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Sistema de Produção de Leitões baseado em Planejamento, Gestão e Padrões Operacionais (Parte III)

Publicado: 18 de outubro de 2013
Por: Jean Carlos Portos Vilas Boas Souza, Armando Lopes do Amaral, Nelson Morés, Sandro Luiz Treméa, Marcelo Miele e Jonas Irineu dos Santos Filho, Embrapa Suínos e Aves, SC.
Raças, características e exigências ecológicas
Genética na suinocultura
A base de toda a exploração agropecuária é o material genético, razão pela qual se deve dar toda a atenção à sua escolha e aquisição. A garantia de uma boa produtividade tem como ponto de partida os reprodutores, os quais devem responder positivamente às condições ambientais que lhes serão impostas, gerando animais de abate que atendam às exigências do mercado.
• Adquirir os reprodutores, leitoas e machos, de uma mesma origem, de granjas de reprodutores suídeos certificadas (GRSC);
• Utilizar machos de raça pura ou sintética ou ainda cruzados que apresentem um ganho de peso médio diário mínimo de 690 g (100 kg aos 145 dias de idade) com percentual de carne na carcaça acima de 60%, conversão alimentar inferior a 2,3 e com bons aprumos;
• Os machos devem ser de raças ou linhagens de linha macho, diferentes, portanto, daquelas que deram origem às leitoas;
• Adquirir os primeiros machos com idade entre sete e oito meses;
• Adquirir machos cerca de dois meses mais velhos que as leitoas que irão cobrir;
• Dispor de, no mínimo, dois machos na granja;
• Dar preferência à inseminação artificial;
• Quando não utilizar a inseminação artificial manter a proporção de um macho para cada 20 fêmeas (leitoas e porcas) do plantel;
• Repor os machos na taxa de 80% ao ano (idade aproximada de descarte 24 meses);
• Utilizar leitoas de linha fêmea cruzadas, preferencialmente de raças brancas, com capacidade de produzir 12 ou mais leitões por leitegada;
• Adquirir leitoas com idade entre cinco e seis meses, que apresentem um ganho de peso médio diário mínimo de 650 g (100 kg aos 154 dias de idade) e espessura de toucinho, entre os 90 e 100 kg, próximo de 15 mm;
• As leitoas devem ser adquiridas em lotes equivalentes aos grupos de gestação, acrescidos de 15%, para compensar retornos e outros problemas reprodutivos;
• Em complementação aos dados de produtividade, atenção especial deve ser dada à qualidade dos aprumos, a integridade dos órgãos reprodutivos, ao número e distribuição das tetas (mínimo 12) e as condições sanitárias apresentadas no momento da aquisição;
• Repor as fêmeas na taxa de 40% ao ano (idade aproximada de 36 meses).
 
Instalações
• Descrever as possibilidades de instalações para criação de leitões e apresentar a proposta Embrapa.
• Dispor de área bem drenada e compatível com o número médio de animais a serem utilizados;
• Dispor de abastecimento de água potável equivalente a 100 a 150 litros/dia por matriz instalada, dependendo do sistema de produção;
• Elaborar um projeto técnico completo (civil, hidráulico, elétrico e ambiental), incluindo metas, fluxos de produção, equipamentos, manejo, memorial descritivo, orçamento e prazo de execução.
O planejamento das instalações deve considerar os seguintes itens:
• A metragem quadrada necessária para cada fase da criação;
• Os detalhes das edificações (tipo de maternidade, celas parideiras, creche, telhado, forro, paredes, pisos e cortinas ou janelões), de acordo com as exigências dos animais, as características climáticas da região e as metas de produção estabelecidas;
• O tamanho dos prédios e o número de salas a serem construídas para cada fase, de acordo com a demanda de área para abrigar os suínos em produção e em função do manejo e cronograma adotados;
• Os tipos de bebedouros e de comedouros em função do sistema de arraçoamento a adotar, para atender perfeitamente às necessidades dos animais e evitar o desperdício;
• O isolamento térmico adequado, que permita o armazenamento ou a dissipação de calor por meios naturais, como a ventilação, em todas as construções;
• A facilidade de execução das rotinas de trabalho, de forma a aumentar a eficiência e a eficácia da mão-de-obra e a evitar atividades que prejudiquem a saúde dos operadores;
• Aplicar tecnologias compatíveis com o dimensionamento e o objetivo da exploração;
• Avaliar de forma crítica as diferentes possibilidades de manejo dos dejetos (sistema de cama sobreposta ou dejetos líquidos);
• Dimensionamento do sistema de tratamento de dejetos compatível com a carga poluente gerada permitindo a sua readequação nos casos aumento ou diminuição do número de animais alojados.
 
