INTRODUÇÃO.
A capacidade reprodutiva dos animais é influenciada pela quantidade e qualidade dos alimentos ingeridos. A ingestão de energia abaixo dos valores recomendados aumentou a idade à puberdade (WARNICK e MONTESINOS, 1977), enquanto que a ingestão reduzida de proteína atrasou o início do cio (REID, 1960).
Os ganhos de peso da desmama aos 12 meses e dos 12 aos 18 meses podem influenciar a idade à puberdade (REYNOLDS et al., 1983; BRINKS, 1984) e conseqüentemente, alterar o início da vida reprodutiva das fêmeas. Em bovinos de corte de raças britânicas e seus cruzamentos foi observado que a puberdade ocorria quando as novilhas atingiram 52% do peso adulto (SMITH et al., 1976). O National Research Council (NRC, 2000) assume que o peso à puberdade é alcançado com diferentes graus de maturidade (% do peso adulto) para Bos taurus (60%), Bos indicus (65%) e animais de duplo propósito (55%), ou seja, raças britânicas entraram em puberdade com um menor peso relativo ao peso adulto; entretanto, algumas raças britânicas possuem pesos adultos maiores que as raças indianas (CSIRO, 1990).
Conforme BRINKS (1984), a maioria das novilhas deve ter potencial para alcançar a puberdade e conceber satisfatoriamente quando providas de nutrição adequada e manejo correto. GOTTSCHALL e LOBATO (1996) afirmaram que a baixa eficiência reprodutiva tem foi observada em vacas primíparas mantidas em campo natural, provavelmente, devido ao baixo peso ao parto que condicionou a baixa taxa de repetição de cria. Entretanto LOBATO et al. (1998) relataram que vacas Devon suplementadas obtiveram maior ganho de peso do que vacas não suplementadas, mas a suplementação não foi suficiente para modificar a taxa de prenhez. A suplementação com 1 e 2 kg de concentrado (40.8% de proteina bruta) em vacas Nelore, recém paridas, não afetou o intervalo do parto ao retorno da atividade ovariana e nem o intervalo entre partos (RUAS et al., 2000).
As observações feitas no norte da Austrália indicaram que novilhas zebuínas pesando 280 a 300 kg e com idade de 24 a 27 meses estão aptas para o acasalamento (ENTWISTLE, 1984).
Sabe-se também que diferentes suplementações e planos nutricionais durante a gestação e após o parto podem trazer mudanças no peso corporal, afetando a produtividade do rebanho. A nutrição é considerada como um fator de maior influência sobre o desempenho reprodutivo. Essa performance pode ser mais afetada quando os animais passaram por um período de restrição alimentar no pré ou pós-parto (WILTBANK, 1970).
A suplementação de proteína na época em que as pastagens possuem baixa qualidade nutricional, pode induzir os animais ao maior consumo de matéria seca, aumentando o aporte de nutrientes normalmente ingeridos. A suplementação estratégica é uma das possíveis formas para a obtenção de melhores desempenhos reprodutivos e quando associada à análise econômica pode viabilizar o seu uso como manejo de alimentação em determinadas situações.
O objetivo deste estudo foi avaliar a performance reprodutiva e os pesos iniciais e finais da estação de cobrição de fêmeas primíparas Guzerá (GU) e seus cruzamentos com Pardo Suíco (PS), Nelore (NE), Chianina (CH) e Caracu (CA) submetidas à três níveis de suplementação.
MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo analisou parte dos dados obtidos pelo projeto IZ-14.012/78 - "Pastejo contínuo pósdesmama com e sem suplementação protéica nas secas", do Instituto de Zootecnia/APTA/SAA.
O experimento foi conduzido utilizando-se novilhas nascidas em 1977 (experimento 1) e 1978 (experimento 2), durante três e quatro anos de idade, da Estação Experimental de Zootecnia de Andradina/SP e do Posto Experimental de Zootecnia de Castilho/SP. Sete grupos genéticos foram estudados: GU, 3/4GU1/4PS, 1/2NE1/4PS1/ 4GU, 1/2PS1/2GU, 1/2CH1/4PS1/4GU, 1/2CA1/ 2GU, 1/2CA1/4PS1/4GU sob três tratamentos: sem suplementação (S1), suplementados apenas durante o período seco do ano (S2) e durante o ano todo (S3).
