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Diferenças na composição da carcaça de suínos machos, castrado e imunocastrado: Uma revisão narrativa da literatura

Publicado: 8 de novembro de 2024
Por: Francisco Danilo Tavares a* e Cristiane Sandra da Silva. a Faculdade Patos de Minas - FPM, Patos de Minas, Minas Gerais, Brasil.
Sumário

A qualidade da carne suína, tem como dependentes os fatores de interesse do varejo e do consumidor, incluindo a aparência, prazo de validade, assim como a maciez e o sabor. Um dos fatores determinantes à qualidade do animal diz respeito à sua castração. A castração de suínos é um procedimento realizado para o controle de odor da carne e para garantir a qualidade integral do animal para o consumo. Para tanto, compreender os efeitos dela na produção dos suínos é fundamental para se ter um animal de qualidade e níveis produtivos cada vez maiores. Nesse sentido, o objetivo geral deste estudo é realizar uma análise das diferenças na composição da carcaça de suínos: macho, castrado e imunocastrado por meio de uma revisão bibliográfica. Os objetivos específicos foram elucidar as características fisiológicas de suínos machos, castrados e desmamados, e investigar o efeito do AVC na qualidade corporal dos animais. Por meio deste estudo foi possível concluir que os suínos imunocastrados se sobressaem diante do rendimento das carcaças se comparado aos machos castrados cirurgicamente e aos machos inteiros, em virtude do odor sexual, da qualidade da carne, da espessura do toucinho e de modo integral.

Palavras-chave: Castração, Imunocastração, Suinocultura.

1. Introdução

Nos últimos anos, houve um aumento significativo do consumo de carne suína e bovina em todo o planeta, conforme os dados apresentados pelo site de Suinocultura Industrial (2020). Os dados publicados pelos Estados Unidos, por exemplo, indicam que o consumo da carne suína no país, foi o que teve o maior aumento, seguido pela carne bovina, pela carne de frango e pela carne ovina.
Para o Brasil, quarto maior produtor de carne suína do mundo, é um local representado nas exportações internacionais e no consumo interno. Nota-se que no que diz respeito às exportações de carne suína, o país tende a crescer economicamente em níveis mundiais (Suinocultura industrial, 2020).
Além disso, Silva e Ferreira (2016) revelam que um dos maiores produtores de suínos no país, é o estado de Santa Catarina, seguido pelos estados do Paraná e do Rio Grande do Sul. A região Sudeste e Centro – Oeste como bem mencionam os dados apresentados pela Embrapa (2021) também tiveram significativo crescimento na produção de suínos. Nesse cenário, a agricultura familiar ganha destaque, garantindo a alimentação do povo brasileiro e sendo responsáveis por mais de 70% da produção de alimentos.
Compreende-se importância da produção de suínos à luz do suinocultor e de suas famílias, como também para a manutenção da economia brasileira. Miele et al., (2011) apud Paggioli (2023) relatou que o Brasil fechou o ano de 2020 produzindo mais de 4 milhões de toneladas de suínos, superando as expectativas dos anos anteriores.
No que diz respeito aos suínos no Brasil, os últimos dados encontrados pela Central de Inteligência de Aves e Suínos – CIA (Embrapa, 2024) indicam que foram armazenadas 2 milhões de matrizes e produzidas mais de 5 milhões de toneladas. A CIA ainda revela que o país ocupa, de fato, a quarta posição mundial no que diz respeito à produção de carne suína.
Em relação ao ano de 2022, houve em 2024, um aumento de mais de 3% na produção nacional de suínos, com 76% destinada ao mercado interno e 24% para exportação. Mais de 1 milhão de toneladas de suínos são importados, tendo um aumento de 9,8% em comparação a 2022. No país, 18,3 kg de carne per capita é a média de consumo da população brasileira (Embrapa, 2024).
Diante das projeções e das perspectivas de crescimento do consumo de carne mundialmente, frisa-se a necessidade de se ter qualidade em todo o processo de produção, envolvendo novas técnicas e tecnologias em benefício do animal e do seu consumo pela sociedade. Nesse sentido, visa-se a otimização e potencialização produtiva, na qual o rendimento da carcaça, a porcentagem de carne magra e de gordura e outras características influenciem positivamente no processo.
Estudos realizados por Sainz e Araújo (2001) revelam que a qualidade da carcaça é um dos fatores primordiais que afetam a produção de carne suína em larga escala. Dentre as características de maior importância mencionadas pelos autores encontram-se o rendimento e a qualidade da carne.
A qualidade da carne suína, tem como dependentes os fatores de interesse do varejo e do consumidor, incluindo a aparência, prazo de validade, assim como a maciez e o sabor. Já no que diz respeito ao rendimento de carne na carcaça, isso dependerá do músculo estriado do animal e da sua relação com os ossos e a gordura (Freitas et al., 2004).
Dessa forma, entende-se que a quantidade muscular suína vai aumentar junto ao peso do animal no período anterior ao acúmulo rápido de gordura e reduzir na fase de terminação suína. Nesse sentido, os animais vão passar por variações que serão determinadas pela alimentação, pelo sexo, pela quantidade de hormônios injetados no animal, pelo seu genótipo e pela realização ou não da castração (Bohuslavek, 2001).
Ressalta-se que conhecer as características que se atrelam à qualidade da carne suína é fundamental para que se obtenham produtos de excelência no mercado, com a presença de características positivas na tecnologia, no processamento e no valor de mercado ao consumidor (Abcs, 2016).
Um dos fatores que influencia significativamente na qualidade da carne é a castração. Os suínos, de modo geral, apresentam fortes odores característicos. No caso dos suínos não castrados, há um odor sexual que gera cheiro e gosto na carne, em virtude da presença de androsterona e de escatol. Na castração, essas substâncias vão ser eliminadas, dando à carne suína e a sua carcaça, maior qualidade. Em virtude da dor gerada pela castração e visando o bem-estar animal, também se opta por realizar a imunocastração (Lucas, 2012).
Nesse sentido, em virtude das considerações apresentadas, o objetivo geral deste estudo é realizar uma análise das diferenças na composição da carcaça de suínos: macho, castrado e imunocastrado por meio de uma revisão bibliográfica. Os objetivos específicos foram de elucidar as características da carcaça dos suínos macho, castrado e imunocastrado e verificar o impacto da castração na qualidade da carcaça animal.