Escolha e preparo do terreno
• Selecionar uma área plana ou ligeiramente ondulada (até 6% de declividade) para a locação do sistema de produção de suínos, de acordo com as exigências do projeto e prevendo possíveis ampliações;
• Instalar os prédios com seu maior eixo no sentido Leste-Oeste, ou com um leve desvio, para um maior aproveitamento da incidência de ventos predominantes, visando o conforto térmico dos animais e a redução da radiação solar;
• Escolher um local que facilite o fluxo de pessoas, de animais e de insumos, com boas condições de trânsito em qualquer época do ano;
• Permitir o afastamento entre as edificações, para facilitar a ventilação natural;
• Gramar toda a área adjacente ao sistema de produção de suínos e manter a cobertura vegetal constantemente aparada.
Planejar o balanço e fluxo de nutrientes na propriedade viabilizando o uso racional de todos os dejetos produzidos, dispondo-os, preferencialmente, na área de implantação do projeto, em lavoura anual, culturas permanentes, pastagem ou reflorestamento.
Manter um controle eficiente de produtividade e de custos por meio de fichas ou de programas informatizados, para o acompanhamento de todos os dados produzidos.
 
Alimentação
A alimentação servida dentro de uma granja voltada à produção de leitões pode ser resumida em dois padrões operacionais, listados a seguir.
 
Padrão operacional - Alimentar leitoas e matrizes
Resultado esperado da tarefa Arraçoar adequadamente as leitoas e matrizes, otimizando a performance produtiva.
Materiais necessários
• Balança.
• Dosador (concha).
• Carrinho.
• Tabela ração.
Atividades críticas
• Fazer a limpeza do comedouro ou calha onde será servida a ração.
• Aferir o dosador conforme cada partida de ração fazendo uso da balança.
• Observar se a ração apresenta aspectos ou características normais.
• Disponibilizar a ração a ser usada no carrinho ou dispositivo de arraçoamento conforme realidade da granja.
• Fazer o arraçoamento das categorias animais conforme Tabela de ração sugerida pelo fornecedor.
• Seguir a seguinte frequência de arraçoamento: - fêmeas em Gestação: duas vezes ao dia; - fêmeas em Lactação: quatro vezes ao dia; - leitoas de Reposição e Fêmeas Desmamadas: à vontade.
• Após o arraçoamento, identificar os animais que não se alimentaram, para posterior correção de causas.
• Fêmeas com escore corporal inadequado (muito magras ou muito gordas) devem ter seu consumo ajustado.
• O escore corporal deve ser avaliado juntamente com a assistência técnica.
Ações imediatas
• Caso ocorra na maternidade fêmeas que após o arraçoamento rotineiro expressem o desejo de consumir maior quantidade, esta deve ser fornecida.
• Em situações adversas como baixo consumo, vômitos ou diarréia, consultar a assistência técnica.
 
Padrão operacional - Alimentar leitões na creche
Resultado esperado da tarefa
Leitões sadios, uniformes, com boa conversão alimentar e bom ganho de peso.
Materiais necessários
• Comedouros.
• Comedouros auxiliares.
• Carrinhos.
• Concha.
• Balança.
• Vassoura.
• Pá.
• Ficha de acompanhamento de lote.
• Caneta.
Atividades críticas
• Arraçoar imediatamente após a chegada. Para leitões abaixo de 6,5kg, iniciar usando a ração maternidade. Para leitões acima de 6,5kg, iniciar usando a ração pré-inicial 01.
• Definir a quantidade de ração por classificação, fornecendo a quantidade descrita abaixo para cada leitão:
Sistema de Produção de Leitões baseado em Planejamento, Gestão e Padrões Operacionais (Parte III) - Image 1
 
Comedouro linear (uma boca por leitão)
• Limpar o comedouro antes de fornecer a ração.
• Fornecer a ração sempre que o comedouro estiver sem ração no mínimo sete vezes ao dia na primeira semana de creche.
• Na segunda semana, fornecer a ração no mínimo seis vezes por dia.
• A partir da terceira semana, fornecer a ração no mínimo cinco vezes por dia.
• É importante ter comedouro auxiliar para os leitões menores, para fornecer a ração umedecida.
• Pesar a ração fornecida diariamente por baia, fornecendo a quantidade de ração por leitão, conforme a tabela acima.
 
