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O que você precisa saber sobre as infecções causadas por Brachyspira hyodysenteriae e Brachyspira pilosicoli?

Publicado: 21 de maio de 2020
Por: Lyllian Lima, consultora de serviços técnicos do departamento de suinocultura na Agroceres Multimix
O aparecimento de novas doenças e a resistência de alguns organismos à medicamentos, vêm gerando uma preocupação mundial. Desse modo, a suinocultura precisará realizar ajustes na forma de produção, em virtude de fatores associados à sanidade e bem-estar dos animais. No Brasil, temos dois exemplos de infecções que vêm gerando prejuízos consideráveis aos produtores. As bactérias do gênero Brachyspira são perigosos agentes causadores de doenças entéricas em suínos, representando prejuízos econômicos significativos para a suinocultura, dentre elas destacam-se: Brachyspira hyodysenteriae e Brachyspira pilosicoli. Para quem não sabe, sua infecção causa, respectivamente: a disenteria suína e a colite espiroquetal.
Os principais sintomas das infecções causadas por Brachyspira são caracterizadas por quadros de diarreia mucoide e/ou hemorrágica, associadas a lesões muco-hemorrágicas localizadas, comumente, no cólon e ceco.  A colite espiroquetal causada pela B. pilosicoli, tende a ser autolimitante e se caracteriza por colite moderada, diarreia mucoide e atraso no crescimento. Em suínos, a infecção ocorre geralmente por ingestão de matéria fecal e acomete os animais na fase imediatamente posterior à transferência entre creche e recria (GUEDES E BARCELLOS, 2012a), porque normalmente nessas fases os animais são transferidos para terminações contaminadas por lotes anteriores. No entanto, a disenteria suína, causada pela B. hyodysenteriae, provoca tiflocolite (inflamação do ceco e do cólon) fibrino-hemorrágica, quadros diarreicos graves e acentuada perda da condição corporal (GUEDES & BARCELLOS, 2012a; 2012b). Suínos de recria e terminação são mais susceptíveis à doença, embora a infecção possa ocorrer em animais de todas as idades (HAMPSON et al., 2006).
Geralmente, os animais apresentam maior susceptibilidade a essas doenças, devido a novas condições de manejo e estresse em que são expostos, como: a movimentação, mistura de animais, mudanças de ração, alojamento em ambiente contaminado.
Os testes moleculares, como o PCR (polymerase chain reaction), já são amplamente utilizados no diagnóstico das infecções por bactérias do gênero Brachyspira, principalmente por serem rápidos e de fácil execução (GUEDES E BARCELLOS, 2012).
Entre as consequências da diarreia causada pelas bactérias do gênero Brachyspira em suínos, podemos destacar:
  • Aumento da taxa de mortalidade e conversão alimentar;
  • Desuniformidade entre lotes;
  • Aumento do custo de produção, devido a altas despesas com tratamentos (BACCARO et al., 2003; JACOBSON et al., 2005).
As medidas preventivas são o melhor método para evitar a entrada da doença no rebanho, dentre elas destacam-se:
  • Evitar a entrada de “animais portadores” no rebanho, introduzindo somente animais livres. A reposição interna é uma alternativa, pois restringe a entrada de animais oriundos de outras granjas;
  • A forma mais comum de entrada de doença na granja é através de animais portadores assintomáticos e a quarentena consiste em um período de reclusão após a chegada na granja, em local afastado. Durante esse período são realizados exames laboratoriais e acompanhamento clínico, no caso de incubação de alguma doença;
  • Controle de vetores (roedores, moscas e outros animais) evita que o agente seja carreado e disseminado;
  • Correta limpeza e desinfecção de caminhões, pois o agente pode estar presente nas fezes e ser transferido para a granja no momento do embarque de suínos para o frigorífico;
  • Controle de entrada de pessoas e medidas de higiene relacionadas aos funcionários (banho, troca de uniformes e calçados);
  • Tratamento adequado de dejetos;
Após a instalação da doença na granja, é necessário a implantação de medidas corretivas, a fim de erradicar o agente. Dentre essas medidas estão:
  • A técnica de despovoamento total da granja e repovoamento com animais livres é a melhor solução na erradicação do agente, devido à sua eficácia. Consiste na retirada em massa de todos os animais. Em seguida, deve-se realizar o protocolo de limpeza e desinfecção, seguido de vazio sanitário. Embora seja o método mais eficaz é o que apresenta o maior custo. Para essa abordagem de despovoamento total é necessário que se realize a remoção completa de resíduos e dejetos, inclusive dos reservatórios, além da implantação de um plano de controle eficiente para eliminação dos vetores.
  • No despovoamento parcial, com associação de antimicrobianos, mantêm-se os animais mais velhos, por apresentarem maior resistência à infecção e retiram-se os animais mais jovens. Estes animais são levados para outra granja até finalizarem seu crescimento. O local onde estavam alojados deve passar por um rigoroso processo de limpeza e desinfecção, seguido de vazio sanitário. Os animais mais velhos remanescentes na granja deverão ser tratados com antimicrobianos após teste de sensibilidade do agente (Hampson et al., 2006; McOrist & Bennett, 2006);
  • Tratamento de todos os animais do plantel com antimicrobianos é mais uma das técnicas utilizadas, visando a eliminação do agente da granja. Consiste no tratamento em massa com uso de antimicrobianos com sensibilidade comprovada em teste de laboratório. As doses e forma de uso dos antimicrobianos dependem do peso e idade dos animais;
  • O correto processo de limpeza, desinfecção e vazio sanitário, possibilita a redução da pressão de infecção no ambiente, auxiliando no processo de erradicação do agente;
  • O controle de vetores deve ser realizado constantemente em toda granja, evitando a reinfecção dos animais;
  • Medidas de biossegurança evitam que o agente seja transferido a outros setores de uma mesma granja, ou até mesmo na prevenção de transferência do agente a outras granjas.
Vale lembrar que as medidas de controle que envolvem despovoamento e uso de antimicrobianos geram altos custos de produção. Diante disso, as medidas preventivas que evitam a entrada do agente no plantel são o melhor caminho a ser seguido.

