Srs.
Iniciando o comentário que os senhores publicaram a respeito dos dados estatísticos do falido Sisbov, cabe ressaltar que o termo certificadora (minúsculo) na sua essência total não se aplica corretamente ao trabalho. Segundo o Inmetro e a ABNT, Certificadora (maiúsculo) se entende como: "A certificação de produtos ou serviços, sistemas de gestão e pessoas é, por definição, realizada pela terceira parte, isto é, por uma organização independente acreditada para executar essa modalidade de Avaliação da Conformidade". Está bem definido, realizada por terceira parte. Portanto o que o falido Sisbov preconiza, adota e apoia criminosamente está evidenciado, que as tais certificadoras implantam um pseudo sistema de rastreabilidade e certificam os serviços por elas implantados. É o caso de advogar em causa própria.
Certificar é para Certificadoras reconhecidas internacionalmente e que possuam nos seus quadros profissionais devidamente habilitados a Certificar Sistemas de Avaliação da Conformidade. Mais ainda. O passa-moleque, ou mais preciso o 171 que hoje implantam por exigências e abono do SISBOV, difere das três etapas iniciais: Certificar Sistemas Produtivos; Certificar o local onde se desenvolverão Sistemas Produtivos e finalmente Certificar o Produto final.
A análise que se faz do trabalho técnico estatístico é de um total colapso do SISBOV.
Infelizmente a Classe Médica Veterinária não chamou para si a responsabilidade da Gestão do SISBOV ou de uma nova e menos desgasta nomenclatura.
Quanto ao trabalho exposto, nossos parabéns.
Atenciosamente.
Médio Veterinário Romão Miranda Vidal.
O Dr. Romão tem muita razão nas críticas às certificadores certificadas - sei que é uma redundância mas deve ser escrito assim mesmo, as certificadoras até então legislaram em conta própria. O Sisbov começou errado, sem conteúdo, sem análise mais crítica dos pecuaristas e dos profissionais da pecuária. Sou adepto à rastreabilidade como ferramenta de gestão, ela fornece aos pecuaristas ferramentas muito boas para a gestão da propriedade, não podemos ficar sem ela. Usando a tecnologia do RFid (rádio frequência), temos informações atuais sobre nosso gado, sobre a sanidade do mesmo. Usando microchips de última geração, além do número identificador, temos a informação da temperatura do animal, podemos ser mais assertivos na inseminação, além de acompanhar a saúde do nosso animal. O objetivo que temos na nossa propriedade é a rastreabilidade com ferramenta de gestão, a certificação não é fim, se vir a interessar podemos sacramentá-la com os processos que temos na propriedade, processos que retratam as Boas Práticas de Produção. Devemos desmistificar a rastreabilidade, façamos uma analogia com os sistemas SEM PARAR, onde o carro é o boi e o pedágio é o manejo... Acabou o segredo...
Dr.Oswaldo.
Dias atrás participei da rodada de Feicorte, em Palmas - To -, onde vários profissionais se posicionaram sobre vários assuntos e infelizmente um dos palestrantes dissertou a respeito de Certificação / Rastreabilidade de uma forma pouco acertiva o que nos decepcionou muito, misturando Rastreabilidade com marcas de carnes e produtoras com sistema de marketing. Quando fala-se em Rastreabilidade, no nosso entender são inúmeras as variantes que somos obrigados a administrar. Gostaria de submeter ao senhor para sua apreciação e comentários, o que entendemos a respeito de Rastreabilidade. O Brasil não soube valorizar de forma maior um dos expoentes máximos, em relação a Rastreabilidade, Dr. Antonio Carlos Lirani.
Atenciosamente.
Médico Veterinário Romão Miranda Vidal.
Considero de grande importância a rastreabilidade bovina no Brasil como a forma de divulgar a qualidade da carne, sendo um mercado globalizado. Em primeiro lugar deve haver maior divulgação das raças que estão sendo melhoradas e utilizadas nos cruzamentos, tipos de tecnologias que estão sendo adotadas no sistema de produção. O Estado de Santa Catarina considerada a única região do país livre da febre aftosa sem vacinação desde 2007, destacando o Planalto Serrano com potencial de melhorar a qualidade da carne embora ainda com rebanho pequeno, devido à possibilidade de introduzir diferentes raças principalmente as mais especializadas, como: Devon (Inglaterra), Hereford (Inglaterra), Red Angus (Escócia). Estas raças podem ser cruzadas com o objetivo de aumentar a produção e rendimento de carcaça com outras, como: Guzerá (Índia), Nelore (Índia), Gir dupla aptidão (Índia), Tabapuã (Brasil), Charolês (França), Blonde d´Aquitaine (França), Brahman (USA) e demais raças.
Obrigado.
Mario, concordo com você, o único problema é que os protocolos do Sisbov são ruins e sempre estão mudando. Não há uma sequência. Sou partidário da rastreabilidade tanto que estou implantando-a, só que meu objetivo é a melhoria da gestão da fazenda, não a certificação. Estou implantando-a usando RFid e micro chip implantado no umbigo do animal. Já fazemos a melhoria de produtores, nossa fazenda inclusive já comercializa sêmen. Nossa busca é da excelência, mas quem irá usufruir da nossa carne - pelo menos em 1º lugar - será o consumidor nacional. Temos acordos com frigoríficos para conseguir premium price, nossa carne já é de melhor qualidade, nosso couro também segue bons parâmetros de produção. À frente poderemos inclusive certificar nossos processos de rastreabilidade e partir para exportar nossa carne mas, não é nosso objetivo principal. Conheço bem a sua região, apesar de ser paulista e estar radicado no MS, minha família tem laços com SC - meu pai era barriga verde (Capinzal) -, temos família próximo de Lages, no RS, na região de Getúlio Vargas, Erechim, Passo Fundo e Guaporé. Nossa criação é focada no Nelore mas temos interesse e estamos pesquisando cruzamentos que melhorem nossa carne, traga mais desempenho ao nosso rebanho, o problema que temos encontrado é que esses cruzamentos "estragam" a precocidade do nosso plantel, pelas pesquisas, o tempo para atingir a maturidade do animal para corte ainda é superior em 6 a 8 meses do que queremos. Mas, com certeza chegaremos lá. Abraços
Sr. Mário Pinto Furtado.