Comedouro automático
• Limpar o comedouro antes de fornecer a ração.
• Fornecer a ração sempre que o comedouro estiver sem ração, atendendo as quantidades previstas por fase, conforme descrito na tabela acima.
• Regular o comedouro de forma a não haver desperdício.
• Fornecer a ração duas vezes ao dia, garantindo a qualidade da ração.
• Regular a vazão da água para somente umedecer a ração.
• A quantidade de leitões por comedouro deve ser conforme a capacidade do mesmo, baseado na recomendação técnica.
• Manter um comedouro auxiliar por baia na primeira semana para fornecer ração umedecida.
• Pesar a ração fornecida diariamente por baia, fornecendo a quantidade de ração por leitão, conforme a tabela acima.
 
Fornecimento de água
• Disponibilizar água fresca, limpa e com qualidade à vontade, em temperatura de 12ºC a 25ºC.
• A vazão dos bebedouros deve ser de um a um e meio litro por minuto. A checagem de vazão deve ser feita semanalmente.
• Para bebedouro do tipo concha, manter limpo.
• Para bebedouro do tipo chupeta regulável, ajustar a altura em dois a três centímetros acima do dorso do leitão.
• Disponibilizar um bebedouro para cada 10 a 15 leitões.
• É importante que o padrão de bebedouro seja o mesmo que já foi utilizado na maternidade, para facilitar a adaptação do leitão na creche.
 
Ações imediatas
• Em caso de haver ração quente, deteriorada ou envelhecida, retirar imediatamente do comedouro.
• Em caso de falta de ração, restabelecer o fornecimento em menor quantidade por vez, aumentando gradativamente até normalizar, conforme o descrito acima.
• Casos de atraso da chegada da ração, verificar o motivo e providenciar o abastecimento imediatamente.
• Caso a temperatura da água estiver fora do padrão, identificar a causa e buscar a ação corretiva.
• Caso a vazão dos bebedouros estiver fora do padrão, identificar a causa e buscar a ação corretiva.
 
Reprodução
Todos os procedimentos ligados à reprodução estão descritos nos 11 padrões operacionais a seguir.
 
Padrão operacional - Receber e adaptar leitoas e machos de reposição
Resultado esperado da tarefa
Leitoas e machos de reposição corretamente adaptados nas granjas.
Materiais necessários
• Carregador.
• Tábua de manejo.
• Baia.
• Maravalha.
• Bebedouro.
• Comedouro.
• Ração medicada.
• Agulhas hipodérmicas e seringas.
• Medicamentos.
• Vacinas.
• Ficha de controle.
 
Atividades críticas
• Conferir a documentação com o transportador (linhagem, GTA, Certificado Sanitário de Granja GRSC, nota fiscal), arquivando-os por cinco anos na propriedade.
• Realizar a descarga de maneira tranquila, utilizando carregador adequado e tábua de manejo.
• Conduzir os animais até a baia previamente limpa e desinfetada com espaço de 2 m² para leitoas e de 6 m² por macho, contendo maravalha de procedência confiável, utilizando-a durante os primeiros dez dias.
• Disponibilizar imediatamente após a descarga, água limpa, fresca, em vazão e qualidade adequada. Fornecer ração somente após quatro horas da chegada dos animais.
• Avaliar as características dos animais recebidos (especificamente tetos, aprumos e condições sanitárias).
• Adotar o programa de arraçoamento, conforme Padrão operacional - Alimentar leitoas e matrizes, utilizando ração medicada durante os primeiros 15 dias da chegada. Em granjas com maior desafio sanitário, aplicar na chegada, antibiótico de longa ação (sempre seguindo orientação da assistência técnica).
• Usar a ficha de controle (Ficha de Adaptação e Anotação do Cio das Leitoas) para identificar a mossa, data de nascimento, peso e as datas dos três primeiros cios.
• Fazer adaptação colocando fezes de porcas velhas do plantel nas baias das leitoas (duas pás por baia duas vezes ao dia durante os 20 dias após a chegada).
• Vacinar as leitoas sete dias após a chegada, de acordo com Padrão operacional - Conservar vacinas e vacinar animais.
• Realizar o manejo reprodutivo conforme Padrão operacional - Manejar leitoas até a cobertura.
 
Ações imediatas
Caso o produtor receba um animal com características indesejadas para a reprodução, este deve acionar a assistência técnica para que proceda a substituição do animal conforme critérios para reposição.
 
