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A captação de leite fluido em 2011

Publicado: 18 de abril de 2013
Por: Daniel Auad Gama, Bruna Rodrigues Nascimento e Luciana Carvalho de Ávila Negri, estudantes de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Juiz de Fora -UFJF-, MG, e Kennya Beatriz Siqueira, pesquisadora da Embrapa Gado de Leite.
Em 2010, a produção mundial de leite de vaca foi de aproximadamente 599 milhões de toneladas, sendo 64% desse volume produzido na América ou na Europa (FAO, 2012). O comportamento da produção está ligado a diversos fatores, sejam eles macroeconômicos, setoriais, ou até mesmo climáticos. Com o intuito de acompanhar a evolução da produção ao longo do ano, utiliza-se a captação de leite fluido como variável proxy.
O comportamento da captação de leite fornece informações importantes sobre as mudanças ocorridas no processo produtivo, assim como no contexto econômico. Tendo em vista a relevância em acompanhar o comportamento da captação, este trabalho tem por objetivo fornecer uma análise do desempenho dessa variável em 2011, a nível mundial e em países selecionados, a fim de identificar os fatores que contribuíram para o incremento da produção.
Para isso, foram utilizadas fontes secundárias para o levantamento de dados. A partir das informações coletadas, foi feita uma análise da evolução da captação de leite fluido no mundo e em países selecionados. As variações anuais foram calculadas com base na variação do total acumulado no ano em relação ao mesmo período do ano anterior.
Pelo cálculo da variação anual do volume de leite captado em 2011 em relação a 2010, observa-se que tanto países da América do Sul quanto da União Europeia se destacaram, como mostra a Tabela 1.
Tabela 1. Maiores variações, positivas e negativas, da captação de leite fluido em 2011.
A captação de leite fluido em 2011 - Image 1
Na América do Sul, Argentina e Chile sobressaíram com os maiores incrementos na captação, enquanto o Brasil apresentou decréscimo na captação de 2011, em relação ao ano de 2010. O mesmo comportamento heterogêneo pôde ser observado na UE, onde a Letônia e a França despontam entre os maiores incrementos na captação de leite, ao passo que Bulgária, Grécia e Hungria destacamse por recuos expressivos na oferta de leite.
Na Figura 1 a seguir é apresentada a evolução mensal da captação de leite fluido na Argentina. Os dados referentes a 2011 mostram uma mudança de tendência, apresentando um volume de captação bem acima do patamar verificado para os três anos anteriores.
Figura 1. Evolução da captação de leite fluido na Argentina, em milhões de litros.
A captação de leite fluido em 2011 - Image 2
Na Argentina, o volume de leite captado chegou ao pico em outubro e, apesar da forte queda em novembro, fechou o ano com 7,5 bilhões de litros adquiridos pelas indústrias de laticínios. No acumulado do ano, a captação de leite fluido da Argentina mostrou um crescimento de 13,5%. As boas condições climáticas, juntamente com o aumento do consumo doméstico, ajudam a explicar o bom resultado obtido pelo setor lácteo argentino no primeiro semestre do ano. Há de se destacar também a concretização de um importante ciclo de investimentos realizados por empresários do setor, tendo como resultado o aumento da eficiência do sistema de produção. Já para 2012, espera-se que o setor leiteiro da Argentina invista aproximadamente 52 milhões de dólares em infraestrutura (Milkpoint, 2012).
Além disso, os preços internacionais parecem estar influenciando no aumento da produção argentina. De acordo com Milkpoint (2012), a manutenção do preço internacional de leite em pó entre US$ 3.500,00 e US$ 4.000,00 seria o limite para que a atividade leiteira e a exportação de lácteos sejam rentáveis na Argentina. Analisando os preços internacionais, pode-se observar que o valor do leite em pó integral do Leilão da Fonterra chegou a US$ 4.619,00 em março de 2011, o que torna viável as exportações argentinas e ajuda a explicar o incremento na captação de leite. No entanto, em agosto, o preço chegou ao patamar de US$ 3.383,00, abaixo do nível considerado rentável. Mas, em outubro, a cotação já atingiu os US$ 3.503,00, estimulando, novamente, os produtores argentinos.
Além da Argentina, outros países também mostraram um volume captado bem acima dos anos anteriores, como é o caso do Chile. Segundo dados publicados pela Odepa (2012), o volume de leite captado no Chile apresentou uma variação de 11,0% no acumulado do ano. No entanto, vale ressaltar que, a partir de março de 2011, as estatísticas da Odepa passaram a incluir três novas plantas de lácteos, o que pode explicar, em parte, a elevação do volume captado. Estas novas plantas processam principalmente queijos, o que levou a um aumento da produção de queijos de 24,9% em 2011, ao passo que entre 2009 e 2010 o incremento foi de 12,7%. Com relação ao processamento dos demais derivados lácteos, leite em pó e iogurte avançaram 12,7% e 11,7%, respectivamente.
No caso do Brasil, de acordo com o índice de captação do Cepea (2012), o volume de leite fluido captado no País teve decréscimo de 2,2% em 2011. A Figura 2 a seguir descreve a evolução do índice de captação de leite fluido no Brasil, de janeiro de 2008 a dezembro de 2011.
Figura 2. Evolução da captação de leite fluido no Brasil.
A captação de leite fluido em 2011 - Image 3
Com relação à captação mundial de leite fluido, considerando os 32 países analisados, os quais responderam por 50% da produção mundial em 2010, o volume captado em 2011 apresentou um crescimento de 2,6%. Se confirmada esta variação, a taxa de crescimento retomaria a média dos últimos dez anos, após o fraco desempenho de 2009 (Figura 3).
Figura 3. Evolução mensal da captação de leite fluido em 32 países, em bilhões de litros.
A captação de leite fluido em 2011 - Image 4
 
Literatura citada
CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. Disponível em: <http://cepea.esalq.usp.br/>. Acesso em: 01 mar. 2012.
FAO - Food And Agriculture Organization Of The United Nations. Disponível em: <http://http://faostat.fao.org/>. Acesso em: 09 mar. 2012.
MILKPOINT. Disponível em: <http://milkpoint.com.br>. Acesso em: 08 mar. 2012.
MINAGRI – Ministerio de Agricultura, Ganadería y Pesca. Disponível em: <http://minagri.gob.ar/>. Acesso em: 06 mar. 2012.
ODEPA – Oficina de Estudios y Políticas Agrarias. Disponível em: <http://odepa.gob.cl/>. Acesso em: 07 mar. 2012.
***O trabalho foi originalmente publicado pelo Centro de Inteligência do Leite (CILeite), coordenado pela Embrapa Gado de Leite
Autores:
Kennya Beatriz Siqueira
Embrapa
Embrapa
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