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Ganho de peso vivo diário, conversão alimentar e características de carcaça de novilhos da raça Nelore, confinados e alimentados com dietas baseadas em silagens de Capim Marandu ou de milho

Publicado: 18 de abril de 2013
Por: Ricardo Dias Signoretti, Flávio Dutra de Resende, Marcelo Henrique de Faria, Gustavo Rezende Siqueira e Fernando Bergantini Miguel do Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios da Alta Mogiana -PRDTA-, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios -APTA-, SP; Ricardo Linhares Sampaio e Ricardo Andrade Reis do Departamento de Zootecnia, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária -FCAV-, Universidade Estadual Paulista ?Júlio de Mesquita Filho? -UNESP-, SP; Rogério Marchiori Coan de C
Sumário

Avaliou-se o consumo de matéria seca, o ganho de peso vivo diário, a conversão alimentar e as características de carcaça com rações baseadas em silagens de capim Marandu (SC) ou de milho (SM), que atendessem aos requerimentos para ganho de peso vivo de 1,0 ou 1,2kg/ dia. Foram utilizados 24 novilhos da raça Nelore, castrados, com peso vivo médio inicial de 369,05 ± 15,06kg, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, em arranjo fatorial 2 x 2 (volumosos x planos nutricionais) com seis repetições. Os tratamentos foram: 1) SC e ganho de 1,0kg/ dia; 2) SC e ganho de 1,2kg/dia; 3) SM e ganho de 1,0kg/dia e 4) SM e ganho de 1,2kg/dia. Não houve diferença no consumo diário de matéria seca total e no consumo de matéria seca em porcentagem do peso vivo, no peso e rendimento da carcaça quente e fria, na espessura de gordura, na área de olho de lombo e nos cortes cárneos básicos, entre os volumosos e os planos nutricionais. No entanto, animais submetidos a dietas com alto plano nutricional apresentaram maiores ganhos diários em relação ao peso vivo e ao peso da carcaça quente em comparação àqueles com baixo plano nutricional e a conversão alimentar (kg de MS/kg de ganho/dia) foi melhor nos animais alimentados com silagem de milho com alto plano nutricional. A dieta à base de silagem de milho para ganho de 1,2kg/dia promoveu maior ganho de peso e melhor conversão alimentar aos animais.

Palavras-chave: carcaça, conversão alimentar, desempenho, plano nutricional.

INTRODUÇÃO
A prática da terminação de bovinos em sistema de confinamento é uma alternativa segura quando se deseja atingir determinados índices produtivos, por permitir melhor controle da dieta e monitoramento da resposta animal; além disso, o uso de alimentação conservada, praticamente, elimina os contratempos causados por adversidades climáticas e permite a utilização de subprodutos da indústria (COSTA et al., 2002). No entanto, a sustentabilidade financeira do setor além de passar pela eficiência de todo o processo de criação, se concentra na produção de animais que atendam as caracter ísticas desejáveis de carcaça e da carne de qualidade superior. Nesse sentido, o confinamento deve ter a alimentação como uma ferramenta ajustada para a produção de uma carcaça bem acabada, que favoreça os processos de transformação do músculo em carne de qualidade superior e que atenda ao paladar da maioria dos consumidores do mercado interno e externo.
Dentro deste contexto, a crescente demanda de carne bovina de melhor qualidade, aliada aos índices produtivos e reprodutivos insatisfatórios e a queda na lucratividade, principalmente, para dentro da porteira da fazenda, na cadeia produtiva de carne bovina são, hoje, fatores determinantes para que ocorram mudanças nos principais segmentos do complexo pecuário brasileiro.
Na literatura encontram-se resultados mostrando melhor desempenho dos animais recebendo dietas contendo maior densidade energética (SILVA et al., 2005, PUTRINO et al., 2006 e RODRIGUES et al., 2007), porém, no custo de produção do bovino confinado, o componente que tem maior participação é a alimenta ção, com cerca de 60 a 80% do custo variável (CORRÊA et al., 2004, LOPES e MAGALHÃES, 2005).
