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Descargas Vulvares Fisiológico

“Descargas Vulvares: Quando é fisiológico ou patológico?”

Publicado: 8 de junho de 2006
Por: Anamaria Vargas (Uniquímica) y Ana Paula Mellagi e Cristiane Furtado (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
“Taxa de parto e de descarte como ferramenta de avaliação do desempenho”

Na suinocultura tecnificada, os índices reprodutivos das matrizes são uma preocupação constante. As taxas de parto e de descarte são índices largamente utilizados como ferramenta de avaliação do desempenho reprodutivo do plantel, pois afetam diretamente o número de partos/ fêmea/ ano. Portanto, a saúde do trato gênito-urinário das fêmeas é um fator imprescindível e deve ser garantida. A observação de descargas vulvares ou secreções tem ocorrido com relativa freqüência nas granjas devido à intensificação da produção, podendo atingir 25% das fêmeas e destas, 2/3 podem apresentar falhas reprodutivas. A ocorrência de até 3% de descargas é considerada aceitável e o aumento deste percentual deve ser analisado com cautela, pois pode estar relacionado às instalações, ao manejo adotado e ao grau de observação do funcionário. Desta forma, a tomada de qualquer decisão depende, fundamentalmente, em correto diagnóstico e interpretação deste achado clínico.

“Origens”

As descargas vulvares têm diversas origens, podendo ser provenientes tanto do trato genital quanto do urinário. A correta identificação da origem das secreções é fundamental para a eficácia de tratamento e adoção de medidas de controle adequadas.

Outro aspecto importante é a diferenciação entre secreções fisiológicas e patológicas (Tabela 1). Descargas normais ou fisiológicas ocorrem em diversas fases do ciclo reprodutivo. No período de pró-estro e estro é comum a observação de secreções com aspecto mucoso. Entre 8-48h após a inseminação ou cobertura ocorre o processo fisiológico de eliminação do excesso de sêmen, no qual 2/3 do volume de sêmen infundido são refluídos do trato genital da fêmea. Durante a gestação, pode haver a eliminação do tampão mucoso. Descargas vulvares observadas até 5 dias após parto são consideradas normais e tem como objetivo a eliminação dos restos placentários e debris celulares, promovendo a limpeza do útero durante o puerpério, para que haja a completa involução uterina para a próxima gestação.

“Secreções anormais ou patológicas”

As secreções anormais ou patológicas podem ser provenientes do trato genital ou urinário. Aquelas originadas do trato reprodutivo podem ser decorrentes de vaginites (por lesões na vulva e vagina), cervicites ou, mais freqüentemente, endometrites. As leitoas e porcas vazias são mais susceptíveis a endometrites que demais fêmeas. As descargas patológicas provenientes do trato urinário, na maioria dos casos, estão associadas a cistites. Contudo, casos mais graves podem envolver ureteres e rins.

Diversos são os motivos que levam a não observação das secreções vulvares dificultando, desta forma, o diagnóstico e resolução do problema. É comum as secreções serem eliminadas de forma intermitente, em pouca quantidade e por poucos minutos. A secreção pode cair no piso ripado e ser removida junto com a urina e fezes, passando despercebida pelo funcionário. A observação do problema pode ser dificultada se as fêmeas ingerirem as secreções do piso ou vulva de outras fêmeas (comum em alojamento em baia) ou deitarem sobre a descarga vulvar (fêmeas alojadas em gaiolas). Portanto, o funcionário deve fazer uma avaliação das fêmeas de forma cautelosa, tendo o cuidado de observar a vulva e também o períneo e a cauda das fêmeas, além das instalações e do piso. Contudo, é importante salientar que, em certas situações, a infecção pode não apresentar sinais clínicos visíveis, permanecendo oculta aos olhos dos funcionários.

“Descargas Vulvares: Quando é fisiológico ou patológico?” - Image 1

“Cistite”

A infecção urinária, também conhecida como cistite é a penetração e multiplicação bacteriana na bexiga. A infecção pode ocorrer por duas vias distintas: via descendente (hematógena) ou via ascendente (vulva). Pela via descendente, os rins são atingidos por microrganismos patogênicos oriundos de uma septicemia e, através dos ureteres, chegam à bexiga juntamente com a urina. Já na via infecção ascendente, que é a forma mais comum, o agente penetra no trato urogenital através da vulva, atinge o meato urinário e, pela uretra, alcança a bexiga, onde se instala causando em infecção.

