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Aspectos práticos do manejo de leitoas e porcas gestantes para a manutenção do escorre corporal

Publicado: 20 de março de 2024
Por: 1Carlos Alexandre Oelke, 2Andressa Layter Oelke, 1Laura Galvão Sperotto, 3Leandro Tiago Sperotto, 4Patrícia Rossi, 1Bruno Neutzling Fraga. 1Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA). 2Técnica Agropecuária. 3Centro Universitário do Vale do Araguaia (UNIVAR). 4Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
INTRODUÇÃO
A cadeia de suínos é um importante segmento da agropecuária para o Brasil. Em 2021, o valor bruto da produção ultrapassou 31 bilhões de reais, com uma produção de 4,7 milhões de toneladas. Desse total, exportou 24,19%, o que manteve o Brasil na quarta colocação entre os maiores exportadores de carne suína do mundo (ABPA, 2022).
Os números da suinocultura são impressionantes, porém o aumento do valor das matérias-primas, principalmente do milho e do farelo de soja geram preocupação ao setor, devido ao aumento no custo de produção. Isto porque a nutrição representa 79,36% do custo total e acumulou aumento de 4,25% nos últimos 12 meses (CIAS-EMBRAPA, 2022).
O ciclo produtivo de uma fêmea suína possui duração de 141 dias, sendo 115 dias de gestação, 21 dias de lactação e 5 dias do intervalo desmame ao cio. O período gestacional representa 81% do ciclo. Nesse cenário, o manejo nutricional se destaca e, portanto, a alimentação adequada beneficia a fase seguinte e gera economia a produção.
Em granjas comerciais existe uma grande variabilidade na condição de escore corporal das fêmeas gestantes. Em geral, as fêmeas estão com alto escore corporal ou sobrepeso principalmente no momento do parto. Talvez, isso pode indicar uma falha no manejo nutricional, mais especificamente no programa alimentar. O equívoco pode derivar tanto por um fornecimento de ração superior nas fases quanto por uma distribuição imprecisa de ração entre as fases. No segundo caso, não há alteração do volume total de ração fornecida durante a gestação o que pode dificultar o diagnóstico. De qualquer maneira, ambos os casos reduzem o desempenho reprodutivo do plantel e aumentam os custos produtivos.
O acompanhamento do escore corporal das fêmeas, leitoas ou porcas, pode ser um manejo para orientar o programa alimentar a fim de obter melhores resultados produtivos e econômicos. O objetivo neste estudo foi abordar os manejos e práticas para a padronização das fêmeas gestantes.
MANEJOS E PRÁTICAS ADOTADAS NA GESTAÇÃO VISANDO MAN- TER UM ADEQUADO ESCORE CORPORAL DAS FÊMEAS
O fornecimento de uma alimentação inadequada para as futuras reprodutoras ou para as matrizes gestantes eleva os custos com a nutrição e pode resultar em fêmeas obesas e reduzir os índices produtivos. Dessa maneira, para as leitoas é necessária maior atenção uma vez que, apesar de atingirem a maturidade sexual, elas ainda estão em crescimento fisiológico. Conforme Rabelo et al. (2016), a condição corporal das marrãs na primeira inseminação tem um efeito significativo na sua vida reprodutiva.
A recomendação é de que as marrãs sejam cobertas com 140-150 kg de peso vivo, idade aproximada de 220 a 240 dias e, a partir do 2º cio, preferencialmente no 3º (ABCS & MAPA, 2011). Conforme a ABCS & MAPA (2011), é possível associar a maturidade hormonal da fêmea com as reservas corporais de tecido magro e gordura, com um alto número de ovulações e com o espaçamento uterino adequado para gestação de um grande número de fetos.
A expectativa de Ganho de Peso Diário (GPD) dos 150 dias e/ou 94 kg de peso vivo, até os 220 dias e/ou 145 kg, é de em média 730 g. Segundo ABCS (2014), as empresas de genética recomendam taxas de crescimento mais conservadoras, com ganhos médios menores de 700 gramas. Leitoas com GPD acima de 860 g tiveram maior número de leitões, tanto no total de nascidos como no de nascidos vivos, do que leitoas com menores taxas de crescimento (ABCS, 2014). Portanto, as pesquisas apontam que fêmeas com maiores taxas de GPD têm melhor desempenho, do que fêmeas com taxas de ganho menores.