Para as 59 fêmeas do experimento 1 (início da suplementação em 1978), os grupos raciais GU, 3/4GU1/4PS, 1/2NE1/4PS1/4GU, 1/2PS1/2GU, 1/2CH1/4PS1/4GU foram submetidos aos seguintes tratamentos: sem (S1) e com suplementação durante a seca (S2) de 0,5 kg de farelo de soja por animal por dia. A estação de cobrição dessas fêmeas ocorreu durante o período de 25/09/79 até 18/12/ 79 (84 dias) e de 23/09/80 até 31/01/81 (130 dias), portanto apenas durante o segundo semestre dos respectivos anos.
Para as 78 fêmeas do experimento 2 (início da suplementação em 1979), todos os grupos genéticos foram avaliados sob os tratamentos sem (S1) e com suplementação apenas durante a seca (S2). Para os grupos genéticos GU, 3/4GU1/4PS e 1/2NE1/ 4PS1/4GU foi incluído um terceiro tratamento com suplementação durante o ano todo (S3). O suplesuplemento era constituído de 69,1% de farelo de trigo, 29,6% de milho e 1,3% de uréia (base seca), fornecendo- se 1,5 kg por animal por dia.
Apenas as fêmeas desse segundo experimento foram colocadas em duas épocas de estação de cobrição (EC). A primeira EC1 foi de 29/04/80 a 28/07/80 (90 dias) e 23/04/81 a 28/07/81 (94 dias). A segunda EC2 foi de 07/10/80 até 06/01/81 (91 dias) e 20/10/81 até 19/01/82 (91 dias).
Todas as fêmeas foram manejadas em pastagem de colonião Panicum maximum Jacq. em sistema de pastejo contínuo e a suplementação foi fornecida no período da manhã. As pesagens foram efetuadas a cada 28 ou 56 dias, com animais em jejum de 18 horas de água e alimento. Os animais foram periodicamente vacinados, banhados contra carrapatos e receberam vermífugos. Maiores detalhes poderão ser encontrados em TEDESCHI et al. (1999, 2000a, 2000b).
As análises estatísticas foram efetuadas com o Software SAS® (1987). O procedimento FREQ foi usado para testar a influência do tipo de suplementação na parição (teste de X2 e verossimilhança) (AGRESTI, 1996). A variável "parição" foi codificada para designar fêmeas com e sem parição, de forma que as fêmeas que não pariram após a primeira cobrição receberam o código 1, as fêmeas que pariram apenas com 3 anos de idade receberam o código 2 e as fêmeas que apresentaram parição com 3 e 4 anos de idade receberam o código 3. Nenhuma fêmea pariu apenas com 4 anos de idade.
O procedimento GLM foi usado para analisar o efeito da suplementação, estação de cobrição e grupo genético e possíveis interações nos pesos de início e final de estação de cobrição, e no peso de parição em cada ano, segundo o modelo estatístico:
Yijkl = m + (Suplementação) i + (Estação Cobrição) j + (Grupo Genético) k + eijkl
Onde: m representa a média geral e eijkl representa o erro aleatório não controlável.
No procedimento GLM a soma de quadrados analisada foi o tipo III e o teste de comparação múltipla utilizado foi o REGWQ (teste múltiplo de Ryan-Einot-Gabriel-Welsch).
Apenas as fêmeas que apresentaram parição para cada ano de análise foram consideradas no modelo. Para o experimento 1, o efeito de EC foi excluído do modelo, pois essas fêmeas foram expostas apenas à EC do segundo semestre. As análises foram separadas por ano devido haver diferenças na condução dos experimentos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em uma análise preliminar não foi evidenciada a interação entre suplementação e experimentos (P > 0,10), portanto os dados foram agrupados entre anos para a análise de parição e suplementação. O Quadro 1, mostra a freqüência de fêmeas com ocorrência de parição segundo o tipo de suplementação. É possível observar uma relação entre parição e suplementação (P(c2) < 0,09), de forma que, para as fêmeas que receberam suplementação durante o período de secas, houve aumento considerável na freqüência de parição de 7 (11%) e 17 (27%) para 39 (62%) respectivamente para os níveis de parição 1 e 2 para 3 em comparação com a freqüência de parição para as fêmeas que não receberam suplementação de 9 (16%) e 25 (42%) para 25 (42%), respectivamente, para o níveis de parição 1 e 2 para 3. Ou seja, a suplementação durante a seca proporcionou um aumento significativo na ocorrência de parição. Pois, podemos notar que a repetição de cria para o tratamento S2 foi de 70% (39/56), onde 56 foi o total de fêmeas que pariram (17 mais 39), enquanto para o tratamento S1 foi de 50% (25/50), onde 50 é o total de fêmeas que pariram (25 mais 25). E mais, quando comparamos a percentagem de fêmeas dentro de cada nível de parição, pôde-se notar que 56% (9/ 16) das fêmeas, que não pariram, receberam o tratamento S1, enquanto que 61% (39/64) das fêmeas que pariram aos 3 e 4 anos de idade foram do tratamento S2.