Nos sistemas de produção de bovinos de corte no Brasil existe a possibilidade de não somente ensilar o excesso de produção das pastagens como também de destinar áreas exclusivas para a produ- ção de silagem, principalmente, em virtude de seu menor custo por tonelada de matéria seca, quando comparado com as silagens de milho e sorgo. Estima- se que, atualmente, a silagem de gramíneas perenes já corresponda a um terço do volumoso utilizado nos confinamentos no Brasil. Portanto, o conhecimento da resposta animal, por efeito do oferecimento de dietas à base de silagem de capim, torna- se importante para a determinação de técnicas mais eficientes de produção dessas silagens e para o correto balanceamento das dietas (SILVA et al., 2005).
Dentre as gramíneas forrageiras tropicais, aquelas pertencentes ao gênero Brachiaria, especificamente a Brachiaria brizantha (Hochst ex A. Rich.) Stapf. cv. Marandu vem sendo recentemente uma das mais utilizadas, através da ensilagem, em sistemas intensivos de produção (BERNARDES et al., 2007), uma vez que a pastagem, durante a época da seca, é incapaz de fornecer nutrientes em quantidade e qualidade suficientes. Entretanto é preciso programar a atividade de conservação considerando-se a forragem a ser conservada e o processo mais adequado às necessidades do rebanho (NUSSIO et al., 2003).
No entanto, em virtude das características peculiares às plantas forrageiras no estádio fisiológico ideal para o corte (30 a 45 dias), existem fatores (alto teor de umidade, elevado poder tampão e baixos teores de carboidratos solúveis) que podem provocar perdas no valor nutritivo e de matéria seca no processo de conservação e dependendo da taxa de ganho estipulada podem não atender às necessidades dos animais. Para otimizar a utilização dessas forrageiras e manter o desempenho animal aceitá- vel, é desejável aumentar a ingestão e digestão por meio do fornecimento de nutrientes suplementares, os quais dependem de um planejamento prévio com relação à disponibilidade e ao baixo custo por unidade de nutrientes para a implementação da tecnologia e, conseqüentemente buscando maior lucratividade para o pecuarista (REIS e COAN, 2001).
Contudo, ainda são muito escassos na literatura estudos sobre ensilagem de capim Marandu. A avalia ção desta gramínea em ensaios com animais propiciar á maior segurança aos pecuaristas em decis ões quanto à sua utilização na alimentação de seus rebanhos (REIS e COAN, 2001).
A carcaça bovina é normalmente dividida em cortes primários para serem comercializados (dianteiro, traseiro e ponta de agulha). O rendimento desses cortes é de grande importância para a indústria frigorífica, pois carcaças com excessivo teor de gordura serão mais aparadas, gerando maior custo com operadores e maiores perdas econômicas, por terem as aparas menor valor comercial (LUCHIARI FILHO, 2000).
É economicamente desejável maior rendimento de traseiro especial em relação aos outros cortes, em virtude do seu maior valor comercial. Entretanto, independentemente da raça, o animal tende a manter, dentro de certos limites, um equilíbrio entre os quartos traseiro e dianteiro (BERG e BUTTERFIELD, 1979).
Usando níveis baixos de volumoso na termina- ção de animais em confinamento, MADER et al. (1991) alertam que a fonte de volumoso usada afeta consideravelmente o desempenho e características de carcaça dos animais em função da interação entre o volumoso e a fonte de energia principal da dieta. Nos confinamentos brasileiros, o volumoso é a fra- ção que apresenta maior participação na dieta, sendo algumas vezes a principal fonte de energia.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de dietas baseadas em silagens de capim Marandu e de milho formuladas para ganho de peso de 1,0 ou 1,2 kg ao dia sobre o ganho de peso, a conversão alimentar e características de carcaça de 24 novilhos da raça Nelore, em confinamento.