2. Material e métodos

Esta pesquisa se trata de uma revisão bibliográfica narrativa. A revisão bibliográfica possui dois propósitos – o primeiro é construir um contexto ao problema e o segundo, analisar as possibilidades presentes na literaturaconsultada para construir e conceber o referencial teórico da pesquisa. Além disso, tal tipo de pesquisa propõe agrupar, sintetizar e integrar as evidências científicas geradas através das pesquisas empíricas (Spink et. al., 2014).
A coleta de dados compreendeu a busca dos artigos indexados nas bases: Scielo, Periódico Capes e bases de dados das faculdades federais brasileiras. Os descritores utilizados foram: carcaça, suíno, suinocultura. Os documentos utilizados foram publicados nos últimos dez anos, visando a qualidade e o uso de estudos mais recentes.
O procedimento para a coleta dos dados, assim como para a seleção dos materiais utilizados, vislumbrando a revisão bibliográfica, teve como proposta uma leitura seletiva, a fim de selecionar os periódicos que melhor se encaixassem nos objetivos propostos por este trabalho. Para tanto, os documentos selecionados foram expostos através do capítulo intitulado “Resultados e Discussão”.

3. Resultados e Discussão

3.1 As características da carcaça dos suínos

3.1.1 O suíno macho não castrado

No caso dos suínos machos que não passaram por castração, foram poucos os estudos encontrados que abordaram suas características. Tonietti (2008, p 12) cita que: [...] Os machos inteiros comparados com fêmeas e castrados, tem melhor eficiência alimentar, sob regime de restrição alimentar, crescem mais rápidos e tem mais carne e menos gordura. O macho possui um tecido adiposo com menor teor de lipídeos e maior grau de insaturação, com um equilíbrio na composição de ácidos graxos, se comparado aos demais suínos (Gispert et al., 2010).
A carne e a carcaça do suíno macho, possuem um odor sexual característico que compromete o consumo da carne ao olhar do consumidor. Esse cheiro vem da androstenona – que tem cheiro de urina humana – e do cheiro das fezes do escatol. Ambas as substâncias ficam ainda mais olfativas diante do cozimento da carne e do sabor dela (Font-I-Furnols, 2012).
Entende-se que os suínos machos não castrados possuem melhor conversão alimentar e carcaças com maior percentual de carne se comparado aos demais. No entanto, em virtude do odor proveniente das substâncias androsterona e escatol, a castração torna-se necessária e pode ocorrer de duas formas: cirúrgica ou imuno cirúrgica (Font-I-Furnols, 2012).
Suínos machos não castrados apresentam melhor conversão alimentar e carcaças com maior percentual de carne do que os MC (Bonneau, 1998 apud Bruno et al., 2013), porém a castração é necessária, devido às altas concentrações de androsterona e escatol acumuladas na gordura subcutânea e intramuscular de machos não castrados (Patterson, 1968 APUD Bruno et al., 2013).
No Brasil, quando se fala sobre a criação de machos não castrados ainda se tem muito a discutir. Gispert et al., (2012) mostra que ainda é preciso buscar opções para controlar a produção dos esteroides testiculares nos suínos.
Os suínos machos não castrados além do odor sexual, percebido no cozimento da carne, possuem um comportamento mais agressivo se comparados aos demais, podendo ser expostos a lesões e diminuição do bem-estar animal a longo prazo. Sobre o odor, alguns autores mencionam que ele varia em cada animal, estando relacionado à maturidade sexual e à produção de hormônios (Xue et al., 1996).
Quanto ao abate dos suínos machos não castrados, Clarke et al., (2008) revela que ele deve acontecer antes de ser desencadeada a puberdade, como alternativa encontrada para evitar o surgimento dos odores na carcaça. Contudo, os autores evidenciam que esta solução, poderia implicar em diversas consequências, dentre elas, a redução na idade de abate, redução nas taxas de crescimento e do bem-estar do animal.
Recentemente, houve algumas modificações legislativas frente às questões relacionadas à castração dos suínos no Brasil. Logo, foi revogada a obrigatoriedade de castração dos suínos machos destinados à produção de carne, restringindo apenas o uso das carcaças que tiverem odor sexual para destino industrial. Proibir o abate dos animais com sinais de castração recente estava gerando maiores complicações em casos de imunocastração (Brasil, 2020).
Para Terto et al., (2018, p. 3):
Dos parâmetros avaliados sobre a qualidade de carne de suínos, não houve diferença entre os machos imunocastrados e não castrados. Sendo assim, o uso de machos não castrados pode ser considerada uma alternativa na produção, desde que seja controlada a produção de esteróides, através de seleção genética, a fim de evitar o odor sexual na carne destes animais.
Na imagem a seguir, exemplifica-se um suíno macho não castrado:
Figura 1 - Suíno macho não castrado. Fonte: Depositphotos (2024).
Figura 1 - Suíno macho não castrado. Fonte: Depositphotos (2024).

3.1.2. O suíno castrado cirurgicamente

A castração cirúrgica foi uma das primeiras técnicas a serem utilizadas ao longo dos anos como método de evitar a presença do odor sexual nas carcaças, além de deixar os animais mais maleáveis, evitando a postura mais agressiva característica dos machos inteiros. Diante do odor, fator que mais preocupa os suinocultores, este tem sua origem na produção e na deposição de compostos na gordura do animal assim que ele atinge a maturidade sexual, liberando um cheiro desagradável quando a carne é cozida (Oliver, 2003).
O método perpassa por algumas consequências, em específico, no metabolismo do animal. Oliver (2003) relata que através da castração cirúrgica o animal passa a ter uma maior diminuição da sua eficiência alimentar, à medida que o crescimento muscular diminui e a massa aumenta, você começa a reter menos nitrogênio, enquanto a gordura aumenta. Assim, os custos de produção em casos de castração cirúrgica são maiores em comparação com os machos inteiros.
O método é simples e de baixo custo e por um longo período ele foi utilizado como uma técnica padrão e muito comum na suinocultura em níveis mundiais. Contudo, os suinocultores passaram a ter uma maior preocupação com a saúde do animal e com o seu bem-estar, uma vez que a anestesia e os analgésicos usados durante o procedimento, perpassavam por uma baixa adesão (Souza, 2019).
Na castração cirúrgica é feito um corte direto nos testículos, fazendo com que a produção de espermatozoides, de androsterona e de testosterona sejam extintas, evitando que a carcaça fique com o odor sexual, diminuindo o comportamento sexual do animal e sua agressividade. Mover animais fica mais fácil nesses casos.
Segundo a Embrapa (2021), o ideal é que a castração seja realizada antes dos leitões completarem os doze dias de idade. Deve ser feito o preparo do bisturi, do fio e do desinfetante a base de iodo em um balde. O auxiliar deve estar com o animal em mãos em uma tábua de castração ou realizar a imobilização apropriada.
A região do escroto deve ser limpa com um pano e uso do desinfetante à base de iodo. Devem ser feitos os cortes sobre os testículos, fazendo a retirada por tração. Logo em seguida deve haver a desinfecção da incisão e a liberação do leitão. Nessas incisões escrotais, deve-se fazer com aproximadamente 2 centímetros de comprimento apenas, realizando – as o mais baixo possível para que os fluidos referentes ao procedimento sejam drenados, evitando posteriores infecções (Embrapa, 2021).
Pode ainda ser feita a castração inguinal. Nela é feita uma incisão na linha média, entre o último par de tetos. O dedo indicador deve ser introduzido, tracionando o cordão do esperma e aí com o bisturi, vão ser raspados os cordões, o que podegerar um estresse significativo no suíno, além de dor, sofrimento e problemas crônicos a longo prazo (Embrapa, 2021).
Abaixo, a imagem ilustra a castração cirúrgica suína.
Figura 2 - Castração cirúrgica em leitão. Fonte: Pele Flor (2024).
Figura 2 - Castração cirúrgica em leitão. Fonte: Pele Flor (2024).

