INTRODUÇÃOO estudo do fósforo na nutrição animal exige uma atenção especial.O interesse pelo seu estudo se deve à sua essencialidade no metabolismo animal, onde participa de funções metabólicas vitais ao organismo e por ser o mineral que mais sobrecarrega o custo das rações. Sua principal função no metabolismo é a formação e manutenção do sistema ósseo e dos dentes. Além disso, o fósforo participa do armazenamento e transferência de energia, como componente do monofosfato (AMP), difosfato (ADP) e trifosfato de adenosina (ATP), faz parte da estrutura dos ácidos nucléicos (DNA e RNA), atua no equilíbrio ácido-base, na manutenção da pressão osmótica e participa de inúmeros sistemas enzimáticos, entre outras funções essenciais ao organismo. A busca pela melhoria da produtividade, bem como a crescente demanda do mercado consumidor por carne magra de alta qualidade, tem levado a indústria suinícola à seleção de suínos com elevado potencial genético para taxa de crescimento, eficiência alimentar e deposição de carne magra na carcaça. A introdução desses grupos genéticos no mercado tornou-se uma preocupação para os nutricionistas, pois em vários trabalhos tem-se relatado que as exigências nutricionais não são idênticas para suínos com diferentes potenciais genéticos para deposição de carne magra na carcaça. De acordo com (1) suínos com diferentes potenciais genéticos para deposição de tecido magro na carcaça possuem diferentes exigências de minerais. No Brasil, há uma escassez de informações sobre as exigências nutricionais de suínos com alto potencial genético para produção de carne magra na carcaça, visto que é relativamente recente a introdução desses grupos genéticos no mercado brasileiro. Em relação ao fósforo, os resultados de pesquisa disponíveis no país não são recentes e foram obtidos com animais de baixo potencial genético, que não representam mais o rebanho nacional. Nesse sentido, o presente trabalho foi realizado com o objetivo de se determinar as exigências nutricionais de fósforo disponível de suínos machos castrados de alto potencial genético para deposição de carne magra na carcaça, dos 60 aos 95 kg.
MATERIAL E MÉTODOSO experimento foi conduzido no galpão experimental de suinocultura da granja da EPAMIG, localizada na Fazenda Experimental Vale do Piranga, no município de Oratórios, MG. Foram utilizados 60 suínos machos castrados híbridos comerciais, selecionados geneticamente para alta deposição de carne magra na carcaça, com peso inicial de 59,84 ± 1,64 kg, distribuídos em um delineamento experimental de blocos ao acaso, com cinco tratamentos (níveis de fósforo disponível), seis repetições e dois animais por unidade experimental (baia). As rações experimentais foram produzidas a partir de uma ração base (T1), sem adição de fosfato bicálcico, composta de milho e farelo de soja, suplementada com minerais, vitaminas e aminoácidos, contendo 15,53 % de proteína bruta, 3230 kcal/kg de energia metabolizável e 0,097 % de fósforo disponível (PD), formulada de modo a atender as recomendações nutricionais mínimas sugeridas por (4), exceto para o PD. As rações correspondentes aos tratamentos experimentais caracterizavam-se pela suplementação da dieta base com quatro níveis de fosfato bicálcico (0,504; 0,991; 1,477 e 1,962 %), em substituição ao caulim e ao calcário calcítico, resultando em rações experimentais com 0,097; 0,190; 0,280; 0,370 e 0,460 % de PD, todas isoprotéicas, isoenergéticas e isocálcicas. A água e as rações foram fornecidas à vontade durante todo o período experimental. Foram tomadas medidas ultra-sônicas in vivo para algumas das características de carcaça no primeiro e último dia do período experimental após a pesagem dos animais, utilizando-se um equipamento portátil de ultra-som (PigLog-105®, v. 3.1). Os pontos de leitura do aparelho foram obtidos do lado esquerdo do animal onde se determinou a medida de espessura de toucinho e a medida de profundidade de lombo (PL). A partir dos valores de leitura determinou-se, através de equação, a porcentagem de carne magra do animal. Ao final do experimento,os animais com o peso de 94,70 ± 4,92 kg, foram encaminhados para o abate em frigorífico. Os animais foram atordoados, abatidos, depilados, eviscerados e submetidos à avaliação das características de carcaça de acordo com os procedimentos do frigorífico. Na linha de abate, as carcaças foram individualmente avaliadas com o auxílio de uma pistola tipificadora Stork-SKF (modelo S-87), utilizando o sistema informatizado “Fat-o-Meater Fom. Os dados obtidos foram submetidos análise de variância utilizando-se o pacote estatístico computacional SAEG. Com base nos resultados, estimou-se a exigência de PD utilizando os modelos de regressão linear e ou quadrático.