 
MATERIAL E MÉTODOS
Conduziu-se o estudo no Confinamento da Esta ção Experimental do Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios da Alta Mogiana PRDTA - AM (Estação Experimental de Colina - APTA) localizado no município de Colina, no Estado de São Paulo (latitude de 20º 43' 05" S; longitude 48º 32' 38" W). O clima da região é do tipo AW (segundo classificação de Köppen), no qual a pluviosidade do mês mais seco é inferior a 30 mm, a temperatura média do mês mais quente é superior a 22ºC e a temperatura do mês mais frio é superior a 18ºC. As precipitações pluviais mensais médias, coletadas na unidade de pesquisa, nos últimos anos mostraram que de outubro a maio ocorrem em média 1222 mm, correspondendo a 93,7% do total anual; enquanto que de junho a setembro 82 mm, representando 6,3%. O solo do local é classificado como latossolo vermelho-escuro, fase arenosa, com topografia quase plana e de boa drenagem.
Para produção de silagem de capim Marandu (Brachiaria Brizantha (Hochst ex A. Rich.) Stapf. cv. Marandu), foi utilizada forragem depois de decorridos 106 dias da semeadura. Realizou-se o corte da forragem da área experimental, com máquina colhedora de forragem modelo CRC 180, regulada de forma que o corte fosse realizado a 25 cm do solo, possibilitando a obtenção de partículas variando de 3 a 6 cm.
O milho (Zea mays L.) foi semeado utilizando-se o híbrido Agromen 2012 e após período de 70 dias, procedeu-se ao corte das plantas com máquina forrageira, modelo Z-10, regulada visando à obten- ção de partículas com 0,5 a 1,0cm.
Em ambos os casos foram utilizados silos de superf ície vedados com lona plástica com espessura de 200 micras.
Foram utilizados 24 bovinos da raça Nelore, machos, castrados, com aproximadamente 24 meses de idade, peso vivo médio inicial de 369,05 kg ± 15,06 kg. Os animais foram alimentados ?ad libitum? e distribuídos aleatoriamente pelos tratamentos, com seis repetições por tratamento. As dietas à base de silagem de capim Marandu e de milho foram formuladas para atender as exigências nutricionais para ganho de peso esperado de 1,0 (baixo plano nutricional) e 1,2kg/dia (alto plano nutricional), conforme as recomendações do NRC (1996).
Tabela 1. Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e digestibilidade in vivo da matéria seca (DIVMS) dos alimentos concentrados e dos volumosos utilizados nas dietas experimentais
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A composição bromatológica e a digestibilidade ?in vitro? da matéria seca dos alimentos concentrados e das silagens consta da Tabela 1 e, das dietas experimentais e os seus respectivos níveis nutricionais da Tabela 2. As dietas experimentais e os planos nutricionais em cada dieta foram os seguintes:
1) Silagem de capim Marandu e ganho de peso vivo de 1,0kg/dia
2) Silagem de capim Marandu e ganho de peso vivo de 1,2kg/dia
3) Silagem de milho e ganho de peso vivo de 1,0 kg/dia
4) Silagem de milho e ganho de peso vivo de 1,2 kg/dia
Foram realizadas pesagens ao início do experimento, sendo os animais submetidos a 15 dias de adaptação às dietas e pesados após jejum completo de 16 horas. A intervalos de 31, 28 e 27 dias, totalizando 86 dias de período experimental todos os animais foram pesados, respeitando-se um perí- odo de 16 horas de jejum.
As dietas experimentais foram fornecidas em duas refeições diárias, às 8 horas e às 15 horas. As silagens eram retiradas dos silos pouco antes do horário de fornecimento e misturadas ao concentrado no momento do fornecimento aos animais. O consumo diário das dietas fornecidas e das sobras, para cada animal, foi registrado para a determinação do consumo de matéria seca e da conversão alimentar.
A quantidade de alimento, tanto de silagem quanto de concentrado, foi adequada de modo a permitir sobra de 5% a 10% do fornecido.