Padrão operacional - Descartar porcas e introduzir leitoas de reposição
Resultado esperado da tarefa
Manter um plantel com bom potencial reprodutivo e boas condições sanitárias.
Materiais necessários
• Seringa.
• Bastão marcador.
• Tábua de manejo.
• Agulha hipodérmica.
 
Atividades críticas
• Descartar as fêmeas que apresentam qualquer das seguintes ocorrências anotando na ficha ocorrência com reprodutores:
- ausência de cio em leitoas até 30 dias de alojamento com efetivo diagnóstico do cio com macho adulto ou reagrupá-las para seguir no manejo diário de diagnóstico de cio;
- apresentarem problemas severos nos aprumos e cascos;
- que não tiverem no mínimo 12 tetas funcionais;
- duas repetições seguidas de cio;
- fêmeas com problemas sanitários que possam comprometer a produtividade no parto subsequente;
- a partir do sexto parto, somente manter matrizes no plantel se tive rem bom histórico reprodutivo (leitões nascidos, leitões desmamados, peso ao desmame);
- que não manifestarem cio até 30 dias após o desmame (anestro);
- fêmeas que abortarem após 40 dias de gestação, uma vez que seja por doenças infecciosas;
- tiverem dois partos com baixo número de leitões nascidos (menor que sete);
- que apresentarem problemas relacionados com complexo MMA (Mastite, Metrite, Agalaxia) que não responderem ao tratamento medicamentoso.
• Introduzir leitoas que apresentarem aprumos, órgãos reprodutivos íntegros, adequado número e distribuição das tetas (mínimo seis pares) e boa condição sanitária no momento da aquisição.
• As leitoas devem atender também as seguintes características:
- as leitoas devem ser de granjas certificadas (GRSC);
- as leitoas devem ser adquiridas em lotes mensais e equivalentes correspondendo a reposição de 40% ao ano;
- idade das leitoas de cinco a seis meses que apresentarem ganho de peso médio diário mínimo de 650 gramas desde o nascimento (100kg aos 154 dias de idade).
• Recomenda-se manter uma taxa de reposição anual do plantel em 40% para estimular a imunidade do rebanho e um bom potencial reprodutivo.
• É necessário ter um bom processo de seleção das leitoas junto às granjas multiplicadoras para não ter problemas junto aos produtores de leitões.
• Ao descartar as fêmeas, identificar com bastão marcador e colocar em baias separadas do plantel reprodutivo.
 
Ações imediatas
Se as leitoas chegarem com características inadequadas, descarregar e comunicar imediatamente a equipe técnica para avaliação técnica e ação corretiva.
 
Padrão operacional - Manejar leitoas até a cobertura
Resultado esperado da tarefa
Futura matriz pronta para a vida produtiva.
 
Materiais necessários
• Ficha individual.
• Caneta.
• Bastão marcador.
• Relógio.
• EPIs: botas, luvas e protetor auricular.
 
Atividades críticas
• De posse da ficha individual da leitoa (Ficha de Adaptação e Anotação do Cio das Leitoas), iniciar o manejo reprodutivo.
• No dia seguinte a chegada das leitoas na granja, iniciar o manejo de estimulação de cio das leitoas, utilizando macho maduro (acima de dez meses de idade), por um período mínimo de 15 minutos por vez, duas vezes ao dia.
• Ao diagnosticar o cio, anotar na ficha da leitoa a data, formando os lotes e garantindo que todas as leitoas entrem em contato com o macho.
• Estas leitoas que apresentam cio devem ser expostas ao macho somente após 15 dias da identificação do cio.
• Cobrir as leitoas com no mínimo 200 dias de idade e 135 kg de peso vivo, respeitando o segundo ao quarto cio.
• As fêmeas que não apresentarem cio até 30 dias devem ser reagrupadas para seguir no manejo diário de diagnóstico com o macho.
 
Ações imediatas
• As leitoas que não apresentarem o primeiro cio, até os 190 dias de idade, recomenda-se que seja utilizado medicação específica, conforme orientação da assistência técnica, permanecendo a orientação de não realizar a cobertura no primeiro cio.
• Caso a leitoa continue sem apresentar cio após a medicação, esta deve ser substituída, conforme critério para reposição de acordo com o padrão operacional - Descartar porcas e introduzir leitoas de reposição.
 
