O milho híbrido DAS 766 foi identificado pela Embrapa Suínos e Aves (Lima et al., 2000, 2001) como um genótipo de teor de óleo acima da média do que a maioria dos híbridos comerciais encontrados no Brasil, podendo ser considerado de teor de óleo superior, ao redor de 5% de óleo, sendo inferior aos híbridos de alto óleo (superiores a 6,5% de óleo).
O objetivo deste experimento foi estudar a interação entre dois tipos de milho com teores de óleo diferentes (comum com 3,53% de óleo e o DAS 766 com 4,83% de óleo), e dois níveis de energia metabolizável na dieta (3150 and 3300 kcal/kg) de suínos em crescimento e terminação.
Quarenta e oito suínos, machos castrados e fêmeas, com peso médio de 25,54 ± 1,91 kg e idade média de 67,4 ± 1,2 dias, foram distribuídos em um delineamento de tratamentos casualizados em blocos. Foram estudados quatro tratamentos, segundo um fatorial 2 x 2, sendo dois tipos de milho e dois níveis de energia metabolizável.
A composição das dietas é apresentada na Tabela 1. Os níveis de energia foram ajustados em função dos valores de energia determinados anteriormente com estas mesmas partidas de milho (Lima et al., 2001) e com o uso de caulim e óleo de soja. Os tratamentos foram aplicados nas fases de crescimento e terminação. A unidade experimental era constituída pela baia com um animal. Quando os animais atingiram 84 dias de período experimental foram abatidos e suas carcaças avaliadas quanto ao rendimento, espessura de toucinho, profundidade de lombo e rendimento de carcaça. Os dados foram analisados utilizandose o procedimento GLM do SAS (2002) e tendo no modelo principal os efeitos de bloco, sexo, tipo de milho e nível de energia na dieta. Além desses, foram estudadas as interações entre os fatores principais. Realizou-se também um estudo econômico calculando-se Bonificação = (37,004721+(0,094412*peso da carcaça) + (1,144822*percentual de carne) - (0,000053067* peso da carcaça * percentual de carne) + (0,000018336*( peso da carcaça **2)) + (0,000409*( percentual de carne **2)))*0,01, de acordo com Fávero et al. (1997). Não foram detectados efeitos significativos (P>0,10) dos níveis de energia da dieta sobre as variáveis estudadas. Na Tabela 2 são apresentados os resultados com o uso dos dois tipos de milho estudados.
Não houve efeito do tipo de milho sobre as variáveis de desempenho durante o período experimental (P>0,54). A ausência de diferenças para o fator milho ocorreu conforme esperado, pois as dietas foram calculadas com base nos valores de energia previamente determinados (Lima et al., 2001) nestas duas partidas de milho (milho comum e DAS 766 com 3381 e 3447 kcal EM/kg, respectivamente). Entretanto, foram observadas diferenças significativas entre tipos de milho quanto as características peso da carcaça (P=0,05), rendimento de carcaça (P=0,05) e profundidade de lombo (P=0,09). Na Tabela 3 são apresentados os componentes do estudo econômico realizado com os dados gerados e tendo como base os preços praticados em 18/06/2003 nos municípios de
Concórdia - SC (suíno com 25 kg, suíno com tipificação de carcaça e ingredientes das rações) e São Paulo - SP (suíno sem tipificação de carcaça). Salienta-se que não foram incluídos os custos fixos e apenas o custo do animal com cerca de 25 kg e custo da alimentação como componentes dos custos variáveis. Verificou-se que o uso de milho DAS 766 promoveu maior lucratividade no sistema de pagamento do produto final com ou sem tipificação de carcaça. Entretanto, no sistema de bonificação de carcaça a vantagem do uso do DAS 766 foi maior.
Estes dados confirmaram os resultados benéficos de outras análises do milho DAS 766 realizadas neste laboratório, onde se observou que a vantagem do teor de óleo do DAS 766 representa cerca de 66 kcal/kg de energia metabolizável para suínos. Este diferencial nutricional do DAS 766 acarreta em maior lucratividade na produção de suínos em diferentes sistemas de pagamento. Conclui-se que híbrido de milho DAS 766 (4,83% de óleo) apresenta melhor desempenho econômico do que um milho com 3,53% de óleo na produção de suínos em crescimento e terminação. Esta diferença em valor energético dos diferentes tipos de milho não pode ser desconsiderada na formulação de rações para suínos.
Referências Bibliográficas
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SAS INTITUTE INC. System for Microsoft Windows: Release 8.2. Cary, NC: 2002. 1 CDROM.