Duas vezes por semana, foram coletadas amostras das silagens, dos concentrados e das sobras. Posteriormente as amostras foram agrupadas de acordo com o período experimental correspondente (amostra composta/período), identificadas, embaladas e acondicionadas em freezer para análises químico-bromatológicas, conforme SILVA e QUEIROZ (2002).
Ao final do período experimental os animais foram abatidos após serem submetidos a um período de jejum de 16 horas, com acesso à água e posteriormente pesados. As carcaças foram divididas em duas metades, pesadas individualmente, obtendose o peso da carcaça quente e, sendo em seguida, armazenadas em câmara fria por 24 horas e a 1°C, para determinação do rendimento de carcaça fria.
Na carcaça direita foram separados os cortes cárneos traseiro completo, dianteiro e ponta de agulha para determinação de seus respectivos rendimentos.
A área de olho de lombo e a espessura de gordura subcutânea foram medidas entre a 12ª e 13ª costela, no lado esquerdo da carcaça, utilizando-se grade quadriculada (Lin Bife) e régua graduada específica.
Tabela 2. Composição e níveis nutricionais estimados das dietas experimentais (% na matéria seca) utilizadas no confinamento
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Para avaliação dos custos e receitas, foram utilizados os valores, em reais, correspondentes a cada componente da dieta e ao preço do boi gordo no período em que foi realizado o experimento (agosto de 2004). O custo das dietas foi calculado considerando- se o consumo de matéria seca de silagem e de concentrado, não tendo sido considerados desperd ícios no ato da alimentação e sobras no cocho. Para compor os custos dos concentrados, considerou- se apenas o preço de aquisição no mercado, sem levar em conta a elaboração dos concentrados. Não foram considerados os custos referentes às despesas com a mão-de-obra para alimentar os animais, à depreciação das instalações e ao custo financeiro dos recursos utilizados.
Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, em arranjo fatorial 2 x 2 (volumosos e planos nutricionais) com seis repetições. Realizaram-se análises de variância na interpreta- ção das variáveis estudadas, usando-se o PROC GLM do SAS (1999) e o teste de Tukey (P<0,05) na comparação de médias entre as causas de variação.
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não houve diferença (P>0,05) no consumo diá- rio de matéria seca total e consumo de matéria seca em porcentagem do peso vivo entre os volumosos e os planos nutricionais (Tabela 3). Verificou-se que o consumo médio de MS dos animais recebendo tanto silagem de capim quanto de milho foi de 7,12kg/ dia e 1,65% do peso vivo (Tabela 3). Este consumo reduzido pode ser explicado pelo baixo teor de matéria seca e o elevado teor de fibra destas silagens (Tabela 2). O uso de alimentos de elevado teor de fibra e pouco digestíveis geralmente reduz o consumo de MS, como conseqüência da quantidade de material indigestível que ocupa espaço dentro do rúmen, causando distensão física do epitélio ruminal (KIRKLAND et al., 2005). Entretanto, de acordo com VAN SOEST (1994), em silagens de baixa qualidade, o nível de consumo não atinge esse limite e, provavelmente, outros fatores estão envolvidos na redução do consumo. Alguns desses fatores estão relacionados à possibilidade dessas silagens terem sofrido fermentações secundárias, devido ao seu baixo teor de MS, com a possível produção de aminas, amidas e ácido butírico que podem reduzir o consumo (DAWSON, et al., 2002, REIS et al., 2004). Além disso, WRIGHT e STEEN (2000) relataram que as caracter ísticas da forragem, PB, N-NH3 e a digestibilidade da MS, são variáveis positivamente correlacionadas ao aumento de consumo de MS de silagens de capim.
