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Contaminação bacteriana e a qualidade do leite

Publicado: 6 de maio de 2008
Por: Carla Christine Lange – Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite.
Desde a sua obtenção até o seu consumo, o leite fica exposto a uma série de influências de natureza físico-química e a um grande número de contaminações. A contaminação bacteriana diminui a qualidade do leite e dos derivados lácteos de diferentes maneiras. As principais alterações que ocorrem no leite em decorrência da multiplicação de microrganismos são acidificação, coagulação, produção de gás, gelificação, aumento de viscosidade, alteração de cor (coloração rosada, avermelhada, azulada ou amarelada) e produção de sabores e odores variados como: odor e sabor de mofo, de frutas, de estábulo, de peixe, de terra, de malte, de medicamentos, sabor amargo, entre outros. Em queijos pode ocorrer a formação anômala de gás ("olhos na massa"), rancificação, estufamento e alterações de odor e sabor. Alterações de cor, odor e sabor também podem ocorrer na manteiga e em iogurtes; estes últimos podem apresentar ainda defeitos físicos em decorrência da fermentação anormal.
As bactérias podem contaminar o leite em qualquer momento de sua produção, desde a ordenha, passando pelo transporte, industrialização e comercialização, mas é na propriedade rural que ocorrem as maiores contaminações. Por este motivo a vaca de leite deve ser sadia (livre de mastite), a sala de ordenha deve ser mantida sempre limpa e seca, e os utensílios e equipamentos de ordenha e refrigeração devem ser rigorosamente limpos e desinfetados. Os ordenhadores devem ter bons hábitos higiênicos, vestir roupas limpas, e lavar freqüentemente as mãos. Os tetos dos animais a serem ordenhados devem ser limpos e secos.
A contaminação por microrganismos é irreversível, e só pode ser evitada preventivamente. São diversos os procedimentos que o produtor pode tomar para a obtenção de leite com boa qualidade microbiológica. Entre eles, podem ser citados:
  • Lavar as mãos antes de cada ordenha.
  • Ordenhar tetos limpos e secos. Os tetos devem ser lavados com uma quantidade mínima de água ou imersos em uma solução desinfetante apropriada para a ordenha ("pré-dipping") e secos com toalhas de papel individuais.
  • Desprezar os primeiros jatos de leite em recipiente de fundo escuro. Este procedimento evita a entrada, no leite ordenhado, de bactérias que podem estar presentes no canal do teto e ao mesmo tempo permite o exame do leite para detecção de alterações, como presença de coágulos e alterações de cor (sinais de mastite clínica).
  • Utilizar equipamentos e utensílios de ordenha e refrigeração (tanque de resfriamento) em bom estado de conservação e devidamente higienizado e desinfetado.
  • Prevenir a mastite com a imersão dos tetos após a ordenha ("pós-dipping"), tratar imediatamente todos os casos clínicos de mastite e prevenir / tratar a mastite por meio da aplicação de antibióticos em todos os quartos mamários no momento da secagem da vaca.
  • Refrigerar o leite imediatamente após a ordenha.
  • Manter o local de ordenha limpo e seco.
Muita atenção deve ser dada à higiene e manutenção dos equipamentos e utensílios de ordenha. Sem a devida higienização e manutenção, podem acumular matéria orgânica e microrganismos, tornando-se focos de contaminação do leite. Para evitar esta situação devem ser adotados procedimentos de limpeza e desinfecção efetivos, que incluem o uso de escovas, fluxo turbulento ou jato de água, associados com produtos químicos, como detergentes, álcalis, ácidos e desinfetantes. A manutenção de equipamentos inclui a substituição periódica de partes gastas ou danificadas, como por exemplo, as borrachas das teteiras.
A qualidade microbiológica do leite é medida pela contagem do número de bactérias presentes em uma alíquota de leite. As bactérias podem ser enumeradas em equipamentos automatizados, como os que existem nos Laboratórios da Rede Brasileira de Controle da Qualidade do Leite (RBQL), ou podem ser contadas em placas, em laboratórios de microbiologia tradicionais. A contagem em equipamento automatizado apresenta como vantagem a análise de um grande número de amostras de leite num curto período de tempo. Independentemente do método utilizado, a contagem total de bactérias (CTB) reflete a higiene com que o leite foi obtido, e se este foi mantido em temperatura adequada (a 4°C, preferentemente). Ou seja, leite obtido com procedimentos de ordenha adequados e mantido sob refrigeração apresentará uma contagem total de bactérias baixa, e portanto uma boa qualidade higiênica.
***O Trabalho foi originalmente publicado na Panorama do Leite, do Centro de Inteligência do Leite (CILeite) / Ano 2, Nº18- Abril 2008, da Embrapa Gado de Leite.
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Autores:
Carla Christine Lange
Embrapa Gado de Leite
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