A figura 1 apresenta um crescimento que propicia a fêmea atingir a maior longevidade. Este ocorre para as leitoas dos 94 kg de peso até os 145 kg com projeções para as idades no primeiro, segundo e terceiro cio. Nessa situação o GPD médio é de 714 g dos 150 aos 178 dias, 667 g dos 178 aos 199 dias e 810 g dos 199 aos 220 dias. O maior GPD nos últimos 21 dias antes do terceiro cio é esperado, pois é nesse período que as leitoas irão receber a dieta flushing.
A curva de GPD é influenciado pelo material genético, assim salienta-se que existem diferenças em relação ao crescimento das fêmeas das diferentes empresas de genética. Embora trabalhoso, a pesagem das leitoas para acompanhamento é o ideal para o controle do GPD, principalmente se a granja apresentar uma grande variabilidade de peso para essas leitoas no momento da cobertura. As pesagens poderiam ser realizadas aos 178 e 199 dias, o que permite correções no manejo alimentar entre os 94 e 114 kg de peso vivo.
Figura 1. Expectativa de crescimento da leitoa dos 94 kg até a cobertura.
Aspectos práticos do manejo de leitoas e porcas gestantes para a manutenção do escorre corporal - Image 1
Na gestação, a dieta da leitoa deve assegurar o seu adequado crescimento, bem como o desenvolvimento dos fetos e aparelho reprodutivo para, ao final da gestação, haver o ganho de 40 a 45 kg peso (ABCS, 2014; ROSTAGNO et al., 2017). Contudo, a manutenção das fêmeas gestantes no escore ideal de peso pode ser uma tarefa complexa. As matrizes obesas demandam maior atenção, pois haverá manejo alimentar restritivo. Esse pode prejudicar o desenvolvimento corporal das matrizes jovens bem como o peso dos leitões ao nascimento, tanto para fêmeas nulíparas como para multíparas.
Na tabela 1, é apresentado o ganho reprodutivo, ou seja, relacionado ao desenvolvimento do útero, fetos, fluidos, tecido, placenta e tecido mamário que é superior na segunda fase (86-115 dias) da gestação (ROSTAGNO et al., 2017). A porca de 220 kg de peso corporal, entre as fases, possui redução de 127 g/dia no ganho materno e aumento de 446 g/dia no ganho reprodutivo, ou seja, um aumento de 305%.
Tabela 1. Ganho de peso materno e reprodutivo para marrãs e porcas.
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As granjas que possuírem fêmeas com sobrepeso na fase dos 86 aos 115 dias de gestação devem evitar e/ou realizarem a restrição alimentar de forma menos intensa. Caso contrário os leitões podem nascer com menor peso, uma vez que 60% do crescimento fetal ocorre no terço final da gestação (NOBLET et al., 1990).
Talvez, um questionamento importante ao realizar visitas as granjas, seja em relação ao consumo de ração por matriz reprodutora por ano. Os valores relatados devem variar entre 900 a 1100 kg de ração, ao considerar o consumo nos períodos de gestação, lactação e Intervalo Desmame-Cio (IDC) multiplicados pelo número de partos/fêmea/ano.
O profissional deve avaliar o programa nutricional adotado pela granja, para verificar se a quantidade fornecida está de acordo. Por exemplo, ao observar o consumo preconizado para fêmeas gestantes e lactantes a partir do NRC (2012) e Rostagno et al. (2017), considerando um IDC de 5 dias e 2,5 partos/fêmea/ano, o consumo será de 990 kg e 1110 kg, respectivamente. Porém, é importante salientar que ambas trazem exigências nutricionais, de energia e consumos diferentes. Além disso, esse exemplo baseou-se na recomendação para matrizes com ordem de parto superior a quatro, mas ambas as tabelas disponibilizam recomendações para fêmeas com diferentes ordens de parto.
Ao identificar que as fêmeas em gestação estão no sobrepeso, é importante verificar o consumo em cada um dos períodos de gestação. Isto porque apesar do produtor fornecer a quantidade de ração indicada na gestação a sua distribuição pode estar equivocada.
Na tabela 2, é possível verificar uma situação hipotética para o período de gestação entre consumo esperado e consumo observado. A simulação utilizou as exigências do NRC (2012), para uma dieta com 2950 kcal/kg de Energia Metabolizável (EM).
Tabela 2. Estimativa de consumo diário de ração e consumo total de ração e de energia metabolizável no período de gestação.