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados de espessura de toucinho (ET), profundidade de lombo (PL), porcentagem de carne magra (PCM) e taxa de deposição de carne magra diária (TDCMD) encontram-se na Tab. 1. Não houve efeito dos tratamentos (P < 0,10) sobre a espessura de toucinho medidas in vivo através de ultra-som. Observouse efeito quadrático (P = 0,086) dos níveis de PD da ração sobre a profundidade de lombo (PL) obtida in vivo por ultra-som a qual aumentou até o nível de 0,35 % de PD (0,109 %/Mcal de EM). (6) não verificaram efeito dos níveis ou da fonte de fósforo sobre a PL média ou sobre a área de olho de lombo (AOL), obtidas por ultra-som em tempo real, ao avaliarem suínos mestiços machos castrados e fêmeas, entre 45-78 kg e 78-110 kg. Não foi observado efeito dos níveis de PD da dieta (P < 0,10) sobre a porcentagem de carne magra (PCM) medida in vivo através de ultra-som. Verificou-se efeito quadrático (P<0,01) dos tratamentos sobre a TDCMD, a qual aumentou até o nível de 0,31 % de PD. Não foi observado efeito (P < 0,10) dos níveis de fósforo da dieta sobre o rendimento de carcaça (RC), semelhante ao observado por (5), ao avaliarem efeitos de níveis de Ca e P para suínos puros, machos castrados e fêmeas, dos 45 aos 91 kg. Os níveis de fósforo da dieta não afetaram (P < 0,10) a ET medida no frigorífico. (2) também não verificaram efeito dos níveis de LXXXIII fósforo sobre a ET de suínos puros, Large White, machos castrados e fêmeas, dos 50 aos 90 kg. Observouse efeito quadrático (P<0,05) dos níveis de PD da ração sobre a PL, que aumentou até o nível de 0,31 % de PD. Houve efeito quadrático (P<0,05) dos tratamentos sobre a PCM, a qual aumentou até o nível de 0,33 % de PD. Esta observação ratifica o relato de (7), que afirmam que suínos de alto potencial genético para deposição de carne na carcaça possuem maior conteúdo de tecido magro e ósseo quando comparados aos de baixo potencial genético, o que pode justificar sua maior exigência de PD. Os tratamentos não afetaram (P < 0,10) a PCM medida no frigorífico, semelhante ao verificado por (3), que não observaram efeito dos níveis de PD da dieta sobre a PCM de suínos híbridos na fase de terminação tardia.
CONCLUSÕESConcluiu-se que suínos machos castrados híbridos comerciais selecionados geneticamente para deposição de carne magra na carcaça exigem 0,33 % de PD (0, 103 %/Mcal de EM), para melhores resultados de desempenho dos 60 aos 95 kg, o que corresponde a um consumo estimado de 9,38 g de PD/dia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. HENDRICKS, W. H.; MOUGHAN, P. J. Whole-body mineral composition of entire male and female pigs depositing protein at maximal rates. Liv. Prod. Sci., v. 33, n. 1, p. 161-170, 1993.
2. KETAREN, P. P.; BATTERHAM, E. S.; WHITE, E. et al. Phosphorus studies in pigs. 1. Available phosphorus requirements of grower/finisher. Brit. J. Nut., v. 70, p. 249-268, 1993.
3. O’QUINN, P. R.; KNABE, D. A.; GREGG, E. J. Digestible phosphorus needs of terminal-cross growing-finishing pigs. J. Anim. Sci., v. 75, p. 1308-1318, 1997.
4. ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L. et al. Tabelas brasileiras para aves e suínos - Composição de alimentos e exigências nutricionais. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 2000. 141p.
5. STOCKLAND, W. L.; BLAYLOCK, L. G. Influence of dietary calcium and phosphorus levels on the performance and bone characteristics of growing-finishing swine. J. Anim. Sci., v. 37, n. 4, p. 906-912, 1973.
6.TRAYLOR, S. L.; CROMWELL, G. L.; LINDEMANN, M. D. Bioavailability of phosphorus in meat and bone meal for swine. J. Anim. Sci., v. 83, p. 1054-1061, 2005.
7. WISEMAN, T. G.; MAHAN, D. C.; PETERS, J. C. et al. Tissue weights and body composition of two genetic lines of barrows and gilts from twenty to one hundred twenty-five kilograms of body weight. J. Anim. Sci., v. 85, p. 1825-1835, 2007.