Tabela 3. Médias, efeitos e coeficientes de variação (CV), para consumo diário de matéria seca total (CDMST), consumo de matéria seca em % do peso vivo (CMS), peso vivo inicial (PVI), peso vivo final (PVF), ganho diário de peso vivo (GDPV), ganho diário de peso de carcaça quente (GDPCQ), conversão alimentar em relação ao peso vivo (CAPV), peso da carcaça quente (PCQ), porcentagem de rendimento de carcaça (RCQ), porcentagem rendimento carcaça fria (RCF), área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura (EG) e em % da carcaça quente (EGCQ), rendimento de traseiro (RT), dianteiro (RD) e ponta de agulha (RPA), de animais confinados com dietas com silagem de capim (SC) ou de milho (SM)
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SILVA et al. (2005) avaliaram o consumo de MS de bovinos de corte recebendo dietas baseadas em silagem de capim Marandu com níveis crescentes de energia. Verificou-se consumo de MS de 1,40% - 1,72% do peso vivo para os animais alimentados com dietas com menor densidade energética (respectivamente, 60,00 e 65,35% NDT na MS) e maior % de consumo de MS em relação ao peso vivo, 2,00 - 2,35 para os animais alimentados com dietas com maior densidade energética (respectivamente, 70,33 e 75,95% de NDT na MS). Segundo os autores, os consumos mais baixos de MS nos animais recebendo dietas contendo menor densidade energética podem ser explicados pelo menor teor de MS destas dietas, em decorrência da maior proporção de silagem na mesma.
CHIZZOTTI et al. (2005), trabalharam com novilhos da raça Nelore alimentados com dietas contendo silagens de capim-braquiarão e de sorgo como fonte de volumoso nas proporções de 100:0; 67:33; 33:67 e 0:100, sendo 60% de volumoso e 40% de concentrado, com base na matéria seca. As dietas continham 58,33; 62,65; 68,16 e 72,68% de NDT (% na MS), respectivamente. Verificou-se maior (P<0,01) consumo de MS, expresso em kg/dia (6,93; 8,59; 8,89 e 9,29) e em % PV (1,74; 2,08; 2,20 e 2,19) com aumento dos níveis de silagem de sorgo na dieta (0; 33; 67 e 100%), refletindo a qualidade superior da silagem de sorgo em relação à de capim Marandu. Os autores comentaram que o baixo teor de MS (22,02%) do capim Marandu no momento da ensilagem, certamente contribuiu para a ocorrência de fermentações indesejáveis e o conseqüente comprometimento da palatabilidade da silagem. Os produtos finais da fermentação (ácidos lático, acético e, principalmente, butírico), presentes em altos níveis em silagens com alto teor de umidade, podem afetar negativamente o consumo (ERDMAN, 1993). Deste modo, os autores, acreditam que o incremento da silagem de sorgo na dieta melhora sua palatabilidade, refletindo-se positivamente no consumo de MS. Além disso, a silagem de capim Marandu apresentou maiores teores de FDN, FDA, FDAi e lignina do que a silagem de sorgo, o que propiciou menor concentração energética às dietas com maiores níveis de silagem de capim Marandu.
Por outro lado, COSTA et al. (2005), trabalhando com bovinos anelorados alimentados com dietas à base de silagem pré-seca de capim Marandu, verificaram efeito quadrático (P<0,05) em função da maior participação de concentrado na dieta (densidades energéticas de 65,6; 69,6 e 74,3% de NDT na MS), sendo os consumos máximos médios estimados de 8,2kg/animal/dia e 2,5% do PV, observados com 45,6 e 47,6% de concentrado na dieta.
A conversão alimentar (kg de MS/kg de ganho/ dia) foi melhor (P<0,05) nos animais alimentados com dietas baseadas em silagem de milho e alto plano nutricional. Este fato é explicado, pelos maiores teores de FDN e FDA e pela menor digestibilidade (DIVMS) da silagem de capim Marandu em compara ção a de milho (Tabela 1), o que propiciou menor concentração energética às dietas com silagem de capim Marandu e baixo plano nutricional (Tabela 2), refletindo-se no menor desempenho dos animais.
COSTA et al. (2005) verificaram redução linear (P<0,05) na conversão alimentar (10,4; 9,0 e 7,6kg de MS/kg PV), em bovinos anelorados alimentados com dietas a base de silagem pré-seca de capim Marandu, com aumento da densidade energética (65,6; 69,6 e 74,3% de NDT na MS).