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O consumo de ração em ambas as simulações foi de 267 kg, o que pode induzir erroneamente que o consumo de energia também é igual. Ao não considerar esta diferença provavelmente as fêmeas do consumo observado apresentarão sobrepeso, incorporado na fase dos 0 aos 90 dias. Como se não bastasse, isso afetará negativamente o peso da leitegada ao nascimento.
Ao estratificar o consumo de energia por fases de gestação é possível verificar que as fêmeas do consumo observado excederam 26.550 kcal de energia metabolizável no período dos 0 aos 90 dias de gestação. Essa fase é caracterizada pelo maior ganho materno (Tabela 1), ou seja, a matriz elevará o seu peso (engordar). No consumo observado, o consumo diário de energia foi superior em 4% (295 kcal/EM/dia).
Na segunda fase da gestação, o consumo de energia total para as matrizes do consumo observado foi inferior em 23.600 kcal/EM. Isso representa um decréscimo no consumo diário de energia de 13% (1.180 kcal/EM/dia) ao esperando. Nessa situação, o consumo inferior de energia influencia negativamente o peso dos leitões ao nascimento, pois o maior ganho fetal é no terço final de gestação.
Ao avaliar o consumo observado de ração das matrizes nas diferentes fases é importante avaliar se este será concretizado na realidade. Para tanto, por exemplo, é necessária a aferição das conchas (capacidade volumétrica e densidade da dieta) utilizadas na distribuição manual de ração ou a correta regulagem do sistema automatizado de alimentação da granja.
As regulagens e aferições dos equipamentos precisam ser realizadas a cada lote de ração recebido, pois alterações nas dietas e das matérias primas utilizadas ocorrem longo do ano. Principalmente para as dietas de gestação as quais possuem níveis elevados de fibra, e dependendo do ingrediente haverá uma alteração no volume da dieta. Por exemplo, uma dieta com 3,3% de fibra bruta e consumo de 2,47 kg/ração/dia atende as exigências das matrizes igualmente, que uma dieta com 10,1% de fibra bruta e consumo de 2,85 kg/ração/ dia (OELKE et al., 2018). No entanto, caso um produtor que utilize a ração 10,1% de fibra bruta e receba um lote de ração com 3,3% de fibra bruta, e não seja informado ou realize aferição (pesagem), fornecerá 380 g de excesso de ração por dia. Nesse cenário haveria elevação do custo de produção e de peso das fêmeas.
Novamente, a avaliação da condição corporal das fêmeas é imprescindível para a correta tomada de decisão para a redução ou aumento do fornecimento das dietas. Ressalta-se que de maneira geral, as fêmeas suínas em granjas comerciais estão com sobrepeso.
No quadro 1, os círculos amarelos representam a evolução da condição corporal (escore corporal) das matrizes durante a gestação. Ao início da gestação as matrizes estão em condição corporal inferior ao escore 3, decorrente da perda de peso ocorrida na lactação.
Quadro 1. Evolução da condição corporal das fêmeas durante a gestação.
Aspectos práticos do manejo de leitoas e porcas gestantes para a manutenção do escorre corporal - Image 4
Os círculos amarelos indicam a evolução ideal do escore corporal das matrizes
No quadro 2, foi simulado uma situação de avaliação visual do Escore de Condição Corporal (ECC) de matrizes para o período de início gestacional (0 até os 28 dias). O maior número percentual de animais está no escore corporal 3 (36%), seguido do escore 2 (33,6%). Portanto, se faz necessário adotar medidas a fim de corrigir o ECC e evitar que as fêmeas evoluam o ECC nas próximas fases da gestação.
No período de gestação dos 29 aos 56 dias, a maioria das fêmeas estão no ECC de 3, com 43,7% das fêmeas. Contudo, 40,3% das matrizes estão com ECC entre 4 e 5. Caso não ocorra intervenção no fornecimento de ração para o plantel, a maioria das fêmeas estará com um ECC entre 4 e 5.
Nas fases dos 57 aos 85 dias de gestação e dos 86 dias ao parto, 51,5% e 55,7% das matrizes estão com um ECC de 4, respectivamente. Contudo, é desejado que a maioria das fêmeas gestantes atingissem o momento do parto com um ECC de 3. Verifica-se que a adoção da rotina de avaliação da ECC é importante para um adequado manejo corretivo.