Padrão operacional - Manejar porcas em pré-cobertura
Resultado esperado da tarefa
Ter uma fêmea apta para a cobertura.
 
Materiais necessários
• Tábua de manejo.
• Pá.
• Vassoura.
 
Atividades críticas
• Avaliar individualmente as fêmeas desmamadas, permanecendo somente aquelas que apresentarem condições para a próxima cobertura (cascos, aprumos, escore corporal, número de nascidos).
• Agrupar as porcas desmamadas por tamanho e escore corporal em lotes de cinco a dez porcas, em baias ou em boxes individuais, próximas aos machos.
• Manter um espaço de três metros quadrados por porca quando em baias coletivas.
• Estimular o cio das porcas duas vezes ao dia com intervalo de 8 horas. Para baias coletivas, colocar o macho nas baias com as fêmeas e para boxes, fazer os machos circular a frente dos boxes.
• Fornecer ração de lactação à vontade e de boa qualidade, do desmame até a cobrição.
• Fornecer água limpa e fresca á vontade.
• Manter a baia e/ou box limpo (prevenir incidência de infecções urogenitais).
• Avaliar fêmeas com corrimentos genito-urinários.
• Realizar a cobertura das fêmeas até o sétimo dia após desmama-cio.
• Recomenda-se realizar exames de urina periodicamente (duas vezes por ano, ou com maior frequência quando se tem uma alta incidência de infecção urinária no rebanho.
 
Ações imediatas
• Caso fêmeas apresentarem corrimentos genitais ou alterações urinárias, tratar conforme orientação técnica.
• Caso fêmeas não entrarem em cio até o sétimo dia após a desmama, cobri-las no próximo ciclo.
 
Padrão operacional - Manejar porcas em gestação
Resultado esperado da tarefa
Garantir boa quantidade e qualidade dos leitões no parto.
 
Materiais necessários
• Balança.
• Caneco / concha.
• Relógio.
• Termômetro.
• Tábua de manejo.
 
Atividades críticas
• Alojar as fêmeas preferencialmente em baias individuais após a cobrição e, no caso de alojamento coletivo, mantê-las no mesmo grupo de cobrição.
• Manter as fêmeas em ambiente calmo nos primeiros 30 dias de gestação.
• Alimentar as fêmeas duas vezes ao dia em horários determinados, pela manhã e à tarde. Conforme Padrão operacional - Alimentar leitoas e matrizes.
• Para confirmar a prenhez, passar o macho entre 18 e 23 dias após a cobertura da fêmea.
• Fornecer água em quantidade e qualidade adequada a uma temperatura de 12ºC a 25ºC.
• Manter no plantel de fêmeas da granja uma taxa anual de reposição de 40%.
• Para vacinações, seguir protocolo conforme Padrão operacional - Manejar, estocar e vacinar.
• Avaliar o escore corporal das fêmeas para cada fase da gestação.
 
Ações imediatas
• Caso a fêmea estiver com escore corporal inadequado, ajustar manejo de arraçoamento.
• Em caso de retorno ao cio, reavaliar as condições da fêmea, para possível descarte.
 
Padrão operacional - Assistir ao parto e leitões recém-nascidos
Resultado esperado da tarefa
Realizar o parto, garantindo a integridade da fêmea e a sobrevivência dos leitões recém-nascidos.
 
Materiais necessários
• Luvas.
• Iodo Glicerinado (10%).
• Tesoura desinfetada.
• Barbante.
• Pó secante ou maravalha.
• Caixa de assistência ao parto.
• Antibiótico injetável.
• Lubrificante (vaselina).
• Termômetro de máxima e mínima.
• Papel toalha.
• Água limpa.
• Balde.
• Caneta.
• Luvas de toque.
• Lâmpada.
• Lâmpada infravermelha ou campânula.
• Seringa.
• Agulha hipodérmica.
• Ficha da matriz.
 
