Introdução.
O ferro é o quarto elemento mais abundante na crosta da Terra sendo amplamente distribuído na biosfera. A maioria das fontes de águas subterrâneas contém ferro, mas a quantidade pode ser altamente variável, dependendo da localização geográfica e geológica. Fontes de água de poços profundos tendem a ter maior teor de ferro do que os poços rasos ou fontes. Embora o ferro seja um elemento essencial, a sua disponibilidade de água pode ser variável dependendo da sua forma química. Em algumas fontes de água, o ferro pode ser mais provavelmente presente na forma de óxidos de ferro insolúveis e, portanto, sua biodisponibilidade é muito baixa.
Ferro na água para o gado é geralmente considerado como um problema incômodo mas não um problema toxicológico. Não existem normas ou trabalhos profundos que forneçam orientações para os níveis de água de ferro adequado para o gado. O objetivo é normalmente estético na água potável (para humanos) aceitando-se 0,3 mg /L, acima deste nível a água pode ficar amarelada e com gosto ferruginoso.
A ocorrência de toxicidade por ferro em gado no Brasil é considerada muito baixo. Efeitos tóxicos diretos associados com sobrecarga de ferro ainda são desconhecidos. O excesso de ferro aumenta o risco de infecção e neoplasia. Promove insuficiência secundária de cobre comprometendo a primeira linha de respostas de defesa imunológica (Boyne e Arthur, 1986).
Avaliação de Risco
Os sinais característicos da sobrecarga crónica de ferro são redução do consumo de ração, da taxa de crescimento e da eficiência da conversão alimentar. A 1.600 ppm, ferro provocou redução no ganho médio diário e no consumo de ração (Standish et al., 1969). Nos bezerros, o pior desempenho pode ocorrer em níveis de ferro na dieta de 500 ppm ou mais (Koong et al., 1970).
Apesar de baixas concentrações de ferro na água para o gado não ser susceptível de provocar efeitos adversos, ao contrário da crença comum, o problema não deve ser ignorado. Isso porque se estiver presente em uma forma ionizada como um cátion bivalente pode interferir com a biodisponibilidade de outros metais bivalentes, como cobre, zinco, magnésio, manganês ou cálcio. A maioria dos efeitos adversos do ferro na dieta são indiretamente associadas a deficiências secundárias resultantes das interações antagônicas.
Outro ponto importante que tem sido sugerido é que as concentrações elevadas de ferro na água de beber podem ser um fator de risco significativo promovendo a proliferação intestinal de Clostridium botulinum (Pecelunas et al., 1999).
Embora os níveis elevados de ferro na água potável não tenham importância toxicológica seus efeitos metabólicos secundários devem ser considerados, pelo menos, por duas razões: primeira; pode afetar a palatabilidade da água e, assim, reduzir a ingestão desta, e segundo; excesso de ferro pode ter efeito prejudicial sobre o metabolismo de vários micronutrientes essenciais.
Interações Metabólicas
O excesso de ferro pode afetar muitos processos metabólicos por meio de uma ampla gama de interações metabólicas. Entre os efeitos fisiologicamente significativos são as interações com nutrientes essenciais como Co, Cu, Mn, Se e Zn, onde a deficiência desses elementos pode ser induzida por ferro.
Antagonismos entre o cobre e o ferro podem ter conseqüências metabólicas (Suttle et al. 1984, e Pedro Suttle, 1985).
O efeito nocivo, sobre os níveis de cobre dos bovinos, pela suplementação de 1000mg de ferro por Kg da dieta alimentar (ração) não são atenuados pela suplementação de (5 ou 10mg/Kg de dieta alimentar) de sulfato de cobre ou cobre proteinado. Novilhos de diferentes raças apresentam diferentes níveis de cobre, o que sugere dietas alimentares diferenciadas. (Mullis et al., 2003).
O esgotamento acelerado das reservas hepáticas de cobre em bezerros desmamados, suplementados com ferro (Humphries et al., 1983), reflete, provavelmente, a inibição da absorção do cobre, e as interações tanto em ovelhas (Suttle et al., 1984) como em bovinos (Bremner et al. , 1987) são em parte dependente da presença de enxofre.
Ruminantes consumindo dietas de forragem muitas vezes são expostos a níveis elevados de Fe na água, forragem e / ou a ingestão de solo.
Alta concentração de Fe na dieta comprovou redução significativamente do Cu em bovinos (Standish et al, 1971;. Campbell et al, 1974;. Humphries et al, 1983). E ovinos (Prabowo et al, 1988).
Em bovinos, diversos quadros clínicos são observados na hipocuprose, podendo ocorrer menor desenvolvimento corporal e baixo desempenho reprodutivo (Phillippo et al. 1987a,b), anemia, osteoporose, alterações da pigmentação dos pêlos e diarréia (Valli 1985, Underwood & Suttle 1999). Ocorrem, também, ataxia neonatal (Sanders 1980) e morte súbita (Bennets et al. 1948).
No Brasil, tem sido evidenciada no Piauí, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul uma doença conhecida como "ronca". Sua principal característica é a respiração ruidosa, intensificada com a movimentação dos animais. Está associada a valores muito baixos de cobre e extremamente altos de ferro no fígado (Tokarnia et al.1971, Tokarnia & Döbereiner 1998, Moraes et al. 1999).
Trabalho comprovam a ocorrência de carência de cobre nas regiões onde ocorrem surtos de morte súbita. Os baixos teores de Cu encontrados no fígado dos animais afetados sugerem que as mortes foram causadas pela carência deste mineral. A ausência de toxicidade, constatada em 13 plantas invasoras encontradas no pasto onde ocorreu o surto, indica que as mortes súbitas não foram causadas por plantas. A principal causa da carência de Cu no presente estudo parece ser os altos teores de Fe nas pastagens e na água. No entanto, é provável que os teores baixos ou marginais de Cu encontrados nas pastagens participem, também, na etiologia da enfermidade. Por outro lado, é possível que esteja ocorrendo concomitantemente interferência do S com o cobre, o que é evidenciado pelos teores ocasionalmente altos de S encontrados nas pastagens, assim como pelos altos teores desse elemento encontrados na água."
O que nos leva a concluir que a presença de ferro na água de bebida de bovinos (não podemos extrapolar para outros animais) é inesejável pois, tem um efeito aditivo àquela presente na dieta alimentar que pode chegar a valores que levam a depleção do cobre causando hipcuprismo e suas consequencias (concentrações de 250 a 500 ppm de Fe na alimentação causam depleção dos níveis de Cu em bovinos (Bremner et al. 1987, Phillippo et al. 1987)
Novilhos suplementados com 1000mg Fe/kg também tiveram redução de nos níveis hepáticos de Zn (Standish et al., 1971), sugerindo que a biodisponibilidade de Zn também é reduzida pela alta presença de Fe na dieta.
O ácido ascórbico (vitamina C) é conhecido como um potenciador de absorção de ferro. Interações de sais ferrosos com a vitamina C tem sido demonstrado que têm efeitos prejudiciais para os animais (e Naugton Fisher, 2004).
No nível 10 ppm, ferro, água pode contribuir significativamente para a ingestão de ferro total na dieta. Por exemplo, uma vaca produzindo 30 kg de leite por dia, dependendo da temperatura ambiente, consumirá entre 92 e 146 litros de água por dia. Se a água continha 10 mg / L de Fe, a contribuição da água para o consumo de Fe seria 920-1.460 mg / dia.
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Fontes de Pesquisa: