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Consumo Carne Suina Mundo

O consumo per capita de carne suína no mundo

Publicado: 6 de junho de 2011
Por: Osler Desouzart, consultor.
Estamos celebrando com justiça que o consumo da carne suína no Brasil tenha atingido 14,27 kg em 2010.
Entretanto, para que possamos nos conscientizar do grande caminho e potencial que temos à frente, apresentaremos três tabelas onde encontrarão o consumo aparente de carne suína per capita dos 90 principais países. Essas tabelas foram elaboradas com dados da FAO relativos a 2007. Lamentavelmente não há dados mais  recentes que revelem o consumo de alimentos por países de forma tão completa e detalhada quanto a FAOSTAT.
Em 2007, o consumo aparente per capita de carnes atingiu 40,09 kg, sendo apreciável a composição por espécies no Gráfico I.
O consumo per capita brasileiro de todas as carnes ocupou em 2007 a trigésima quarta (34ª) posição num rol de 177 países, somando 80,49 kg detalhados no Gráfico II.
Como puderam observar no Gráfico I, o consumo per capita de carne suína em 2007 foi de 15,05 kg e podemos observar que 58 países superam essa média mundial. Entre os quinze maiores países consumidores per capita, quatorze são membros da União Européia e entre os trinta maiores, vinte e sete estão situados na Europa. 
Na relação dos países que ocupam da 31ª a 60ª posição de maiores consumidores per capita de carne suína, surgem os quatro primeiros países latino-americanos – Paraguai, Chile, Cuba e Equador 
O Brasil ocupa a 70ª posição mundial em consumo per capita de carnes suínas, sendo superado naquele ano por México, Belize e Bolívia (cf. Tabela 3). Se considerarmos somente a América do Sul, o Brasil ocupava em 2007 a quinta posição (cf. Gráfico III).
Chamo a atenção para o consumo per capita do vizinho Paraguai, que é 2,4 vezes maior que o consumo brasileiro. Será que alcançar um consumo de 26 kg por habitante no Brasil é um processo de delírio? É meta perfeitamente exeqüível para um país de grande tradição de consumo de carnes e onde temos assistido e seguiremos assistindo a uma progressão ascendente dos preços da carne bovina, processo que considero irreversível e universal dado aos recursos naturais e tempo necessários para produzir esta carne.
Sem dúvida que o encarecimento da carne bovina favorecerá a contínua expansão do consumo de carnes de aves, mas no caso brasileiro, onde em 2010 superamos os 44 kg per capita em carnes de aves, creio que se apresenta uma oportunidade única para que a carne suína capture uma parcela estimulante da migração do consumo. Não significa que o brasileiro deixará de comer carne bovina, mas esta se tornará menos acessível ao consumidor, sobretudo entre os segmentos emergentes, fruto da melhoria de renda. O consumo per capita de todas as carnes seguirá crescendo no Brasil, mas assistiremos a que as carnes de aves e suína aumentem seus percentuais de participação no mix total. 
Habitualmente, nas estatísticas que são divulgadas para o segmento de carne suína no Brasil, raramente se mencionam importações. Entretanto, o Brasil tem importado nos últimos três anos entre ≥300 e ≥500 tm de carnes e miúdos suínos, além de matérias primas de origem suína, como 8.000 a 9.000 tm anuais de tripas para embutidos, umas 800 tm de cerdas e >125 tm de peles. 
Na Tabela 4, elaborada a partir de dados do ALICE1, encontrarão o detalhamento quantitativo dessas importações para produtos de consumo e na Tabela 5 os produtos de uso industrial. 
Aliás, se considerássemos essas importações, poderíamos estimar o consumo brasileiro de carnes suínas em 2010 alcançando 3.268,8 mil toneladas, ou que equivale para a população de 190.732.6942 um consumo aparente per capita de 17,23 kg.
Mais relevante que discutir o quantum do consumo per capita brasileiro de carne suína, é constatar seu crescimento constante desde 2007 e verificar o enorme espaço para seu crescimento. Esse dado, somado ao potencial apresentado para exportação brasileira de carnes uma vez que esta tenha acesso a mercados como os do Japão e dos Estados Unidos, permite otimismo para a suinocultura brasileira.
Sei que neste momento o produtor atravessa momentos desfavoráveis com preços descendentes do suíno vivo na contramão da alta dos preços dos grãos. Esta sazonalidade que afeta historicamente a demanda por carnes suínas nos primeiros cinco meses do ano contrapõe-se a perspectivas otimistas que poderão determinar a recuperação das cotações do suíno antes de maio, para que melhor conviva com preços de grãos firmes, parte da equação a qual nos devemos acostumar. Em mercado globalizado não acredito em grãos com preços fragilizados, pois sempre que os preços do milho se fragilizam há um estímulo para maior produção de etanol de milho e para o aumento das importações dos vorazes países asiáticos.
Naturalmente que esse círculo virtuoso para a carne suína brasileira não ocorrerá por obra dos céus. No front das exportações a bem organizada e estruturada ABIPECS soma-se aos esforços do MAPA, MDIC e outros para conduzir a batalha de abertura de novos mercados e para manter os já conquistados.
Temos tido iniciativas da ABCS para a promoção do consumo da carne suína junto ao varejo e ao consumidor brasileiro. Há ainda muito trabalho por fazer junto à classe médica, aos nutricionistas, aos chefes de cozinha e junto ao próprio consumidor. Mas reduziremos esse prazo se todos se unirem e se colocarmos de lado dissensões e buscarmos convergências mais do que cultuarmos divergências. O prêmio é um mercado brasileiro onde a carne suína ultrapasse 25 kg de consumo per capita. 
As condições são muito favoráveis. Mas como se diz nos meus pagos “cavalo encilhado não passa duas vezes”.

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Osler Desouzart
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Thiago Bernardino
Universidade Federal de Uberlândia - Brasil
23 de mayo de 2015
Olá. Você poderia me fornecer a referência utilizada para confecção do gráfico número 1? Obrigado!
Rosemeire Da Silva
5 de septiembre de 2011
Acredito que se houvesse um marketing no setor informando que a carne suína não é a vilã no setor nutricional e que sua sanidade é garantida, provalvemente aumentaria o consumo.
Alencar
Alencar
6 de junio de 2011
referências?
Wilson Dutra
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
6 de junio de 2011
Concordo plenamente com as palavras do Sr. Osler, se não vislumbrarmos um aumento expressivo no consumo interno, não poderemos angariar o título de grande produtor mundial de carne suína. É uma equação simples, porém de difícil execussão, principalmente em algumas regiões do Brasil, como o Norte e Nordeste, mas temos que continuar tentando. Com a união de todos haveremos de dobrar o consumo per capita de carne sunína no Brasil.
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