Explorar

Comunidades em Português

Anuncie na Engormix

CARACTERIZAÇÃO DO FARELO DE ACEROLA PARA SUÍNOS EM TERMINAÇÃO.

Publicado: 20 de abril de 2016
Por: FABRICIO R. CASTELINI1,2*, MICHELE C. SILVA2, MARCO M. LIMA1, PATRÍCIA V. A. ALVARENGA1, MANUELA V. MARUJO1; BRENO T. GELIO1, VIVIAN V. ALMEIDA1, URBANO S. RUIZ3, MARIA C. THOMAZ1. 1Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias / UNESP– Jaboticabal/SP; 2UNIARA – Centro Universitário de Araraquara/SP; 3 Universidade Estadual Paulista/UNESP – Câmpus de Dracena/SP.
Sumário

Este estudo teve como objetivo caracterizar o farelo de acerola quanto à sua composição química, digestibilidade, além dos nutrientes e energia digestíveis. Dezesseis suínos, com peso inicial de 77,43 ± 2,23 kg e, aproximadamente, 119 dias de idade, foram alocados num delineamento em blocos casualizados, com dois tratamentos (DB-dieta basal e DT-dieta teste) e oito repetições. Os elevados teores de FDN (76,47%), FDA (63,78%) e celulose (45,90%) do farelo de acerola, resultaram em reduções dos nutrientes digestíveis, além de diminuições lineares dos seus coeficientes de digestibilidade, com exceção do coeficiente de disponibilidade da matéria mineral. Portanto, o farelo de acerola pode ser utilizado em dietas para suínos em terminação, porém é importante ressaltar que a digestibilidade de seus nutrientes é prejudicada pelo seu elevado teor de fibras.

 

Palavras-chave: composição química, digestibilidade, fibra.

 
Introdução  
O milho e o farelo de soja são os principais ingredientes utilizados nas rações dos suínos. Contudo, devido às oscilações em seus preços, se faz necessária a constante busca por ingredientes alternativos (COSTA e MOREIRA, 2014). Neste contexto, destacam-se os subprodutos e coprodutos agrícolas, por apresentarem grande disponibilidade e baixo custo. O Brasil ocupa posição de destaque no cenário mundial quanto à produção de frutos de acerola (Malpighia punicifolia L.), com cerca de 30 toneladas por ano (JUNQUEIRA et al., 2011). Após o processamento destes frutos, o resíduo gerado, composto por sementes, cascas e frações de polpa da fruta é conhecido como farelo de acerola. Este resíduo caracteriza-se pelo alto teor de fibras, porém não possui padronização quanto a sua composição química e digestibilidade. Conhecer a real composição química e digestibilidade dos ingredientes que compõem as rações dos suínos permite a utilização mais eficiente dos nutrientes e o menor impacto ambiental (FERREIRA et al., 2015). Desta forma, este trabalho teve como objetivo caracterizar o farelo de acerola quanto à sua composição química, digestibilidade, além dos nutrientes e energia digestíveis.
 