De fato o exposto pelo senhor só tende a nos colocar em uma posição um tanto quanto vantajosa. As raças européias tanto insulares como continentais, que devidamente cruzadas com as indianas, deveriam, deveriam nos colocar no topo da pirâmide em termos de fornecimento de carne bovina. Nossos rebanhos perfazem algo como 220.000.000 de bovinos. E qual a vantagem? Nenhuma. E as exportações de carnes advindas dos cruzamentos e das puras, produzidas no Brasil? Não fazem nenhuma diferença. Sabe o senhor qual o país que mais exporta carne bovina? Austrália? Canadá? Estados Unidos? Argentina? Brasil? INDIA. A nossa situação em termos de produção de proteínas nobres está realmente ameaçada. Inclusive pela Venezuela e Colômbia. A Rastreabilidade é um dos componentes básicos e essenciais para que possamos nos posicionar em termos de produzir com Qualidade, Segurança Alimentar, Sanidade, Sustentabilidade, Assiduidade e Competência. Em relação à Santa Catarina, em especial na região do Planalto Catarinense, as raças européias - insulares e continentais - devem apresentar um desempenho significativo, uma vez que o bioma serrano lhes é favorável. Acrescido de uma alimentação natural tanto a nível de verão como de inverno, estas raças apresentam uma vantagem enorme, pois podem e devem competir no mercado internacional com os mesmos predicados dos outros países que só têm estas raças. Mas nós temos outra vantagem adicional, que conforme o senhor muito bem expos, o cruzamento com as raças indianas. Mas convém admitir que as autoridades brasileiras pouco ou quase nada fazem para difundir a carne bovina brasileira. Mas a pecuária brasileira necessita de homens como o senhor, com visão clara e aberta.
Atenciosamente.
Médico Veterinário Romão Miranda Vidal
A maior dificuldade dos produtores está em atender às exigências do modelo atual do Sisbov, nos seguintes pontos: garantir a identificação individual por toda a vida do animal; controlar e registrar todos os eventos de nascimento, morte, venda, compra, transferência e abate; enviar documentação à certificadora, à UVL dentro dos prazos; controlar o nascimento diariamente e registrá-lo; encaminhar documentação do registro de associação de raças para etiquetagem do número Sisbov e vínculo cadastral dos animais LA ou PO; controlar as ações da certificadora na BND quanto aos lançamentos; controlar as baixas do frigorífico, garantindo a baixa correta na BND. Todos esses são pontos críticos para controle, não permitindo falhas, pelo risco de perda da certificação da Lista Traces. Tudo isso gera custos e o mercado precisa remunerar de acordo, para que o produtor sinta interesse pelo Sisbov, justificando todo esse trabalho.
Na realidade o que temos atualmente é semelhante ao que se emprega na identificação do seu veículo. Anota-se a marca, o ano, a potência, o número do chassi, a cor, o modelo, quem fabricou, quem vendeu, quem comprou, quantas multas existem, enfim conta a história do veículo. Mas antes de tudo isso acontecer, um processo enorme e muito sério foi colocado em andamento: Rastreabilidade e Controle de Qualidade. Cada peça, cada componente tem um acompanhamento que vai desde o fornecedor da matéria prima até a peça ou componente final. Por esta razão, quando existe um veículo que apresenta um defeito em uma peça ou componente, faz-se o "recall" e soluciona-se o problema. No caso específico da pecuária bovina de corte, não existe "recall", daí a importância de se fazer uso dos Protocolos Técnicos, que estão dentro do Software Zona de Excelência em Pecuária de Corte. O que nós temos nos dias atuais é uma balela, é uma ação burocrática de despachante de bovinos para o frigorífico, para serem abatidos. Uma simples pergunta. Um pecuarista que vacina 3.000 U.A. duas vezes por ano, usaria algo como 6.000 doses de vacina, que estariam acondicionadas em frascos plásticos, de 250 mls, usaria algo como 120 frascos, os quais em sua maioria são plásticos. E então um importador indaga ao famigerado SISBOV: Qual a destinação das embalagens vazias de vacina contra Febre Aftosa? E o que o SISBOV responderá? Então este é um simples exemplo. Agora multiplique pelo número de bovinos existentes nas fazendas credenciadas a fornecer bovinos para abate, destinado a exportação. Digamos que 2.000 com 3.000 U.A. cada. Dá para vislumbrar o passivo ambiental? Então Rastreabilidade é um ferramental para gente séria e competente. Não é para o MAPA que tem nos seus quadros excelentes funcionários, mas que é um organismo doentio e de tão doentio que é está perdendo espaço para o M.D.A. E corre o risco de perder a EMBRAPA para o Ministério de Ciência e Tecnologia.
Médico Veterinário Romão Miranda Vidal.