3.1.3. A castração imunológica

Por meio da castração é possível produzir carcaças sem os odores sexuais oriundos do animal. A castração imunológica tem uma melhor eficiência alimentar e um maior percentual de carne que os suínos castrados cirurgicamente. Os suínos imunocastrados são mais calmos e com baixa frequência de monta. Além de que na imunocastração, o sofrimento e o estresse causados são menores que na castração cirúrgica (Pauly et al., 2009; Rydhmer et al., 2010).
Rydhmer et al., (2010) e Lanferdini et al., (2012) e revelam que os suínos imunocastrados tem maior peso de abate se comparados aos machos castrados cirurgicamente. Já quanto a carcaça fria, os machos castrados apresentam peso superior. No entanto, visando a qualidade para consumo são utilizadas técnicas e medidas para poder melhor equilibrar e dar qualidade ao animal em sua totalidade.
A castração imunológica se dá na aplicação de uma vacina injetável subcutânea introduzida na base do pescoço do animal, atrás da orelha. A vacina é composta por uma modificação de GnRH junto a uma proteína que vai induzir a formação de anticorpos que vão atuar contra o GnRH do animal (Pauly et al., 2009).
Todos os animais devem receber duas doses com intervalo de 4 semanas e permanecer no animal durante oito semanas após a segunda dose. Logo, é usada a própria imunidade do animal para suprimir o GnRh e impedir ele de estimular a secreção de LH e de FSH, evitando com que os testículos desenvolvam e que os hormônios esteroides sejam sintetizados. Recomendase que a primeira dose da vacina seja aplicada entre a oitava e a nona semana de vida do suíno, enquanto a segunda dose deve ser aplicada de 4 a 5 semanas antes dele ir para o abate.
Assim, quando se fala nas vantagens da imunocastração em comparação com a castração cirúrgica, foca-se no bemestar do animal, fazendo com que a dor seja evitada. Além disso, o animal continua ganhando peso e não tem o odor sexual manifestado na carne (Pauly et al., 2009).
Contudo, é preciso compreender que existem desvantagens que precisam ser mencionadas diante da imunocastração: custo x benefício – uma vez que é preciso capacitar o funcionário para que a injeção seja aplicada corretamente e no prazo adequado -, a presença de androsterona no tecido adiposo de alguns animais vacinados, dificuldade de vacinação dos animais em casos de agrupamento em baias (Pauly et al., 2009).
Para Simplício et al., (2011, p.3):
A imunocastração parece ser uma alternativa viável para a castração de suínos machos, por apresentar-se como uma técnica menos dolorosa e estressante ao suíno, além de melhorar o desempenho, promovendo menor consumo de ração e conversão alimentar, menor mortalidade na fase de leitão e maior relação carne magra: gordura.
Na imagem abaixo, é evidenciado o protocolo de imunocastração e seu funcionamento no animal. Esse tipo de castração, utiliza a vacina para inibir os hormônios GnRH do cérebro do animal, reduzindo a testosterona e demais substâncias que se relacionam ao desenvolvimento e comportamento sexual dos machos. Abaixo, menciona-se as doses das vacinas utilizadas na imunocastração: a primeira com 110 dias e a segunda com 140 dias, para que o abate do animal seja até os 170 dias (Vet Profissional, 2024).
O cérebro produz o GnRH, que é crucial no controle da função reprodutiva. Em resposta a esse hormônio, a hipófise libera do hormônio LH e o FSH. Eles chegam aos testículos por meio da circulação sanguínea e estimulam a produção de testosterona. Na imunocastração, a vacina vai neutralizar o GnRH e impedir a ativação da hipófise, evitando a liberação de LH e FSH. Quando não há liberação de nenhum desses hormônios, consequentemente os testículos não vão receber os sinais para que haja a produção de testosterona (Vet ProfissionaL, 2024).
Figura 3 – Imunocastração. Fonte: Vet Profissional, 2024.
Figura 3 – Imunocastração. Fonte: Vet Profissional, 2024.