Material e Métodos
Foram utilizados 16 machos castrados com peso inicial de 77,43 ± 2,23 kg e, aproximadamente, 119 dias de idade, alocados, por peso, num delineamento experimental em blocos casualizados, com dois tratamentos (Dieta basal -DB; Dieta teste -DT, composta por 70% da dieta basal e 30% de farelo de acerola). O ensaio durou 14 dias, sendo os oito primeiros para adaptação dos animais às baias e dietas, recebendo duas refeições diárias, às 8h e às 17h, e água ad libitum. Os três días seguintes foram destinados à regulação do fluxo do indicador e os três dias finais para a colheita das fezes, pelo método da coleta parcial. Determinou-se, inicialmente, o consumo médio de ração dos animais, em duas refeições diárias, de modo que, no período de colheita, os animais consumissem toda ração fornecida. Após o período de adaptação e determinação do consumo, iniciou-se o fornecimento de ração controlada, com adição de 1% de cinza ácido insolúvel (CAI) como indicador externo na ração, de modo a estabilizar o fluxo do mesmo no trato digestório. Nos três dias finais, foram colhidas amostras de fezes diretamente do reto dos animais, duas vezes ao dia, após o fornecimento das refeições. Em seguida à colheita, estas amostras foram colocadas em sacos plásticos, devidamente identificados sendo, então, armazenados em freezer a -8 °C, até o momento das análises. As fezes foram descongeladas e homogeneizadas, para obtenção de uma amostra composta de cada animal. Em seguida, as fezes foram submetidas à pré-secagem em estufa com ventilação forçada a 55 °C por um período de 72 horas sendo, posteriormente moídas em moinho estacionário tipo Thomas-Wiley, modelo 4, dotado de peneira com crivos de 1 mm. A análise das dietas e fezes foi realizada de acordo com a Association of Official Analytical Chemists (AOAC), sendo determinadas a matéria seca (MS; processo 4.1.06, AOAC, 2000) e matéria mineral (MM; procedimento 4.1.10, AOAC, 2000). A matéria orgânica (MO) foi obtida pela diferença entre a MS e a MM. O teor de proteína bruta (PB) foi estimado por meio de um analisador de combustão. Os teores de fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido (FDN e FDA; proceso 4.6.03; AOAC, 2000). Os teores de FDN foram corrigidos para proteína e cinzas. A análise de celulose (CEL) foi realizada por gravimetria, de acordo com Detmann et al. (2012). A energia bruta (EB) foi determinada por meio de um calorímetro de bomba adiabática. A partir das análises químicas, calcularam-se os coeficientes de digestibilidade aparente da MS, MO, PB, FDA, FDN, EB, CEL, e o coeficiente de disponibilidade da MM, bem como os teores dos nutrientes e energia digestíveis do farelo de acerola e das dietas, utilizando-se as equações descritas por Sakomura e Rostagno (2007). As determinações de CAI nas dietas e nas fezes foram efetuadas por meio de determinação gravimétrica, conforme método adaptado de Van Keulen e Young (1977).
 
Resultados e Discussão
Os elevados teores de FDN, FDA e celulose contribuíram para os baixos coeficientes de digestibilidade / disponibilidade do farelo de acerola (Figura 1). A composição química do farelo de acerola, no presente experimento não foi semelhante à apresentada por Lousada Jr et al. (2006), que observaram 71,9% de FDN, 54,7% de FDA, 35,1% de celulose. Recentemente, Diógenes et al. (2014) obtiveram valores inferiores para os teores de MS, MM, PB, FDN, FDA e EB do farelo de acerola, sendo 53,75%; 2,74%; 8,25%; 63,05%; 54,11% e 1,00 Mcal EB/kg do produto, respectivamente. Já Zanetti et al. (2014) obtiveram 90,15%; 4,72%; 8,11%; 50,86% e 41,33% para MS, MM, PB, FDN e FDA, respectivamente.
 
CARACTERIZAÇÃO DO FARELO DE ACEROLA PARA SUÍNOS EM TERMINAÇÃO. - Image 1
Figura 1 – Composições química (C.Q.), valores médios dos coeficientes de digestibilidade / disponibilidade (C.D.), nutrientes e energia digestíveis (N.E.Dig.) do farelo de acerola.
 
Os menores coeficientes de digestibilidade foram observados para o FDN, FDA e CEL. Situação já esperada, considerando que a fibra influencia, negativamente, na digestibilidade dos nutrientes.
 
Conclusões
O farelo de acerola pode ser utilizado em dietas para suínos em terminação, porém é importante ressaltar que a digestibilidade de seus nutrientes é prejudicada pelo seu elevado teor de fibras.
 
Agradecimentos
À FAPESP pelo financiamento da pesquisa, PROCESSO 2011/22906-6, e pela bolsa de doutorado, PROCESSO 2011/22563-1. E à NUTRA - Nutrição Animal pela doação do Farelo de Acerola.
 