Quadro 1. Freqüência de parição para as fêmeas dos tratamentos S1 e S2, nos experimentos 1 e 2
Assim, a frequência maior de fêmeas que não pariram estavam associadas ao tratamento S1, sem suplementação, enquanto que a frequência maior das que pariram por duas vezes consecutivas estavam associadas ao tratamento S2, com suplementação nas secas.
No Quadro 2, foi analisado o efeito dos três níveis de suplementação na frequência de parição apenas para as fêmeas GU, 3/4GU1/4PS e 1/2NE1/ 4PS1/4GU, do experimento 2. O teste de verossimilhança apresentou-se significativo ao nível de 3% para a relação entre parição e tratamento. Da mesma forma que no Quadro 1, melhorando-se o nível de suplementação, aumentou-se a frequência de fêmeas com parição aos 3 e 4 anos de idade. A repetição de cria obedeceu a mesma tendência: 47% (7/ 15), 69% (11/16) e 93% (14/15) para os tratamentos S1, S2 e S3 respectivamente, concordando com os resultados citados anteriormente.
Quadro 2. Freqüência de parição para as fêmeas GU, 3/ 4GU1/4PS e 1/2NE1/4PS1/4GU dos tratamentos S1, S2 e S3, no experimento 2
O Quadro 3, mostra o número de animais, o peso ao nascer (PN) e o peso vivo em jejum (PVj) dos animais no início dos experimentos 1 e 2, respectivamente. De forma consistente, os animais Guzerá apresentaram menor peso ao nascer e menor peso ao início dos experimentos em ambos os casos (P < 0,05), mostrando um efeito de grupo racial no peso dos animais.
Conforme a Figura 1 que representa os dados reprodutivos das fêmeas do experimento 1, podemos observar que as fêmeas que receberam suplementação durante o período de seca mantiveram a taxa de prenhez, ao passo que as fêmeas sem suplementação sofreram uma queda de 12 pontos percentuais em relação ao primeiro ano reprodutivo. Dados semelhantes à esses foram obtidos por PIRES et al. (1985) com vacas multíparas Charolês, Aberdeen, Devon e Hereford com suplementação em pasto de azevém. As vacas suplementadas apresentaram taxa de prenhez de 83,3% contra 50% das fêmeas sem suplementação durante o período de gestação (110 dias de suplementação).
Quadro 3. Número de fêmeas, peso ao nascer (PN) e peso em jejum (PVj) ao início da suplementação, dos diferentes grupos genéticos dos experimentos 1 e 2
Figura 1. Percentagem de parição para os 1° e 2° anos reprodutivos das fêmeas, dos tratamentos S1 e S2, do experimento 1
De forma semelhante, na Figura 2 que representa os dados reprodutivos das fêmeas do experimento 2, notamos que as fêmeas que não receberam suplementação reduziram a taxa de prenhez em 39 pontos percentuais, enquanto que as fêmeas que receberam suplementação durante a seca e no ano todo, reduziram em 27 e 1 pontos percentuais, respectivamente. Esses dados sugerem que a suplementação tende a reduzir a queda da taxa de prenhez (taxa de repetição de cria) das fêmeas primíparas. Os resultados de SOUZA et al. (1987), mostraram que a suplementação aumentou a taxa de prenhez subseqüente, sendo que a suplementação pós-parto resultou em melhores índices do que a suplementação pré-parto.
