O progresso na tecnologia de produção de dietas durante os últimos anos representou um ganho no desenvolvimento da criação e no desempenho de suínos, fator importante no caminho que temos que percorrer frente a um consumo cada vez mais alto de proteína e energia. Em um estudo realizado pela FAO (2014), o crescimento populacional mundial entre 1990 e 2014 foi de 36%, passando de 5,3 milhões para 7,2 milhões de pessoas. Neste mesmo período houve uma redução de 10% na população rural, demonstrado que o êxodo rural ainda continua presente nos dias de hoje, porém em taxas cada vez menores. Para acrescentar ainda mais pressão nesta equação, durante o mesmo período, o consumo mundial de energia per capita elevou-se em 12%, passando de 2.597 kcal/habitante/dia para 2.903, ou seja, estamos comendo cada vez mais e melhor!
Estes dois fatores demonstram que estamos vivendo um momento importante na pressão por nutrientes, onde necessitaremos de um volume crescente de alimentos sendo produzida por uma população rural cada vez menor. Esta equação só pode ser completada com investimento em tecnologia e ganhos em produtividade por trabalhador rural. Por consequência este processo possui seu custo!
Ainda de acordo com FAO (2018), existe um processo inflacionário no preço mundial de alimentos, como determinado pelo conjunto de dados do Food Price Index resultando em um index já corrigido pela inflação e possível de ser comparado em um espaço de tempo indeterminado. De acordo com esta entidade, se comprarmos o index dos últimos 10 anos (Jan 2008 até Jan 2018) com os 10 anos anteriores (Dez 1997 até Dez 2007), houve uma inflação no preço mundial de alimentos na ordem de 74% (Gráfico 01).
Desta forma se faz necessário sempre trabalharmos para uma utilização máxima dos nutrientes presentes nos alimentos. A busca por um balanço de nutriente positivo (aproveitar mais dos alimentos gastando menos recursos), fará cada vez mais sentido.
Esta eficiência pode ser traduzida por uma busca por índices de conversão alimentar (ICA) mais reduzidos. Para se ter uma ideia, fazendo uma comparação entre o uso de 20% de sorgo grão com um preço 11% inferior ao milho grão em dieta de suínos em terminação e engorda (aprox. 200 kg de CR de 64 até 150 dias de idade), teremos uma redução de 2% no custo alimentar total dos animais se mantidos os resultados de desempenho zootécnico. Isso representa uma redução no custo de produção do suíno de R$ 2,56/cevado, o que é bastante!
Se, por outro lado, realizarmos uma estratégia de investimento em níveis nutricionais (ex.: elevação de níveis de lisina e energia) na dieta 100% milho, incrementando o custo médio do programa nutricional em R$ 7,00/ton, e com isso buscar uma redução de 3 pontos no ICA; o custo alimentar da dieta 100% milho com níveis otimizados resultará na mesma redução de custo de produção do cevado destacado anteriormente. Em outras palavras, três pontos de conversão alimentar gera a mesma vantagem para uma indústria produtora de carnes que 20% de sorgo na dieta a 89% do preço do milho.
Esta estratégia pode ainda ser melhor utilizada se trabalharmos em conjunto com algum aditivo enzimático e/ou ingrediente alternativo para reduzirmos o custo de formulação e utilizarmos parte deste benefício em estratégias de melhoria ainda maior do ICA. Devido ao efeito atual do alto potencial genético e pela inflação do preço dos alimentos no mundo, várias pesquisas estão sendo produzidas sobre o tema com objetivo de servir como orientação aos produtores na busca por reduzir o ICA em suinocultura.
Um dos bons exemplos sobre como a pesquisa sobre este tema segue avançando em suinocultura pode ser visto na revisão realizada por Patience et al. (2015). De acordo com estes autores, embora se conheça muito sobre a utilização de nutrientes e o metabolismo de suínos, realizar uma mescla destes assuntos em uma discussão sobre a ICA provou-se ser difícil. Em uma análise de um volume de dados robustos, Eles observaram que nem sempre a relação energia/lisina da dieta demonstrariam correlações positivas com o ICA e isto pode ter uma relação no fato de que o alimento consumido é raramente medido de forma eficiente, pois soma-se a este fator erros como o desaparecimento de dieta, desperdício, entre outros.
Como relatado nesta revisão, o desaparecimento de ração pode variar de 10% até 30% do total de alimento consumido por suínos (dependendo das condições das instalações). Por conseguinte, é importante perceber que o desaparecimento alimentar não necessariamente reflete com precisão a ingestão alimentar pelo animal, sendo um dos principais pontos a serem combatidos na busca por eficiência alimentar.
Sendo assim, os autores sugerem uma atenção no volume de dieta utilizada, pois este ponto assumirá cada vez mais importância. A busca por eficiência individual de conversão alimentar é uma característica importante que influencia o uso da energia, recursos, insumos, reduzindo o impacto ecológico no sistema de produção dos suínos.