Introdução
A alimentação compreende uma parcela significativa dos custos de produção da carne suína (NIEMI et al., 2010). Já os lucros estão diretamente relacionados com o aumento no custo dos ingredientes. Como sabemos 60% da produção brasileira de milho e farelo de soja são destinados à alimentação animal. Desse modo, qualquer imprevisto na produção de milho e farelo de soja afeta, diretamente, os custos de produção dos suínos. Uma alternativa a isso, é a busca por ingredientes que possam ser utilizados em substituição ao milho e farelo de soja. Pesquisas recentes recomendam a utilização de alguns ingredientes alternativos para suínos como, por exemplo, o farelo de canola, resíduos do processamento do trigo (DDGS-trigo), farelo de côco além dos resíduos do processamento do milho (DDGS-milho) (CARVALHO et al., 2014; O´SHEA et al., 2014; SMIT et al., 2014). Uma característica comum entre a maioria dos ingredientes alternativos é o elevado teor de fibras e esta torna-se interessante do ponto de vista nutricional para suínos em terminação, pois reduz o aproveitamento energético pelos animais, possibilitando a produção de carcaças mais magras. A produção e o comércio de frutas tropicais podem chegar a 82 milhões de toneladas em 2014 (FAO, 2014). As indústrias brasileiras processam cerca de 32 mil toneladas de acerola por ano. O farelo de acerola, desprezado no processo fabril, corresponde a 20% desse montante (AGUIAR et al., 2010). Desta forma, este trabalho teve como objetivo desenvolver um modelo de superfície de resposta, a partir dos níveis de inclusão de farelo de acerola e do break-even point, para predição do custo operacional total.
Material e Métodos
Foram utilizados 48 machos castrados com peso inicial de 78,81 ± 5,10 kg e, aproximadamente, 121 dias de idade, alocados, por peso, num delineamento experimental em blocos casualizados, com quatro tratamentos (Dieta basal -DB; Dieta contendo 9% de farelo de acerola -AC9; Dieta contendo 18% de farelo de acerola - AC18 e Dieta contendo 27% de farelo de acerola -AC27) e doze repetições. As dietas (isoprotéicas e isolisínicas) foram formuladas para atender as exigencias indicadas por Rostagno et al. (2011), para suínos de alto potencial genético. Após um período de adaptação, iniciou-se o ensaio de desempenho, com os animais recebendo as dietas pré-determinadas, até atingirem 123,42 ± 10,76 kg de peso, com aproximadamente 161 dias de idade, quando foram abatidos. Nesse período, toda a ração fornecida e as sobras foram pesadas diariamente. No momento do abate, os suínos foram atordoados, por meio de descarga elétrica, seguida pelos procedimentos de sangria, depilação e evisceração. O custo operacional total (COT-R$) baseou-se na metodologia do Instituto de Economia Agrícola (IEA), descrita por Matsunaga et al. (1976). Já o break-even point corresponde ao ponto de nivelamento, ou seja, é o momento em que a receita e os custos se igualam. As análises de variâncias dos resultados foram testadas pela normalidade dos erros e homocedasticidade das variâncias (testes de Shapiro-Wilk e Box-Cox, respectivamente), por meio do SAS® v.9.2 (SAS Institute Inc., Cary, NC, USA). Posteriormente, construiu-se gráfico de superficie de resposta, através do programa STATÍSTICA (Versão 6.0) desenvolvido pela Stat Soft, Inc. (2001).
Resultados e Discussão
A inclusão de níveis crescentes de farelo de acerola, às dietas dos suínos, proporcionou redução linear no break-even point, como demonstrado na Figura 1. Os níveis de farelo de acerola substituíram o milho e o farelo de soja em porcentagens distintas. Convém ressaltar que o farelo de acerola possui custo, por quilograma, inferior ao milho e farelo de soja. Além disso, os elevados teores de fibra do farelo de acerola proporcionaram redução no consumo por parte dos animais. Portanto, as maiores inclusões de farelo de acerola apresentou menor break-even point, com redução no custo operacional total.
Figura 1 – Interação níveis de farelo de acerola x break-even point sobre o custo operacional total de produção.
O modelo de superfície de resposta também sugeriu uma equação, na qual é possível predizer o COT-R$ para suínos alimentados com farelo de acerola, nos níveis testados neste trabalho.
Conclusão
O custo operacional total decresceu com o aumento dos níveis de farelo de acerola às dietas de suínos.
Agradecimentos
À FAPESP pelo financiamento da pesquisa, PROCESSO 2011/22906-6, e pela bolsa de doutorado, PROCESSO 2011/22563-1. E à NUTRA - Nutrição Animal pela doação do Farelo de Acerola.
Referências Bibliográficas
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2. CARVALHO, L.E.; WATANABE, P.H.; RIBEIRO, J.C.; NEPOMUCENO, R.C.; GOMES, T.R.; OLIVEIRA, E.L. Níveis de farelo de coco em rações para leitões na fase de creche. Archivos de Zootecnia. v.63, n.242, p.7-15, 2014.
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***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.