BACCARO, M. R., MORENO, A. M., SHINYA, L. T. et al. Identification of bacterial agents of enteric diseases by multiplex PCR in growing-finishing pigs. Braz. J. Microbiol., v. 34, p. 225-229, 2003.

GUEDES, R. M. C.; BARCELLOS, D. Colite espiroquetal. In: Eds. SOBESTIANSKY, J. & BARCELLOS, D. Doenças dos Suínos. 2ª ed. Goiânia: Cânone Editorial, 2012ª. 122-127.

GUEDES, R. M. C.; BARCELLOS, D. Disenteria suína. In: Eds. SOBESTIANSKY, J. & BARCELLOS, D. Doenças dos Suínos. 2ª ed. Goiânia: Cânone Editorial, 2012ª. 128-134.

HAMPSOM, D. J.; DUHAMEL, G. E. Porcine colonic spirochetosis / Intestinal spirochetosis. In: Eds. STRAW, B. E. et al. Diseases of swine. 9th ed. Ames: Blackwell Publishing, 2006. 755-767.

HAMPSON, D. J., FELLSTRÖM, C. & THOMSON, J. R. Swine Dysentery. In: Straw, B. E., Zimmerman, J. J., D’Allaire, S. & Taylor, D. J. Diseases of Swine. 9ªed. Ames: Blackwell Publishing, 2006. 785-805.

JACOBSON, M., GERTH LÖFSTEDT, M., HOLMGREN, N.; et al. The prevalences of Brachyspira spp and Lawsonia intracellularis in Swedish piglet producing herds and wild board population. J. Vet. Med., v. 52, p. 386-391, 2005.

McORIST, S. & BENNETT, C. Eradication of swine dysentery on large-scale breeder farms by parcial depopulation/medication. In: Proc 19th Congr Int Pig Soc, 2006. 26-27.

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Autores:
Lyllian Lima
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