Atividades críticas
• Identificar o momento do parto através da presença de ejeção de leite pelas mamas e pelo comportamento da porca.
• Preparar o escamoteador com fonte de aquecimento e cama (quando possível uma hora antes do parto).
• Limpar o posterior da fêmea, aparelho mamário e cela parideira.
• Somente deve ser realizada a intervenção ao parto depois de esgotadas todas as possibilidades de que o parto seja normal, mesmo antes de tal procedimento deve-se saber que o intervalo entre nascimento de leitões pode ser de até duas horas.
• Fêmea apresentando contração: levantá-la, fazer deitar do outro lado, massagear o flanco sentido da cabeça para a cauda, permanecendo o problema deve-se intervir através de toque (sempre utilizar luvas descartáveis de toque e medicação injetável para a fêmea após o procedimento).
• Fêmea não apresentando contração: massageá-la na região do aparelho mamário, tentando estimular a contração, caso não resolva o problema, aplicar fármacos conforme orientação da assistência técnica, para estimular as contrações.
• Propiciar ambiente seco e aquecido no local do nascimento dos leitões utilizando pó secante ou maravalha.
• Assim que nascido, secar o leitão o mais rápido possível, usando pó secante ou maravalha.
• O leitão que nasce com o cordão umbilical curto, amará-lo imediatamente após o nascimento. Enquanto que os demais leitões, aguardar de 15 a 20 minutos e amarrar o cordão umbilical de três a quatro centímetros abaixo do umbigo (utilizar barbante mergulhado em desinfetante) e cortá-lo um centímetro abaixo da amarração.
• Realizar a desinfecção do coto umbilical até a base, mergulhando-o em Iodo Glicerinado, num frasco de plástico de três a cinco segundos.
• No inverno, em dias muito frios, instalar lâmpada infravermelha ou campânula próximo ao aparelho mamário.
• Orientar o leitão à primeira mamada.
• Deixar os sete primeiros leitões nascidos mamar, e após fechá-los no escamoteador, garantindo que os próximos a nascer mamem o colostro sem competição, alternando a mamada de cada grupo a cada meia hora.
• Certificar-se que ocorreu o nascimento de todos os leitões e que a fêmea eliminou as placentas.
• Após o término do parto, abrir o escamoteador e deixar todos os leitões mamar;
• Garantir que todos os leitões tenham acesso ao colostro nas primeiras seis horas de vida.
• Após o parto monitorar as fêmeas, observando o consumo de ração, febre (temperatura acima 39,5ºC) e sendo necessário proceder tratamento com antibiótico e antitérmico, conforme orientação da assistência técnica.
• Recolher todos os resíduos do parto (placenta, natimortos, mumificados) dentro de um balde, para serem direcionados à composteira.
• Anotações na ficha própria ao resultado do parto: leitões nascidos vivos, natimortos e mimificados.
 
Observação
Para granjas que trabalham com indução de parto, fazer a identificação das fêmeas a receberem o protocolo 24 horas antes do horário que se quer o parto, massageando o aparelho mamário e identificando a presença de leite. As matrizes que não apresentarem leite devem receber o protocolo conforme orientação do médico veterinário.
Ações imediatas
• No caso de leitões nascerem "afogados" secá-los, limpar bem a boca mantendo-os de cabeça para baixo e massageá-los até que comecem a respirar.


Padrão operacional - Manejar porcas pós-parto e durante a lactação
Resultado esperado da tarefa
Manter matrizes com boa produção de leite e escore corporal adequado para a próxima cobertura.
 
Materiais necessários
• Ficha individual das matrizes.
• Termômetro de máxima e mínima.
• Termômetro clínico.
• Agulhas hipodérmicas.
• EPIs (luvas, botas).
• Seringa.
• Vacinas.
• Desinfetantes.
• Pá.
• Vassoura.
 
Atividades críticas
• Logo que iniciar o parto, limpar o úbere da porca com uma solução desinfetante, antes de colocar os leitões para mamar, como medida preventiva para diarréia dos leitões.
• Manter a sala de maternidade com temperatura interna próximo a 18ºC.
• No dia do parto não fornecer ração para as porcas. Posteriormente, seguir o programa de arraçoamento conforme o Padrão operacional - Alimentar leitoas e matrizes.
• Fornecer água em quantidade e qualidade adequada em temperatura de 12ºC a 25ºC.
• Logo após o parto, recolher a placenta e os leitões mortos, destinando-os para a composteira.
• Realizar limpezas diárias com raspagem e varredura das salas de maternidade e nos escamotedores.
• Aplicar vacina reprodutiva (Parvovirose, Leptospirose e Erisipela) de sete a 15 dias após o parto de acordo com o período de lactação, conforme a recomendação do médico veterinário.
• Anotar na ficha individual da fêmea (Controle Reprodutivo de Matrizes) todos os acontecimentos ocorridos no período.
• No caso de enxertia de leitões, priorizar fêmeas com bom aparelho mamário.
• Em primíparas, manter um leitão por teto viável, para estimular todas as glândulas mamárias.
 
