12.
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.