Define-se extensão rural e assistência técnica como o processo de educar e estender ao agricultor novos conhecimentos, habilidades e técnicas. Toda esta novidade para que gerem resultados benéficos para o produtor, em termos de viabilidade econômica e social da atividade, em especial quando se trata de pequenos produtores ou até mesmo de agricultura familiar.
O processo da assistência técnica e extensão rural podem ser denominados como “transferência de tecnologia”, o qual possibilita melhoria nas condições de vida das populações rurais, uma vez que este propicia aos produtores mudanças do nível tecnológico, o que possibilita uma maior produtividade e assim acréscimo na renda agrícola.
Existem várias técnicas e tecnologias já desenvolvidas e comprovadas por instituições de pesquisa, mas o acesso ao produtor ainda é restrito ou nem existe. Cabe então o papel da assistência em transferir das instituições de pesquisa estas tecnologias diretamente ao produtor de forma prática e viável.
Figura 1. Estrutura necessária para geração e transferência de tecnologia
Ao juntarmos o assunto transferência de tecnologia com a atividade leiteira, esta passa a ser uma união muito bem requisitada atualmente, devido às exigências em produtividade para permanecer no mercado. Mais recentemente, além da produtividade, outro quesito muito importante está sendo também a qualidade do leite.
A questão da qualidade do leite tem recebido maior atenção por parte das autoridades, indústria, profissionais do setor, produtores e consumidores de modo geral. Em conseqüência, a legislação brasileira, que trata especificamente do leite e seus derivados, passou por recente processo de modernização para acompanhar as tendências mundiais e trazer melhorias para o setor nacional como um todo, estabelecendo novos padrões legais da qualidade mínima do leite comercializado no Brasil.
Em contrapartida, com a iniciativa do governo através da Instrução Normativa 51, algumas indústrias iniciaram a implantação de programas de pagamento por qualidade, como instrumento para incentivar o produtor a buscar pela melhoria de seu produto e, indiretamente, para obter melhor rendimento industrial. Além do pagamento de bonificações pelo leite de alta qualidade, podem ser utilizadas penalizações para o leite de baixa qualidade. Esses programas têm sido ferramentas poderosas para motivar os produtores a melhorar a qualidade do leite cru. Em geral, os incentivos por qualidade variam entre as indústrias ou cooperativas, mas a contagem de células somáticas, a contagem total de bactérias, a ausência de resíduos de antibióticos e outros inibidores, e a ausência de fraude por adição de substâncias externas são os principais contemplados para aferir a qualidade do leite.
Assim, as tendências mostram que as atividades leiteiras de sucesso serão aquelas que apresentarem eficiência e sustentabilidade na produção de leite de qualidade e, somente elas poderão competir por mercados consumidores. O alcance desta eficiência e sustentabilidade pode ser atingido, principalmente, através da transferência de tecnologias já comprovadas.
Conforme comentado anteriormente, a transferência de tecnologia permite levar o conhecimento para a sociedade na forma de serviços, produtos e processos. Diante do exposto, em dezembro de 2010, iniciou-se uma parceria entre a CATI e a APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) a fim de promover as tecnologias geradas na APTA através dos agentes extensionistas da CATI diretamente aos produtores rurais.
Esta parceria conta com o envolvimento de 10 pesquisadores da APTA e 15 agentes extensionistas da CATI. Para a transferência de tecnologia, os agentes extensionistas receberam, durante o ano de 2011, curso de reciclagem com foco nos aspectos de melhoria da qualidade do leite. Este curso teve temas abordados de acordo com a necessidade apresentada pelos produtores que recebem visitas dos agentes extensionistas da CATI. Os temas principais foram: melhoramento genético, manejo de ordenha, sanidade, reprodução, conforto e nutrição.
Figura 2. Curso de Reciclagem em Qualidade do Leite para os agentes extensionistas
Na próxima etapa da parceria, que está atualmente em andamento, mensalmente toda propriedade participante está sendo monitorada através de análise do leite e com esta análise está sendo disponibilizado relatório para o produtor com possíveis recomendações para melhoria do leite.
Figura 3. Curso Prático de Reciclagem de Manejo de Ordenha realizado na APTA
Com esta parceria, espera-se disponibilizar ao produtor as tecnologias já desenvolvidas e comprovadas. Além de ganhar em conhecimento necessário para atividade, espera-se também que este ganho seja observado na melhoria da qualidade do leite produzido. Outro aspecto importante é a geração de novos projetos de pesquisa aliados a necessidade direta dos produtores. Fechando assim o ciclo da transferência e geração de tecnologia.
Esta parceria conta com o envolvimento dos Pesquisadores: Fernando Salles, Flávia Fernanda Simili, Geraldo Balieiro Neto, Juliana Corrêa Borges e Silva, Lenira El Faro, Márcia Saladini Vieira Salles, Maria da Graça Pinheiro, Maria Izabel Merino de Medeiros, além dos agentes extensionistas: Ana Carolina Siqueira Gonçalves, Bruno Vicente Nadruz, Carlos Alberto Patriarcha, Carlos Henrique de Paula e Silva, Flavio Santos Scozzafave, Gustavo Cunha Almeida Silva, José Fernando Ferri, Marcelo Coelho Lopes, Mario Augusto Spessoto de Figueiredo, Michel Golfeto Calixto, Monica Costa Oliveira, Ricardo Bruxellas Ribeirao.
**O trabalho foi originalmente publicado pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.