Ações imediatas
• Caso observar a temperatura da água acima de 25ºC e abaixo de 12ºC, identificar a causa e buscar a ação corretiva.
• Para as fêmeas que não se alimentarem no período de lactação, medir a temperatura retal e medicar se necessário, conforme a recomendação técnica.
 
Padrão operacional - Transferir porcas para a maternidade
Resultado esperado da tarefa
Porcas alojadas na maternidade com o mínimo estresse e com segurança evitando perdas produtivas.
 
Materiais necessários
• Tábua manejo.
• Água corrente.
• Sabão
• Desinfetante.
• Escova.
• Pulverizador.
• EPIs (botas ou botinas e protetor auricular).
 
Atividades críticas
• Identificar os animais a serem transferidos, de acordo com previsão de parto, formação de lotes.
• Respeitar um mínimo de três dias antes da data provável do parto, mas o ideal são sete dias.
• Conduzir os animais com calma, evitando estresse.
• Lavar bem as fêmeas com água e sabão antes de transferi-las para a maternidade.
• Conduzir a fêmea até o local da higienização ou na própria baia de gestação.
• A lavagem deve ser feita da frente para trás e de cima para baixo, dando atenção especial para as regiões perianal, aparelhos locomotores e mamário e orelhas.
• Realizar a desinfecção das porcas com uma solução desinfetante de acordo com orientação técnica.
• A transferência deve ser realizada nas horas mais frescas do dia, e conduzir os animais com calma sem agressões, ruídos e gestos bruscos.
 
Padrão operacional - Identificar cio
Resultado esperado da tarefa
Identificação do melhor momento para realização da inseminação ou monta natural.
 
Materiais necessários
• Ficha individual.
• Caneta.
• Bastão marcador.
• Caderneta de anotação.
 
Atividades críticas
• Retirar o rufião de sua baia e conduzi-lo até a frente das matrizes ou dentro das baias coletivas durante 15 minutos (de manhã e á tarde).
• Preconizar o contato "focinho-focinho" entre o rufião e a fêmea.
• Fazer pressão no lombo e flanco das matrizes enquanto estimuladas pelo rufião.
• A fêmea no cio apresenta as seguintes características:
- permanece imóvel durante o contato com o macho;
- vulva avermelhada, úmida e aumentada de tamanho;
- orelhas em posição vertical – "em pé";
- porcas inquietas na gaiola;
- movimentação de salto sobre as outras fêmeas.
• Marcar as matrizes que apresentarem cio com o bastão marcador (reflexo de tolerância ao macho - RTM), em cima do pescoço.
• Levar o macho de volta para sua baia.
• Para as fêmeas que entraram no cio, anotar a data e horário na ficha (Controle de cobertura de matrizes).
• Recolher as fichas e conduzir as fêmeas que apresentaram cio para o local de inseminação.
• As doses de sêmen já devem estar programadas conforme Padrão operacional - Solicitar, transportar, receber e conservar o sêmen.
• Como rufião usar machos com bom libido e com maior idade.
 
Observação
Fêmeas com corrimento anormal não devem ser inseminadas, tratá-las de acordo com a recomendação técnica e inseminá-las no próximo cio.
 
Ações imediatas
• Se a fêmea repetir cio três vezes, deve ser descartada do plantel.
• Intervir com tábua de manejo quando o macho rufião judiar as porcas nas baias coletivas.
 
Padrão operacional - Solicitar, transportar, receber e conservar o sêmen
Resultado esperado da tarefa
Sêmen de boa qualidade disponível para inseminação.
 
Materiais necessários
• Bloco para receber pedido.
• Acondicionador – caixa térmica.
• Conservadores de sêmen.
• Termômetro.
• Ficha de controle da temperatura do conservador.
 
Atividades críticas
Pedido do sêmen
• Solicitar as doses necessárias de sêmen para a CIA (Central de Inseminação Artificial) com o prazo de 24 horas de antecedência – via telefone, e-mail ou outro meio de comunicação.
Transporte de sêmen (produtor)
• O sêmen deve estar acondicionado em caixas térmicas preenchidas em 90% de seu espaço, com sêmen e/ou jornal.
• Evitar a exposição direta da luz solar e variações bruscas de temperatura (caixa térmica).
Recebimento de sêmen
• Conferir as doses e pipetas conforme o pedido e nota fiscal.
• Acondicionar o sêmen no conservador, que deve estar em temperatura de 15ºC a 18ºC.
Conservação do sêmen
• Manter a temperatura interna do conservador de sêmen de 15ºC a 18ºC, verificando com termômetro de máxima e mínima.
• Monitorar a temperatura interna diariamente, anotando em ficha de controle a temperatura mínima e máxima (Ficha de controle da temperatura do conservador).
• As bisnagas de sêmen não devem ser colocadas em pé, para evitar aglutinação do sêmen.
• Movimentar suavemente as bisnagas de sêmen duas vezes ao dia, manhã e noite.
• Seguir rigorosamente o período de viabilidade/utilização das doses.
 