O diagnóstico presuntivo pode ser feito através da observação dos animais durante a micção, sendo esta uma boa ferramenta no auxílio ao diagnóstico. As alterações que podem ser observadas são: dor durante a micção, ocorrência de grumos no final da micção, odor fétido e aspecto turvo da urina. Outra possibilidade de diagnóstico é o uso de fitas reagentes disponíveis no mercado. Estas fitas para análise da urina indicam pH, nitrito, proteínas, sangue e sedimentos. Por fim, para diagnóstico definitivo, deve-se realizar a coleta de material para exame bacteriológico, a fim de realizar contagem do número de unidades formadoras de colônias (UFC), identificar os agentes envolvidos e realizar o antibiograma.

“Agentes envolvidos”

Os principais agentes envolvidos são Escherichia coli e Actinobaculum suis. A E. coli faz parte da microbiota do trato urogenital e fecal dos suínos. No entanto, em condições adequadas, pode se tornar um agente oportunista e causar infecções. Já o A. suis é encontrado na microbiota do divertículo prepucial sem causar danos ao macho.

Em rebanhos com problemas de infecção urinária, observa-se elevado número de porcas com falta de apetite, emagrecimento progressivo, aumento dos índices de morte súbita de matrizes, descarga vulvar purulenta, urina turva (podendo haver presença de pus ou sangue no final da micção), redução no desempenho reprodutivo (aumento de ocorrência de retornos ao estro, redução na taxa de parição, redução no número de leitões nascidos por porca) e aumento na taxa de descarte de matrizes. A hipertermia que ocorre durante o processo de bacteremia pode levar às falhas reprodutivas, devido aos transtornos circulatórios ocasionados no estroma uterino. Além disso, o processo inflamatório desencadeado provoca a liberação de substâncias endógenas, entre elas a Prostaglandina F2, que tem efeito luteolítico. Ambos os processos resultam em morte embrionária, seguida de reabsorção e retorno irregular ao estro ou morte fetal, causando aborto. Porém, na maioria dos casos de infecção urinária não existem sinais clínicos aparentes, ocultando o problema.
Como podem ser observados, os prejuízos econômicos ocasionados pela infecção urinária são inúmeros, pois levam a problemas puerperais, falhas reprodutivas, morte das fêmeas, além de gastos com medicamentos.

“Endometrites”

Endometrite é a inflamação apenas do endométrio. Já a metrite é um processo inflamatório que envolve todas as camadas do útero, sendo um agravamento da primeira. Ambas são responsáveis por falhas reprodutivas, pois interferem na fecundação do oócito, na ligação embrio-maternal e no mecanismo de placentação, apesar de não interferir na ciclicidade da fêmea.

A introdução do agente infeccioso pode ocorrer em diferentes momentos do ciclo reprodutivo. A via ascendente é a forma mais comum de infecção uterina, na qual o patógeno é introduzido pela vulva e alcança o útero. A contaminação pode ocorrer no momento da IA/cobertura ou durante o atendimento ao parto distócico. Sêmen contaminado, cobertura tardia (IA no metaestro), ou machos doentes são fontes importantes de contaminação. Já durante o parto, é imprescindível que as instalações estejam limpas e que, no caso de intervenção em distocias, todos os cuidados higiênicos sejam tomados. Falta de limpeza ambiental e infecções na vulva, vestíbulo, vagina ou até mesmo cistite, constituem a fonte de contaminação da infecção via ascendente.

A suspeita da doença em um plantel pode surgir devido ao aumento do número de fêmeas com secreções e elevação na taxa de retorno ao estro, ocorrendo também em combinação com aborto ou logo após o parto. Além das descargas vulvares, outros sinais clínicos podem ser buscados, como inapetência, constipação e aumento da temperatura corporal. Porcas lactantes podem apresentar hipo ou agalaxia, que se reflete no estado geral da leitegada, onde os leitões passam a apresentar diarréia e sintomas de refugagem.

“Fatores de risco”

· Falta de higiene das instalações;
· Qualidade e quantidade de água ingerida;
· Situações estressantes;
· Composição e manejo do arraçoamento;
· Falta de higiene do prepúcio;
· Doenças do aparelho locomotor;
· Falta de atividade física;
· Traumatismos;
Duração do parto, etc.