CHIZZOTTI et al. (2005) não verificaram efeito na conversão alimentar (média de 8,98kg de MS/kg PV) em novilhos da raça Nelore alimentados com dietas contendo silagem de capim-braquiarão e de sorgo nas proporções de 100:0; 67:33; 33:67 e 0:100.
Os animais submetidos a dietas com alto plano nutricional apresentaram maiores (P<0,05) ganhos diários em relação ao peso vivo e ao peso da carca- ça quente em comparação aqueles com baixo plano nutricional (Tabela 3). SOUZA et al. (2002), BREN et al. (2002) e SILVA et al. (2005), também verificaram melhor desempenho dos animais com o incremento dos níveis de energia nas rações, que proporcionaram aumento do consumo e da digestibilidade da maté- ria seca.
STEEN et al. (2002) verificaram aumento no ganho de peso vivo (1,01; 1,09; 1,04 e 1,12kg/dia) e ganho de peso em carcaça (0,67; 0,78; 0,77 e 0,79kg/dia) em bovinos de corte, machos castrados com aproximadamente 20 meses de idade, alimentados com dieta baseadas em silagem de Lolium perenne de alta digestibilidade com diferentes proporções volumoso:concentrado (80:20; 60:40; 40:60 e 20:80).
RESTLE et al. (2003) verificaram que bezerros de corte confinados e alimentados com silagem de capim papuã (Brachiaria plantaginea) apresentaram menor consumo de MS (4,99 contra 5,56kg/dia, P<0,05), menor ganho de peso vivo (0,80 contra 1,06 kg/dia, P<0,05) e pior conversão alimentar (6,26 contra 5,30, P<0,05) em relação a mistura de silagem de milho e sorgo.
Vale ressaltar que neste trabalho, as dietas foram formuladas para que os animais pudessem atingir 1,0 ou 1,2kg/dia de ganho de peso e consumo esperado de 2,0% ou 2,2% de MS em relação ao peso vivo, quando alimentados com silagem de capim Marandu ou de milho. Na prática foram obtidos ganhos diários médios inferiores, 0,77 e 0,94kg/dia, respectivamente. Este fato poderia ser explicado, pelo menor consumo de matéria seca pelos animais de ambas as silagens; tendo sido observado, em média, para todas as dietas testadas, um consumo de 1,65% do peso vivo. Este valor ficou abaixo do encontrado por CORRÊA et al. (2004), que avaliaram o desempenho de bovinos de corte, em confinamento, recebendo silagem de capim Mombaça ou de milho acrescidas com 8% a 10% de polpa cítrica, visto os autores verificaram, em rela- ção às silagens de Capim Mombaça e de milho, consumo de 2,12% e de 2,09 % em relação ao peso vivo, respectivamente.
SILVA et al. (2005) e CHIZZOTTI et al. (2005) encontraram maior consumo de MS em relação ao peso vivo, de bovinos de corte, com aumento da densidade energética de dietas à base de silagem de capim Marandu.
Não houve efeito sobre o peso vivo final e, peso da carcaça quente dos animais alimentados com silagens de capim ou de milho nos planos nutricionais estudados (Tabela 3). Com relação ao rendimento de carcaça quente (57,56%) e fria (57,04%), também não houve diferença entre os planos nutricionais e nem entre as silagens estudadas (Tabela 3). Estes resultados, relativos ao rendimento de carcaça, são superiores ao verificado por CORRÊA et al. (2004), que encontraram para bovinos de corte, em crescimento, alimentados com silagem de capim Mombaça ou de milho, o valor médio de 56%.
Os rendimentos de traseiro, dianteiro e ponta de agulhas não foram afetados pelos volumosos e pelos planos nutricionais (Tabela 3) e, os valores mé- dios encontrados foram de 47,89 %; 39,26 % e 12,85%, respectivamente.
COSTA et al. (2005) trabalhando com bovinos anelorados alimentados com dietas à base de silagem pré-seca de capim Marandu, não encontraram diferenças no rendimento de carcaça, de dianteiro, de traseiro completo e de ponta de agulha, que foram, em média, 56,27; 38,87; 61,13 e 12,96%, respectivamente, com aumento da densidade energética da dieta.