Ações imediatas
• Caso a temperatura do conservador não permanecer entre 15ºC e 18ºC solicitar o reparo imediato do conservador, sob pena de inviabilizar o sêmen.
• Se as doses de sêmen não chegarem no horário previsto, o suinocultor deve entrar em contato com a CIA, para identificar o problema e solucionar imediatamente.
 
Padrão operacional - Inseminar artificialmente matrizes e monta natural
Resultado esperado da tarefa
Matrizes inseminadas conforme o procedimento padrão.
 
Materiais necessários
• Bisnaga de sêmen.
• Pipeta descartável.
• Lixeiro.
• Papel toalha.
• Relógio.
• Tesoura.
• Caixa de isopor.
• EPIs (protetor auricular e luvas).
 
Atividades críticas
Inseminação artificial
• Observação: sempre que possível fazer a inseminação artificial.
• O fluxo de inseminação deve seguir a seguinte ordem: leitoas, fêmeas desmamadas.
• Confirmar se a fêmea está no cio, utilizando rufião acima de dez meses de idade.
• Retirar o sêmen, que já foi preparado e conservado conforme o Padrão operacional - Solicitar, transportar, receber e conservar o sêmen, e transportá-lo até a inseminação em caixa de isopor.
• Posicionar o rufião em frente das fêmeas já identificadas a serem inseminadas (máximo cinco fêmeas por vez).
• Granjas que possuem cinta ou cela de inseminação, colocá-la na fêmea a ser inseminada.
• Limpar a vulva da fêmea utilizando papel toalha.
• Desembalar a pipeta descartável, expondo somente 1/3 da mesma.
• Cortar a ponta da bisnaga com uma tesoura.
• Lubrificar a ponta da pipeta com o sêmen (pouca quantidade).
• Com os dedos polegar e indicador abrir a vulva para evitar entrada de sujeira.
• Introduzir a pipeta em um ângulo de 45º no sentido do dorso.
• Verificar se a pipeta está fixada no colo uterino, puxando levemente.
• Adaptar a bisnaga de sêmen na extremidade da pipeta e levantar a mesma.
• Pressionar a bisnaga levemente (a inseminação deve durar no mínimo cinco minutos).
• Retirar a bisnaga e deixar a pipeta fechada por aproximadamente três minutos.
• Retirar a pipeta com movimentos suaves.
• Anotar na Ficha controle reprodutivo de matrizes: dia, número do macho.
• As fêmeas podem receber até três inseminações, variando conforme o Reflexo de Tolerância ao Macho (RTM) e protocolo da tabela abaixo:
Sistema de Produção de Leitões baseado em Planejamento, Gestão e Padrões Operacionais (Parte III) - Image 2
 
• A terceira dose somente será feita se a fêmea estiver extremamente parada.
• Porcas com IDC (Intervalo Desmame Cio) maior que sete dias não devem ser inseminadas, aguardar o próximo cio.
 
Monta natural
• Observação: a monta natural somente deve ser utilizada na impossibilidade da utilização da inseminação artificial.
• Levar a fêmea até a baia de cobertura.
• Limpar a vulva da fêmea utilizando papel toalha.
• Trazer o macho até a baia de cobertura.
• Acompanhar e auxiliar o momento da cobertura.
• Adotar duas montas, para leitoas ou porcas, mantendo o intervalo de 24 horas entre elas. Para porcas com Intervalo de Desmame Cio (IDC) de até quatro dias, realizar uma terceira cobertura 12 a 24 horas após a segunda cobertura.
• Realizar a cobrição após o fornecimento da ração e nas horas mais frescas do dia (início e final do dia).
 
Ações imediatas
• Quando não fixar bem a pipeta e notar refluxo, reposicionar a pipeta.
***O trabalho foi originalmente publicado por Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária /Embrapa Suínos e Aves/ Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - ISSN 1678- 8850, Versão Eletrônica - Junho, 2013.

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