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Zootecnia e meio ambiente

Publicado: 15 de janeiro de 2014
Por: Jamil Montebraz, Zootecnista, M.Sc.
Estudos realizados na Holanda mostram que a emissão de metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) por ruminantes contribui significativamente para o aquecimento global, e que 92% da emissão total de amônia (NH3) naquele país são provenientes da pecuária. Pesquisadores brasileiros destacam a influência do gado sobre o solo, pelo pisoteio, por lotação e manejo inadequados, pelo pastejo seletivo, deixando o solo desprotegido, favorecendo a erosão.
Subprodutos de indústrias, principalmente de alimentos, que poderiam se tornar poluentes ao serem descartados por empresas são testados para serem reutilizados como alimentos para espécies animais produtivas, sendo denominados ingredientes alternativos.
No Rio de Janeiro, são conduzidos estudos avaliando características fermentativas e nutricionais de silagens contendo polpa de abacaxi e resíduo de maracujá in natura para alimentação de bovinos, utilização de subprodutos da cana-de-açúcar como o bagaço hidrolisado e a ponta da cana, testados na alimentação de bovinos em confinamento, a composição químico- bromatológica e degradabilidade da casca do maracujá, viabilizando sua utilização como alimento.
Pesquisadores testaram o óleo de soja residual, descartado de restaurantes e indústrias de alimento após processo de fritura, como fonte de energia na alimentação de caprinos em até 10% na matéria seca do concentrado, obtendo resultados satisfatórios em ganho de peso, rendimentos e características de carcaça, diminuindo os custos de produção e evitando a poluição do meio ambiente. Outro subproduto, que é produzido em larga escala, testado na alimentação de caprinos é o resíduo úmido de cervejaria, também denominado bagaço de cevada, que propiciou resultados satisfatórios de digestibilidade substituindo o concentrado em até 50% para cabras em lactação, subproduto já utilizado por produtores no Estado do RJ.
Há linhas de pesquisa no RJ com melhoramento de espécies forrageiras e manejo de pastagens, buscando a melhoria produtiva e ambiental das pastagens, que engloba a preservação do meio ambiente através da manutenção das características naturais do solo, evitando o esgotamento da terra e a erosão. Estudos com a utilização de leguminosas nas pastagens, já que promovem melhores condições de agregamento do solo, além da presença de bactérias fixadoras de nitrogênio em suas raízes, que influenciam positivamente a microbiota do solo, melhora as condições físicas, químicas e biológicas e têm a capacidade produtiva testada em diferentes níveis de sombreamento para serem utilizadas em sistemas agrosilvopastoris.
Foi realizado um mapeamento da composição mineral das pastagens do estado do Rio, fornecendo importantes dados com relação à situação ambiental do estado, assim como estudos que avaliam o custo de produção do leite de cabra no contexto da agricultura familiar.
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Jamil Montebraz
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Romão Miranda Vidal
19 de enero de 2014

Dr. Jamil. Concordo. Mas... será que só a pecuária bovina de corte é a responsável, quando se trata de Brasil? E quantos milhões de hectares são cultivados com soja, milho, arroz, trigo, algodão, sorgo, milheto, canola, aveia, centeio nos quais são usados tratores em todas as operações que vão do plantio convencional ou direto até a colheita e da colheita até os armazéns e dos armazéns aos portos ou industrias, e em todas elas com o uso de maquinário agrícola e caminhões, trens, barcaças movidos a diesel que emitem milhões e milhões de toneladas métricas de GEE? Destruir o cerrado e outros biomas é condenável. Mas... vamos nos reportar ao que os americanos fizeram nos anos de 1.800 a 1.900. Praticamente extinguiram todos os biomas e neles suas vidas animais - extinção dos búfalos, dos cavalos selvagens por exemplo-. No estado no qual resido atualmente, o Tocantins, nós temos 7.200.000 de hectares de áreas e pastagens degradadas, nas quais pode-se aplicar a ILPF e mitigar a situação do GEE. Mas alardear que a pecuária é a responsável por tal é muito grave, mesmo porque a Holanda não serve de parâmetro comparativo em termos de sistemas produtivos. Uma vaca emite 300 litros de metano por dia. No caso Brasil, 200.000.000 de bovinos x 300 litros de Metano por dia seria igual a 60.000.000.000 de litros por dia. No futuro haverá um método de se aproveitar individualmente esta produção, pelo menos em relação aos animais mais domesticados como bovinos de leite. Quem sabe não possa a produção de 300 litros de Metano depois de devidamente purificado se transforme de uns 40 litros de combustível para uso doméstico? Mas quantos "puns" soltam os humanos por dia?