Figura 2. Percentagem de parição para os 1º e 2º anos reprodutivos das fêmeas dos tratamentos S1, S2 e S3, do experimento 2
Os dados de MANZANO et al. (1987) com fêmeas Canchim, mostraram que a adição de uma fonte protéica (farelo de soja) com ou sem uma fonte de fibra (cana-de-açúcar) no período de inverno (junho a setembro), diminuiu o período entre parto. Na análise dos pesos das fêmeas do experimento 1, observou- se que no primeiro ano reprodutivo (1979), o efeito de tratamento foi significativo apenas para o peso de início no período de cobrição, sendo que as fêmeas com suplementação durante o período da seca apresentaram maior peso do que as fêmeas sem suplementação 316 vs 299 kg (P < 0,07), dados não mostrados. No peso ao final da EC não foram verificadas diferenças entre as suplementadas e as não suplementadas, e isto pode estar relacionado com o crescimento compensatório das fêmeas não suplementadas (BOIN e TEDESCHI, 1996), seguindo o mesmo padrão de crescimento encontrado para os machos sob mesmo tratamento (TEDESCHI et al., 1999).
Esses dados concordam com aqueles obtidos por SOUZA et al. (1987) utilizando fêmeas primíparas Nelore e Chianina com suplementação pré e pósparto. As fêmeas que foram suplementadas apresentaram maior peso ao parto. Entre as fêmeas que foram suplementadas, as que receberam suplementos no período pré-parto apresentaram maior peso do que aquelas suplementadas pós-parto. Os dados de PIRES et al. (1985) também confirmaram o maior peso das fêmeas suplementadas 417 vs 365 kg (P < 0,05), respectivamente, para suplementadas e não suplementadas.
Não houve efeito de interação entre raça e suplementação (P > 0,05) para o experimento 1. Na primeira estação de cobrição (1979), o peso em jejum inicial foi significativamente menor (P < 0,05) para as fêmeas sem suplementação e suplementadas durante o período seco 289 vs 310 kg, respectivamente, dados não mostrados.
O efeito de grupo genético está listado no Quadro 4. As fêmeas Guzerá e 1/2CH1/4PS1/4GU apresentaram menor PVj (P < 0,05) em relação às fêmeas 1/2NE1/4PS1/4GU para os pesos em jejum inicial, final e ao parto, da primeira EC. No segundo ano reprodutivo (1980), nenhuma causa de variação apresentou efeito significativo (P > 0,05), embora a tendência de maior peso das fêmeas cruzadas 1/2NE1/4PS1/4GU permaneceu.
Quadro 4. Peso em jejum inicial (PI) e final (PF) das estações de cobrição (EC) e peso ao parto (PP) dos diferentes grupos genéticos, para o experimento 1
Para o experimento 2, além das causas de variação analisadas anteriormente, o período de estação de cobrição também foi estudado. O Quadro 5 e a Figura 3 mostram os resultados da análise realizada com todos os grupos genéticos recebendo os tratamentos S1 e S2. Ocorreu interação significativa (P < 0,07) entre suplementação e EC, para o PVj no início da EC, no primeiro ano (1980). A Figura 3 mostra que as fêmeas sem suplementação que iniciaram a EC em Abril – Julho, não apresentaram diferença de peso em relação às fêmeas sem e com suplementação da EC de Outubro - Janeiro. Esse fato pode estar aliado à disponibilidade de forragem durante o ano, principalmente, durante o período seco. Nota-se que as fêmeas que iniciaram a EC em Outubro – Janeiro, acabaram de passar pelo período seco do ano, portanto com baixa disponibilidade de forragem. Para o PVj final da EC, as fêmeas da EC de Outubro – Janeiro, apresentaram maior peso que as fêmeas da EC Abril – Julho, respectivamente, 379 vs 346 kg (P < 0,05), Quadro 5. O que reforça o problema de disponibilidade de forragem durante o período da EC. Portanto, nesse caso a suplementação das secas seria recomendável apenas para os animais com EC durante o período de Outubro - Janeiro.
Quadro 5. Peso vivo em jejum (PVj), kg, ± desvio padrão(N), no início e final da estação de cobrição (EC) do ano de 1980, para as fêmeas que receberam suplementação durante o período seco e pariram, para o experimento 21
Figura 3. Peso vivo em jejum (± desvio padrão) no início da estação de cobrição das fêmeas GU, 3/4GU1/4PS, 1/ 2NE1/4PS1/4GU, 1/2PS1/2GU, 1/2CH1/4PS1/4GU, 1/2CA1/2GU, 1/2CA1/4PS1/4GU do experimento 2, segundo a estação de cobrição e o tratamento S1 e S2
A suplementação também apresentou diferença estatística no PVj final da EC e ao parto. As fêmeas com suplementação durante o período seco, tiveram maior peso final da EC do que as fêmeas sem suplementação, respectivamente, 375 vs 359 kg (P < 0,05), Quadro 5. O PVj ao parto foi maior para as fêmeas suplementadas durante o período seco do que àquelas não suplementadas, 453 vs 422 kg (P < 0,05), respectivamente, Quadro 5.