Quadro 2. Simulação de uma avaliação do escore corporal em uma granja de suínos.
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Os círculos amarelos indicam a evolução ideal do escore corporal das matrizes
Na fase final da gestação (após os 86 dias de gestação) o ganho reprodutivo é superior (ROSTAGNO et al., 2017) e o programa de restrição alimentar severo deve ser evitado. Por outro lado, as matrizes podem retornarem do período da lactação com um ECC inferior a 3. Um fornecimento elevado de ração na fase inicial pode ser prejudicial, por influenciar negativamente na sobrevivência embrionária (ABREU et al. 2005 e BERTECHINI, 2012).
Nos três primeiros dias após a cobertura de leitoas se o consumo diário de ração for superior a 2,5 kg, pode haver redução de 5% na sobrevivência embrionária (AHERNE & WILLIAMS, 1992) a 15% (DYCK et al., 1980). Porém, em marrãs prolíficas níveis elevados de alimentação (4 kg versus 2 kg/ração/dia) da cobertura até os 7 dias de gestação, não afetou a sobrevivência embrionária bem como o tamanho e a variabilidade dos embriões aos 27 dias de gestação (QUESNEL et al. 2010). Segundo MOITA (2014), o aumento da mortalidade embrionária é atribuído à baixa na concentração de progesterona plasmática causada pelo aumento do fluxo sanguíneo e do catabolismo hepático desse hormônio induzido pelo maior consumo de alimento. Essa associação é relacionada à progesterona e sua influência nas atividades secretórias do útero e do oviduto, necessárias para o embrião em desenvolvimento (MOITA, 2014). Conforme JINDAL et al., (1996) e MOITA (2014), o período mais crítico para a sobrevivência embrionária compreende as primeiras 72 horas. Por isso que os cuidados com o fornecimento da quantidade de ração ocorrem nos primeiros sete dias de gestação. No entanto, sempre existe a possibilidade de novas avaliações decorrente das novas genéticas a fim de avaliar o efeito das diferentes quantidades de rações sobre o número de nascidos vivos e totais.
A avaliação da condição corporal pode ser realizada de forma visual. Para tanto, é observado os ossos das costelas, pélvicos e coluna vertebral e, de forma conjunta, fazer a palpação da coluna vertebral. Para esta prática o observador deve se posicionar atrás da fêmea e posicionar a sua mão pouco acima da base da cauda, na linha da coluna vertebral para então apalpar a região. A classificação segue os seguintes critérios: ECC 1, coluna vertebral sentida facilmente; ECC 2 e 3 coluna sentida se for exercida pressão, com pressão superior para o 3; e ECC 4 e 5 não será detectada a coluna vertebral mesmo sob pressão.
A fim de evitar a subjetividade do procedimento descrito anteriormente, as granjas estão adotando o equipamento Caliper (Figura 1). Esse aparelho possibilita metodologia objetiva e evita variações subjetivas entre diferentes avaliadores.
Figura 1. Caliper utilizado para determinar o escore de condição corporal das porcas.
Aspectos práticos do manejo de leitoas e porcas gestantes para a manutenção do escorre corporal - Image 6
A leitura do ECC ocorre quando o avaliador localizar a última costela da fêmea, posicionar centralmente o aparelho a coluna vertebral e apoiar os apêndices do Caliper sobre a pele da porca sem pressionar (Figura 2 A e B) (NUTRON, 2018).
Figura 2. Caliper sendo utilizado para determinar o ECC de porcas gestantes (A e B).
Aspectos práticos do manejo de leitoas e porcas gestantes para a manutenção do escorre corporal - Image 7
A correta avaliação da condição corporal das matrizes possibilita o ajuste da quantidade de ração de acordo com o programa de alimentação sugerido pelo nutricionista. A tabela 3 apresenta um exemplo de programa alimentar.
Tabela 3. Exemplo de manejo alimentar com base na condição corporal das matrizes.
Aspectos práticos do manejo de leitoas e porcas gestantes para a manutenção do escorre corporal - Image 8
Ao realizar a leitura do ECC das fêmeas com o Caliper é necessário identificar a localização das mesmas. Uma maneira simples pode ser através de um pedaço de cano ou mangueira acoplado aos ferros das celas de gestação (NUTRON, 2018). A identificação também pode ser feita ao amarrar as embalagens plásticas remanescentes das pipetas utilizadas na inseminação artificial que seriam descartadas. Para tanto, os mesmos são amarrados a estrutura metálica da cela sendo, um plástico para as matrizes com ECC inferior e dois plásticos para matrizes com ECC superior.