A área de olho de lombo não foi afetada pelos volumosos e pelos planos nutricionais (Tabela 3) e, o valor médio encontrado foi de 67,08 cm2.
CORRÊA et al. (2004) verificaram área de olho de lombo de 79,2cm2 e 83,8cm2, respectivamente, (P<0,05) em bovinos de corte que receberam silagem de capim Mombaça e silagem de milho acrescidas com 8% a 10% de polpa cítrica.
COSTA et al. (2005) verificaram aumento linear da área de olho de lombo (48,4; 53,8 e 54,6cm2) para animais alimentados com dietas baseadas em silagem pré-seca de capim Marandu contendo ní- veis crescentes de energia (65,6; 69,6 e 74,3% de NDT na MS).
No atual experimento, a espessura de gordura não variou em função dos volumosos e dos planos nutricionais (Tabela 3). Observou-se, em média, espessura de gordura de 9,18 mm e 3,44%, em porcentagem da carcaça quente. Estes valores podem ser explicados, provavelmente, devido aos animais serem castrados e pelo estágio de maturidade fisiol ógica dos animais do presente estudo (com aproximadamente 24 meses de idade), o que favorece este grau de deposição de gordura na carcaça.
CORRÊA et al. (2004) encontraram 3,5mm e 4,7mm de espessura de gordura (P<0,05) na carcaça de bovinos de corte, em crescimento, que receberam silagem de capim Mombaça e silagem de milho, com 8% a 10% de polpa cítrica.
COSTA et al. (2005) verificaram aumento linear (P<0,05) na espessura de gordura (2,54; 3,30 e 4,90 mm) para machos castrados com aproximadamente 24 meses de idade alimentados com dietas à base de silagem pré-seca de capim Marandu contendo níveis crescentes de energia (65,6; 69,6 e 74,3% de NDT na MS).
STEEN et al. (2002) não verificaram diferença na espessura de gordura (9,2; 9,0; 8,9 e 8,1mm) e na área de olho de lombo (82,6; 83,9; 83,6 e 84,8cm2) de bovinos de corte, machos castrados com aproximadamente 20 meses de idade, alimentados com dietas à base de silagem de Lolium perenne com digestibilidade para a MS de aproximadamente 70% e diferentes proporções de volumoso:concentrado (80:20; 60:40; 40:60 e 20:80).
O grau de terminação das carcaças, avaliado pela espessura da gordura subcutânea, pode ser considerado adequado independentemente do tratamento, quando se analisa os resultados deste experimento, segundo a afirmação de LUCHIARI FILHO (2000), de que, para ser considerada de boa qualidade, uma carcaça deve possuir espessura mínima de gordura de 3 a 5 mm de modo a se obter melhor conserva- ção e para se evitar danos à carcaça durante o resfriamento.
No entanto, houve diferenças (P<0,05) na interação volumoso x plano nutricional para variá- vel área de olho de lombo. Esta interação indica que os efeitos devido aos volumosos sobre a característica área de olho de lombo foram dependentes dos planos nutricionais (Tabela 4). O desdobramento da interação volumoso dentro do plano nutricional mostrou que a silagem de capim Marandu proporcionou maior (P<0,05) área de olho de lombo em relação à silagem de milho quando os animais foram submetidos à dieta com baixo plano nutricional. Possivelmente, os animais que receberam dieta com silagem de capim Marandu e baixo plano nutricional continham maior proporção de tecido muscular no ganho, o que pode ser observado pela menor espessura de gordura de cobertura nos mesmos (Tabela 3).