Referências Bibliográficas
1. AOAC - Official methods of analysis of the Association of Official Analytical Chemists International. 17. ed. AOAC int., Arlington, VA, USA. 2000.
2. COSTA E MOREIRA, F.R. Influência dos alimentos alternativos na reprodução de suínos. Anais do VII CONERA. Acta Veterinaria Brasilica, v.8, Supl. 2, p. 309-310, 2014.
3. DETMANN, E.; SOUZA, M.A.; VALADARES FILHO, S.C.; QUEIROZ, A.C.; BERCHIELLI, T.T.; SALIBA, E.O.S.; CABRAL, L.S.; PINA, D.S.; LADEIRA, M.M.; AZEVEDO, J.A.G. Métodos de análises de alimentos: INCT - Ciência Animal. Viçosa: Suprema Gráfica e Editora, 2012. 214p.
4. DIÓGENES, G.V.; ARRUDA, A.M.V.; VASCONCELOS, N.V.B.; FERNANDES, R.T.V.; MARINHO, G.B.M.; LOPES, F.F.; SILVA, B.V.A.; PAIVA, C.C.P.L. Digestibilidade do residuo agroindustrial de acerola em rações para aves. XXIV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA – ZOOTEC / 2014. Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória-ES. 2014.
5. FERREIRA, G.S.; PINTO, M.F.; GARCIA-NETO, M.; PONSANO, E.H.G.; GONÇALVES, C.A.; BOSSOLANI, I.L.C.; PEREIRA, A.G. Ajuste preciso do nível de energia na dieta de frangos de corte para controle do desempenho e da composição lipídica da carne. Ciência Rural, v.45, n.1, p.104-110. 2015.
6. JUNQUEIRA, K. P.; PIO, R.; VALE, M. R. do; RAMOS, J. D. Cultura da aceroleira (Malpiglia glabra L.). Disponível em: <http://www.editora.ufla.br/Boletim/pdfextensao/ bol26.pdf>. Acesso em: 13 mai. 2011.
7. LOUSADA Jr, J.E.; COSTA, J.M.C.; NEIVA, J.N.M.; RODRIGUEZ, N.M. Caracterização físicoquímicade subprodutos obtidos do processamento de frutas tropicais visando seu aproveitamento na alimentação animal. Revista Ciência Agronômica, v.37, n.1, p.70-76, 2006.
8. SAKOMURA, N.K. e ROSTAGNO, H.S. Métodos de Pesquisa em Nutrição de Monogástricos. Jaboticabal: FUNEP, 2007, 283p.
9. VAN KEULEN, J. e YOUNG, B.A. Evaluation of acid-insoluble ash as natural marker in ruminant digestibility studies. Journal of Animal Science, Champaign, v.44, n. 2, p.282-287, 1977.
10. ZANETTI, L.H.; POLYCARPO, G.V.; BRICHI, A.L.C.; BARBIERI, A.; OLIVEIRA, R.F.; SABBAG, O.J.; COOKE, R.F.; CRUZ-POLYCARPO, V.C. Performance and economic analysis of broilers fed diets containing acerola meal in replacement of corn. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science. v. 51, n. 3, p. 224-232, 2014.
 
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.
Tópicos relacionados:
Autores:
FABRICIO R. CASTELINI
UNESP - Universidad Estatal Paulista
UNESP - Universidad Estatal Paulista
Recomendar
Comentário
Compartilhar
Profile picture
Quer comentar sobre outro tema? Crie uma nova publicação para dialogar com especialistas da comunidade.
Usuários destacados em Suinocultura
S. Maria Mendoza
S. Maria Mendoza
Evonik Animal Nutrition
Evonik Animal Nutrition
Gerente de Investigación
Estados Unidos
Ricardo Lippke
Ricardo Lippke
Boehringer Ingelheim
Estados Unidos
Uislei Orlando
Uislei Orlando
PIC Genetics
Director global de nutrición en PIC®
Estados Unidos
Junte-se à Engormix e faça parte da maior rede social agrícola do mundo.