3.2 Diferenças na composição da carcaça de suínos: macho, castrado e imunocastrado

O desempenho da carcaça dos suínos é um fator determinante na cadeia produtiva e no mercado consumidor. Portanto, para cada tipo de animal e sua respectiva castração, essa carcaça terá alterações.
Nos estudos realizados por Tonietti (2008) apud Oliveira (2022), foi avaliado o desempenho do suíno macho imunocastrado, chegando à conclusão de que a imunocastração, favorece o ganho de peso e a conversão alimentar, apesar de não influenciar no consumo de ração. Os animais castrados cirurgicamente no estudo feito pelo autor tiveram resultados no ganho de peso bastante semelhantes. Porém, os imunocastrados apresentaram melhores resultados em termos de eficiência reprodutiva. Os registros obtidos por Tonietti (2008) juntamente aos estudos de Oliveira (2022), indicaram que os porcos imunocastrados tem um aumento significativo na quantidade de carne e diminuição da quantidade de gordura.
No caso da imunocastração, os estudos de Delbem (2018) revelaram que a qualidade da carne e o desempenho do animal foram melhores, mas a carcaça não teve alterações. Já, na comparação entre os imunocastrados e os animais castrados cirurgicamente, Delbem (2018) reforçou que os suínos imunocastrado apresentaram menor rendimento de carcaça, mas não apresentaram diferenças no que diz respeito à espessura do toucinho e nem do rendimento de carne magra.
Nos estudos realizados por Huber et al., (2013) compararam os suínos não castrados, os castrados cirurgicamente e imunocastrados, no qual os suínos não castrados apresentaram maior deposição de proteínas do que os demais, já os imunocastrados apresentaram maior deposição de carne magra do que os demais.
Nas palavras de Rosa (2008) o sexo (masculino/feminino) também auxilia na análise da carcaça e de outros fatores relacionados à produção animal. Nas palavras do autor, o rendimento da carne na carcaça de fêmeas é maior que na de machos castrados, embora os machos abatidos apresentassem maiores valores de peso vivo, peso de abate, espessura do toucinho e quantidade de gordura na carcaça.
Oliveira (2022) conclui em seus estudos que os suínos imunocastrados sobressaem diante do rendimento das carcaças se comparado aos machos castrados cirurgicamente e aos machos inteiros. O autor e Rodrigues et al., (2017) possuem estudos semelhantes no que diz respeito aos odores sexuais exalados pelos animais. Para os autores, o macho inteiro é o suíno que tem maior odor sexual em sua carcaça, o que prejudica seu consumo.

4. Considerações Finais

Este estudo teve por objetivo analisar a diferença entre as carcaças dos suínos: não castrados, castrados cirurgicamente e imunocastrados. Para tanto, compreendeu-se que tradicionalmente, a castração cirúrgica era uma metodologia que foi utilizada por diversos anos. No entanto, ela não traz bem-estar ao animal e desencadeia prejuízos à produção suína a longo prazo.
No caso dos suínos não castrados, apesar dos benefícios inerentes à não castração, compreende-se que o odor sexual, afeta a qualidade da carcaça animal e dificulta o seu consumo. Para tanto, a imunocastração tornou-se uma excelente alternativa ao suinocultor, uma vez que ela possibilita o aumento do ganho de peso diário do animal, diminui a espessura do toucinho e não afeta a qualidade da carcaça do animal.
Ao escolher a imunocastração, o suinocultor evita danos aos animais e reduz o estresse e o comportamento agressivo. É notório, no estudo realizado que os pontos positivos da imunocastração são verificados por grande parte dos estudiosos do campo. Aos poucos a castração cirúrgica vem dando espaço à imunocastração, evitando dores e sofrimentos aos animais e podendo oferecer ao Brasil e ao mundo um animal integralmente de qualidade.
Logo, conclui – se que os suínos imunocastrados se sobressaem diante do rendimento das carcaças se comparado aos machos castrados cirurgicamente e aos machos inteiros, em virtude do odor sexual, da qualidade da carne, da espessura do toucinho e de modo integral.


PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 
Scientia Generalis 2675-2999
v. 5, n. 2, p. 73-81. 2024.

ACESSO DISPONÍVEL EM: https://scientiageneralis.com.br/index.php/SG/article/view/578

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