Tabela 4. Desdobramento da interação volumoso x ganho de peso esperado sobre o ganho diário de peso de carcaça quente (GDPCQ) e área de olho de lombo (AOL)
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Os dados relativos à análise do custo da alimenta ção e às arrobas ganhas durante o período experimental encontram-se na Tabela 5. Pode-se observar que as dietas baseadas em silagem de milho para ganho de peso vivo de 1,0kg/dia e 1,2kg/dia apresentaram os menores custos diários por animal (R$ 1,51 e R$ 2,06) e totais no período de confinamento (R$ 129,86 e R$ 177,16), quando comparadas a dietas à base de silagem de capim Marandu para os mesmos desempenhos esperados.
O custo para produzir um quilograma de ganho de peso foi menor na dieta a base de silagem de milho para ganho de peso vivo de 1,2kg/dia, resultado do melhor desempenho dos animais em rela- ção a dietas à base de silagem de capim Marandu. Isto demonstra a importância do desempenho animal sobre a rentabilidade do sistema, visto que a dieta com menor custo de alimentação não foi a que proporcionou o menor custo por quilo de ganho de peso. No mesmo sentido, OLIVEIRA et al. (2001) verificaram que dietas mais baratas podem ser menos rentáveis, devido ao pior desempenho animal e pior conversão alimentar, elevando o custo por unidade de produto.
A estimativa do custo da arroba produzida é de extrema importância para o pecuarista obter um panorama da viabilidade econômica do confinamento. Este custo está intimamente relacionado com a adoção de tecnologias no sistema de produção de bovinos de corte.
Neste sentido, analisando os dados da Tabela 5, verifica-se que as dietas à base de silagem de milho, para ganho de peso de 1,0 e 1,2kg/dia, apresentaram os menores custos de alimentação por arroba produzida (R$ 29,78 e R$ 29,04, respectivamente), seguida pela dieta baseada em silagem de capim Marandu para ganho de peso de 1,2kg/dia (R$ 39,78) e para ganho de peso de 1,0kg/dia (R$ 41,92).
Considerando-se somente os custos com alimenta ção, pode-se inferir que todas as dietas avaliadas apresentaram custo por arroba produzida menor que o preço médio de R$ 58,50/arroba, pago pelo mercado, durante o período do confinamento.
Vale ressaltar que o conhecimento da inter-rela- ção entre os componentes do custo, e de como esses são afetados pelo mercado, pode determinar o resultado econômico dessa tecnologia. O preço de aquisição do animal, e, por conseguinte da arroba de entrada no confinamento é o principal fator que determina a lucratividade do sistema de produção, especialmente se a mesma for avaliada de forma isolada.
Alem disso, no momento da escolha dos componentes do concentrado, deve se considerar os objetivos e as necessidades de cada propriedade, pois pode vir a ser mais interessante oferecer uma alimenta ção mais cara, porém que proporcione menor tempo de confinamento, devido ao melhor desempenho animal. No entanto, se o tempo e o volumoso não forem limitantes, uma alimentação mais barata pode ser mais interessante para o sistema. Além disso, a variação no preço dos produtos agrí- colas durante os anos é altamente importante na tomada de decisão.
Tabela 5. Médias de desempenho animal no confinamento e custos das dietas experimentais dos diferentes tratamentos (agosto a novembro de 2004)
Ganho de peso vivo diário, conversão alimentar e características de carcaça de novilhos da raça Nelore, confinados e alimentados com dietas baseadas em silagens de Capim Marandu ou de milho - Image 5
A utilização da estratégia de produção de carne bovina em confinamento visa o aumento da taxa de lotação na propriedade, o que implica em diluição dos custos relativos à depreciação de maquinários e da infra-estrutura e, conseqüentemente, melhor rentabilidade para o pecuarista.
 
CONCLUSÕES
A dieta à base de silagem de milho para ganho de peso vivo de 1,2kg/dia promoveu melhor desempenho e conversão alimentar dos animais e apresentou menor custo por arroba produzida.
 
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**O trabalho foi originalmente publicado no Boletim da Indústria Animal (BIA), do Instituto Zootecnia (IZ/APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo, Brasil. Citação bibliográfica: B. Indústr.anim., N. Odessa,v.65, n.1, p.71-82, jan./mar.,2008.
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Ricardo Dias Signoretti
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