No segundo ano (1981), as fêmeas da EC Abril – Julho, apresentaram maior peso que as fêmeas da EC de Outubro – Janeiro, respectivamente, 437 vs 350 kg (P < 0,05).
O Quadro 6 e a Figura 4 mostram os resultados das raças GU, 3/4GU1/4PS e 1/2NE1/4PS1/4GU do experimento 2, que receberam os tratamentos S1, S2 e S3. A Figura 4, indica que o PVj aumentou com o nível de suplementação, apenas para a EC de Abril - Julho. Ao passo que para a EC de Outubro – Janeiro, essa tendência não foi observada, talvez devido ao número reduzido de animais. A suplementação modificou o peso inicial da EC, de forma que, as fêmeas com suplementação durante o ano todo, tiveram maior peso que as fêmeas suplementadas apenas durante o período seco e aquelas sem suplementação, respectivamente, 356, 319 e 303 kg (P < 0,05), Quadro 6.
O período da EC teve efeito no peso inicial e ao parto (P < 0,05). As fêmeas que iniciaram a EC de Abril – Julho, apresentaram maior peso que as fêmeas de Outubro – Janeiro, 354 vs 302 kg (P < 0,05), Quadro 6. Esse fato ocorreu novamente para o ano de 1981, ou seja, o peso de início da EC de Abril – Julho, foi superior ao de Outubro – Janeiro, respectivamente, 444 vs 346 kg (P < 0,05), dados não mostrados. De forma similar, o peso ao parto para as fêmeas da EC de Abril – Julho, foi maior do que das fêmeas da EC de Outubro – Janeiro, respectivamente, 457 vs 426 kg (P < 0,05).
De modo geral, as fêmeas GU entraram na EC mais leves (P < 0,05) do que as cruzadas (3/ 4GU1/4PS e 1/2NE1/4PS1/4GU), respectivamente 300, 327 e 345 kg, sendo que as cruzadas não diferiram entre si (P > 0,05), Quadro 6.
Finalmente, as fêmeas primíparas que foram férteis a cada estação de cobrição, apresentaram peso semelhantes à uma mesma idade, quando todas foram expostas aos touros. Para efetuar esse tipo de análise, foi estudado o PVj de todas as fêmeas no início da EC de Abril - Julho (29/04/1980), quando todas foram expostas aos touros. O resultado mostrou que as fêmeas que ficaram férteis e pariram em consequência desta 1a EC, eram mais pesadas do que aquelas fêmeas que ficaram férteis e pariram em consequência da 2a EC (Outubro – Janeiro), respectivamente, 353 vs 298 kg (P < 0,05), dados não mostrados. Provavelmente, devido a necessidade de um peso mínimo à puberdade para que pudessem entrar em reprodução (NRC, 2000).
Quadro 6. Peso vivo em jejum (PVj), kg, ± desvio padrão(N), no início e final da estação de cobrição (EC) do ano de 1980, para as fêmeas que receberam os tratamentos S1, S2 e S3 e pariram, para o experimento 21
Figura 4. Peso vivo em jejum (± desvio padrão) no início da estação de cobrição das fêmeas G, 3/4GU1/4PS, 1/2NE1/ 4PS1/4GU do experimento 2, segundo a estação de cobrição e os tratamentos S1, S2 e S3
CONCLUSÕES
O melhor nível de suplementação das fêmeas permitiu aumentos na taxa de parição à primeira cria e na parição subsequente, melhorando as taxas de prenhez do rebanho.
A suplementação das secas para fêmeas com estação de cobrição em Outubro – Janeiro, permitiu pesos maiores no início da estação de cobrição. Entretanto, uma análise econômica faz-se necessária à tomada de decisão sobre qual tipo de suplementação deve ser adotado.
Houve diferenças significativas entre os pesos de início e final das estações de cobrição, do peso de parição para os diferentes grupos genéticos.
AGRADECIMENTOS
Aos auxiliares técnicos José Carlos M. Rasteiro, Mitsuharu Kuriama, Sebastião L. Camargo, Maria H. Camargo e Valfrido V. Lemos, aos campeiros Deraldo Manoel, Elízio Alves e Adércio Palomares, e aos tratadores Pedro Daniel e Sebastião F. do Amaral pela importante ajuda na condução desse experimento.
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