“Descarga Vulvar em leitoas”

É um problema crescente nos atuais sistemas de produção, mas estão muito relacionadas a animais em que foi detectado estro após o transporte ou quando estas fêmeas foram expostas ao macho. Além disso, vaginites podem ocorrer após mordidas de outras leitoas, sem haver comprometimento uterino. Endometrites ou metrites estão muito relacionadas ao tipo de instalação em que estas fêmeas se encontram. Normalmente, a infecção ocorre quando as leitoas se encontram na recria/terminação e ainda não têm o sistema imune uterino desenvolvido.

“Descarga vulgar purulenta pós-cobertura”

A descarga observada entre o 14º e o 20º dia pós-cobertura é tipicamente indicativo de metrite ou endometrite. Como conseqüência reprodutiva, há retorno ao estro, devido à contaminação bacteriana por agentes como Escherichia coli e Streptococcus sp. Outra causa de endometrite está associada à inseminação no metaestro (fase progesterônica) em que a defesa uterina diminui, predispondo à infecção.

“Descarga vulvar pós-parto”

Mesmo com os mecanismos de defesa uterino após o parto, há possibilidades de contaminação, caso haja uma alta pressão de infecção, gerando a endometrite puerperal. Além da endometrite, a porca pode apresentar hipertermia, anorexia, alterações na cadeia mamária.

“Diagnóstico”

Para o diagnóstico, a avaliação do relatório de reprodução é uma ferramenta de suma importância para detectarmos o surgimento e evolução do problema. Após a identificação da doença, deve-se tentar localizar os fatores de risco, observando a higiene e os tipos de instalações, manejo adotado na granja, o arraçoamento e o fornecimento de água. Para complementar o diagnóstico, podemos lançar mão de outras ferramentas, como exame clínico, laboratoriais e monitoramento no frigorífico.

“Prevenção e controle”

O problema está presente na granja, quando observamos um aumento no número de casos e quando surgirem outros sintomas, como morte súbita de matrizes, retorno ao cio, abortos, falsa gestação, leitegadas com menos de 7 leitões ou mesmo uma diminuição do tamanho da leitegada.
Para evitar o surgimento de infecções gênito-urinárias e queda nos índices reprodutivos, alguns cuidados devem ser tomados durante o manejo dos animais (Quadro 1).

“Descargas Vulvares: Quando é fisiológico ou patológico?” - Image 2

O tratamento é complexo, e envolve medidas de correção dos fatores de risco, administração de antibióticos via ração, fornecimento de acidificantes (casos de infecção urinária) e eliminação de matrizes com problemas crônicos.

Material cedido pela Universidade Uniquímica de Negócios.
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chalana machado
13 de abril de 2021
Ola, tenho 4 porcas à 15 anos desde bebe, nunca pariram, e de tempo em tempo esse ano, 2 ja apresentaram hemorragia (sangramento pela vagina) sempre de madrugada, elas nunca foram cobertas e dormem em baias separadas, no hemograma nao apresentou infeccao nem alteracao no exame de urina a mesma coisa, o que leva à essa hemorragia sem causa aparente?
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Celia Maria Pereira carvalho
13 de febrero de 2019
Depois do parto a porca ficou como útero pra fora a mais de um mês .o que fazer
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Prof. Roberto de Andrade Bordin
Universidade Anhembi Morumbi - Brasil
Universidade Anhembi Morumbi - Brasil
21 de enero de 2009
Olá tudo bem? sobre descargas vulvares a dúvida básica é de sua origem...se é pré parto, pós parto ou um corrimento frequente. Muitas causas são predisponentes. Que tal uma discussão mais específica? Desenvolvo pesquisas sobre Infecção Urinária, descarga vulvar e perdas reprodutivas associadas a estes processos abs. Prof. Roberto de Andrade Bordin - DMV. M.Sc berto@anhembimorumbi.edu.br
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Milton José Melz
Milton José Melz
21 de julio de 2006
GOSTARIA MUITO DE OBTER INFORMAÇÕES RELACIONADAS A DESCARGAS VULVARES QUE OCORREM LOGO APÓS A COBERTURA, ESTAS COM APARÊNCIA PURULENTA. SE POSSÍVEL, RELACIONAR POSSÍVEIS CAUSAS E SE SÃO CONSIDERADAS NORMAIS OU ANORMAIS.
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