Romão Miranda Vidal
15 de enero de 2014

Essa conversa relativa que a pecuária de corte ou de leite contribui para o aumento do GEE é relativa. Quem escreveu ou escreve a respeito, deveria antes fazer uma avaliação: quantas toneladas métrica o seu carro já produziu? Na realidade nós todos profissionais da área de Ciências Agrárias dispomos de metodologias viáveis e economicamente viáveis, uma dela é a FBN, e cabe a nós profissionais desmistificar tal situação. Uma delas é ABC-ILPF. Mas volto a questionar a veracidade da questão. Quantas toneladas de GEE são lançadas no ar a cada segundo pela frota de veículos, da cidade do autor ou autores?
Médico Veterinário Romão Miranda Vidal.

Dr. Alfredo J. Escribano
Dr. Alfredo J. Escribano
4 de abril de 2016
Artigo e discussões interessantes. Lembranças.
Jamil Montebraz
7 de marzo de 2014

Rsrs.. Não estamos no facebook mas, li há um tempo atrás que para um humano, até 13 liberações de gases via intestino grosso por dia é considerado normal. Tenho certeza que essa quantia pode ser diminuída consideravelmente por medidas e práticas diárias como alimentação saudável, atividades físicas adequadas, inclusive uso de bicicleta em substituição ao veículo motorizado, sempre que possível, ou até diariamente para as atividades regulares, como ir para o trabalho, fazer compras, etc. Minha bicicleta está em uso constante. Voltando ao artigo, prezado Romão, em momento nenhum o artigo afirma que a pecuária é a única responsável por GEE, impacto ambiental ou destruição de biomas. Também ficou claro no meu último comentário que, "na Holanda as condições de criação são bem diferentes do Brasil, um país menor, com menos recursos naturais que o Brasil..". É conhecido que são muitas as formas de agressão ao meio ambiente, inclusive por lavouras extensas como a da soja, lavoura mecanizada e uso de defensivos agrícolas e agroquímicos em geral, entre outros. O artigo trata do impacto da produção animal sobre o meio ambiente, tema estudado, discutido e analisado por pesquisadores, técnicos em geral e por muitos produtores também, realidade confirmada através de pesquisa científica de alto nível, como acontece aqui no Brasil também, tanto que pesquisadores brasileiros também confirmam os impactos observados na Holanda e em outros países. O artigo também trata do uso de ingredientes alternativos, aproveitamento de resíduos industriais, possíveis de utilização, dando origem a práticas alternativas para diminuir custos de produção e diminuir o impacto sobre o meio ambiente. Dejetos animais já são transformados em bioenergia. Um ótimo ano para todos.

Jamil Montebraz
19 de enero de 2014

Prezado Romão, obrigado pela participação. A emissão de GEE por ruminantes foi mensurada através de pesquisa científica séria, em vários estudos realizados na Holanda, por pesquisadores pioneiros em estudos sobre impacto ambiental da produção animal. Naquele país, as condições de criação são bem diferentes do Brasil, um país menor, com menos recursos naturais que o Brasil. Outra realidade incontestável, é que o impacto causado pela criacão animal intensiva não se traduz apenas pela emissão de GEE mas também pela devastação de florestas e outros biomas como o cerrado para a formação de pastagens, fundamentais para a manutenção dos recursos naturais, principalmente solo e água. Pastagens na maioria das vezes mal planejadas e mal manejadas, desgastando o solo, causando desertificação e erosão. Naquele país, a bicicleta é utilizada ao máximo pela população, inclusive parea minimizar o impacto dos gases provenientes de veículos automotores.

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