Ressalta-se também que as avaliações das matrizes, tanto as que estão com menor quanto as que estão com maior oferta de ração, sejam realizadas semanalmente. Isto porque em uma semana as fêmeas podem se adequar ao escore de condição ideal. Caso isso ocorra, a marcação das celas deve ser retirada, para que as mesmas recebam a quantidade adequada de ração das fêmeas com o ECC 3.
Ao determinar a situação do plantel pode ser realizada a reorganização das quantidades de ração, conforme o escorre corporal das matrizes nas diferentes fases da gestação. Na tabela 3, está demonstrado um exemplo de manejo alimentar conforme o estágio da gestação e o ECC das matrizes. Para tanto, foi utilizada uma dieta com 3.000 kcal/kg de ração (NRC, 2012), para porcas com ordem de parto superior a quatro. Os níveis de energia, 6.897 kcal/ EM/dia até os 90 dias e 8.151 kcal/EM/dia dos 91 dias em diante, foram ajustados para as matrizes com ECC 3. Para os outros escores os níveis são variáveis, seja para aumentar o ganho de peso das matrizes ou pra reduzir.
A magnitude da restrição alimentar praticado no período dos 36 aos 90 dias, nas fêmeas dos ECC 4 e 5 é percentualmente inferior, quando comparada ao fornecimento superior para as fêmeas com os ECC 1 e 2. Embora necessário, a restrição alimentar não deve ser severa, conforme observada na tabela 3, independente do programa alimentar adotado pela granja. No caso em que a granja inicia a alimentação das fêmeas com quantidades entre 1,9 e 2,0 kg/ração/dia, para as fêmeas com o ECC ideal, o aporte de ração a mais, para as magras, poderá chegar a patamares que giram em torno dos 30%, enquanto, a restrição alimentar para a mesma situação de consumo (1,9 a 2,0 kg/ração/dia para fêmeas com ECC de 3) não ultrapassará os 10%.
É importante salientar que esse material traz, de forma exemplificada situações que podem ocorrer nas granjas, no entanto, é importante os produtores e técnicos ajustarem as recomendações conforme a sua realidade, levando em consideração a linhagem comercial utilizada na granja.
Embora a grande preocupação geralmente recaia sobre as fêmeas obesas, é importante destacar que fêmeas magras também representam um desafio nas granjas, pois em ambos os casos, problemas, como a síndrome do segundo parto podem surgir.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O correto manejo das matrizes em relação ao Escore de Condição Corporal é uma estratégia importante, tanto do ponto de vista econômico, uma vez que impede o aumento do custo de produção, como produtivo, pois pode impedir que se tenha o surgimento de leitegadas mais leves ao parto.
Várias estratégias podem ser utilizadas para manter um adequado controle do peso das matrizes suínas em gestação, destacando-se o uso do Caliper para identificar o escore corporal das fêmeas, e com isso fazer as adequações necessárias nas quantidades de rações a serem fornecidas as matrizes gestantes. Além disso, é importante fazer a aferição adequada dos utensílios e equipamentos utilizados para a distribuição de ração, realizando-se sempre a pesagem da mesma ao chegar na granja. A adoção dessas medidas, como já mencionado, é um passo importante para que o produtor não tenha gasto desnecessário com ração, e tão pouco prejudique o desempenho produtivo das matrizes.
PUBLICADO ORGINALMENTE NA EDITORA CIENTÍFICA DIGITAL, EM 31/08/2023. DOI 10.37885/230713818. ACESSO DISPONÍVEL EM: ASPECTOS PRÁTICOS DO MANEJO DE LEITOAS E PORCAS GESTANTES PARA A MANUTENÇÃO DO ESCORRE CORPORAL - Editora Científica Digital (editoracientifica.com.br)
Licença Creative Commons

ABCS, MAPA. Manual Brasileiro de Boas Práticas Agropecuárias na Produção de Suínos. Revisão técnica Armando Lopes do Amaral...[et al.]. Brasília, DF:ABCS; MAPA; Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2011, 140 p.

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AHERNE, F. X.; WILLIAMS, I. H. Nutrition for optimizing breeding herd performance. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, Maryland Heights, v. 8, p. 589–608, 1992.

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